quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

A CACHOEIRA DE PAULO AFONSO EM DUAS PINTURAS DE 1949 - www.joaodesousalima.blogspot.com




     DUAS PINTURAS À OLEO DATADAS DE 1949 MANTIDOS NA CASA DA DIRETORIA DA CHESF RETRATA A CACHOEIRA.

     O IGH – Instituto Geográfico e Histórico de Paulo Afonso, na gestão de 2019 / 2020 atuando em uma pesquisa de nossos monumentos, das histórias e geografias, durante uma visita técnica a casa da Diretoria da Chesf em Paulo Afonso, realizada por mim e o engenheiro Flávio Motta, visitamos uma das mais antigas e belas construções do inicio dos trabalhos da empresa na região.
Na sala principal do casarão encontramos dois quadros retratando a Cachoeira em desenhos de óleo sobre Tela. Os dois quadros foram pintados em 1949, sendo duas perfeitas e históricas obras. Anotei os nomes dos pintores e fui realizar uma pesquisa encontrando várias referências sobre os dois.

Um dos quadros é assinado por Lev. Fanzeres.

Levino de Araújo Vasconcelos Fanzeres, nascido em Cachoeiro de Itapemirim, Espirito santo em 1884 e falecido no  Rio de Janeiro em 1956.
Pintor e professor. Mudou-se para o Rio de Janeiro jovem, levado pelo pai, Salvador Fanzeres. Estudou no Liceu de Artes e Ofícios com Artur Machado e Evêncio Nunes.  Em 1910, ingressou na Escola Nacional de Belas Artes (Enba), onde tornou-se discípulo de João Zeferino da Costa (1840-1915) e Baptista da Costa (1865-1926). No ano seguinte, participou pela primeira vez da Exposição Geral de Belas Artes e recebeu uma menção honrosa. Em 1912, ganhou como prêmio uma viagem à Europa, com a tela Remorso de Judas. Passou quatro anos em Paris, onde teve aulas com Fernand Cormon (1845-1924), Henri Chartier (1859-1924) e Gustave Debrié. Pintou paisagens dos arredores da cidade. Quando retornou, em 1916, fez uma exposição individual no Rio de Janeiro e fundou a Colméia dos Pintores do Brasil, curso gratuito de pintura de paisagem ao ar livre, que funciona na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro. Ali orientou vários alunos, como Garcia Bento (1897-1929), Jurema Albernaz, Codro Palissy, Antônio Cotias, Miguel d'Ambra e Alfredo Rodrigues. Em 1921, recebeu a grande medalha de prata na Exposição Geral de Belas Artes. Há quadros seus nas coleções das prefeituras de São Paulo, de Belém e de Belo Horizonte, assim como no palácio de governo do Espírito Santo. A Colméia continuou funcionando após sua morte.
    Levino Fanzeres recebeu um prêmio de uma viagem ao Exterior graças a uma pintura histórica, no segundo ano em que participou da Exposição Geral de Belas Artes. Entretanto, ele é quase exclusivamente um pintor de paisagens.
Foi a Paris, mas não se deixou influenciar pelas novidades artísticas da época. Estudou em ateliês de pintores acadêmicos  e saui para pintar os arredores da cidade.
Voltou ao Brasil em 1916, mas não à Escola Nacional de Belas Artes (Enba).

        O segundo quadro é do pintor Portugues  Carlos Augusto Ramos, nascido em Coimbra em 15 setembro de 1912  e falecido  14 de Setembro de 1983.
Em Coimbra Carlos Augusto Ramos desenvolveu toda a sua atividade.
De ascendência modesta, iniciou-se muito novo na profissão de pintor de construção civil. Foi nesta condição que se acentuou seu gosto pelo desenho e pela pintura artística. Incentivado pelos amigos e esposa.
Matriculou-se na Escola Industrial e Comercial Avelar Brotero e, estudando à noite, ali concluiu o curso geral de desenho, tendo sido discípulo de Manuel Rodrigues Júnior.
Estagiário da primeira, quinta e sexta Missões Estéticas de Férias, Carlos Ramos foi várias vezes contemplado com "Menções Honrosas" por diversas instituições, caso da Sociedade nacional de Belas-Artes de Lisboa (1940-1943) e obteve outras distinções, em especial uma terceira medalha da mesma Sociedade, em 1947.
Em 1948 foi galardoado com o "Prémio Malhoa", e a bolsa de estudo correspondente, que lhe permitiu uma viagem ao estrangeiro no ano seguinte. Participou em numerosas exposições na Sociedade Nacional de Belas-Artes, no Salão Silva Porto (1943-1952), na Exposição Internacional de Sevilha (1952), no Salão António Carneiro (1953), etc.
Expôs com regularidade na Delegação do Jornal «O Primeiro de Janeiro», em Coimbra e colaborou na revista Ilustração iniciada em 1926.
Em Agosto/Setembro de 1989 foi evocado numa grande exposição de obras suas, organizada pela Câmara Municipal da Lousã, na Sala de Exposições do Museu Municipal Professor Álvaro Viana de Lemos, daquela localidade.
As tonalidades apostas nos seus trabalhos resultam de estudo profícuo e procuram encontrar a beleza, o contraste e a ambiência que ressalta da fixação da luz no momento fugaz de sol num dia de Inverno, na pujança inebriadora da Primavera, no colorido encantador do Outono e na grandeza exuberante dos meses de Verão.
Por outro lado, Carlos Ramos captou, como ninguém, o esforço do homem rural, o denodo com que se entrega à faina agrícola, a bravura e destemor do pescador e os tradicionais costumes, tradições e vivências que identificam as pessoas da aldeia, os obreiros constructores de comunidades e depositários de valores que se transmitiram de geração em geração.
As expressões dos rostos, o movimento corporal, a indumentária, a actividade intensa do mundo rural, a diversidade das atitudes e a corografia que os seus quadros veiculam, fizeram da sua arte um exemplo de criatividade e afirmação plena do seu talento.
       Em 1940 recebeu  Menção Honrosa em Pintura a Óleo pela Sociedade Nacional de Belas-Artes. 1943 - Menção Honrosa em Pastel (Sociedade Nacional de Belas-Artes). 1943 - 3ª Medalha - Salão do Estoril. 1947 - 3ª Medalha em Pintura a Óleo - Sociedade Nacional de Belas-Artes. 1948 - Prémio Malhoa e Bolsa de Estudo no Estrangeiro - Sociedade Nacional de Belas-Artes.
     Também expôs nas salas:  Governo Civil de Coimbra, Governo Civil de Leiria, Câmara Municipal da Lousã, Palácio do Governo de Lourenço Marques, Maputo, Sociedade Nacional de Belas-Artes.
      Sua obra compõe várias coleções de colecionadores: Coleção Dr. Armando Ribeiro Cardoso - Lisboa, Coleção Dr. Seiça Ferrer,-Coimbra, Coleção Mário Santos – Porto,Coleção Conde de Fijô – Coimbra, Coleção Rudolph Beckert, -Lisboa, Coleção Vasco de Figueiredo - Tábua, Coleção Dr. Mário Canelas - Figueira da Foz.
       Também existem trabalhos do artista em:  Sociedade Nacional de Belas-Artes (1940),  Salão Nobre da Câmara Municipal de Coimbra (1940), Realizou exposição no Porto (1940), V Missão Estética de Férias - Sociedade Nacional de Belas-Artes (1941), Sociedade Nacional de Belas-Artes (1943), Salão do Estoril (1943),  Salão Silva Porto (1943), Sociedade Nacional de Belas-Artes (1944), 1ª Exposição de Pintores de Coimbra / Delegação «O Primeiro de Janeiro» (1944),  Palácio Galveias / 1ª Secção / "A imagem da flor" - Câmara Municipal de Lisboa (1945),  Sociedade Nacional de Belas-Artes (1954), Sociedade Nacional de Belas-Artes (1947),  "Salão Malhoa" - Sociedade Nacional de Belas-Artes (1948),  Salão da Comissão Municipal de Turismo da Covilhã (1949), Salão de Primavera - Sociedade Nacional de Belas-Artes (1950), Livraria Portugália, Lisboa (1950), Salão de Primavera - Sociedade Nacional de Belas-Artes (1951), Delegação de «O Primeiro de Janeiro», Coimbra (1951), Delegação de «O Primeiro de Janeiro», Coimbra (1952), Exposição Internacional de Sevilha (1952), Salão Silva Porto, Porto (1952), Salão António Carneiro (1953), Delegação de «O Primeiro de Janeiro», Coimbra (1954), Museu Regional de Lagos (1954), Delegação de «O Primeiro de Janeiro», Coimbra (1955), Salão de Primavera - Sociedade Nacional de Belas-Artes (1956), Sociedade Nacional de Belas-Artes (1957), Vila Franca de Xira (1957), "Paisagens e Figuras da nossa Terra" / Delegação de «O Primeiro de Janeiro», Coimbra (1958), "Paisagens e Figuras da nossa Terra" / Sociedade Nacional de Belas-Artes (1959), "Paisagens e Figuras da nossa Terra" / Delegação de «O Primeiro de Janeiro», Coimbra (1959), Grémio do Comércia, Beja (1960), Delegação de «O Primeiro de Janeiro», Coimbra (1960), “Paisagens e Figuras da nossa Terra" / Delegação de «O Primeiro de Janeiro», Coimbra (1961), Sociedade Nacional de Belas-Artes (exposição individual) (1962), Delegação de «O Primeiro de Janeiro», Coimbra (1962), Sociedade Nacional de Belas-Artes (1963), "Paisagens e Figuras da nossa Terra" / Delegação de «O Primeiro de Janeiro», Coimbra (1963), Sociedade Nacional de Belas-Artes (1964), Delegação de «O Primeiro de Janeiro», Coimbra (1965), Sociedade Nacional de Belas-Artes (1965), "Paisagens e Figuras da nossa Terra" / Sociedade Nacional de Belas-Artes (1966), Sociedade Nacional de Belas-Artes (1967), Delegação de «O Primeiro de Janeiro», Coimbra (1967), Sociedade Nacional de Belas-Artes (1968), Delegação de «O Primeiro de Janeiro», Coimbra (1973).



João de Sousa Lima
Escritor e historiador
Presidente do IGH - Instituto Geográfico e Histórico de Paulo Afonso
Membro da ALPA – Academia de Letras de Paulo Afonso, cadeira 06.

terça-feira, 28 de janeiro de 2020

EVA FREIRE DA COSTA UMA PEQUENA BIOGRAFIA DE UMA DAS MAIORES ATLETAS DE PAULO AFONSO.



    EVA FREIRE DA COSTA
UMA PEQUENA BIOGRAFIA DE UMA DAS MAIORES ATLETAS DE PAULO AFONSO.


      Eva  Freire da Costa  nasceu no dia 03 de dezembro de 1943 na Zona Rural de Mata Grande, Alagoas, povoação conhecida com Angical. Foi registrada em Delmiro Gouveia.
Vem de uma família numerosa e trabalhadora: Seus pais: Artur Freire Costa e Joventina Freire da Costa “Jovi”.
Irmãos: Noêmia, Maria de Lourdes, Leonor, Aurelina, Adão, Vanilda e Francisca.
 O pai de Eva, seu Artur, era pedreiro e em 1946 foi um dos pioneiros da Chesf trabalhando ainda no fechamento do Rio São Francisco, na Barragem Leste. Ele veio com alguns amigos de Delmiro Gouveia trabalhar nas obras de barramento do Rio e tiveram que construir uma casa de taipa coberta com palhas para poderem se abrigar. Tempos depois ele foi buscar a família em um caminhão da empresa e dirigido por “Manula”.
Com a família residindo a margem do São Francisco, as brincadeiras dos filhos era sempre nas águas do milenar rio. Nas águas revoltas quase acontecia uma tragédia quando a correnteza das águas arrastou Aurelina e Adão foi salvar e a correnteza ia levando os dois que foram salvos pela irmã mais velha Noêmia.
Em 1949 seu Artur levou a família pra morar em Paulo Afonso. Um fato curioso foi que seu Artur criou um jovem chamado José do Patrocínio, que teve seus pais assassinados por cangaceiros.
Em Paulo Afonso seu Artur construiu uma casa na Rua da Frente, número 50.
O irmão de Artur, o senhor Arsênio Freire da Costa, tinha uma sorveteria e uma padaria em Delmiro Gouveia e trouxe uma máquina de sorvete para o irmão que fundou em Paulo Afonso uma das primeiras sorveterias da cidade chamada Sorveteria Vitória. Vizinho tinha outra sorveteria chamada Bandeirante, de propriedade de Odilon e Maria.
Em 1950 nasceu a caçula da família, Francisca, que casou com o baterista Luizinho, um grande músico e boêmio da cidade, casamento não aceito pela família.
Seu Artur enquanto funcionário da Chesf colocou seus filhos para estudarem nas Escolas mantidas pela empresa.
Em 1955 Eva estudava em uma escola Evangélica mantida pela 1ª Igreja batista.
Em 1957, cursando o 3º Ano Ginasial, no Murilo Braga. Conheceu Euclides Batista Filho, um jovem que tempos depois se tornaria seu marido e pais dos seus filhos. O namoro só começou em 1959, namoro que só durou um mês.
Em 1858 foi ser Bandeirante e Euclides escoteiro. Lindinalva Cabral era a Chefe das Bandeirantes.
Em 1960, estudando “Admissão” já no GPA- Ginásio Paulo Afonso, começou sua carreira bem sucedida como Atleta. Seus professores de Educação Física Vadinho e Ivan Vicente acreditaram muito no potencial da nova atleta e já em 1961 ela foi campeã em salto à distância, Corrida e revezamento (nessa modalidade com as amigas Helena de Galindo, Nonata e Leni de Manoel Barros). As olimpíadas aconteciam entre as classes do Ginásio Paulo Afonso.
Em 1962 ela foi bi campeã em Corrida, Salto em Distância e Revezamento.
Em 1963 foi tri campeã em Corrida, salto em Distância e Revezamento e Campeão em Salto em Altura. (uma curiosidade que o fotógrafo Cláudio Xavier conseguiu fotografar Eva no exato momento desse salto em altura eternizando esse momento em uma fotografia )
Em 1964 Eva foi tetra campeã em Corrida, Salto em Distância e Revezamento.
    Em 1965 faleceu a mãe de Eva e em setembro ela foi fazer um estágio no artesanato e depois estudou na 1ª turma de Magistério. Ainda nesse ano foi trabalhar na Chesf como auxiliar de escritório, saindo em dezembro de 1967. Casou com Euclides no dia que deu baixa da Chesf e foi residir no Rio de Janeiro.
Em 1973 trabalhou no INPS e em 1978 retornou para Paulo Afonso onde veio transferida para trabalhar no hoje extinto INAMPS, onde aposentou em 1994 (nesse ano ganhou a primeira neta).
Eva foi uma das grandes atletas de Paulo Afonso e uma mulher a frente do seu tempo que rompeu barreiras pra seguir seu homem amado em busca de nova vida. Hoje vive em sua residência cercada de muitas flores e plantas, que é seu passatempo preferido, cercada pelo amor dos filhos,  netos e amigos.




João de Sousa Lima
Historiador e escritor
Membro da ALPA- Academia de Letras de Paulo Afonso- cadeira 06
Membro do IGH – Instituto Geográfico e Histórico de Paulo Afonso.

Paulo Afonso 21 de janeiro de 2020

















sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

UMA IMAGEM CONTA MUITA HISTÓRIA. “Antônio da Viúva: Um pouco da história de um dos nossos Pioneiros”



      

UMA IMAGEM CONTA MUITA HISTÓRIA.
“Antônio da Viúva: Um pouco da história de um dos nossos Pioneiros”

    Sou mesmo um amante das fotografias, principalmente das imagens que contam nossas histórias. Um dos acervos mais ricos de fotos no Brasil é o acervo da CHESF – Companhia Hidrelétrica do São Francisco. Mais de 40.000 Imagens realizadas pelo engenheiro Bret Cerqueira Lima e pelo fotógrafo Cláudio Xavier, esse último ainda vivo e residindo em Paulo Afonso.
    As imagens da construção das usinas, próximo à cachoeira de Paulo Afonso, com os trabalhadores apelidados de “Cassacos”, são impressionantes, sobretudo pela rústica condição de trabalho, onde os peões não trabalhavam com equipamentos de segurança, durante as escavações das rochas abrindo túneis, em uma operação nunca observada em nossa região, aparecem os trabalhadores sem camisas, sem botas, sem luvas e sem capacetes, empunhando os marteletes movidos a ar comprimido, ferramenta muito utilizada nas aberturas dos túneis. ficaram conhecidos como os marteleteiros.
    Várias figuras e filmes retratam esses trabalhadores empunhando suas ferramentas e acessórios. Analisando uma das imagens onde aparecem vários “Coringueiros”, que operavam as “Coringas”, espécies de caçambas que transportavam os materiais retirados das galerias, vemos oito homens fazendo pose em cima da máquina de trabalho. Nesse mesmo dia da análise e catalogação da fotografia, por uma grande coincidência, indo procurar um amigo que havia descoberto um móvel antigo, materiais que estou adquirindo para compor o acervo do Museu do Nordeste em nossa cidade, chegando ao endereço da pessoa, na antiga “Tapera”, hoje Bairro Centenário, vejo um senhor sentado em um banco e me aproximo puxando conversa. Prosa boa, caboclo já com 85 anos de idade, lucidez aparente em sua conversa e tantas histórias de vida: nasceu em Mata Grande, em 1934, precisamente no dia 01 de outubro. Seu nome Antônio Gomes de Oliveira, conhecido por Antônio da Viúva.
Em 1951 ele veio com a família para Paulo Afonso. Família numerosa, com nove filhos e muitas dificuldades. Foram residir na “Libanesa” em uma casa de taipa com poucos cômodos e apertados. As irmãs lavavam e engomavam roupas para alguns funcionários da CHESF; O jovem Antônio foi vender pão e todo dia pegava um balaio cheio na padaria de Arsênio, que ficava no finalzinho da Rua da Frente e saía, ruas à fora, com o balaio na cabeça, comercializando o abençoado pão de cada de dia. Em uma das vendas chegou até a Cadeia de Pedra e pelas ferragens das celas uns detentos pegaram vários pães e o mandaram ir embora sem efetuar o pagamento. O delegado João de Cota vinha chegando e viu a ação dos delinquentes e acabou pagando os pães surrupiados, alertando-o para que não mais retornasse para vender pães a pessoas encarceradas.
Antônio trabalhou também vendendo picolés na sorveteria de João Mariano. Além de vender picolés ele fabricava os palitos e comercializava com o proprietário da sorveteria. Pegava as caixas de madeiras que vinham com sabão e que tinha uma madeira mole, desmanchava as caixas e fazia os palitos.
      Em 1953 o “Feitor” de obras, conhecido como Genésio Feitor, o colocou na Chesf como trabalhador braçal, onde realizava todo tipo de serviço. Pouco tempo depois Antônio foi trabalhar no concreto, participando da concretagem das usinas. Da concretagem foi trabalhar nas famosas “Coringas” com os amigos Expedito Curruta, Valdecir Isidoro, Robério Chupeta, Zé Grande, João Bosco, João Inácio (pai da Drª Francisca) e Simão.
A palavra Coringa deriva da marca americana "KOEHRING". Os modelos utilizados pela Chesf foram a DUMPTOR. Os funcionários não sabiam chamar Koehring e aportuguesaram o nome para Coringa.
Como Coringueiro desempenhou vários serviços. Chegou a sofrer um acidente quando tombou com uma das coringas, próximo ao monumento “O Touro e A Sucuri”, quebrando uma das mãos, na virada. Das coringas foi trabalhar no inesquecível “Papafilas”, espécie de ônibus alongado que transportava os alunos da Chesf para as escolas da empresa.
     Antônio em sua juventude foi aluno de Abel Barbosa no antigo prédio onde funcionou o Fórum e a Câmara de vereadores e que hoje é a Casa da Cultura, por acaso local onde no momento trabalho.
     Ouvi com atenção e entusiasmo as histórias de Seu Antônio. Depois de partilhar tantas informações o Antônio levantou amparado por uma rústica bengala e foi esquadrinhar dentro de sua residência uma velha fotografia amarelada pelo tempo. Lá estava a mesma imagem que eu havia visto no acervo da Chesf. Seu Antônio se identificou e nomeou todos os amigos que estão retratados junto à máquina que por tanto tempo eles operaram e que tantas recordações deixaram.
Combinamos que eu e ele iríamos entregar uma cópia da imagem a Simão, amigo de jornada nas Coringas e que ainda vive e reside em Paulo Afonso. 
   Esse foi um dia marcante, um dia de colher informações de um homem que escreveu uma página na história da Vila Poty e de Paulo Afonso. Foi um dos pioneiros da nossa cidade. Hoje, já velho, corpo cansado apesar de uma mente brilhante, vive seus dias a comentar o passado, passado tão vivo em suas lembranças vivas, um passado de lutas e glórias. Tempos vividos, tempos memoráveis.
Foi um grande prazer te conhecer “Antônio da Viúva”. Desejo que seus dias na terra sejam prolongados e que suas tantas histórias sejam apreciadas por muitos ainda, confirmadas por uma simples fotografia amarelada que guarda lembranças de um passado ainda tão presente em suas lembranças...
Jesus abençoe sua vida...

João de Sousa Lima
Membro da ALPA- Academia de Letras de Paulo Afonso, cadeira 06
Membro do IGH – Presidente do Instituto Geográfico e Histórico de P. Afonso.
Escritor e Historiador

Paulo Afonso, 10 de janeiro de 2020.












quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

João de Sousa Lima escreveu a melhor e mais justa biografia sobre Maria Bonita, a Rainha do Cangaço.



    João de Sousa Lima é o maior Escritor e Historiador sobre a vida da cangaceira Maria Bonita e realizou a mais correta Biografia da Rainha do cangaço.
Por Vitor Rocha


    Era primavera de 1929 quando o ousado coronel do sertão, Virgolino Ferreira da Silva, chegou num casebre de taipa, com três cômodos, de onde se vêem os belos Picos do Tará. Acompanhado do fazendeiro e parceiro Odilon Café, ele se apresentava para um dedo de prosa com Zé de Felipe no distante povoado de Malhada de Caiçara, em Paulo Afonso. O intuito era reforçar seu rol de amigos no trajeto dos cangaceiros entre Bahia, Alagoas e Sergipe.

Virgolino já era Lampião e conquistava, na lábia ou na faca, os moradores dos locais por onde passava. Tudo contra a delação. Era o reinado no cangaço, bando exclusivo para homens. Até então.

Naquela tarde e naquela casa de taipa, o destino do cangaço haveria de mudar. Odilon Café apresentou Lampião à sua sobrinha Maria Gomes de Oliveira, segunda filha de dona Déa e Zé de Felipe.

A filha do casal era conhecida como Maria de Déa. Tinha então 18 anos, era casada, mas havia brigado com o marido. Sua beleza amoleceu o temido Lampião e o fez levá-la a tiracolo para amenizar as durezas da batalha na caatinga. O coração fez o chefe romper as regras, e, a partir dali, as mulheres começaram a integrar o bando sob a batuta de Maria Bonita.

A partir daquele ano, eles seguiram errantes pelo Nordeste por uma década, até suas cabeças serem expostas nas escadarias da Prefeitura de Piranhas, Alagoas, em 28 de julho de 1938.
Parte dessa história seria muito menos palpável se a casa onde Lampião e sua amada se conheceram – e onde a Rainha do Cangaço nascera – não tivesse sido totalmente recuperada. Deve-se o feito ao esforço do escritor João de Sousa Lima.
Morador de Paulo Afonso e fanático pelo tema, João de Sousa Lima encontrou o casebre totalmente destruído. Restavam as estacas erguidas. Conseguiu apoio do poder público local e fez a reconstituição com ajuda de pessoas que conheciam o imóvel.
A casa de Maria Bonita está localizada no povoado de Malhada de Caiçara, distante 40 km do centro da cidade de Paulo Afonso.
João de Sousa Lima, Escritor e Historiador, escreveu  a mais correta e rica biografia de Maria Bonita.
Para adquirir seus livros: 75-988074138 ou joaoarquivo44@bol.com.br



terça-feira, 7 de janeiro de 2020

NO DIA EM QUE UMA EQUIPE DE CINEMA LOCAL INVADIU A ZONA RURAL DE PAULO AFONSO. “Pequena História de um Filme realizado em Paulo Afonso”

NO DIA EM QUE UMA EQUIPE DE CINEMA LOCAL INVADIU A ZONA RURAL DE PAULO AFONSO.
“Pequena História de um Filme realizado em Paulo Afonso”

     A cidade Paulo Afonso serviu de cenário para várias produções cinematográficas. Já na década de 1960 foi filmada aqui a película Os três cabras de Lampião, filme que foi exibido no Cine Coliseu e depois desapareceu do Brasil. O ator Milton Ribeiro, que também participou do famosíssimo “O Cangaceiro”, foi um dos protagonistas desse filme.
A Rede Globo de Televisão nos anos oitenta realizou aqui o seriado Lampião e Maria Bonita, que fez muito sucesso.
    Em 2009, trabalhando nesse período na Secretaria de Turismo, falei de um projeto que eu tinha em filmar sobre um índio da Tribo Pankararé, conhecido na época do cangaço pelo apelido de Gato, que fez umas mortes dentro da própria família.
Montamos uma equipe e decidimos convocar alguns profissionais do ramo e que pudessem nos ajudar nesse projeto, uma vez que sem recursos externos, teríamos que trabalhar sem pagamento.
Os cinegrafistas Jardel Menezes, Izael de Jesus e Ricardo Cajá se prontificaram de imediato.
Procuramos alguns atores da cidade e alguns também concordaram fazer parte do projeto abrindo mão do cachê.  
Começamos então a produzir os chapéus com um artesão local chamado Ari, contratei costureiras para confeccionarem roupas e bornais para os cangaceiros e cangaceiras, consegui uns mosquetões antigos com o 20º Batalhão de Policia e transportes e balas de festim com o exército na 1ª Cia de Infantaria.
Conseguimos as alimentações com a prefeitura e o apoio logístico do Grupo Jeep Clube de Paulo Afonso para levar a comida nos povoados onde estaríamos filmando.
Uma das primeiras cenas foi realizada na Baixa do Chico, no centro do Raso da Catarina. Nesse dia tivemos o apoio de “Seu Lino”, que era um índio Pankararé que tomava conta daquela região onde caçava e residia e ficou conhecido como o Guardião do Raso.
O exército que nos deu total apoio, inclusive com um caminhão para transportar a equipe e o material, quando estávamos  retornando, motorista ruim de volante, derrubou logo uma parte do telhado da igreja da povoação. No meio do caminho, já na escuridão da noite, o caminhão atolou na areia. Um dos membros da equipe, o Alan, diabético, não havia tomado sua insulina e passou mal. Tentamos de todas as formas desatolar o veículo e não conseguimos. Colocamos pedras, troncos de madeiras, garranchos de matos, escavamos próximo aos pneus e nada surtiu efeito. Por sorte o pessoal do Jeep Clube havia avisado ao tratorista no povoado Juá que se até escurecer não chegasse ninguém por lá, que ele fosse nos procurar e assim ele fez. Alegria geral quando o trator roncou próximo de onde estávamos já acampados. Com muito trabalho o trator conseguiu puxar o caminhão do atoleiro e seguimos viagem direto para o hospital pra socorrer o Alan e segundo o diagnóstico médico, por pouco, ele não acabou falecendo, mesmo assim permaneceu vários dias internado, sendo medicado e em recuperação.
     Dias depois o povoado escolhido foi o “Serrote” e lá tivemos por base a casa do amigo Abel. A prefeitura enviou dois eletricistas para ligarem uns refletores, pois filmaríamos umas cenas noturnas. Os eletricistas fizeram o trabalho e como teria que permanecer até o anoitecer para poderem desligar os fios e cabos, caíram na cachaça e se embriagaram. A noite aconteceram umas cenas de um baile e para que houvesse a dança convidamos várias moças do local para formarem os pares com os atores. A casa que utilizamos foi a mesma casa onde os pais de Abel receberam por diversas vezes o famoso cangaceiro Lampião.
Com a fogueira acesa, o forró acontecendo na casinha, a equipe trabalhando, o local virou uma atração onde dezenas de pessoas assistiam as cenas. Pessoas da comunidade participaram de vários momentos do filme. Transformaram-se em atrizes e atores. Momentos inesquecíveis de um curta-metragem acontecido em nossas terras.

João de Sousa Lima
Paulo Afonso, 20 de dezembro de 2019.