PAULO AFONSO E A VILA POTY,
A HISTÓRIA NÃO CONTADA.
Muito tem sido pesquisado, estudado,
discutido e analisado sobre os primórdios da história pauloafonsina, sendo o
resultado amplamente registrado em vários opúsculos, livros, revistas, teses e
ensaios, principalmente quando os dados versam sobre o poderio elétrico das
usinas da CHESF que com suas turbinas geram energia para o Nordeste e parte do
Sudeste, é a força da água, com sua pujante vazão transformada em quilowatts,
gerando um avanço promissor na conjuntura financeira de um pais que busca o
crescimento na área industrial. A criação da Companhia Hidro Elétrica do São
Francisco saiu no Diário Oficial da União, sob número 228, de 09 de outubro de
1945, com o decreto-lei número 8.031 de 03 de outubro de 1945.
A
partir de 1949 começaram as obras, iniciando-se com a escavação da primeira
usina. Sobre todos os aspectos a CHESF influenciou diretamente na criação e no
desenvolvimento da cidade de Paulo Afonso, porém há sempre uma lacuna quanto o
assunto é a Vila Poty *, muita coisa é de conhecimento de tantos e sobre tais
fatos pouco se tem registro histórico e precisamos deixar transformados em
artigos literários impressos esses reais fatos acontecidos nos meios sociais de
nossa cidade e ainda preservar a busca por uma sobrevivência mais justa, na
ascensão dos que tiveram menos oportunidades. Muitos desses textos aqui
escritos foram lançados em primeira mão no Jornal Folha Sertaneja, quando a
convite de seu diretor e amigo Antônio Galdino da Silva, fundamos uma página
chamada Histórias Sertanejas, onde eu escreveria todo mês alguma coisa sobre
minhas pesquisas referentes ao cangaço ou sobre as histórias de Paulo Afonso.
Se negligenciarmos os fatos e a vivência
diferenciada da Vila Poty em alusão ao acampamento da CHESF corremos o risco de
deixarmos para as gerações futuras o esquecimento dos que foram tão importantes
na contribuição, concretização e manutenção de nossa comunidade, por fim,
cidade.
Com a cidade de Paulo Afonso completando 59
anos em 2017 de emancipação política torna-se necessário levar para os anais da
sua história futura um pouco do que vivemos e vivenciamos da narrativa recente,
sobretudo, um pouco do nosso viver “ALÉM-MURO”
*, deixando descansar, já consagrados, os trabalhadores Heróis que com seus
saberes construíram o complexo de usinas da Chesf,
um dos maiores e impetuosos projetos do mundo, escavações nas profundezas das
rochas e arraigado na força da água corrente do Rio São Francisco, no meio de
um Sertão bravio e quase inabitado.
No cinquentenário, comemorando as Bodas de
Ouro da cidade de Paulo Afonso, em um evento acontecido em parceria da
prefeitura e Jornal Folha Sertaneja, registrei minha admiração aos homens e
mulheres que lutaram pela emancipação política, pelos direitos sociais e pela
defesa incessante em prol de uma sobrevivência mais justa, feliz e digna para a
comunidade.
Aos
homens simples que de alguma forma amou esse pedaço de chão eu me congratulo.
Parabéns a todos e que o futuro não esqueça os que viveram o primeiro capítulo
de uma bela história, desbravadores e vencedores de obstáculos tão duros e
ásperos, diante da magnitude de um Rio que espelha em suas águas correntes,
séculos de infinitas ligações com os homens que fizeram parte da sua própria
história.
* Vila
Poty – Nome dado ao bairro criado fora do acampamento da CHESF que sem infraestrutura tinham os casebres e barracos cobertos com os sacos vazios de
cimento da marca Poty usados nas construções das usinas. A Vila Poty foi medida
pelo senhor Pitinga.
* ALÉM-MUNDO - termo usado para definir os moradores da Vila Poty que ficavam
separados da vila operária da CHESF por um muro de arame farpado, passando o
muro, tempos depois, a ter uma alta base de pedras com cactos e arames farpados
na parte superior. Esse muro de
pedras, cimentos, cactos e arames farpados ficou conhecido como “MURO DA
VERGONHA”, por dividir duas sociedades e pelas disparidades sociais entre
ambas.
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JOÃO DE
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