segunda-feira, 31 de março de 2014

João de Sousa Lima e Antonio Galdino recebem Moção de Aplausos da Câmara de vereadores de Delmiro Gouveia

Galdino e João de Sousa Lima
     O vereador e professor Edvaldo Nascimento apresentou Moção de Aplausos para os escritores João de Sousa Lima e Antonio Galdino. a Moção foi votada por unanimidade.
      Os dois escritores foram agraciados pela comenda  por seus trabalhos literários Lampião em Paulo Afonso e Angiquinho: 100 Anos de Histórias.
Moção de Aplausos para João de Sousa Lima e Antonio Galdino



Galdino. João e Edvaldo Nascimento

Edvaldo Nascimento e João de Sousa Lima

terça-feira, 25 de março de 2014

O POETA E O CANGACEIRO: LAMPIÃO E PINTO DO MONTEIRO

PINTO DO MONTEIRO


O POETA E O CANGACEIRO.


     Nasci no Pajeú das Flores, em São José do Egito, Pernambuco, berço fecundo de cantadores violeiros.  Meu avô paterno, Serafim Piancó, foi um dos fundadores da vizinha cidade de Itapetim, outro grande foco de repentistas. Convivi muito com cantadores, sendo que em Paulo Afonso, Bahia, a casa do meu primo João Piancó, era um dos lugares mais visitados pelos grandes mestres do repente e da viola. No casarão às margens do Rio São Francisco, vi por diversas vezes o Jó Patriota, Ivanildo Vila Nova, Sebastião da Silva, Sebastião Dias, Manuel Filó, João paraibano, João Furiba, Severino Ferreira, Louro do Pajeú, Zezé Lulu, Heleno Rafael e Gilberto Alves.
     Na década de 70 o meu irmão José de Sousa Lima (Zezé) trouxe o grande poeta João Batista de Siqueira “Cancão”, pra vir a Paulo Afonso conversar com o empreiteiro Pedro Ferreira, dono da SACOL, empresa que prestava serviço a CHESF, pra ver a possibilidade de Pedro financiar a impressão do seu livro “Meu Lugarejo”.  O famoso Cancão ficou hospedado na casa do meu primo João Piancó, na Rua Ribeirão.
     Pedro Ferreira disse que patrocinaria o livro se Cancão fizesse uma poesia sobre Paulo Afonso e Cancão aceitou a condição. No outro dia cedinho Zezé levou Cancão pra ver os trabalhadores em ação dentro das usinas e ai o fenomenal poeta se inspirou e fez a poesia em doze estrofes em decassílabo que começava assim:

LINDA CIDADE FLORIDA
DE DESLUMBRANTE PAISAGEM
EM TEU COMEÇO DE VIDA
RECEBESTE ESTA HOMENAGEM
LARGA PLANÍCIE RELVOSA
SE MISTURANDO NAS ROSAS
COLIBRIS DE VÁRIAS CORES
PRINCESA DO SÃO FRANCISCO
FOSTE CRIADA NO RISCO
DA MÃO DE TEUS BENFEITORES...


    Foi Cancão, sem sombras de dúvidas, um dos gênios da poesia Nordestina. Como lembrança desse momento guardo uma foto e o livro que Cancão presenteou a minha mãe Rosália de Sousa Lima.
     Em uma viagem que fiz à São José do Egito na companhia de João Piancó, na década de 80, fomos depois fazer uma visita ao maior cantador de repente, o velho Pinto do Monteiro. Pinto conversou durante vários minutos com João Piancó e depois o presenteou com uma fotografia onde aparece ele recebendo a “Viola de Ouro”, das mãos do General Humberto Peregrino, no Teatro Santa Rosa, em João Pessoa, Paraíba.
     Tempos depois me lembrei dessa fotografia e perguntei por ela a Maria do Socorro Sousa, viúva de João Piancó e minha prima por parte de minha mãe. Socorro vasculhou o acervo deixado por João e lá estava a fotografia que de pronto me foi presenteada.
     Olhando a velha fotografia em seus detalhes, vi que no verso têm alguns recortes de jornais falando de poesias populares e uma carta colada. Observando mais atentamente a carta tive uma grata surpresa: Pinto do Monteiro Cantou pra Lampião.
     O cangaço é um tema que estudo há tempos e ver essa ligação do maior poeta repentista com o cangaceiro mais afamado do nordeste causou certo espanto. Das histórias que envolvem cantadores com cangaceiros eu só havia ouvido falar que o poeta Cego Aderaldo passou um filme para os cangaceiros, porém é uma história que não consegui comprovar com alguém que realmente tenha vivido esse momento.
     Consegui ler em partes a carta e pra decifrar o restante da missiva recorri ao velho companheiro de jornadas, o professor Edson Barreto, exímio no reconhecimento de caligrafias quando elas fogem da minha interpretação.
A carta está incompleta e com alguns erros de gramática, além de  em alguns pontos complicar o entendimento e embaralhar as palavras. Da forma que a entendemos diz:

EM 1926 PINTO MORAVA EM SERTÂNIA
EM MAIO UM CABRA DE LAMPIÃO O VEIO 
CHAMAR   NA CASA DE
FELINTO  BERNARDO, A NOITE PARA ELE IR  CANTAR COM LAMPIÃO PERTO DO POVOADO ALGODÕES, PINTO FOI AMIGO DE LAMPIÃO NA SERRA VERMELHA E SERRA TALHADA.
AVISOU AO DELEGADO DE ENTÃO VULGO SARGENTO CANELA DE AÇO
QUE PERGUNTOU; VOCÊ VAI?
- UM SIGILO ACIM (sic)
- EU VOU LEVAR UM COM VOCÊ E LEVAR A PÉ PARA VILA DE RIO BRANCO CORTANDO CAMINHO PELA SERRA DO MACHADO PRA ENCURTAR O CAMINHO.
CANELA DE AÇO
SARGENTO ALTO MORENO.

     Assim termina a carta e permanece a dúvida se realmente esse encontro aconteceu. Se a verdade existiu os protagonistas as levaram com eles. Fica em nossos pensamentos  apenas a certeza do registro encontrado  no verso de uma antiga fotografia que mostra em sua imagem o auge do maior poeta repentista de todos os tempos: O VELHO PINTO DO MONTEIRO.
     Duas figuras que deixaram suas histórias gravadas nas memórias do povo nordestino. De um lado um grande poeta da rima e do repente, do outro um homem que decidiu viver pela força da arma, à margem da lei.  Um travava suas batalhas pelas cordas da viola, através das rimas latentes combatendo e vencendo sempre seus oponentes amigos. O outro guerreava nos campos vastos através do fogo e da lâmina do punhal, vencendo e sendo vencido por grandes inimigos. Duas histórias antagônicas: UM CANGACEIRO E UM POETA. Ligados pelo destino, em um momento onde os versos ritmados  da improvisação calou momentaneamente os ecos das armas que ecoavam nas Caatingas do Nordeste Brasileiro.


João de Sousa Lima
Historiador e Escritor
Paulo Afonso, março de 2013
   

LAMPIÃO - WWW.JOAODESOUSALIMA.COM

PINTO - WWW.JOAODESOUSALIMA.COM



quinta-feira, 20 de março de 2014

VIVA O RIO SÃO FRANCISCO

 conhecido como o Rio da Unidade Nacional, o Rio São Francisco tem sofrido ao longo do tempo  e do seu percurso. o desmatamento, transposição, a poluição pelas indústrias e as comunidades que povoam sua margem.
agora chegou a hora de debater sobre sua importância para os ribeirinhos e para o Brasil.


quarta-feira, 19 de março de 2014

LUIZ GONZAGA: OS AUTÓGRAFOS DO REI.



LUIZ GONZAGA: OS AUTÓGRAFOS DO REI.


     Entre as várias peças que coleciono de Luiz Gonzaga, dentre tantos discos, livros e revistas só duas peças são autografadas. Um dos autógrafos é no livro “o Sanfoneiro do Riacho da Brígida”, 2ª edição,  de 1966. O livro me foi presenteado por Adolfo Müller Júnior. Junto a sua carta ele falou:
CUBATÃO, 2 DE AGOSTO DE 2011
CARO AMIGO JOÃO
É COM PRAZER QUE PASSO ÀS SUAS MÃOS O LIVRO
“SANFONEIRO DO RIACHO DA BRÍGIDA” DE SINVAL SÁ, COM AUTÓGRAFO
E DEDICATÓRIA DO GRANDE LUIZ GONZAGA
APRECIE E GUARDE COM CARINHO COMO EU FIZ ATÉ AGORA.
DEUS ABENÇOE VOCÊ E SUA FAMÍLIA.

     Luiz Gonzaga na dedicatória desse livro escreveu: AO RAMALHO NETO, COM UM ABRAÇO DO LUIZ GONZAGA, SÃO PAULO, 20 DE 02 DE 67.
     Na minha coleção de vinil um dos discos que foi mais difícil de encontrar foi o “ABOIOS E VAQUEJADAS”.  Fui presenteado recentemente com essa relíquia pelo cordelista Jurivaldo Alves da Silva, poeta de Feira de Santana.  Não sei se o Jurivaldo havia visto o autógrafo do Rei do Baião na capa do vinil, pois as letras estão quase apagadas. Luiz Gonzaga escreveu:
PARA DR. ARTUR BARROS, OUVIR NA CASA OU NO SÍTIO.
SEU VAQUEIRO
LUIZ GONZAGA
SALVADOR, 19/12/1956

      Guardo esses dois presentes como verdadeiras relíquias em meu acervo. São duas peças raríssimas que não tem preço comercial mais um alto valor sentimental... Duas simples dedicatórias...  Duas eternas lembranças do maior artista nordestino, representante de uma arte, embaixador da cultura do povo sertanejo, o povo nordestino... Luiz Lua Gonzaga, teus rabiscos guardados no cofre do coração, cuja emoção se renova ao toque de uma simples sanfona, instrumento que propaga seu som pelas veredas desse Brasil infindo...


João de Sousa Lima
Historiador e Escritor
Paulo Afonso, 20 de fevereiro de 2014




quinta-feira, 13 de março de 2014

O FILHO DO CANGACEIRO BARRA NOVA

João Lima, João (filho de Barra Nova), Aldiro e Adelmo.
  Eu e o Alan Alves estivemos ontem (12 de março de 2014) no povoado Alto dos Coelhos pra entrevistarmos o senhor João Maurício, filho do cangaceiro Barra Nova.
A entrevista fará parte de um documentário sobre esse cangaceiro que sairá em breve.
 o cangaceiro Barra Nova era coiteiro de Lampião e foi espancado pelo tenente Zé Joaquim, indo depois do espancamento, fazer parte do grupo de Lampião.
Barra Nova foi morto por Zé Rufino.
 Barra Nova entrou para o cangaço junto com seu enteado Santo, o mesmo Santo que depois foi ser soldado e estava no dia que mataram Lampião, na Grota do Angico.
João Maurício guarda detalhes da entrada de seu pai no grupo e é uma boa fonte de informações....aguardemos o documentário....

Alan, João Maurício, Aldiro e Adelmo

Alto dos Coelhos é um lugar com várias vertentes históricas.

Deivinho e seu pai Aldiro

Aldiro guarda várias peças antigas que representam a história do seu povoado


terça-feira, 11 de março de 2014

AS VEREDAS DO CANGAÇO NO RASO DA CATARINA.

atarvessando o Raso da Catarina
    O Raso da Catarina foi um dos maiores coitos de Lampião e seus seguidores. Vários Índios da Tribo Pankararé,residentes no povoado Brejo do Burgo, fizeram parte do cangaço.
      Durante o carnaval refiz com mais alguns amigos uma parte da rota por onde passavam os cangaceiros. Atravessamos os povoados Salgadinho, Juá, Brejo do Burgo, Salgado do Melão e as cidades de Macururé e Chorrochó..
    No Salgadinho visitamos a casa da cangaceira Lídia, de Zé Baiano. No Salgado do Melão visitamos dona Joana, irmã da cangaceira Dadá. Em Macururé fomos conversar com um dos descendentes do Coronel Petronilio de Alcântara Reis e em Chorrochó, no povoado São José, fomos visitar o soldado de volante Teófilo Pires do Nascimento.
casa da cangaceira Lídia

visitando Joana, irmã da cangaceira Dadá.

visitando Teófilo Pires do Nascimento, soldado da volante

descendente do coronel Petro

Museu Casa de Maria Bonita

Casa de Maria Bonita

Baixa do Ribeiro, onde nasceu Dadá

casa de Maria Bonita


quinta-feira, 6 de março de 2014

LAMPIÃO E O COMBATE DA SERRA GRANDE





LAMPIÃO E O COMBATE DA SERRA GRANDE.

     A Serra Grande corta as cidades de Calumbi, Flores e Serra Talhada. Muitos escritores e pesquisadores citaram o grande combate da Serra Grande como sendo em Serra Talhada ( nessa época Vila Bela) ou Triunfo, porém a parte onde houve o combate acontecido em 26 de novembro de 1926 pertencia a Flores e hoje pertence à Calumbi, Pernambuco.
     O policial reformado Lourinaldo Teles, também artesão na confecção das mais belas réplicas de punhais do cangaço, hoje é quem trava essa batalha para provar que geograficamente o combate da Serra Grande aconteceu em Calumbí.  Por diversas vezes Lourinaldo andou mapeando os pontos onde os cangaceiros emboscaram os soldados das volantes e ele conseguiu encontrar, com a ajuda de um detector de metais, mais de trezentas cápsulas, além de carregadores, ogivas e um punhal.
     O combate da Serra Grande foi um dos maiores fogos entre policiais e cangaceiros e uma das maiores estratégias de combate armada por Lampião. O número exato de participantes nunca foi totalmente contabilizado, fala-se em torno de 80 cangaceiros e 320 soldados.
     Vários “Nazarenos” participaram desse ferrenho combate que foi comandado pelo major Theóphanes Ferraz Torres. Entre os grandes comandantes dos diversos grupos estavam o capitão Higino Belarmino, Manuel de Souza Neto, sargento Arlindo Rocha e Euclides Flor. O combate começou entre oito e nove horas e terminou às dezessete e trinta. Manuel Neto acabou sendo baleado nas duas pernas e por muito pouco não morreu. Calcula-se que mais de vinte soldados morreram nesse confronto. Da parte dos cangaceiros não houve baixas. O rastejador da polícia chamado Ângelo Caboclo foi baleado e posteriormente morto pelos cangaceiros.
     Mesmo a polícia contando com um grande contingente e ainda com o suporte de duas metralhadoras e mais ainda com grandes nomes que comandaram as volantes, esse foi o combate que mais desmoralizou as tropas no estado pernambucano.
     No dia 03 de março de 2014, eu, Antônio Lira e Joventino nos dirigimos para Calumbí onde fomos encontrar com Lourinaldo Teles para que ele nos levasse ao local exato onde houve o combate. Só estando lá para entendermos as estratégias armados pelo Rei do Cangaço e as dificuldades encontradas pela polícia. No lugar conhecido como a “Trincheira de Lampião” ainda pudemos encontrar vários cartuchos com a inscrição DWM, datados de 1910, 1911, 1912, 1913 e 1914.
     Todos os méritos dessa pesquisa cabem ao pesquisador Lourinaldo Teles que muito solícito nos transportou  até a Serra Grande e pacientemente nos mostrou durante horas, escalando subidas quase intransponíveis, com pedras soltas, galhos arbustivos, cactáceas espinhosas e calor, os pontos estratégicos onde cangaceiros enfrentaram valentes e famosos comandantes e seus comandados e aonde eles sofreram uma das maiores derrotas na perseguição ao cangaço.
     Oitenta e oito anos depois, aquele local ainda guarda as marcas desse confronto, a história perpetua-se feito som propagado na imensidão. Aquela região silenciosa parece trazer os sons da batalha quando nos deparamos com a visão que temos ao olhar o horizonte, estando em seus cumes.......

João de Sousa Lima
Escitor e Hitoriador.

Paulo Afonso, 05 de março de 2014.
 

João, Lourinaldo e Joventino começando a escalada da Serra Grande

marcas das balas nas pedras

Lourinaldo mostra marcas de tiros

Adicionar legenda

a trincheira de Lampião

cápsulas por toda parte

cartuchos quase enterrados....

balas...muitas balas...

foi muito tiro...


a subida é árdua....

uma pausa para um descanso...

o saldo das balas encontradas..

Lourinaldo e os cartuchos encontrados.

resto de punhal encontrado por Lourinaldo

material encontrado por Lourinaldo

Mosquetão de Antonio Ferreira, irmão de Lampião

punhais do acervo de Lourinaldo


Lourinaldo e seus punhais...