segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

A Cangaceira Maria Bonita e Sua Verdadeira Data de Nascimento Na Revista Contexto Em Artigo do escritor João de Sousa Lima


     A cangaceira Maria Bonita foi notícia na Revista Contexto, da Secretaria de Educação de Petrolina, Pernambuco.
Uma análise sobre a data de nascimento da cangaceira mais famosa,  Maria Bonita, Pesquisa realizada pelo padre Celso Anunciação nos arquivos da Igreja Católica, na Cúria de Paulo Afonso, Bahia.
A Revista Contexto merece uma leitura obrigatória tanto por seus temas atuais e dinâmicos quanto por sua qualidade de impressão.
A Rainha do Cangaço mais uma vez é tema de um artigo que foi minuciosamente analisado.
O texto foi  escrito tendo por base um artigo vinculado no Jornal Folha Sertaneja de 30 de setembro 2011, ano VIII, edição número 91, páginas 05 e 06.


terça-feira, 22 de janeiro de 2013

João de Sousa Lima Participa da 8ª Bienal da UNE

 O Escritor João de Sousa Lima é um dos convidados da 8ª Bienal da UNE.
No momento será lançado seu mais recente trabalho literário: Centenário de Luiz Gonzaga e a Passagem do Rei do Baião em Paulo Afonso.
   João Lima participará dia 23 de um debate e dia 24 será o lançamento do livro.
segue a programação:


Maior festival estudantil da América Latina acontecerá em Pernambuco.

Está chegando o maior festival estudantil da América Latina, a 8ª Bienal da UNE. Marcado para acontecer em meados do mês de janeiro de 2013, o evento será realizado na capital do estado de Pernambuco.
Criada em 1999, a Bienal já é tradicional no calendário do movimento estudantil brasileiro e representa hoje a principal vitrine para os estudantes mostrarem o que está sendo produzido dentro das universidades do país. Inicialmente voltado para a cultura, o projeto hoje engloba também ciência, tecnologia, esporte e outras áreas.

Luiz Gonzaga no tema
O ano de 2012 foi todo marcado pelo centenário de um dos grandes astros da música popular brasileira, Luiz Gonzaga. Por isso, dessa vez, a Bienal trará o tema “A Volta da Asa Branca”, homenageando o mestre do forró e do baião. O evento busca mostrar a história dos sertões nordestinos e a influência dessa cultura para o país.

Dia 23/01/2013
16h às 17h30: Mostra selecionada de artes cênicas
Peça 1: O Santo e a Porca
Companhia 1: Nóis da Casa
Local: Espaço Ariano Suassuna – Alto da Igreja do Carmo

16h às 18h: Ciclo de debates
Tema 1: Música – O sertanejo que fez o Brasil forrozear
Convidados: Fred 04 (músico), Joquinha Gonzaga (músico e sobrinho de Luiz Gonzaga), Salatiel Camarão (músico)

Tema 2: Literatura – Literatura digital: o imaginário popular em rede
Convidados: Cida Pedrosa (Ponto de Cultura Interpoética), JOÃO DE SOUSA LIMA (historiador e colecionador), Sebastião Dias (violeiro e cordelista), Maria Alice Amorim (mestre em Comunicação e Semiótica e especialista em teoria da literatura)



Dia 24/01/2013
18h às 20h: Lançamento de livro
Livro: Luiz Gonzaga e sua passagem por Paulo Afonso
Escritor: JOÃO DE SOUSA LIMA
Local: Espaço Forrobodó – Praça do Carmo de Olinda




o livro Centenário de Luiz Gonzaga e a passagem do Rei do Baião em Paulo Afonso, será um dos trabalhos que serão lançado durante a Bienal.

1ª Cia. de Infantaria: 30 Anos Depois.

     A turma de 1964 incorporada em 03 de fevereiro de 1983 na 1ª Cia. de Infantaria foi uma turma marcante em todos  aspectos, desde as instruções mais puxadas, até a quantidade de atletas locais que serviram em 1983 transformou o ano inesquecível.
Agora em 2013, 30 anos depois, conseguimos reunir sete "irmãos de armas", eu (Sousa Lima), Lima, Gerônimo, Falcão, Neves, Correia e Edmar nos reunimos no restaurante Rancho da Carioca e relembramos os velhos fatos vividos. Histórias engraçadas, polêmicas, tristes e confidenciais vararam a tarde sempre regada a cerveja gelada, refrigerante e carne de sol com macaxeira.
O encontro serviu para fecharmos futuros encontros, com o intuito de reunir uma turma maior.
 Eu (Sousa Lima), no estande de tiros. 1983.
 Lima e Sousa Lima. Hoje Lima é subtenente e em 2014 irá pra reserva.
 Na foto, aleatoriamente vemos: Jackson, Donato, Everaldo, Sousa Lima, Barbosa, Martins, Adelmo, Carlos, Carvalho, Paz, Tavares.
Pista de Rastejo: árdua batalha de uma travessia que parecia não acabar.
 Sousa Lima e Correia no "Comando Craw submerso", Rio do Sal.
 Na frente do comando da 1ª Cia de Infantaria.
 Lima (hoje subtenente) e Sousa Lima
 A turma reunida no restaurante Rancho da Carioca: Edmar, Lima, Falcão, Neves, Sousa Lima e Correia.
 Falcão, Lima, Neves, Sousa Lima e Correia: 30 anos depois o reencontro dos irmãos de armas.


segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

O BAÚ DE DONA BALÓ, A MÃE DA CANGACEIRA LÍDIA



O BAÚ DE DONA BALÓ, A MÃE DA CANGACEIRA LÍDIA.

            O povoado Salgadinho, em Paulo Afonso, Bahia, situado nas margens da exuberante Serra do Padre, rendeu-se aos encantos sublimes da mais deslumbrante flor germinada em seus campos: a belíssima Lídia Pereira de Souza. Uma formosa morena de traços perfeitos e sedutores e curvas delineadamente sensuais.
            Lídia Pereira de Souza viria um dia a se tornar a bela cangaceira Lídia, de Zé Baiano.
            Lídia era filha do modesto casal Luís Pereira de Souza e Maria Rosa Figueiredo, conhecida pela alcunha de Dona Baló, uma exímia rendeira e costureira.
            O Salgadinho por ser um dos lugares percorridos pelo Rei do Cangaço e seus seguidores, na época em que as andanças do capitão Virgolino atingiu seu apogeu em terras baianas, me foi bastante informativo enquanto eu realizava pesquisas para o livro: Lampião em Paulo Afonso. Por dezenas de vezes estive naquela localidade, registrando as histórias contadas pelos velhos remanescentes da luta cangaceira e neste período, uma das coisas que mais despertou minha atenção foi conhecer a casa onde nasceu a bela cangaceira Lídia, de Zé Baiano. Contra todas as possibilidades e intempéries, a casa teimava em continuar erguida, mesmo estando assombrosamente carcomida pelos cupins, resistia imponente e enigmática.
            Muitos estudiosos do tema cangaço estiveram comigo visitando a velha moradia da mais linda das cangaceiras. Em uma das minhas últimas visitas fui lá sozinho e sem pressa pude apreciar cada canto, cada forma e cada fresta do velho casebre. Em um dos quartos, por uma das rachaduras da parede, divisei, entre centenas de casas de marimbondos, um antigo baú e dividindo o frestal com os morcegos, estava uma velha lamparina. Como é que tinha passado despercebido por tantas vezes estes velhos objetos? Enquanto no meu silêncio apreciava aquelas relíquias, senti a presença de alguém que se aproximava e despertei com a voz de uma senhora que me trazia a realidade: era dona Nilda, sobrinha da cangaceira Lídia. Nilda é a guardiã da velha casa. Conversamos por alguns minutos e com o consentimento de dona Nilda, acertamos de resgatar todo o material existente naquele cubículo, onde me caberia algumas peças, tarefa não tão fácil, pela dificuldade de transpor a barreira de centenas de vespas com seus ardentes e venenosos ferrões.
            Em Paulo Afonso me preparei adquirindo equipamentos de proteção para usar e que pudessem me proteger no resgate do tesouro de dona Baló. No dia 15 de maio de 2005, uma manhã de domingo de nuvens negras e ameaçadoras, embarquei com o velho amigo Ivan Caetano, um aposentado mecânico de aeronaves e que durante muito tempo dedicou sua especializada mão-de-obra ao setor de aviação da CHESF. Seguimos viagem, eu, Ivan e sua esposa Leonídia, na boleia da antiga e inseparável "TRUBANA", uma F -1000, vermelha, que Ivan possui há muito tempo.
            No segundo percurso, de aproximadamente 12 quilômetros, sendo a maior parte em estrada de chão, podemos observar os estragos feitos pela chuva que há dias castigava este pedaço de chão. Aos solavancos e pelas mãos firmes do estimado amigo, chegamos ao povoado Salgadinho. Descemos entre poças de lamas e riachos de águas correntes, bem na frente da casa da cangaceira Lídia e lateral às casas de dona Nilda e Sinhozinho. O verdadeiro nome de Sinhozinho é José Luís Pereira e é o único irmão vivo da cangaceira.
            Por alguns minutos conversamos com dona Nilda e depois seguimos na direção da casa de Sinhozinho, onde pudemos saborear uma docíssima melancia, sob a fresca aragem de um frondoso umbuzeiro. Depois da melancia, nos preparamos para a árdua tarefa. Coloquei o apropriado macacão, botas, luvas e um chapéu com uma rede de nylon.
            Seguimos, eu e o Ivan, até a parte traseira da casa, local que dava um melhor acesso para entrarmos no quarto, onde se encontrava o baú e a lamparina. O Ivan se encarregava de encher dois vasilhames com querosene e eu saía alvejando o mortífero líquido nas casas das ariscas vespas, que aos montes atacavam tentando ferroar-me, sem sucesso.
            Enquanto centenas de maribondos voavam desnorteados, eu vasculhava os recantos semi-escuros daquele pavimento. Na verdade, lá dentro, existiam três baús. Um deles, o mais bonito de todos, mesmo sendo recoberto por couro, desintegrou-se quando eu o toquei, tentando arrastá-lo para fora e, de dentro do baú, saíram centenas de abelhas pretas que em vão tentavam picar-me para protegerem uma já esfarelada colméia. Peguei o baú que se encontrava em perfeito estado e dentro encontrei algumas velhas e carcomidas peças de roupa, carretéis de linhas, velhas notas de dinheiro, valendo um, dois, dez, vinte e cinquenta cruzeiros. Deixei o perfeito baú aos cuidados do amigo Ivan e retornei para vasculhar a velha armação de um desintegrado caixote. No meio das tábuas mofadas e da areia, encontrei coisas mais interessantes, tais como: duas grandes moedas do tempo do Império, datadas de 1831 e que trazem estampadas o numeral 40, dois tinteiros de nanquim, dois punhais, sendo um de 0,35 centímetro e um menor e mais belo, medindo 0,23/2 centímetros trazendo na folha de aço, o nome FAVORITA KOCK e C° KOLM, ST e C, uma mecha de cabelos presa por uma trabalhada peça de ouro, um chicote de couro, um canivete, dois vidros antigos de perfume, duas esporas, uma casca de bala com as iniciais FEAG e datada de 1921, vários botões de tamanhos variados, um dedal, 04 chaves de portas, várias fivelas, um pequeno recipiente de alumínio feito para guardar agulhas, uma peça para perfurar couro, vários carretéis de madeira (escrito em alguns: LINHA BISPO, GLACÊ E ÔLHO), uma almotolia para lubrificar máquina, dois fusos, um vazador de fabricação artesanal, uma moeda de 100 réis, datada de 1928.
            Das paredes de taipa resgatei a velha lamparina e algumas imagens de santos, estas acabaram ficando com Sinhozinho. Esse era o tesouro de dona Baló, mãe de cangaceira Lídia. Dentro de três velhos baús, peças da época do cangaço se misturavam com outras coisas mais recentes e acabaram despertando o meu lado garimpeiro das coisas do passado.
            Saímos do povoado Salgadinho, já com o horário do almoço ultrapassado e sem que antes saboreássemos outra melancia, oferecida desta vez, pelas mãos de dona Nilda.
            No horizonte, negras nuvens caminhavam cercando o antigo povoado. Despedimos-nos e retornamos dando uma parada no povoado Açude, mais precisamente no bar do Bilinho, onde comemos uma deliciosa galinha de capoeira e o tradicional bode assado.
            O verdadeiro tesouro que encontrei naquela nublada manhã de domingo, estava no doce sabor da melancia, nas pisadas nos riachos de águas correntes, nos esporádicos pingos de chuva que nos encharcavam e na alegria do sorriso do meu querido casal de amigos.


                                                                         


João de Sousa Lima

(Escritor e historiador)
Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Paulo Afonso
Membro da ALPA- Academia de Letras de Paulo Afonso
Membro do GECC- Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará
 















quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Clementino Quelé: o Cangaço marcou seus passos



CLEMENTINO QUELÉ: O CANGAÇO MARCOU SEUS PASSOS.     

Clementino Francisco da Silva, “Quelé”, nascido em  Canindé do São Francisco, Sergipe, em  08 de novembro de 1914, filho de José Francisco e Júlia Alves, teve várias facetas de sua vida ligadas com o cangaço. Primeiro foi criado na fazenda Jerimum, sendo amigo de infância da cangaceira Dulce Menezes, a Dulce companheira do cangaceiro Criança.
    Quelé estava em Canindé do São Francisco quando a cidade foi invadida pelos cangaceiros comandados por Lampião  tendo por companhia o perverso Zé Baiano que ferrou as irmãs Marques. Quelé viu os cangaceiros entrando na cidade e depois ouviu o clamor das mulheres que tiveram suas faces ferradas com as iniciais JB.
    Quelé hoje reside no povoado Nambebé, em Paulo Afonso, Bahia. Mora justamente na casa de Pimba que era tio dos cangaceiros bananeira e Artur, era irmão de “Lixandrão”, grande coiteiro de Lampião.
Em uma das entradas de Lampião no Nambebé Pimba denunciou a passagem à polícia e Lampião ficou sabendo da entrega, voltando ao povoado com o intuito de matar o delator e só por pedido de Lixandrão que era um coiteiro respeitado e pai do cangaceiro Bananeira foi que Lampião não concluiu sua intenção.  Por castigo Pimba teve tatuado em sua testa uma cruz feita por Lampião, ferida aberta pela afiada lâmina de um canivete.
    Quelé é casado com Maria Teixeira, filha do coiteiro Antonio Curvina. Antonio Curvina foi um ótimo artesão em couro e era quem fazia chapéus, cartucheiras, alpercatas, cintos e bandoleiras para Lampião e seus seguidores. Quando do combate da Lagoa do Mel onde morreram dezenove soldados e o Ezequiel (irmão de Lampião), um dos soldados que fugiu ao cerco, se perdeu dentro da mataria fechada e saiu justamente no povoado Nambebé. Com o alerta que ali era reduto de Lampião o soldado pegou Antonio Curvina e o menino Epiphânio de Félix como reféns e ordenou que eles o levassem até Santo Antonio da Glória. No trajeto, o soldado bastante cansado, entregou seus pertences ao Antonio Curvina para que ele o ajudasse a levar o material. Assim que eles saíram do Nambebé alguns cangaceiros que vinham no encalço do soldado chegaram ao povoado. Maria, esposa de Antonio, contou a história acontecida com seu marido e a falou da preocupação que estava passando por ver seu companheiro nas mãos do militar. Os cangaceiros seguiram por outro caminho que levava em um tempo mais curto até o povoado Salgadinho. Ganhando tempo os cangaceiros chegaram a um ponto e armaram emboscadas para pegar o soldado. Ao longe avistaram as três pessoas que seguiam uma vereda, Antonio Curvina vinha com os bornais e o chapéu do soldado. Os cangaceiros confundiram o coiteiro com o soldado e atiraram, o soldado correu, o garoto Epiphânio de Félix se emparelhou em uma árvore e nada sofreu, Antonio Curvina caiu morto. O soldado chegou ao povoado Salgadinho e justamente na casa da irmã da cangaceira Lídia que avisou a ele que ali era coito de cangaceiros. O soldado se negou a sair da residência. No encalço dos cangaceiros e do soldado, montado em um burro,  vinha o primo de Antonio Curvina, o jovem Lindo de Zezé. Lino encontrou o primo morto e saiu em perseguição ao soldado indo encontrá-lo no povoado Salgadinho. Lino pegou o soldado, amarrou-o, montou no burro e saiu arrastando o soldado, na subida da Serra do Padre Lino matou o soldado, pegou seu armamento e foi se apresentar ao cangaceiro Lampião que ouviu sua história e de imediato o aceitou em seu bando, passando Lino a ser chamado de Pancada, o famoso cangaceiro Pancada.
    Quelé chegou a Paulo Afonso ainda na década de 1940. Com o começo das obras da CHESF Quelé derrubava a golpes de machado, frondosas árvores que eram utilizadas pela companhia para fazer as pontes para os caminhões passarem transportando material para a construção das usinas. Hoje, aos 99 anos de vida, Quelé ainda é lúcido e bom de conversa residindo no povoado Nambebé onde todos os dias uma numerosa família senta-se ao seu redor para ouvir suas histórias de vida e seus ensinamentos de homem justo, correto e trabalhador. Lutando contra um problema de próstata, sempre de olho na sonda que lhe acompanha, o velho senhor enumera seus passos que coincidiram com as passagens do cangaço e entre um misto de orgulho e de dono do seu tempo, ele conta histórias, encanta, recita versos, declama histórias completas aprendidas nos cordéis, relata fatos, emociona e emociona-se, considera suas andanças nas ásperas veredas que o sertão lhe impôs. Sábio cavalheiro de um tempo que tem perdido a oralidade dos fatos pela idade dos períodos corridos.


João de Sousa Lima
Historiador e escritor




 João e Seu Quelé no terreiro de sua casa, no povoado Nambebé, reduto de Cangaceiros.

Sebastião Carvalho, Quelé e João: as histórias de Quelé são ricas em detalhes.
a casa era onde morava Pimba.
 escombros da casa do coiteiro Lixandrão, pai dos cangaceiros Bananeira e Artur, povoado Nambebé, Paulo Afonso, Bahia.
 escombros da casa do coiteiro Lixandrão, pai dos cangaceiros Bananeira e Artur, povoado Nambebé, Paulo Afonso, Bahia.
Escombros da primeira casa de Pimba


Maria, filha de Antonio Curvina e esposa de Quelé
 Quelé e sua identificação
dados de Quelé