DEPOIS DE UM
TEMPO EM SILÊNCIO VIM FALAR DE MEU AMOR MULEQUIM...
Talvez seja eu o mais duro
de coração da família ou talvez, a palavra correta seja o mais rebelde.
Pode ser que por já ter
atravessado muitas barreiras amargas na vida e que as guardo no silêncio da
alma, diante das circunstâncias eu me tranco no silencioso armário dos
sentimentos.
Já perdi pai e mãe e achava
que essa relação natural da perca fosse algo que eu pudesse aceitar com mais
naturalidade, porém, assumo, não estou preparado pra perder os entes queridos,
as pessoas que amo.
Confesso que sempre fui
muito arredio em tudo que era referente a família mais aprendendo com os
exemplos do dia a dia, observando tantas outras pessoas, há algum tempo venho
valorizando cada dia mais o aconchego e o calor dos seres de minha ascendência.
Prefiro a reunião e as conversas, muitas delas bobas, porém não tão menos
importantes, que permanecer nas baladas, noitadas e curtições. Já não valorizo
tanto o efêmero que a vida nos oferece.
E agora...... Tão acostumado
às reuniões festivas, regadas às conversas infindas e brincadeiras permanentes,
eis que parte o meu Mulequim....
...deixando-nos órfãos de uma presença que eu não podia medir nunca a
dimensão da importância para meu coração de homem rude. Há dias busco palavras
para definir a situação e o momento e não encontro capacidade de entender
tamanha perda. Agora me vem na memória, como flashes de um filme da vida, as
cenas que vivemos, os momentos que passamos juntos e, me doe muito mais, saber
que poderíamos ter vividos muitos fatos além dos contabilizados nessa
trajetória. Quanto tempo perdemos com momentos fúteis e insignificantes.
Conforta-me tentar deixar
gravada tua voz no imaginário de minha essência de menino-homem rebelado.
Dignifica-me muito deixar permanente tua marca impregnada em minha mais densa
essência.
Me pego as vezes lembrando,
quando ainda pequeno, menino arredio, de calça curta, subindo e descendo as
ruas, jogos nas calçadas, bolsos lotados de bolas de gude e pinhão, seus gritos
ecoavam me chamando à realidade do tempo que já escurecia. As primeiras
caminhadas me levando nas escolas e suas mãos levando o peso da lancheira e dos
livros, os presentes que marcaram essa infância tão relembrada e, no aconchego
do teu abraço, noite alta, ouvir sua acalentosa voz: SE UMA BOA AMIZADE VOCÊ TEM, LOUVE A DEUS POIS AMIZADE É UM BEM....
Minha nossa quão feliz em
fui em teus braços meu Mulequim, pena que a vida só agora me deu esse
entendimento e não tenho vergonha nenhuma em declarar quão tolo fui eu em não
ficar mais tempo ao seu lado, talvez, mesmo, pelas circunstancias das lutas
diárias, onde buscamos nossos espaços e nossos caminhos para uma sobrevivência
digna perante a sociedade. Sempre corri muito, trafeguei e percorro ainda
muitos caminhos divulgando minha arte e meus trabalhos e isso nos consome muito
tempo.
Há dias durmo muito mal, meu
travesseiro é meu acalentador, reserva de minhas emoções, depósito de minhas
lágrimas saudosas. Só resta-me pedir a Deus que você encontre um bom lugar e
que meça seus feitos aqui na terra tomando por base o seu amor devotado aos que
te cercaram, ou, ainda, que te julgue pelo sorriso eterno estampado na face,
pela bondade no coração e na beleza de sua simplicidade.
Eu fico aqui com saudades
eternas tua, salientando que não estava preparado pra te perder. Te ver partir
assim, sem aquele cheiro na cabeça é algo que nos tolhe ao mais profundo sentimento
de quão frágeis somos, de quão imprevisível é a morte e quão insignificantes
parecemos diante das solicitudes da natureza.
Eu te desejo a paz, eu te
desejo um bom lugar, eu te desejo a felicidade de quem encontrou um caminho de
luz....
...e apesar de minha dor,
entre as lágrimas de saudades, às vezes me pego sorrindo, lembrando suas coisas
de homem que não parecia ter crescido, ou em outra palavra, não parecia ter
envelhecido, esse Mulequim que trazia como marca o sorriso estampado no rosto e
a felicidade de ficar próximo dos seres queridos de caminhada na terra...
Eu te prometo que sararei
meu coração dolorido e conforta-me saber que se houver um encontro ai onde você
está, ainda seremos IRMÃOS.....
Para sempre te amarei e
recordarei sempre com saudades de tua passagem ao meu lado.
Teu Joãozinho “DÃO”.....
Em noite mal dormida do dia
09 de agosto de 2018, Paulo Afonso, Bahia.
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Primo João, acabo de ler com muita emoção sua homenagem ao querido Nequinho. Recebi a notícia de sua partida através de uma mensagem do outro, não menos querido primo Zezé. Acompanhei no face do primo Nequinho a vista que vocês fizeram recentemente as terras da Maniçobas, berço de nossas origens. Lá no face ele lamentava não ter podido entrar na Casa Grande, ao que eu lhe respondi que naquela mesma semana, um dia antes ou um dia depois, eu também tinha estado ali e tirado foto junto com mnha família, entre eles meus filhos e meu netos. Fiquei triste porque não nos procuraram lá na casa de pai, em Itapetim, teria sido a glória juntar a imagem de vocês, filhos do meu tio avô, legítimos representantes dos nossos antepassados, muito mais do que eu que já sou da quarta geração, por conseguinte meus filhos que representa a quinta e a sexta respectivamente. Debalde procuro você no face, não sei se porque você não está mais por lá, ou se estou bloqueada. Enfim, encontrei uma forma de lhe apresentar meu enorme pesar pela perda do seu amado irmão, meu inesquecível primo amigo de infância e adolescência, graças a uma postagem do amigo Sálvio Siqueira. O mundo está de ponta cabeça, as pessoas parecem se distanciar em vida para buscar na morte o elo que permitiram que se dissolvesse. Que possamos reverter isto enquanto é tempo, que saibamos desfrutar do amor familiar por todo tempo que aqui Deus permita que estejamos. Meus sentimentos extensivos a todos os familiares.
ResponderExcluirOi Luza, infelizmente passamos por essa grande perda.
ResponderExcluireu prezo muito por esses laços familiares.
grande abraço e fica na paz.
la no face está tudo normal...