quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

A CACHOEIRA DE PAULO AFONSO EM DUAS PINTURAS DE 1949 - www.joaodesousalima.blogspot.com




     DUAS PINTURAS À OLEO DATADAS DE 1949 MANTIDOS NA CASA DA DIRETORIA DA CHESF RETRATA A CACHOEIRA.

     O IGH – Instituto Geográfico e Histórico de Paulo Afonso, na gestão de 2019 / 2020 atuando em uma pesquisa de nossos monumentos, das histórias e geografias, durante uma visita técnica a casa da Diretoria da Chesf em Paulo Afonso, realizada por mim e o engenheiro Flávio Motta, visitamos uma das mais antigas e belas construções do inicio dos trabalhos da empresa na região.
Na sala principal do casarão encontramos dois quadros retratando a Cachoeira em desenhos de óleo sobre Tela. Os dois quadros foram pintados em 1949, sendo duas perfeitas e históricas obras. Anotei os nomes dos pintores e fui realizar uma pesquisa encontrando várias referências sobre os dois.

Um dos quadros é assinado por Lev. Fanzeres.

Levino de Araújo Vasconcelos Fanzeres, nascido em Cachoeiro de Itapemirim, Espirito santo em 1884 e falecido no  Rio de Janeiro em 1956.
Pintor e professor. Mudou-se para o Rio de Janeiro jovem, levado pelo pai, Salvador Fanzeres. Estudou no Liceu de Artes e Ofícios com Artur Machado e Evêncio Nunes.  Em 1910, ingressou na Escola Nacional de Belas Artes (Enba), onde tornou-se discípulo de João Zeferino da Costa (1840-1915) e Baptista da Costa (1865-1926). No ano seguinte, participou pela primeira vez da Exposição Geral de Belas Artes e recebeu uma menção honrosa. Em 1912, ganhou como prêmio uma viagem à Europa, com a tela Remorso de Judas. Passou quatro anos em Paris, onde teve aulas com Fernand Cormon (1845-1924), Henri Chartier (1859-1924) e Gustave Debrié. Pintou paisagens dos arredores da cidade. Quando retornou, em 1916, fez uma exposição individual no Rio de Janeiro e fundou a Colméia dos Pintores do Brasil, curso gratuito de pintura de paisagem ao ar livre, que funciona na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro. Ali orientou vários alunos, como Garcia Bento (1897-1929), Jurema Albernaz, Codro Palissy, Antônio Cotias, Miguel d'Ambra e Alfredo Rodrigues. Em 1921, recebeu a grande medalha de prata na Exposição Geral de Belas Artes. Há quadros seus nas coleções das prefeituras de São Paulo, de Belém e de Belo Horizonte, assim como no palácio de governo do Espírito Santo. A Colméia continuou funcionando após sua morte.
    Levino Fanzeres recebeu um prêmio de uma viagem ao Exterior graças a uma pintura histórica, no segundo ano em que participou da Exposição Geral de Belas Artes. Entretanto, ele é quase exclusivamente um pintor de paisagens.
Foi a Paris, mas não se deixou influenciar pelas novidades artísticas da época. Estudou em ateliês de pintores acadêmicos  e saui para pintar os arredores da cidade.
Voltou ao Brasil em 1916, mas não à Escola Nacional de Belas Artes (Enba).

        O segundo quadro é do pintor Portugues  Carlos Augusto Ramos, nascido em Coimbra em 15 setembro de 1912  e falecido  14 de Setembro de 1983.
Em Coimbra Carlos Augusto Ramos desenvolveu toda a sua atividade.
De ascendência modesta, iniciou-se muito novo na profissão de pintor de construção civil. Foi nesta condição que se acentuou seu gosto pelo desenho e pela pintura artística. Incentivado pelos amigos e esposa.
Matriculou-se na Escola Industrial e Comercial Avelar Brotero e, estudando à noite, ali concluiu o curso geral de desenho, tendo sido discípulo de Manuel Rodrigues Júnior.
Estagiário da primeira, quinta e sexta Missões Estéticas de Férias, Carlos Ramos foi várias vezes contemplado com "Menções Honrosas" por diversas instituições, caso da Sociedade nacional de Belas-Artes de Lisboa (1940-1943) e obteve outras distinções, em especial uma terceira medalha da mesma Sociedade, em 1947.
Em 1948 foi galardoado com o "Prémio Malhoa", e a bolsa de estudo correspondente, que lhe permitiu uma viagem ao estrangeiro no ano seguinte. Participou em numerosas exposições na Sociedade Nacional de Belas-Artes, no Salão Silva Porto (1943-1952), na Exposição Internacional de Sevilha (1952), no Salão António Carneiro (1953), etc.
Expôs com regularidade na Delegação do Jornal «O Primeiro de Janeiro», em Coimbra e colaborou na revista Ilustração iniciada em 1926.
Em Agosto/Setembro de 1989 foi evocado numa grande exposição de obras suas, organizada pela Câmara Municipal da Lousã, na Sala de Exposições do Museu Municipal Professor Álvaro Viana de Lemos, daquela localidade.
As tonalidades apostas nos seus trabalhos resultam de estudo profícuo e procuram encontrar a beleza, o contraste e a ambiência que ressalta da fixação da luz no momento fugaz de sol num dia de Inverno, na pujança inebriadora da Primavera, no colorido encantador do Outono e na grandeza exuberante dos meses de Verão.
Por outro lado, Carlos Ramos captou, como ninguém, o esforço do homem rural, o denodo com que se entrega à faina agrícola, a bravura e destemor do pescador e os tradicionais costumes, tradições e vivências que identificam as pessoas da aldeia, os obreiros constructores de comunidades e depositários de valores que se transmitiram de geração em geração.
As expressões dos rostos, o movimento corporal, a indumentária, a actividade intensa do mundo rural, a diversidade das atitudes e a corografia que os seus quadros veiculam, fizeram da sua arte um exemplo de criatividade e afirmação plena do seu talento.
       Em 1940 recebeu  Menção Honrosa em Pintura a Óleo pela Sociedade Nacional de Belas-Artes. 1943 - Menção Honrosa em Pastel (Sociedade Nacional de Belas-Artes). 1943 - 3ª Medalha - Salão do Estoril. 1947 - 3ª Medalha em Pintura a Óleo - Sociedade Nacional de Belas-Artes. 1948 - Prémio Malhoa e Bolsa de Estudo no Estrangeiro - Sociedade Nacional de Belas-Artes.
     Também expôs nas salas:  Governo Civil de Coimbra, Governo Civil de Leiria, Câmara Municipal da Lousã, Palácio do Governo de Lourenço Marques, Maputo, Sociedade Nacional de Belas-Artes.
      Sua obra compõe várias coleções de colecionadores: Coleção Dr. Armando Ribeiro Cardoso - Lisboa, Coleção Dr. Seiça Ferrer,-Coimbra, Coleção Mário Santos – Porto,Coleção Conde de Fijô – Coimbra, Coleção Rudolph Beckert, -Lisboa, Coleção Vasco de Figueiredo - Tábua, Coleção Dr. Mário Canelas - Figueira da Foz.
       Também existem trabalhos do artista em:  Sociedade Nacional de Belas-Artes (1940),  Salão Nobre da Câmara Municipal de Coimbra (1940), Realizou exposição no Porto (1940), V Missão Estética de Férias - Sociedade Nacional de Belas-Artes (1941), Sociedade Nacional de Belas-Artes (1943), Salão do Estoril (1943),  Salão Silva Porto (1943), Sociedade Nacional de Belas-Artes (1944), 1ª Exposição de Pintores de Coimbra / Delegação «O Primeiro de Janeiro» (1944),  Palácio Galveias / 1ª Secção / "A imagem da flor" - Câmara Municipal de Lisboa (1945),  Sociedade Nacional de Belas-Artes (1954), Sociedade Nacional de Belas-Artes (1947),  "Salão Malhoa" - Sociedade Nacional de Belas-Artes (1948),  Salão da Comissão Municipal de Turismo da Covilhã (1949), Salão de Primavera - Sociedade Nacional de Belas-Artes (1950), Livraria Portugália, Lisboa (1950), Salão de Primavera - Sociedade Nacional de Belas-Artes (1951), Delegação de «O Primeiro de Janeiro», Coimbra (1951), Delegação de «O Primeiro de Janeiro», Coimbra (1952), Exposição Internacional de Sevilha (1952), Salão Silva Porto, Porto (1952), Salão António Carneiro (1953), Delegação de «O Primeiro de Janeiro», Coimbra (1954), Museu Regional de Lagos (1954), Delegação de «O Primeiro de Janeiro», Coimbra (1955), Salão de Primavera - Sociedade Nacional de Belas-Artes (1956), Sociedade Nacional de Belas-Artes (1957), Vila Franca de Xira (1957), "Paisagens e Figuras da nossa Terra" / Delegação de «O Primeiro de Janeiro», Coimbra (1958), "Paisagens e Figuras da nossa Terra" / Sociedade Nacional de Belas-Artes (1959), "Paisagens e Figuras da nossa Terra" / Delegação de «O Primeiro de Janeiro», Coimbra (1959), Grémio do Comércia, Beja (1960), Delegação de «O Primeiro de Janeiro», Coimbra (1960), “Paisagens e Figuras da nossa Terra" / Delegação de «O Primeiro de Janeiro», Coimbra (1961), Sociedade Nacional de Belas-Artes (exposição individual) (1962), Delegação de «O Primeiro de Janeiro», Coimbra (1962), Sociedade Nacional de Belas-Artes (1963), "Paisagens e Figuras da nossa Terra" / Delegação de «O Primeiro de Janeiro», Coimbra (1963), Sociedade Nacional de Belas-Artes (1964), Delegação de «O Primeiro de Janeiro», Coimbra (1965), Sociedade Nacional de Belas-Artes (1965), "Paisagens e Figuras da nossa Terra" / Sociedade Nacional de Belas-Artes (1966), Sociedade Nacional de Belas-Artes (1967), Delegação de «O Primeiro de Janeiro», Coimbra (1967), Sociedade Nacional de Belas-Artes (1968), Delegação de «O Primeiro de Janeiro», Coimbra (1973).



João de Sousa Lima
Escritor e historiador
Presidente do IGH - Instituto Geográfico e Histórico de Paulo Afonso
Membro da ALPA – Academia de Letras de Paulo Afonso, cadeira 06.

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