REVISTA
VEJA NÚMERO 2610 E UMA PÉSSIMA REPORTAGEM SOBRE O CANGAÇO.
Há tempos deixei de ler a revista VEJA por
achar seus textos tendenciosos e por muitas vezes discordar de suas matérias
que tentava incutir suas verdades em uma verdade diferenciada das que entendo
como sendo a mais justa. Quando me sentia ultrajado e rebatia as noticias,
nunca, jamais, tive minhas observações impressas como opinião nas matérias
rebatidas.
Hoje pedi a um amigo que me
comprasse um exemplar da citada revista, pois sabia que na edição 2610 – ANO 51
– Nº 48 – DE 28 DE NOVEMBRO DE 2018, tinha uma reportagem abordando o tema
cangaço e que é um assunto que a mais de 20 anos venho estudando e escrevendo.
O conteúdo da reportagem tem por base a referencia de dois livros, no caso da
Jornalista Adriana Negreiros e de Wagner Barreira.
Ouvi alguns comentários
antes sobre a reportagem dizendo que a matéria vinha cheia de erros, pois foi
baseada no livro de Adriana Negreiros a quem já fiz duras críticas pelo péssimo
livro e sua pesquisa medíocre, informações totalmente inverídicas.
Já o livro do Wagner
Barreira é um livro bem elaborado e de bom conteúdo.
A reportagem vem assinada
por João Batista Júnior e já começa errada, na 1ª página que é a número 92,
onde tem um a foto de Maia Bonita e o cangaceiro Juriti e ele diz que é Lampião
e Maria Bonita, mostrando seu fraquíssimo conhecimento sobre o cangaço.
João Batista fala que Maria de Déa quando
estava separada do marido Zé de Neném vivia “SARACOTEANDO” em festas da região e a verdade é que não vivia,
durante as brigas com o marido ela se refugiava na casa dos pais e no povoado
vizinho Sítio do Tará, onde residia sua
prima e melhor amiga Maria Rodrigues de Sá.
Mais abaixo Batista diz que
Lampião começou sua vida de crimes para vingar a morte do pai e todos que pesquisam sabem que Lampião já era cangaceiro
quando o pai foi assassinado.
A reportagem fala que
Lampião foi à casa de Maria para saber quem era a menina que tanto falava dele
e a verdade é totalmente diferente dessa informação.
João Batista Júnior continua
sua narrativa dizendo que Maria assumiu o nome de Maria Bonita e essa observação
mostra a total desinformação desse jornalista.
No mapa que vem na página
94, no tópico 2 diz que Lampião fez um assalto à “FAZENDA” da Baronesa e a
verdade é que não foi em uma fazenda e sim no centro da cidade de Água Branca,
Alagoas, onde os cangaceiros assaltaram o “CASARÃO” da Baronesa Joana Torres.
No tópico 4 do mapa e ainda no texto a seguir diz que os as cabeças de Lampião
e Maria Bonita foram expostas na escadaria da “IGREJA” de Piranhas e na verdade foram expostas na
escadaria da PREFEITURA de Piranhas.
Seguindo o texto o João Batista recorre aos
mesmos erros que tantos outros querem colocar como sendo uma verdade, que é
dizer que Lampião só usava perfume Francês FLEUR dÀMOUR e só bebia uísque WHITE
HORSE. Lampião e os outros cangaceiros bebiam todo tipo de cachaça e conhaque, diversas
delas oriundas de Sergipe como no caso das cachaças “RINCHONA” e
“SERGIPANA”.
Perfumes usavam de várias
marcas principalmente os mais simples adquiridos pelos coiteiros nas feiras da
região, exemplo dos perfumes Flor de Amor (uma versão brasileira do Francês
Fleur d Àmour), Pompéia e Dedo de Moça.
Batista ainda cita que os
cangaceiros percorriam o Agreste quase sempre a pé pois descobririam os rastros
dos animais pelas fezes e isso é uma informação totalmente sem lógica pois
muitos sertanejos usavam animais e se eles fossem utilizados (e serviram muitas
vezes aos cangaceiros) por cangaceiros as fezes não denunciaria se era cangaceiro, policial,
coiteiro ou outro tipo de pessoa que estava montando. Na verdade os cangaceiros
andaram bem pouco no Agreste, fato marcante quando Maria Bonita foi baleada em
Serrinha de Catimbau e nesse momento entraram na localidade caminhando. O
Sertão, esse território sim, foi bem palmilhado pelas alpercatas de couro dos
cangaceiros e cangaceiras.
Texto abaixo e vem a total desinformação desse
jornalista medíocre vinculado na revista Veja quando diz que os cangaceiros
deixavam para trás seus ouros por
“Bondade”e ainda por questão de peso.
A pior (des) informação vem
agora: LAMPIÃO E MARIA BONITA NÃO DEIXARAM FILHOS...
Ignorância cavalar essa,
pois uma simples pesquisa na internet ele saberia que a Expedita Ferreira, que
é filha de Lampião e Maria Bonita, ainda viva, residindo em Aracaju, Sergipe.
Se o jornalista se
aprofundasse um pouquinho mais e visse os livros sérios que tratam o cangaço,
poderia aprender que Lampião e Maria Bonita tiveram 04 filhos no cangaço e a
história cita fatos bem marcantes sobre esses filhos.
Que pena que a Revista Veja
ainda acredita que é dona da razão e vive dando atenção a pessoas que mal sabem
e que nada interpretam da realidade dos fatos acontecidos e registrados em
nosso país.
O jornalista João Batista Júnior
está no mesmo patamar da jornalista Adriana Negreiros ou seja: NÃO SABEM NADA
DE CANGAÇO....
Paulo
Afonso, 26 de novembro de 2018
João
de Sousa Lima
Historiador
e Escritor
Membro
da SBEC – Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço.
Membro
da ALPA – Academia de Letras de Paulo Afonso – Cadeira 06.
ALGO EM REFERÊNCIA
AO LIVRO DE ADRIANA NEGREIROS
Já faz um
tempo que meu telefone tocou e falei com uma mulher que se identificou como
sendo a jornalista e escritora Adriana Negreiros. Ela estava vindo a minha
cidade Paulo Afonso e queria me entrevistar para colher e confrontar
informações para um futuro livro falando sobre Mulheres Cangaceiras, sem que
antes ela me elogiasse dizendo que não se poderia realizar uma pesquisa dessa
natureza sem recorrer a minha pesquisa e aos meus escritos. Sempre solícito,
concordei de imediato com o encontro e ajustamos uma data e um horário,
encontro que aconteceria em meu trabalho na Casa da Cultura. No dia e horário
marcado a Adriana não compareceu e só a noite mandou uma mensagem falando que
estava hospedada no hotel San Marino e que depois apareceria. Nosso encontro
nunca aconteceu e eu soube dias depois que ela havia procurado o escritor Luis
Ruben, em sua residência, para entrevistá-lo.
Achei estranha essa atitude dela,
porém, descobri depois que ela era casada com o escritor Lira Neto, a quem eu
havia feito duras críticas, em relação a um texto que ele escreveu, sendo que o
artigo saiu no jornal Diário do Nordeste no dia
10 de setembro de 2010 e se refere a morte do Cangaceiro Moreno. Lira Neto diz
entre tantos outros impropérios que existe uma “ignorância cavalar de todos os
sociólogos, historiadores, cineastas, jornalistas e escritores que, ainda hoje,
por estupidez ideológica, ranço acadêmico ou ingenuidade histórica, insistem em
glamourizar o cangaço”. E ainda chama todos os escritores do cangaço de estúpidos
e ingênuos.
Lógico que
defendi minha pesquisa e meus amigos que tão seriamente pesquisam e registram o
cangaço. Só que confesso, não sou de medir palavras quando me sinto ferido e,
imbecil, foi a palavra mais educada que usei para descrever o texto idiota
vinculado no jornal e escrito por Lira Neto, a quem não devo favor e nem
consideração nenhum.
Eis que agora me chega em mãos um
texto de Juliana Linhares, da “UNIVERSA”, texto vinculado também na UOL e que
traça o perfil do livro a ser lançado pela Adriana Negreiros. Confesso
que só na leitura desse escrito, fazendo talvez uma análise de valor de uma
obra ainda a ser lançada, me preocupei bastante com tantas baboseiras e
invencionices registradas pela escritora. Ela segue em passos largos a ser o que
o marido falou tempos atrás com seu texto ignorante quando chama todos os
escritores do cangaço de estúpidos e ingênuos. Talvez o Lira Neto não soubesse
que o telhado caísse um dia em sua cabeça e agora ele acobertado por seu
próprio telhado de vidro, tivesse uma escritora realmente Estúpida e Ingênua
falando do cangaço.
O texto que li na reportagem diz que
Lampião e Maria Bonita deu sua única filha e não há mentira nisso, só
incompletude. Alem da Expedita, o casal deu um outro filho para que os pais de
Maria Bonita criasse.
Adriana cita que Maria Bonita usava
as jóias mais caras e gostaria de saber quem foi o avaliador dessas jóias e em
que registro ela pesquisou essas informações.
Em umas das maiores inverdades
apresentada no texto Adriana cita Maria Bonita como “ESPIÔ do grupo e além de
tudo, ela arregimentando homens nas cidades. Meu Deus quanta invencionice.
Confesso que nunca li tamanho disparate com a verdade. Mais não pára por ai a
corrente de desconhecimentos. Ainda cita Maria Bonita tocando Bandolim e, o
mais incrível, sendo acompanhada por Lampião que cantava e quando entalava a
voz chupava pastilhas “Valda”. Só rindo mesmo diante de tamanha falta de
conhecimento. Seguindo o texto Adriana narra Maria Bonita arrancando brincos e
lóbulos de orelhas, cenas vinculadas nos filmes brasileiros e que não
corresponde a verdade.
Entre tantas inverdades a escritora
fala que Maria Bonita adorava comer “Passarinho ao Vinho” preparado por
Lampião... ... Há se ela tivesse realizado uma
pesquisa séria e pudesse ter ouvido a cozinheira Dona Cabocla, ainda viva com
116 anos de idade e que durante muito tempo cozinhou para Lampião e outros
cangaceiros.
Adriana diz que Déa era o nome da mãe
de Maria Bonita e não era. Déa era apelido.
A Juliana Linhares diz que esse livro
de Maria Bonita é sua primeira biografia e ai recai sobre ela também a
desinformação de quem nunca leu sobre o cangaço. A primeira biografia sobre
Maria Bonita, com o título “A Trajetória Guerreira de Maria Bonita, A Rainha do
cangaço”, livro hoje bastante referenciado, eu escrevi há mais de 15 anos.
Ainda temos outras grandes pesquisas sobre Maria Bonita, sendo o livro de
Antonio Amaury Correa de Araújo, Lampião, As Mulheres e o Cangaço, outra
importantíssima obra relatando em pormenores as questões e costumes femininos
dentro do tema.
Recorrendo ainda a pesquisa pouco
ajustada a qual lemos estarrecidos diante de tanta falta de conhecimento e
levantamentos imprecisos. Adriana Negreiro coloca Maria Bonita usando binóculo
e só o perfume Fleurs D`Amour. Binóculo eu nunca vi, aparece na película de
Benjamim Abraão, filmada em 1936, Lampião manuseando um binóculo que foi
presenteado ao cangaceiro por Eronides de Carvalho. Ela quer colocar Maria
Bonita só usando perfume Francês e sabemos que tanto as mulheres quanto os
homens usavam vários tipos de perfumes, entre eles uma versão do francês
chamado Flor de Amor, Pompéia, Dedo de Moça, dentre outros, comprados por
coiteiros em feiras, povoados e, ainda presentes de amigos, coronéis e pessoas
ligadas ao cangaço.
Dentre os maiores absurdos da
pesquisa de Adriana e, confesso, gostaria de saber quem foi a cangaceira que
deu tão incoerentes depoimentos, ela cita as cangaceiras usando vestidos de
seda e botas de canos curtos... ...Eita que não dar pra
engolir. Bastava uma simples pesquisa fotográfica, uma vez que sei que ela não
conheceu nenhuma cangaceira que pudesse atestar essas aberrações, para a
escritora pudesse observar que essas vestimentas não fizeram parte das
indumentárias das cangaceiras. Diz ainda que as cangaceiras só usavam vestidos
de tecidos duros e fortes quando entravam no mato e aqui eu faço uma pergunta
simples: QUAL O DIA QUE ELAS NÃO ANDAVAM NO MATO???.
Texto abaixo e vêm mais
desinformações: “AS CANGACEIRAS NUNCA TINHAM RELAÇÕES SEXUAIS ÀS SEXTAS
FEIRAS”..... Nem querendo dá pra engolir mais essa dentro de tantas outras
histórias mirabolantes da escritora. E pra ter relações ainda tinham que tirar
os colares, sendo que Lampião tinha sete em seu pescoço.
Dentre tantos absurdos vem ainda o
tratamento das DSTs, as doenças sexuais transmissíveis. Narra Adriana que os
abscessos eram abertos com canivetes e se acocoravam sobre uma fogueira...
Senta você um dia sobre uma fogueira e tenta abrir um furúnculo com um
canivete ou qualquer lâmina cortante, sem anestesia. E ainda temos que ler que
nenhum resultado seria alcançado se o cangaceiro pisasse em rastro de
corno...
Além de cangaceiros tinham que ter
parentesco com mãe Diná para adivinhar quem era corno ou não. Quanta babaquice
nessa pesquisa.
Em texto tão pequeno e tantas
alvitres, imagino a leitura total do trabalho da citada escritora. O que me
preocupa é que por ser jornalista e o tema abordado ela terá uma rede de
divulgação bem ampla e essas informações serão vinculadas em revistas, jornais,
rádios, canais de televisão e por ai vai.
Agora eu me pergunto: EU QUE OUVI E
ESTIVE COM VÁRIAS EX CANGACEIRAS (Durvinha, Antônia de Gato, Aristéia Soares,
Adília, Dulce, Maria de Juriti...), QUE OUVI INÚMEROS RELATOS DELAS E DE
MULHERES QUE FORAM COITEIRAS, QUE DANÇARAM COM OS CANGACEIROS, QUE COZINHARAM,
LAVARAM, COSTURARAM... Nunca ouvi das bocas delas nenhuma dessas afirmações. Se
as mulheres que foram do cangaço, que andaram com Lampião e outros cangaceiros,
nunca citaram essas informações que a Adriana citou, nós temos que acreditar em
quem???
Já não basta o irresponsável Pedro de
Moraes e agora vem a Adriana Negreiros com uma pesquisa fajuta e mentirosa,
fruto apenas de sua imaginação, colocando tantas inverdades na cabeça de uma
leva de jovens pesquisadores que hoje estudam e pesquisam o cangaço.
Devemos rechaçar uma pesquisa desse
quilate. Devemos cuidar com responsabilidade dos fatos históricos e que
pesquisamos com tanto afinco e desprendimento, cruzando dias e dias de sol,
chuva, picadas incertas, terrenos irregulares, ouvindo pessoas ligadas com as
histórias. Me coloco aqui com os homens sérios na envergadura de Antônio
Amaury, Frederico Pernambucano de Melo, Ângelo Osmiro, Sérgio Dantas, Alcino
Alves Costa, Archimedes Marques, Honório de Medeiros, Sabino Basseti, Leonardo
Gominho, Lourinaldo Teles, Marcos de Carmelita, Geraldo Ferraz, Oleone Coelho,
dentre tantos outros, para que não aceitemos entre nosso meio esses fantasiosos
escritores e pesquisadores e que em nada engrandece a pesquisa sobre o cangaço.
Esse é mais um trabalho que surge
apenas com o intuito de adquirir uma boa vendagem, pautado na falsa pesquisa de
uma pessoa que deveria defender sua profissão de jornalista e realizar um
trabalho sério e verdadeiro.
Clamo a SBEC – Sociedade Brasileira
de Estudos do Cangaço, da qual sou sócio, aos grupos GECC – Grupo de Estudos do
Cangaço do Ceará, ao GFEC- Grupo Florestano de Estudos do Cangaço, Cariri
Cangaço, GPEC- Grupo Paraibano de Estudos do Cangaço, Lampião Aceso,
Cangaçologia, Tok de História, Ofício das Espingardas, Mendes e Mendes e tantos
outros que resguardam nossas histórias, para que não contribuam com essas
desinformações.
João de Sousa Lima
Historiador e Escritor
Paulo Afonso, 27 de agosto de 2018
Membro da SBEC – Sociedade Brasileira
de Estudos do Cangaço
Membro da ALPA – Academia de Letras
de Paulo Afonso – cadeira 06
Membro do IGH – Instituto Geográfico
e Histórico de Paulo Afonso
no livro dela ela escreveu que o cangaceiro que chantageou Lídia foi o cangaceiro Besouro e não o coqueiro como mostra a maioria das fontes,mas na nota de rodapés ela escreveu que Amaury havia escrito que o nome do cangaceiro era Coqueiro.
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