segunda-feira, 27 de agosto de 2018

ALGO EM REFERENCIA AO LIVRO DE ADRIANA NEGREIROS - www.joaodesousalima.blogspot.com

 ALGO EM REFERÊNCIA AO LIVRO DE ADRIANA NEGREIROS

     Já faz um tempo que meu telefone tocou e falei com uma mulher que se identificou como sendo a jornalista e escritora Adriana Negreiros. Ela estava vindo a minha cidade Paulo Afonso e queria me entrevistar para colher e confrontar informações para um futuro livro falando sobre Mulheres Cangaceiras, sem que antes ela me elogiasse dizendo que não se poderia realizar uma pesquisa dessa natureza sem recorrer a minha pesquisa e aos meus escritos. Sempre solícito, concordei de imediato com o encontro e ajustamos uma data e um horário, encontro que aconteceria em meu trabalho na Casa da Cultura. No dia e horário marcado a Adriana não compareceu e só a noite mandou uma mensagem falando que estava hospedada no hotel San Marino e que depois apareceria. Nosso encontro nunca aconteceu e eu soube dias depois que ela havia procurado o escritor Luis Ruben, em sua residência, para entrevistá-lo.
Achei estranha essa atitude dela, porém, descobri depois que ela era casada com o escritor Lira Neto, a quem eu havia feito duras críticas, em relação a um texto que ele escreveu, sendo que o artigo saiu no jornal Diário do Nordeste no dia 10 de setembro de 2010 e se refere a morte do Cangaceiro Moreno. Lira Neto diz entre tantos outros impropérios que existe uma “ignorância cavalar de todos os sociólogos, historiadores, cineastas, jornalistas e escritores que, ainda hoje, por estupidez ideológica, ranço acadêmico ou ingenuidade histórica, insistem em glamourizar o cangaço”. E ainda chama todos os escritores do cangaço de estúpidos e ingênuos.
Lógico que defendi minha pesquisa e meus amigos que tão seriamente pesquisam e registram o cangaço. Só que confesso, não sou de medir palavras quando me sinto ferido e, imbecil, foi a palavra mais educada que usei para descrever o texto idiota vinculado no jornal e escrito por Lira Neto, a quem não devo favor  e nem consideração nenhum.
Eis que agora me chega em mãos um texto de Juliana Linhares, da “UNIVERSA”, texto vinculado também na UOL e que traça o perfil do livro a ser lançado pela Adriana Negreiros.  Confesso que só na leitura desse escrito, fazendo talvez uma análise de valor de uma obra ainda a ser lançada, me preocupei bastante com tantas baboseiras e invencionices registradas pela escritora. Ela segue em passos largos a ser o que o marido falou tempos atrás com seu texto ignorante quando chama todos os escritores do cangaço de estúpidos e ingênuos. Talvez o Lira Neto não soubesse que o telhado caísse um dia em sua cabeça e agora ele acobertado por seu próprio telhado de vidro, tivesse uma escritora realmente Estúpida e Ingênua falando do cangaço.
O texto que li na reportagem diz que Lampião e Maria Bonita deu sua única filha e não há mentira nisso, só incompletude. Alem da Expedita, o casal deu um outro filho para que os pais de Maria Bonita criasse.
Adriana cita que Maria Bonita usava as jóias mais caras e gostaria de saber quem foi o avaliador dessas jóias e em que registro ela pesquisou essas informações.
Em umas das maiores inverdades apresentada no texto Adriana cita Maria Bonita como “ESPIÔ do grupo e além de tudo, ela arregimentando homens nas cidades. Meu Deus quanta invencionice. Confesso que nunca li tamanho disparate com a verdade. Mais não pára por ai a corrente de desconhecimentos. Ainda cita Maria Bonita tocando Bandolim e, o mais incrível, sendo acompanhada por Lampião que cantava e quando entalava a voz chupava pastilhas “Valda”. Só rindo mesmo diante de tamanha falta de conhecimento. Seguindo o texto Adriana narra Maria Bonita arrancando brincos e lóbulos de orelhas, cenas vinculadas nos filmes brasileiros e que não corresponde a verdade.
Entre tantas inverdades a escritora fala que Maria Bonita adorava comer “Passarinho ao Vinho” preparado por Lampião...      ... Há se ela tivesse realizado uma pesquisa séria e pudesse ter ouvido a cozinheira Dona Cabocla, ainda viva com 116 anos de idade e que durante muito tempo cozinhou para Lampião e outros cangaceiros.
Adriana diz que Déa era o nome da mãe de Maria Bonita e não era. Déa era apelido.
A Juliana Linhares diz que esse livro de Maria Bonita é sua primeira biografia e ai recai sobre ela também a desinformação de quem nunca leu sobre o cangaço. A primeira biografia sobre Maria Bonita, com o título “A Trajetória Guerreira de Maria Bonita, A Rainha do cangaço”, livro hoje bastante referenciado, eu escrevi há mais de 15 anos. Ainda temos outras grandes pesquisas sobre Maria Bonita, sendo o livro de Antonio Amaury Correa de Araújo, Lampião, As Mulheres e o Cangaço, outra importantíssima obra relatando em pormenores as questões e costumes femininos dentro do tema.
Recorrendo ainda a pesquisa pouco ajustada a qual lemos estarrecidos diante de tanta falta de conhecimento e levantamentos imprecisos. Adriana Negreiro coloca Maria Bonita usando binóculo e só o perfume Fleurs D`Amour. Binóculo eu nunca vi, aparece na película de Benjamim Abraão, filmada em 1936, Lampião manuseando um binóculo que foi presenteado ao cangaceiro por Eronides de Carvalho. Ela quer colocar Maria Bonita só usando perfume Francês e sabemos que tanto as mulheres quanto os homens usavam vários tipos de perfumes, entre eles uma versão do francês chamado Flor de Amor, Pompéia, Dedo de Moça, dentre outros, comprados por coiteiros em feiras, povoados e, ainda presentes de amigos, coronéis e pessoas ligadas ao cangaço.
Dentre os maiores absurdos da pesquisa de Adriana e, confesso, gostaria de saber quem foi a cangaceira que deu tão incoerentes depoimentos, ela cita as cangaceiras usando vestidos de seda e botas de canos curtos...     ...Eita que não dar pra engolir. Bastava uma simples pesquisa fotográfica, uma vez que sei que ela não conheceu nenhuma  cangaceira que pudesse atestar essas aberrações, para a escritora pudesse observar que essas vestimentas não fizeram parte das indumentárias das cangaceiras. Diz ainda que as cangaceiras só usavam vestidos de tecidos duros e fortes quando entravam no mato e aqui eu faço uma pergunta simples: QUAL O DIA QUE ELAS NÃO ANDAVAM NO MATO???.
Texto abaixo e vêm mais desinformações: “AS CANGACEIRAS NUNCA TINHAM RELAÇÕES SEXUAIS ÀS SEXTAS FEIRAS”..... Nem querendo dá pra engolir mais essa dentro de tantas outras histórias mirabolantes da escritora. E pra ter relações ainda tinham que tirar os colares, sendo que Lampião tinha sete em seu pescoço.
Dentre tantos absurdos vem ainda o tratamento das DSTs, as doenças sexuais transmissíveis. Narra Adriana que os abscessos eram abertos com canivetes e se acocoravam sobre uma fogueira... Senta você um dia sobre uma fogueira e  tenta abrir um furúnculo com um canivete ou qualquer lâmina cortante, sem anestesia. E ainda temos que ler que nenhum resultado seria alcançado se o cangaceiro pisasse em rastro de corno...   
Além de cangaceiros tinham que ter parentesco com mãe Diná para adivinhar quem era corno ou não. Quanta babaquice nessa pesquisa.
Em texto tão pequeno e tantas alvitres, imagino a leitura total do trabalho da citada escritora. O que me preocupa é que por ser jornalista e o tema abordado ela terá uma rede de divulgação bem ampla e essas informações serão vinculadas em revistas, jornais, rádios, canais de televisão e por ai vai.
Agora eu me pergunto: EU QUE OUVI E ESTIVE COM VÁRIAS EX CANGACEIRAS (Durvinha, Antônia de Gato, Aristéia Soares, Adília, Dulce, Maria de Juriti...), QUE OUVI INÚMEROS RELATOS DELAS E DE MULHERES QUE FORAM COITEIRAS, QUE DANÇARAM COM OS CANGACEIROS, QUE COZINHARAM, LAVARAM, COSTURARAM... Nunca ouvi das bocas delas nenhuma dessas afirmações. Se as mulheres que foram do cangaço, que andaram com Lampião e outros cangaceiros, nunca citaram essas informações que a Adriana citou, nós temos que acreditar em quem???
Já não basta o irresponsável Pedro de Moraes e agora vem a Adriana Negreiros com uma pesquisa fajuta e mentirosa, fruto apenas de sua imaginação, colocando tantas inverdades na cabeça de uma leva de jovens pesquisadores que hoje estudam e pesquisam o cangaço.
Devemos rechaçar uma pesquisa desse quilate. Devemos cuidar com responsabilidade dos fatos históricos e que pesquisamos com tanto afinco e desprendimento, cruzando dias e dias de sol, chuva, picadas incertas, terrenos irregulares, ouvindo pessoas ligadas com as histórias. Me coloco aqui com os homens sérios na envergadura de Antônio Amaury, Frederico Pernambucano de Melo, Ângelo Osmiro, Sérgio Dantas, Alcino Alves Costa, Archimedes Marques, Honório de Medeiros, Sabino Basseti, Leonardo Gominho, Lourinaldo Teles, Marcos de Carmelita, Geraldo Ferraz, Oleone Coelho, dentre tantos outros, para que não aceitemos entre nosso meio esses fantasiosos escritores e pesquisadores e que em nada engrandece a pesquisa sobre o cangaço.
Esse é mais um trabalho que surge apenas com o intuito de adquirir uma boa vendagem, pautado na falsa pesquisa de uma pessoa que deveria defender sua profissão de jornalista e realizar um trabalho sério e verdadeiro.
Clamo a SBEC – Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço, da qual sou sócio, aos grupos GECC – Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará, ao GFEC- Grupo Florestano de Estudos do Cangaço, Cariri Cangaço, GPEC- Grupo Paraibano de Estudos do Cangaço, Lampião Aceso, Cangaçologia, Tok de História, Ofício das Espingardas, Mendes e Mendes e tantos outros que resguardam nossas histórias, para que não contribuam com essas desinformações.

João de Sousa Lima
Historiador e Escritor
Paulo Afonso, 27 de agosto de 2018
Membro da SBEC – Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço
Membro da ALPA – Academia de Letras de Paulo Afonso – cadeira 06
Membro do IGH – Instituto Geográfico e Histórico de Paulo Afonso



essa sim é a 1ª biografia sobre Maria Bonita


quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Professor Manuelzinho: meu anjo Mulequim

DEPOIS DE UM TEMPO EM SILÊNCIO VIM FALAR DE MEU AMOR MULEQUIM...

Talvez seja eu o mais duro de coração da família ou talvez, a palavra correta seja o mais rebelde.
Pode ser que por já ter atravessado muitas barreiras amargas na vida e que as guardo no silêncio da alma, diante das circunstâncias eu me tranco no silencioso armário dos sentimentos.
Já perdi pai e mãe e achava que essa relação natural da perca fosse algo que eu pudesse aceitar com mais naturalidade, porém, assumo, não estou preparado pra perder os entes queridos, as pessoas que amo.
Confesso que sempre fui muito arredio em tudo que era referente a família mais aprendendo com os exemplos do dia a dia, observando tantas outras pessoas, há algum tempo venho valorizando cada dia mais o aconchego e o calor dos seres de minha ascendência. Prefiro a reunião e as conversas, muitas delas bobas, porém não tão menos importantes, que permanecer nas baladas, noitadas e curtições. Já não valorizo tanto o efêmero que a vida nos oferece.
E agora...... Tão acostumado às reuniões festivas, regadas às conversas infindas e brincadeiras permanentes, eis que parte o meu Mulequim....   ...deixando-nos órfãos de uma presença que eu não podia medir nunca a dimensão da importância para meu coração de homem rude. Há dias busco palavras para definir a situação e o momento e não encontro capacidade de entender tamanha perda. Agora me vem na memória, como flashes de um filme da vida, as cenas que vivemos, os momentos que passamos juntos e, me doe muito mais, saber que poderíamos ter vividos muitos fatos além dos contabilizados nessa trajetória. Quanto tempo perdemos com momentos fúteis e insignificantes.
Conforta-me tentar deixar gravada tua voz no imaginário de minha essência de menino-homem rebelado. Dignifica-me muito deixar permanente tua marca impregnada em minha mais densa essência.
Me pego as vezes lembrando, quando ainda pequeno, menino arredio, de calça curta, subindo e descendo as ruas, jogos nas calçadas, bolsos lotados de bolas de gude e pinhão, seus gritos ecoavam me chamando à realidade do tempo que já escurecia. As primeiras caminhadas me levando nas escolas e suas mãos levando o peso da lancheira e dos livros, os presentes que marcaram essa infância tão relembrada e, no aconchego do teu abraço, noite alta, ouvir sua acalentosa voz: SE UMA BOA AMIZADE VOCÊ TEM, LOUVE A DEUS POIS AMIZADE É UM BEM....
Minha nossa quão feliz em fui em teus braços meu Mulequim, pena que a vida só agora me deu esse entendimento e não tenho vergonha nenhuma em declarar quão tolo fui eu em não ficar mais tempo ao seu lado, talvez, mesmo, pelas circunstancias das lutas diárias, onde buscamos nossos espaços e nossos caminhos para uma sobrevivência digna perante a sociedade. Sempre corri muito, trafeguei e percorro ainda muitos caminhos divulgando minha arte e meus trabalhos e isso nos consome muito tempo.
Há dias durmo muito mal, meu travesseiro é meu acalentador, reserva de minhas emoções, depósito de minhas lágrimas saudosas. Só resta-me pedir a Deus que você encontre um bom lugar e que meça seus feitos aqui na terra tomando por base o seu amor devotado aos que te cercaram, ou, ainda, que te julgue pelo sorriso eterno estampado na face, pela bondade no coração e na beleza de sua simplicidade.
Eu fico aqui com saudades eternas tua, salientando que não estava preparado pra te perder. Te ver partir assim, sem aquele cheiro na cabeça é algo que nos tolhe ao mais profundo sentimento de quão frágeis somos, de quão imprevisível é a morte e quão insignificantes parecemos diante das solicitudes da natureza.
Eu te desejo a paz, eu te desejo um bom lugar, eu te desejo a felicidade de quem encontrou um caminho de luz....
...e apesar de minha dor, entre as lágrimas de saudades, às vezes me pego sorrindo, lembrando suas coisas de homem que não parecia ter crescido, ou em outra palavra, não parecia ter envelhecido, esse Mulequim que trazia como marca o sorriso estampado no rosto e a felicidade de ficar próximo dos seres queridos de caminhada na terra...
Eu te prometo que sararei meu coração dolorido e conforta-me saber que se houver um encontro ai onde você está, ainda seremos IRMÃOS.....
Para sempre te amarei e recordarei sempre com saudades de tua passagem ao meu lado.
Teu Joãozinho “DÃO”.....
Em noite mal dormida do dia 09 de agosto de 2018, Paulo Afonso, Bahia.
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terça-feira, 7 de agosto de 2018

PAULO AFONSO CANGAÇO - RESQUICIOS DE UM GRANDE EVENTO CULTURAL NOS 60 ANOS DE PAULO AFONSO



Dias 25 e 26 de julho de 2018 aconteceu em Paulo Afonso, o Evento Cultural Paulo Afonso Cangaço, uma reflexão dos 60 anos de história da cidade e dos 80 anos de morte de Lampião e Maria Bonita.
No momento a realização coube a ALPA- Academia de Letras de Paulo Afonso, com  apoio da Secretaria de Cultura e Esportes e do Jornal Folha Sertaneja.
vários alunos da rede pública e comunidade em geral participaram das apresentações culturais e das palestras realizadas  por João de Sousa Lima, professor Benedito Vasconcelos, Aderbal Nogueira, Lourinaldo Teles, Elane Marques.
Alem das palestras houve uma exposição com peças do tempo do cangaço catalogadas pelo Pesquisador Sandro Lee, os músicos Rafael Di Oliveira e Jaime Jackson, também do cordelista Jurivaldo Alves.