quinta-feira, 27 de outubro de 2011

os maiores repentistas da história do Brasil

 Grande é a nação dos violeiros e repentistas do nordeste, os estados de Pernambuco e Paraíba são os dois maiores celeiros de cantadores, estados que deixaram nos anais da história, nomes imortalizados, criadores dos perfeitos motes e construtores das amais perfeitas rimas.
dos nomes que conheci não esqueço de Louro do Pajeú, Dimas, tacílio, Cancão, Jó Patriota e Pinto do Monteiro.

Cancão veio em 1970, trazido por meu irmão primogênito Zezé, para que ele conseguisse com Pedro Ferreira (proprietário da empresa SACOL), um patrocínio para imprimir um livro de poesias, hoje tenho guardado a sete chaves uma cópia desse livro.
 a famosa tríade formada pelos irmãos Otacílio, Dimas e Louro, nessa foto estão acompanhados de um dos gigantes do improviso: Pinto do Monteiro.
 Estive algumas vezes com Louro, em 1986 tomamos muitas caipirinhas no famoso CALABAR (bar na rua principal de São José do Egito).
com Pinto estive três vezes em sua residência em companhia do primo João Piancó e de Pinto ganhei uma fotografia onde ele recebe um prêmio por sua trajetória de sucessos.


 Louro: O Rei do Trocadilho.


Louro do Pajeú, um dos mais autênticos e garndiosos artistas do improviso.
Louro e Jó Patriota
Otacílio (no centro da foto)
 os irmãos Dimas e Otaacílio
  Tríade: Dimas, Otacílio e Louro do Pajeú.
o Velho Pinto do Monteiro.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

INFANTARIA: 1ª Cia. de Infantaria: Orgulho do Exército Brasileiro

 A 1ª Companhia de Infantaria está ligada diretamente com a história da cidade de Paulo Afonso.
O Exército Brasileiro chegou na região quando começaram as construções das usinas hidrelétricas, vindo para auxiliar na segurança da grandiosa obra.
milhares de jovens da cidade e região tiveram  na 1ª Companhia de Infantaria a oportunidade de servir seu país e de ter sua primeira fonte de renda, algo que se assemelha com o primeiro emprego e lá muitos fizeram carreira.
Tive o orgulho de passar por lá e servi em 1983, no 2ª Pelotão de Fuzileiros, soldado SOUSA LIAM, número 145.
Um ano que jamais esquecerei.
 Vista Frontal do quartel da 1ª Cia. de Infantaria, em Paulo Afonso, Bahia.
o fardamento camuflado era um dos mais bonitos e era usado durante aas instruções de segurança do complexo hidreletrico.
 soldado Lima e Eu (SOUSA LIMA).
Lima hoje é subtenente e irá pra reserva em 2012.
foto em 07 de setembro de 1983.
 comemrações dos 50 anos da companhia em terras pauloafonsinas
 time dos reservistas campeão de futebol
(Estou em pé no centro da foto)
 começando as instruções
 Instrução no Stand de tiros, no Rio do Sal.
 Uma pose na entrada principal do quartel vendo a célebre frase: "OBEDECER É TÃO NOBRE QUANTO COMANDAR"
 hora do Café.
Exército Brasileiro: orgulho de quem teve a oportunidade de poder servir sua nação.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Paulo Afonso: Sua Bela Cachoeira e Sua História

 
A CACHOEIRA DE PAULO AFONSO

* João de Sousa Lima


 

Ao longo do tempo a cachoeira de Paulo Afonso foi explorada por diversas expedições de aventureiros, curiosos, fotógrafos, desenhistas, poetas e autoridades. A verdade é que todos se prostraram extasiados diante de sua beleza e magnitude.
Dentre seus visitantes mais ilustres, destaca-se a visita do Imperador Dom Pedro II, realizada em 20 de Outubro de 1859. Eis suas palavras diante da magnífica cachoeira:
      “...Tentar descrever a Cachoeira em poucas páginas, e cabalmente, seria impossível, e sinto que o tempo só me permitisse tirar esboços imperfeitos...”
                                       (Dom Pedro II)

A cachoeira já teve os nomes de: Sumidouro, Forquilha e Cachoeira Grande e apesar das inúmeras versões do seu atual nome, só depois do ano de 1725 é que se encontram documentos registrados nos arquivos do Brasil e de Portugal: em 03 de Outubro de 1725 o sertanista Paulo de Viveiros Afonso recebe uma sesmaria nas terras da Província de Pernambuco cujo limite é exatamente as quedas d'água. Estendendo seus limites para além da Cachoeira, Paulo de Viveiros Afonso teria criado já em terras baianas, o Arraial que ficou conhecido como Tapera de Paulo Afonso.
O nosso poeta maior, o grande Castro Alves, rendeu-se aos encantos da cachoeira e nos deixou esta pérola poética:

“A cachoeira! Paulo Afonso! O abismo!
A briga colossal dos elementos!
As garras do Centauro em paroxismo
Raspando os flancos dos parceis sangrentos.
Relutantes na dor do cataclismo
Os braços do gigante suarentos
Agüentando a ranger (espanto! assombro!)
O rio inteiro, que lhe cai do ombro...”


A cachoeira despertou também o interesse comercial através da figura ilustre e inesquecível de Delmiro Gouveia, que acobertado pelo decreto 520, de 12 de Agosto de 1911, conseguiu a concessão para o aproveitamento da cachoeira, na geração de energia, com a finalidade de mover as máquinas da sua fábrica de linhas. Em 1913, foi inaugurada a Usina Angiquinho a qual funcionaria até o ano de 1960.
A cidade de Paulo Afonso, localizada na Região Nordeste da Bahia, pertencia ao município de Glória (antiga Santo Antonio da Glória do Curral dos Bois), com base na Lei Estadual 62, de 30 de janeiro de 1953, até a sua emancipação em 28 de julho de 1958, (exatamente vinte anos após a morte de Lampião que se deu em 28 de julho de 1938). Depois de uma longa batalha política encabeçada por Abel Barbosa e Silva, então Vereador, a Câmara Municipal aprovou a Indicação para emancipação política de Paulo Afonso, em 10 de outubro de 1956, o projeto de Lei 910/57, do Deputado Clemens Sampaio, foi aprovado pelos Deputados baianos e sancionado pelo Governador Antônio Balbino, em 28 de julho de 1958, publicado no Diário Oficial de 02 de agosto de 1958.


Na imagem acima uma rara fotografia de Santo Antonio  da Glória do Curral dos Bois.
Ao lado uma linda pintura da cachoeira de 1895.

A cachoeira e suas belezas sempre exploradas e admiradas.
 turistas registram momentos eternos ao lado da cachoeira.

uma imagem da cachoeira que se encontra no arquivo da Fundação Getulio Vargas


A cachoeira de Paulo Afonso em um postal antigo.


Uma antiga fotografia da cachoeira.

Academia de Letras de Paulo Afonso

A ALPA- Academia de Letras de Paulo Afonso completou 05 anos de sua criação.
foi criada em 21 de outubro de 2006.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Dadá e Corisco

Dadá e Corisco ganham nova edição de suas biografias realizadas pelo amigo Antonio Amaury e em dezembro será lançado um documentário sobre a vida desse famoso casal de cangaceiros.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Maria Bonita: Uma foto inédita e sua breve biografia

 
MARIA BONITA, UMA BREVE  BIOGRAFIA

Maria Gomes de Oliveira  nasceu em janeiro de 1910 (dado novo que virá relatado na segunda edição do livro Lampião em Paulo Afonso e que será lançado em dezembro de 2011), na fazenda Malhada da Caiçara, distrito de Santo Antonio da Glória do Curral dos Bois. Desde 28 de julho de 1958, quando Paulo Afonso foi emancipado de Glória, o povoado Malhada da Caiçara ficou nas terras pertencentes a Paulo Afonso.
Maria Bonita foi a segunda filha do casal José Gomes de Oliveira, conhecido como Zé Felipe e Maria Joaquina Conceição Oliveira, apelidada de dona Déa.
Ela teve onze irmãos: Benedita Gomes Oliveira, Joana Gomes de Oliveira (Nanzinha), Amália Gomes de Oliveira (Dondon), Francisca Gomes de Oliveira (Chiquinha), Antonia Gomes de Oliveira, Olindina Gomes de Oliveira (Dorzina), Ozéas Gomes de Oliveira, José Gomes de Oliveira, Arlindo Gomes de Oliveira, Ananias Gomes de Oliveira e Izaías Gomes de Oliveira.
Foi casada com o primo José Miguel da Silva, conhecido por Zé de Nenê, sapateiro.
Entrou para o cangaço no finalzinho de 29, sendo a primeira mulher a fazer parte de um grupo de cangaceiros.
Morreu no dia 28 de julho de 1938, junto com Lampião e mais nove cangaceiros, na Grota do Angico, em Poço Redondo, Sergipe.

* Acima uma foto inédita de Maria costurando em uma máquina manual.



uma classsica fotografia da Rainha do cangaço


Maria com os cães ligeiro e guarany
 Maria e Lampião


Maria e seu grupo


Maria e Lampião
 o fotografo Benjamin Abraão, Maria e lampião

os Reis do cangaço

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Delmiro Gouveia e o sonho de industrializar o semiárido


Delmiro Gouveia e o sonho de industrializar o semiárido

(*) José Romero Araújo Cardoso


          Nascido no dia cinco de junho de 1863, na fazenda Boa Vista, município de Ipu (CE), filho natural do cearense Delmiro Porfírio de Farias e da pernambucana Leonila Flora da Cruz Gouveia, Delmiro Gouveia Farias da Cruz tem lugar destacado na história do empreendedorismo brasileiro devido luta incansável em prol do desenvolvimento regional, tendo buscado de todas as formas possíveis e imagináveis dotar o nordeste de dinâmico setor produtivo através do qual houvesse ênfase às transformações necessárias ao implemento da melhoria da qualidade de vida da população, bem como à dinâmica referente ao desempenho da economia estrangulada por práticas anacrônicas e obsoletas.
          Homem de modos austeros intercalava de forma singular passado e presente, modernidade e tradição, sendo responsável por extraordinária experiência de industrialização em pleno
semi-árido alagoano, dominado na época por beatos e cangaceiros, quando dos marcantes anos da turbulenta década de dez do século XX.
          Era conhecido como o "rei das peles", pois fixado no ramo de couros, fundou em 1896 a
Casa Delmiro Gouveia & Cia., realizando importantes transações econômico-financeiras com a poderosa casa novaioriquina J. H. Rossbach & Brothers, de cuja utilidade em sua vida empresarial foi imprescindível e incalculável. Nesta época, passou a alijar os concorrentes do mercado, absorvendo os melhores empregados especializados, a exemplo de Lionelo Iona, John Krause, Guido Ferrari e Luís Bahia.
          Perseguido tenazmente por poderosos inimigos em Pernambuco, os quais não viam com bons olhos a concretização de suas idéias populares, a exemplo da efetivação de empreendimento mercantil na capital pernambucana, o qual oferecia bens e serviços a preços baixos ao povo, sendo, portanto, alvo de incêndio criminoso, Delmiro Gouveia refugiou-se, no ano de 1903, na remota Vila da Pedra (Hoje cidade de Delmiro Gouveia/AL), no sertão das Alagoas, a qual contava, quando de sua chegada, com apenas seis casa, localizada a 250 km de Maceió. Separado de sua primeira esposa, de nome Anunciada Cândida de Melo Falcão, havia raptado jovem que atendia pelo nome de Carmela Eulina, filha natural de Sigismundo Gonçalves, governador pernambucano.
          No ano de 1909, Delmiro Gouveia iniciou estudos para a utilização econômica da cachoeira de Paulo Afonso, no rio São Francisco, sendo que em vinte e seis de janeiro de 1913 captou energia hidroelétrica na queda do Angiquinho. Começava a se concretizar as condições necessárias para efetivar o pragmatismo do seu grande sonho.
          No ano seguinte, aproveitando-se do abalo provocado pela primeira guerra mundial, quando os alemães, logo no início, prostraram o império inglês, com a genialidade de sua terrível máquina mortífera, Delmiro Gouveia inaugurou fábrica de linhas em pleno semi-árido nordestino, inovando em razão da forma como implementava relações sociais de produção, conquistas sociais e de mercado, bem como ênfase à preservação ambiental.
          O empreendimento industrial capitaneado por Delmiro Gouveia tinha a marca nacional Estrela, conseguindo, graças ao alijamento da concorrência inglesa, devido ao conflito mundial, adentrar mercados sul-americanos, como os da Argentina, do Peru e do Equador, com a marca Barrilejo.
          A abertura de estradas também se constituiu em preocupação para o louvado cearense, notável empreendedor que ousou industrializar o mais pobre espaço geográfico brasileiro. Delmiro Gouveia foi responsável pela ênfase á abertura de cerca de 520 km de estradas, introduzindo ainda o automóvel no sertão.
          No dia 10 de outubro de 1917, o industrial era assassinado em seu bangalô na Vila da Pedra. Tiros assassinos disparados na calada da noite buscavam desmantelar a mais excepcional experiência de industrialização que o semi-árido protagonizou.
          Símbolo de uma época, Delmiro Gouveia traduziu a luta desesperada de um povo em busca de melhores dias, tendo acreditado e concretizado a possibilidade de transformar arcaicas estruturas que ainda perduram fazendo com que a região nordeste do Brasil se singularizasse pela inserção plena em estratos que atestam as desigualdades que se recrudescem acintosamente enquanto marca cruel dos contrastes de nossa diferenciada espacialização.

(*) José Romero Araújo Cardoso. Geógrafo (UFPB). Professor-adjunto do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Campus Central, Mossoró/RN. Especialista em Geografia e Gestão Territorial (UFPB) e em Organização de Arquivos (III CEOARQ /UFPB). Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA/UERN).

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Luiz Gonzaga e a arte na sua musicalidade


Marcolino Pereira Diniz e Xanduzinha:
Imortalizados através da arte de Luiz "Lua" Gonzaga

Por José Romero Araújo Cardoso
Discórdias político-econômicas, as quais atingiram frontalmente as estruturas de poder que embasavam o mandonismo local na República Velha, envolvendo João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque e o "Coronel" José Pereira Lima, o qual foi considerado por Rui Facó, em “Cangaceiros e Fanáticos”, como o maior chefe político do interior do Nordeste, resultaram em um dos maiores embates armados do Brasil Republicano que figura na História como a Guerra de Princesa.

A contenda envolvendo o governo do estado da Paraíba e os principais expoentes do mandonismo local, nesse estado, teve início em 28 de fevereiro de 1930, quando da invasão da então vila do Teixeira (PB), com o aprisionamento da família Dantas, ligada por profundos laços de parentescos e interesses ao clã Pereira Lima de Princesa (PB).

Imortalizados através da genialidade ímpar de Luiz Gonzaga no baião "Xanduzinha", gravado no ano de 1950, com letra do iguatuense Humberto Teixeira, Marcolino Pereira Diniz e Alexandrina Diniz foram remanescentes da campanha de Princesa. Marcolino se destacou como importante lugar-tenente do "Coronel" José Pereira Lima, a quem era ligado por laços de parentescos, sendo cunhado e sobrinho do mesmo. Os dois protagonizaram uma romântica história de amor na área de exceção do sertão de Princesa. Marcolino disputou-a com fidalguia e serenidade com outro pretendente ao casamento, o médico Severiano Diniz, discípulo de Hipócrates que cuidou, junto com o Dr. José Cordeiro, do grave ferimento recebido por Lampião no célebre tiroteio contra a volante comandada pelo Major Teófanes Ferraz Torres, no qual o chefe bandoleiro teve o tornozelo profundamente afetado por disparo de arma de fogo.
Marcolino fôra incumbido pelo primo Severiano Diniz de entregar a Xanduzinha uma missiva expressando amor eterno em cada linha, não chegando à destinatária com a mesma intacta, pois a rasgou e mostrou-lhe os pedaços, aproveitando para pedir-lhe em casamento. Xandu, incontinenti, aceitou-o como esposo na hora. Nessa disputa romântica houve divisão na família Pereira Diniz, pois uma parcela ficou a favor de Marcolino e outra favorável ao Dr. Severiano Diniz.
Xanduzinha era filha do "Major" Floro Florentino Diniz, poderoso proprietário rural em Princesa e adjacências, dono de incontáveis propriedades rurais, localizadas na fronteira com Triunfo (PE). Irmão deste, de nome Laurindo Diniz, era dono da famosa fazenda da Pedra, ond,e em 1922 o primeiro bando de Lampião, após este assumir a chefia do grupo das mãos do comandante Sinhô Pereira, foi flagrado em fotografia tirada por Genésio Gonçalves de Lima.
No embate romântico, o "Major" Floro posicionou-se favorável ao Dr. Severiano. A genitora da heroína de Princesa atendia pelo nome de Leonor Douetts Diniz, tendo se decidido em apoiar Marcolino na disputa pelo amor de Xandu.
As oligarquias Pereira Lima e Pereira Diniz enriqueceram principalmente com o cultivo e a comercialização do algodão, exportado para Europa e EUA, via Rio Branco (hoje Arcoverde, estado de Pernambuco), por ramal ferroviário da Great Western, através do porto de Recife (PE), pela família Pessoa de Queiroz, ricos comerciantes com origens paraibanas.
Patos de Irerê, localizado no sopé da serra do Pau Ferrado, a 18 quilômetros de Princesa, era o reduto de Marcolino Pereira Diniz, onde ele cuidava dos seus bois zebus nas fazendas Saco dos Caçulas e Manga, descansando após as labutas sertanejas em sua casa com varanda dando para o norte e para o sul.
Marcolino era filho do "Coronel" Marçal Florentino Diniz, poderoso e influente agro-pecuarista, dono da famosa fazenda Abóboras, localizada entre Serra Talhada (PE) e Triunfo (PE), a qual depois seria permutada pelo sítio Baixio com o "Coronel" José Pereira Lima, de quem era sogro e cunhado. A mãe do caboclo Marcolino, irmã do "Coronel" José Pereira, chamava-se Maria Augusta Pereira Diniz, filha do "Coronel" Marcolino Pereira Lima, natural de São João do Rio do Peixe (PB). O patriarca migrou dessa localidade paraibana em meados da segunda metade do século XIX e formou em Princesa um dos mais importantes blocos políticos que desfrutou a hegemonia política na Paraíba, principalmente após a consolidação do poder por seu filho José Pereira, quando do apoio a Epitácio Pessoa na disputa pelo senado na campanha de 1915, contra o Monsenhor Walfredo Leal.
A ênfase à homenagem a Marcolino e Xanduzinha posteriormente por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira foi referendada quando das refregas da campanha de Princesa, visto que a fim de viabilizar a mobilidade tática das tropas legalistas do governo paraibano que se empenhavam em desbaratar a todo custo a experiência desencadeada em Princesa, a qual com o apoio do Catete firmou Território Livre com absoluta autonomia, fragmentando-se durante meses do restante do estado da Paraíba, o Coronel Elísio Sobreira, comandante das forças militares a serviço do presidente João Pessoa, bem como Severino Procópio, delegado-geral do estado, além do Dr. José Américo de Almeida, Secretário de Interior e Justiça, dividiram o efetivo policial, composto se cerca de 890 homens, entre soldados e oficiais, em colunas volantes. O exército particular do "Coronel" José Pereira era estimado em mais de 1.800 combatentes, diversos desses egressos das hostes do cangaço e também da própria polícia militar paraibana, em razão de que muitos militares haviam sido incorporados à corporação pelo próprio "Coronel" José Pereira.
Assim, a Coluna Oeste, organizada pelo Tenente Ascendino Feitosa, responsável pelos trucidamentos do advogado João Dantas e do seu cunhado, o engenheiro Augusto Caldas, o primeiro assassino do presidente João Pessoa, fragmentou-se e partiu do povoado de Olho D'Água, pertencente na época ao município de Piancó (PB), onde estava aquartelado o comando geral de operações da Polícia Militar paraibana, dirigindo-se à Princesa, transitando pelos povoados de Alagoa Nova (hoje Manaíra, estado da Paraíba), São José e Patos de Irerê. Os comandos desta parcela da Coluna Oeste estavam incumbidos ao Tenente Raimundo Nonato e ao Sargento Clementino Furtado, o "Tamanduá Vermelho" das galhofas dos cangaceiros, cuja presença em Mossoró (RN) foi assinalada em 1927 após o frustrado ataque de Lampião a esta cidade potiguar.
Em Patos de Irerê, mais precisamente no dia 22 de março de 1930, aproveitando a ausência masculina, pois todos os homens estavam no front, os comandantes aprisionaram todas as mulheres que ali se encontravam, incluindo entre estas várias esposas dos combatentes de Princesa, havendo destaque a Xanduzinha.
O grupo comandado por Marcolino interceptou soldado de nome Zeferino, o qual transportava mensagem do Sargento Quelé a Severino Procópio. O delegado-geral do estado se encontrava na ocasião em Piancó, inspecionando atividades militares.
A mensagem transportada pelo soldado informava sobre o intento dos comandantes em marchar sobre Princesa com as reféns formando cordão de isolamento, espécie de escudo humano que objetivava garantir a segurança dos militares. Pensavam que, agindo assim, nenhum defensor de Princesa ousaria atirar nos combatentes do governo paraibano.
O efetivo dessa parcela da Coluna Oeste estacionada em Patos de Irerê era composta de cerca de sessenta homens. Não havia quase nenhuma diferença entre imaginários e ações cangaceiras e volantes, motivos pelos quais os soldados, com raras exceções, se portaram de forma vândala e arrogante durante a ocupação de Patos de Irerê.
Notificado com urgência acerca dos acontecimentos gravíssimos verificados na localidade, o "Coronel" José Pereira autorizou a composição de um grupo de resgate, comandado por Marcolino Pereira Diniz, intuindo libertar as prisioneiras. Na maioria eram os esposos das mulheres seqüestradas. As prisioneiras, quando da invasão da localidade, estavam se preparando para se dirigir a Triunfo (PE), a fim de buscar lugares seguros para se homiziarem.
O violento combate teve início no dia 24 de março de 1930, prolongando-se das oito horas da manhã até as dezesseis horas do mesmo dia. As forças paraibanas perderam mais da metade do efetivo, enquanto do lado oposto houve apenas uma baixa, um senhor de nome Sinhô Salviano desprezou as ordens e, inopinadamente, ficou sob a mira dos soldados atônitos com a intensidade da contra-ofensiva.
Os soldados paraibanos resistiram galhardamente, mesmo em desvantagem numérica, embora inexpressiva, embora se levando em conta o armamento obsoleto, em vista que lutavam com armas geralmente fabricadas em 1912, enquanto os princesenses brigavam com equipamento e munição novos, conseguidos através de um verdadeiro esquema de fornecimento, no qual havia desde a participação de Júlio Prestes ao Catete, passando ainda pela família Pessoa de Queiroz.
Houve gestos louváveis entre as partes envolvidas na luta, com ênfase às ações humanitárias de um soldado de nome Quintino, o qual se compadeceu com o choro persistente de fome de uma criança, filho de Sinhô Salviano, um dos mais aguerridos e corajosos lugar-tenente do "Coronel" José Pereira. O militar, mesmo no mais intenso tiroteio, passou a colocar pequenas quantidades de leite e açúcar em caixas de fósforos à porta da família sitiada.
Por parte das mulheres que foram feitas reféns também houve gestos de perdão e amor ao próximo. Xanduzinha empenhou sua palavra ao Sargento Quelé após a derrota fragorosa da parcela da Coluna Oeste, embora não tenha aceitado. Contudo, aceitou-a para os soldados feridos. O restante dos militares que escapou com vida se embrenhou em território pernambucano.
Antes da campanha de Princesa, e, principalmente, do ataque da Coluna Oeste a Patos de Irerê, Marcolino tinha os seus bois zebus, sua casa com varanda dando para o norte e paro o sul, seu paiol cheiinho de feijão e de andu, sem contar com mais uns cobres lá no fundo do baú. Seus estudos secundários foram realizados no conceituado Mackenzie, na capital paulista, cursando ainda até o terceiro ano da Faculdade de odontologia no Recife.
Homem rico, Marcolino era grande proprietário rural. Suas fazendas eram o Saco dos Caçulas e a famosa Manga, onde diversas vezes Lampião, com quem Marcolino firmou polêmica amizade, descansava dos combates. Quando Marcolino ficou prisioneiro em Triunfo (PB), após seu guarda-costa conhecido por Tocha assassinar em 30 de dezembro de 1923 o magistrado local, de nome Dr. Ulisses Wanderley, o "Coronel" Marçal Florentino Diniz recorreu aos préstimos do cangaceiro a fim de libertar o filho.
A fortuna do caboclo Marcolino ficou seriamente comprometida. O combate, mas, principalmente, a ira dos soldados, destruiu tudo. Canaviais, engenhos de rapadura, moendas, a casa, alvo das bombas "liberais", nada escapou, só restando ao orgulhoso agro-pecuarista os cheiros de Xandu, por quem se arriscou para libertar, reeditando em pleno sertão da Paraíba a saga de Menelau no ensejo da guerra de Tróia.
Xanduzinha saiu ilesa do combate, bem como as esposas dos mais importantes cabos-de-guerra a serviço do "Coronel" José Pereira, durante os turbulentos meses que assinalaram a aguerrida guerra civil paraibana.
A morena mais bela do sertão de Princesa manteve-se impávida ao lado do esposo durante a luta, e, após o término da mesma, recrudesceu a firmeza e a determinação a fim de reconstruir o que havia sido destruído durante as contendas, confirmando o que Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira imortalizaram: "Ai Xanduzinha, Xanduzinha minha flor/ como foi que você deixou tanta riqueza pelo meu amor/ ai Xanduzinha, Xanduzinha meu xodó/ eu sou pobre mas você sabe que o meu amor vale mais que ouro em pó".

Entrevistas pessoais:
SITÔNIO, Hermosa Góes. João Pessoa (PB). 25 de julho de 1989.
SITÔNIO, Zacarias. João Pessoa (PB). 25 de julho de 1989.

José Romero Araújo Cardoso. Geógrafo. Professor Adjunto do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Especialista em Geografia e Gestão Territorial e em Organização de Arquivos. Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente.