quarta-feira, 27 de junho de 2012

Chico Cardoso, do site Caldeirão Político entrevista João de Sousa Lima


ENTREVISTA COM O PROFESSOR, HISTORIADOR E PESQUISADOR JOÃO DE SOUSA LIMA, DE PAULO AFONSO - BA



CALDEIRÃO POLÍTICO - O São João está morrendo também na Bahia?

João de Sousa Lima
 - na Bahia, principalmente em Paulo Afonso, ainda mantemos a tradição das quadrilhas juninas, existindo ainda premiações com disputas entre bairros e povoados. O São João de minha cidade ainda é uma realidade onde podemos além de assistirmos as quadrilhas saborearmos pamonhas, canjicas, milhos cozidos, xerém com galinha, arroz doce, mungunzá, amendoim, bolho de milho, tapioca e o quentão.

CALDEIRÃO POLÍTICO - Por que a morte das tradições?

JSL
 - o mundo passa pelo um processo de tecnologia onde a novidade atrai uma juventude em suas atitudes bitoladas com a busca de novidades. Não devemos ficarmos alheios aos avanços tecnológicos, porém devemos utilizá-la para o crescimento da humanidade sem perdermos o foco de nossas raízes, não podemos esquecer as coisas do passado que nos direcionaram para a atualidade, nossas tradições não podem morrer, devemos acompanhar os avanços sem perdermos de foco a essência do que nos elevou enquanto seres humanos. Nossa cultura, nosso patrimônio histórico de vida, as raízes do nosso povo e o entendimento das coisas de nossas gerações nos remetem ao engrandecimento e uma compreensão do nosso futuro, um povo sem passado será no presente um povo sem futuro.

CALDEIRÃO POLÍTICO - O que o povo baiano guarda da figura histórica de Delmiro Gouveia?

JSL - pela proximidade com a cidade de Delmiro Gouveia e por ter sido em Paulo Afonso, nas margens da cachoeira, que Delmiro construiu a primeira usina hidroelétrica do nordeste e a segunda do Brasil, que ele representa muito para o nosso crescimento e o progresso de nossa região. Delmiro Gouveia foi um homem visionário e um grande empreendedor, deixando seu nome gravado como um dos maiores brasileiros no livro do crescimento industrial brasileiro.

CALDEIRÃO POLÍTICO - É verdade que o rio São Francisco está secando?

JSL
 - o Rio São Francisco vem sofrendo degradações ao longo do tempo e esse processo degenerativo leva esse grandioso mar de águas doces a ser no futuro um córrego agonizante.

CALDEIRÃO POLÍTICO - O que significa Luiz Gonzaga para o Estado da Bahia?

JSL - Luiz Gonzaga é a nossa maior representividade cultural nordestina e um dos maiores artistas brasileiro. Luiz Gonzaga é símbolo maior, exemplo de uma trajetória que merece o mais puro reconhecimento da nação sertaneja e nordestina, ícone do seu povo, pessoa a ser entendida no seu mais profundo palco artístico.

CALDEIRÃO POLÍTICO - O que marca para vocês baianos, a Usina de Paulo Afonso?

JSL - fonte de progresso, de geração de empregos, porém sem deixar de reconhecer que a natureza pagou um alto preço e que existe entre os dois um abismo, uma dívida permanente e impagável.

CALDEIRÃO POLÍTICO - O que representa a história de Lampião, para o Estado da Bahia?

JSL - a Bahia e todo nordeste viu passar em suas terras as figuras dos cangaceiros. Devemos hoje registrar os fatos históricos, colhermos os frutos do que o cangaço representa através da cultura, dos textos, do teatro, da xilogravura e do turismo. A cidade de Paulo Afonso é uma das cidades que tem hoje seu calendário de eventos com pautas voltadas para o cangaço e é também uma das Rotas  turísticas da região.

CALDEIRÃO POLÍTICO - Fale do governo Dilma Roussef até agora.

JSL
 - vem seguindo um calendário que já existia, termina tendo um governo sem muita representividade em torno do clima criado por ser a primeira mulher eleita como presidente do país.

CALDEIRÃO POLÍTICO - E o governo Jackson Wagner?

JSL
 - Wagner não foi dos piores, em certos momentos foi mal assessorado, mais teve boas intenções e conseguiu fazer um governo satisfatório.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Encontro de filhos de cangaceiros: No Sertão Alagoano seguimos as trilhas de Lampião

Desde a última vez em que estive com o cangaceiro Moreno que prometi a ele encontrar familiares do seu irmão Jacaré.
Jacaré foi um dos acusados da morte de Delmiro Gouveia e por isso foi preso e assassinado.
Conversando com Nely (filha de Moreno e Durvinha) reafirmei a promessa que havia feito ao pai dela.
Certo dia recebi um telefonema do sr. Aldiro, residente do povoado Alto dos Coelhos, Água Branca, Alagoas. Aldiro queria me conhecer pessoalmente e me apresentar seu tio João Maurício, filho do cangaceiro Barra Nova. Segui para o Alto dos Coelhos e depois de conversarmos um pouco e travar alguns contatos conheci enfim João Maurício. alguns dias depois desse encontro retornei ao Alto dos Coelhos e Aldiro me falou sobre umas sobrinhas de Jacaré que residiam nas proximidades, de imediato liguei pra Nely, minha promessa estava caminhando para ser paga.
Agora no mês de junho Nely chegou em Paulo Afonso e de imediato seguimos para o Alto dos Coelhos e de lá seguimos com Aldiro e seu Filho para o povoado   Tabuleiro. Lá reside Alexandrina, uma neta de Jacaré. O encontro foi marcado por uma forte emoção.
Do Tabuleiro seguimos para o Km 35 onde reside mais duas filhas de Bianor (filho único de Jacaré): Maria e Edilene.
Deivid, Aldiro, Maria, Nely, Irene e sua filha Andrea.
Do Tabuleiro seguimos até o povoado Tinguí onde fomos conhecer Gonçalo Joaquim de Oliveira, que teve seu pai, o sr. Joaquim Soares de Oliveira, assassinado por Lampião.
no Tinguí encontramos Gonçalo sentado, curtindo a sombra da igreja, frente a sua casa.
Gonçalo não gosta de relembrar a morte do pai, que era proprietário da fazenda Craunã.
Lampião mandou pedir dinheiro e mesmo Joaquim enviando o montante e alguns maços de cigarros desabafou com o vaqueiro Antonio Zezé, encarregado de levar o dinheiro, que era duro trabalhar e mandar o dinheiro para quem não trabalhava. Lampião enfurecido seguiu ao encontro do velho sertanejo e lá chegando, mesmo tendo Joaquim oferecido café e sua esposa estando em adiantado estado de gravidez, Lampião matou o o pai e os filhos Zequinha  e Luquinha.
Gonçalo se resigna na sua dor eterna e mesmo assim conseguimos extrair alguns sorrisos de sua face sofrida.

No Alto dos Coelhos um encontro marcante entre Nely e o filho de Barra Nova.
 Nely e João Maurício, filho de Barra Nova: Um Encontro repleto de emoções.
João Maurício, Nely e João Lima.
Retornando a Paulo Afonso, uma passada para rever Damarys e Pedro Soares (Nora e filho da cangaceira ARISTEIA)
Entre o Tabuleiro e o Tingui, a casa de Lúcio Braga de Lima, um dos homens que acusou Jacaré de ser um dos participantes da morte de Delmiro Gouveia)
no Tinguí, a igrejinha é um marco daquela época do cangaço.
Bianor: filho de Jacaré e o sobrinho que por tantos anos Moreno procurou encontrar.
Nely, Alexandrina e sua filha.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Lampião Contra o Mata Sete: Lançado o livro de Archimedes Marques em Noite de Gala na Capital Sergipana.

Archimedes Marques lançou o livro "Lampião contra o mata sete".
o lançamento aconteceu no Centro de Cultura, um belissimo espaço que lotou com autoridades, escritores, pesquisadores e amigos para prestigiarem o lançamento. Entre os convidados ilustres estava o escritor Alcino Alves Costa que mesmo com dificuldades de locomoção devido a um AVC sofrido recentemente , não deixou de prestigiar o lançamento.
Érico Israel (Funcionário da INFRAERO)e sua esposa Rose, prestigiaram o evento.











DELEGADO ARCHIMEDES CONTRA O MATA SETE

DELEGADO ARCHIMEDES CONTRA O MATA SETE

                           Rangel Alves da Costa*


Ontem à noite, dia 02 de junho de 2012, estive participando do lançamento do livro “Lampião Contra o Mata Sete”, do delegado Archimedes Marques, na capital sergipana.
Evento bastante esperado, acabou confirmando as melhores expectativas pelo grande número de afeiçoados pelas coisas nordestinas, as lides cangaceiras de outros tempos, que ali compareceram para prestigiar o autor. E também saborear comidas típicas do ciclo junino.
Voltei com o belo exemplar debaixo do braço e muito agradecido pelo que pude presenciar. Numa roda à parte dos convidados estava a nata pesquisadora, entusiasta e escritora sobre a saga do cangaço. Pessoas que acompanham eventos cangacistas onde eles ocorram.
Mesmo adoentado, Alcino Alves Costa, escritor sertanejo de renome nacional, proseava com o também escritor João de Sousa Lima, um pauloafonsino que leva a vida nos passos de Maria Bonita e do Capitão. E para surpresa maior ali também estava o verdadeiro mecenas da literatura nordestina, o Francisco Pereira Lima, mais conhecido como Prof. Pereira.
Aliás, diz o cartão de visitas do Prof. Pereira que o mesmo é especialista em livros do cangaço, movimentos messiânicos, coronelismo e temas afins. Mas é muito mais, pois responsável pela publicação e reedição de importantes obras sobre tais temas, e que somente através dele puderam chegar ao conhecimento dos pesquisadores e novos leitores.
Pois bem, enquanto Alcino, João de Sousa Lima e Prof. Pereira proseavam sobre as trilhas lampeônicas e outras trilhas da história, o delegado e escritor Archimedes Marques autografava livros mais adiante. Aproximei-me com exemplar à mão e logo o mesmo repetia sobre o meu nome também estar constando nas referências bibliográficas, através de artigos e crônicas que subsidiaram a obra.
Contudo, a par da gratidão pelo reconhecimento, o que ouvi ao pé do ouvido só vinha confirmar algo que eu já havia pensado desde o dia que o pesquisador falou-me sobre o lançamento do livro. E confessou-me Archimedes que chegou ao local temendo que um oficial de justiça aparecesse a qualquer instante com uma ordem judicial suspendendo o lançamento da obra.
Tinha fundamento a preocupação do escritor, pois o seu livro é praticamente uma contestação, um contraponto a outro livro proibido pela justiça de ser lançado em Sergipe. De autoria do advogado e juiz aposentado Pedro de Morais, o livro “Lampião, o Mata Sete”, até hoje continua sendo objeto de apreciação recursal, vez que um juiz de primeiro grau impediu o seu lançamento.
Acatando ação promovida por familiares de Lampião e Maria Bonita, o livro “Lampião, o Mata Sete” foi proibido de ser lançado. O magistrado de primeiro grau proibiu que o seu teor chegasse ao conhecimento do público por ferir a honra, a imagem, a dignidade, enfim, os direitos da personalidade de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião.
E tudo porque o livro proibido insinua e tenta provar que o Rei do Cangaço era gay, homossexual. E também que o mesmo não podia gerar filhos e que Maria Bonita o traía com um cangaceiro do próprio bando. E este mesmo seria também o amante de Lampião. Luís Pedro, eis o nome do cangaceiro. Enfim, a história estaria desandada e a família Ferreira desfigurada.
Logicamente que os cangaceirólogos, os pesquisadores do cangaço e grande parte da população nordestina ficaram revoltados com as aleivosias gratuitas, as calúnias e difamações levadas a efeito, sem qualquer fundamento de verdade, contra um dos símbolos maiores da história nordestina e brasileira. Ferir simplesmente por ferir a honra pessoal e familiar daqueles dois, com único objetivo de atrair holofotes, seria algo inaceitável diante da seriedade em que se assenta a história do cangaço.
E lembro como hoje o instante que um amigo de Archimedes chegava ao meu escritório, em nome dele, para xerocar o livro proibido. O autor, amigo do meu pai Alcino Alves Costa, dedicou-lhe o livro antes mesmo de ocorrer a sanção judicial. E o livro estava comigo. E a partir daquele instante Archimedes começou a traçar as linhas da resposta que daria ao embusteiro e mentiroso sobre a vida do rei dos cangaceiros.
Daí ter nascido o “Lampião Contra o Mata Sete”, como confrontação e contestação a tudo aquilo que levianamente fora exposto no “Lampião, o Mata Sete”. E as respostas são apresentadas como se fossem teses derrubando os argumentos apresentados no livro proibido. Quer dizer, as presunções e suposições mentirosas dão lugar a fatos com força de veracidade e fere de morte o invencionismo maldoso e leviano.
E tais teses, apresentadas em capítulos, são: A Origem do Mata Sete e a resposta de Lampião; O porquê da luta de Lampião Contra o Mata Sete; Uma “Malaca” nas orelhas do Mata Sete; Oleone como coiteiro do Mata Sete; O Mata Sete insulta a História, ultrapassa direitos e indigna muita gente; O Mata Sete contra a família Ferreira; O Mata Sete e o “Menino Sapeca”; O Mata Sete e o “Lampião Apaixonado”; O Mata Sete e o suposto “Lampião Eunuco”; O Mata Sete contra os supostos “homossexuais” Virgulino E Zé Saturnino;  O Mata Sete apela ao cangaceiro Volta Seca: O Mata Sete e a misteriosa Tese da Universidade de Sorbonne; O Mata Sete e os seus “armados e amados” policiais volantes; O Mata Sete em proteção às autoridades sergipanas; O Mata Sete e “as travessuras de Maria do Capitão”; A guerreira Maria Bonita transforma paradigmas  e muda o cangaço construindo eterno amor por Lampião; O cabra-macho Lampião se livrando da máscara do Mata Sete; As demais trapalhadas do Mata Sete; Será o fim do mata Sete?
Noutra oportunidade certamente faremos uma análise mais aprofundada sobre o conteúdo e as teses apresentadas pelo delegado Archimedes, autoridade da história que doravante pode se reconhecido como aquele que desmascarou de vez a mentira e jogou-a nos porões do esquecimento.


Poeta e cronista
e-mail: rac3478@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com


 Nely ( Filha de Moreno e Durvinha), Pereirinha, Archimedes Marques, Nicy, João de Sousa Lima e Antonio Lyra.
 Pereira, archimedes, João Lima e Antonio Lira.
 João e Chico Cardoso "Caldeirão Político".
Chico Cardoso empreendeu uma viaagem de 12 horas para prestigiar o evento.
a presença marcante de Alcino Alves Costa engrandeceu o lançamento.
Alcino e João em "Segredos" sobre uma nova publicação.

Nely, Nicy, Pereira, Antonio e João
o policial Luciano exibe sua tatuagem de Lampião.
Elane Marques ( Esposa de Archimedes e a responsável pela organização do lançamento), Nely, João, Antonio Lira, Nicy e o neto de Archimedes e Elane, fantasiado de cangaceiro.