ENTREVISTA COM O
PROFESSOR, HISTORIADOR E PESQUISADOR JOÃO DE SOUSA LIMA, DE PAULO AFONSO - BA
CALDEIRÃO POLÍTICO - O São João está morrendo também na Bahia?
João de Sousa Lima - na Bahia, principalmente em Paulo Afonso, ainda mantemos a tradição das quadrilhas juninas, existindo ainda premiações com disputas entre bairros e povoados. O São João de minha cidade ainda é uma realidade onde podemos além de assistirmos as quadrilhas saborearmos pamonhas, canjicas, milhos cozidos, xerém com galinha, arroz doce, mungunzá, amendoim, bolho de milho, tapioca e o quentão.
CALDEIRÃO POLÍTICO - Por que a morte das tradições?
JSL - o mundo passa pelo um processo de tecnologia onde a novidade atrai uma juventude em suas atitudes bitoladas com a busca de novidades. Não devemos ficarmos alheios aos avanços tecnológicos, porém devemos utilizá-la para o crescimento da humanidade sem perdermos o foco de nossas raízes, não podemos esquecer as coisas do passado que nos direcionaram para a atualidade, nossas tradições não podem morrer, devemos acompanhar os avanços sem perdermos de foco a essência do que nos elevou enquanto seres humanos. Nossa cultura, nosso patrimônio histórico de vida, as raízes do nosso povo e o entendimento das coisas de nossas gerações nos remetem ao engrandecimento e uma compreensão do nosso futuro, um povo sem passado será no presente um povo sem futuro.
CALDEIRÃO
POLÍTICO - O que o povo baiano guarda da figura histórica de Delmiro Gouveia?
JSL - pela proximidade com a cidade de
Delmiro Gouveia e por ter sido em Paulo Afonso, nas margens da cachoeira, que
Delmiro construiu a primeira usina hidroelétrica do nordeste e a segunda do
Brasil, que ele representa muito para o nosso crescimento e o progresso de
nossa região. Delmiro Gouveia foi um homem visionário e um grande empreendedor,
deixando seu nome gravado como um dos maiores brasileiros no livro do
crescimento industrial brasileiro.
CALDEIRÃO
POLÍTICO - É verdade que o rio São Francisco está secando?
JSL - o Rio São Francisco vem sofrendo degradações ao longo do tempo e esse processo degenerativo leva esse grandioso mar de águas doces a ser no futuro um córrego agonizante.
CALDEIRÃO
POLÍTICO - O que significa Luiz Gonzaga para o Estado da Bahia?
JSL - Luiz Gonzaga é a nossa maior
representividade cultural nordestina e um dos maiores artistas brasileiro. Luiz
Gonzaga é símbolo maior, exemplo de uma trajetória que merece o mais puro
reconhecimento da nação sertaneja e nordestina, ícone do seu povo, pessoa a ser
entendida no seu mais profundo palco artístico.
CALDEIRÃO
POLÍTICO - O que marca para vocês baianos, a Usina de Paulo Afonso?
JSL - fonte de progresso, de geração de
empregos, porém sem deixar de reconhecer que a natureza pagou um alto preço e
que existe entre os dois um abismo, uma dívida permanente e impagável.
CALDEIRÃO POLÍTICO - O que representa a história de Lampião, para o Estado da Bahia?
JSL - a Bahia e todo
nordeste viu passar em suas terras as figuras dos cangaceiros. Devemos hoje
registrar os fatos históricos, colhermos os frutos do que o cangaço representa
através da cultura, dos textos, do teatro, da xilogravura e do turismo. A
cidade de Paulo Afonso é uma das cidades que tem hoje seu calendário de eventos
com pautas voltadas para o cangaço e é também uma das Rotas turísticas da
região.
CALDEIRÃO
POLÍTICO - Fale do governo Dilma Roussef até agora.
JSL - vem seguindo um calendário que já existia, termina tendo um governo sem muita representividade em torno do clima criado por ser a primeira mulher eleita como presidente do país.
CALDEIRÃO POLÍTICO - E o governo Jackson Wagner?
JSL - Wagner não foi dos piores, em certos momentos foi mal assessorado, mais teve boas intenções e conseguiu fazer um governo satisfatório.
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