sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

centenario de Maria Bonita, a Rainha do cangaço


a cidade de Paulo A fonso, Bahia, sedia o II seminário do cetenario de Maria Bonita, A Rainha do Cangaço.
o evento tem se tornado um dos maiores do tema, realizado no Brasil.

centenário de Maria Bonita


o II seminário do centenário de Maria bonita, acontecido em Paulo Afonso, vem se tornando um dos maiores eventos sobre o cangaço.
Paulo Afonso hoje é conhecida como a capital do cangaço, por ter visto 47 jovens, entre homens e mulheres que seguiram os vários sub-grupos do cangaceirismo, ao tempo em que teve Maria Bonita nascida em um dos seus povoados, Malhada da Caiçara

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

II Seminário do Centenário de Nascimento de Maria Bonita, com coordenação do escritor João de Sousa Lima


o II Seminário do Centenário de Nascimento de Maria Bonita, anda a todo vapor, os principais escritores e estudiosos do cangaço estarão na cidade Paulo Afonso, nos dias 08, 09 e 10 de março de 2010 para participarem do evento.
o escritor João de Sousa Lima, coordenador geral do Seminário, lança um livro sobre A Rainha do cangaço, em parceria com os escritores Edson Barreto, Juracy Marques, Rubervânio Lima e Antonio Galdino.
A prefeitura de Paulo Afonso e a UNEB - Campus VIII, patrocinadores, tem dado toda assistência para que a realização do Seminário seja igual ao primeiro, um grande sucesso.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

os escritores Jadilson Jerraz e João de Sousa Lima na homenagem aos pioneiros de Paulo Afonso


Jadilson Ferraz e João de Sousa Lima, ladeados por Claudio Xavier Ferraz e Dona Risalva Toledo, participaram da homenagem aos pioneiros de Paulo Afonso, evento acontecido no aniversário de 50 anos da cidade.

A CANGACEIRA MARIA BONITA


Maria Bonita será tema de uma reportagem da jornalista Emanuela e do fotógrafo Marco Aurélio.
a reportagem sairá no jornal "A Tarde", dia 07 de março, compondo a Revista "MUITO", parte Integrada do jornal que saí aos domingos.
a equipe do Jornal A Tarde passou dois dias em Paulo Afonso, conhecendo pessoas, lugares ligados ao cangaço e o Museu Casa de Maria Bonita.
Seguiram ainda até Piranhas junto com o Jornal Folha Sertaneja, onde foram entrevistar o soldado da volante Antônio Vieira, um dos últimos soldados que participaram da morte de Lampião e Maria Bonita.

cangaceira Maria Bonita


a cangaceira Maria Bonita é o tema principal do mais novo livro do escritor João de Sousa Lima, que será lançado dia 08 de março de 2010, no auditório da UNEB - Campus VIII, durante o Seminário do Centenário de nascimento de Maria Bonita.
o livro conta com capítulos de João de Sousa Lima, Dr. Juracy Marques, professor Edson Barreto, professor Rubervânio Lima, profesor e Antonio Galdino.
a apresentação do livro é do escritor Ângelo Osmiro, presidente da SBEC - Sociedade de Estudos do Cangaço.

Escritor João de Sousa Lima entrevista Arlindo Grande, um dos últimos remanescentes do cangaço


dando prosseguimento a um vídeo documentário sobre a passagem de Lampião nas terras de Paulo Afonso, o escritor João de Sousa Lima entrevistou Arlindo Grande, residente no povoado Várzea, Paulo Afonso, Bahia.
Arlindo conheceu Lampião ainda adolescente e seu Avô João da Varje e seus pais Quinca e Aristeia foram grandes coiteiros de Lampião.
a sua residência servia de coito e era sempre um dos lugares preferidos pelos cangaceiros para realizarem os famosos bailes.
a casa ainda encontra-se em pé, porém com algumas paredes semi-destruídas.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Maria Bonita, a Rainha do Cangaço


para adquirir o mais novo livro sobre a vida de Maria Bonita, A Rainha do Cangaço, ligue para o autor: 75-8807-4138 ou mande mensagem para o email: joaoarquivo44@bol.com.br.
o livro custa R$ 30,00 e o frete em carta registrada mais R$ 5,00.
estará disponível dia 25 de fevereiro de 2010.

Maria Bonita, a Rainha do Cangaço


para adquirir o livro a trajetória guerreira de Maria Bonita, a rainha do cangaço, ligue para o autor:
75-8807-4138 ou envie mensagem para o email:

antiga foto da cachoeira de paulo afonso


essa imagem é de 1957, sendo uma das rarissimas imagens sobre a famosa cachoeira de Paulo Afonso, extraída de um filme, em 16mm feito pela agencia nacional.

Aristeia Soares, ex-cangaceira


em telefone realizado por Pedro Soares, filho de Aristeia, atendido as 19:15 hs, do dia 19 de fevereiro, fiquei sabendo da rápida recuperação da ex-cangaceira e que ela já se encontra em casa, repousando.

Maria Bonita, cangaceira homenageada


O esritor João de Sousa Lima coordena o segundo seminário do centenário de Nascimento de Maria Bonita, evento realizado pela UNEB - Campus VIII e prefeitura municipal de Paulo Afonso.
o evento acontecerá dias 08, 09 e 10 de março de 2010, em Paulo Afonso, Bahia.
serão expostos materiais, fotos, apetrechos e literaturas referentes ao cangaço.

escritor João de Sousa Lima, visita com a cangaceira Aristeia Soares, a casa onde ela nasceu, na fazenda lajeiro do boi, em canapi, alagoas.


depois de recepcionar o escritor João de Sousa Lima e o cinegrafista Ricardo, do Jornal Folha Sertaneja, em sua antiga residência, no povoado Capiá da Igrejinha, em Canapi, Alagoas, onde foi servido um verdadeiro banquete aos amigos, Aristeia ao retornar a Paulo Afonso, sentiu fortes dores e encontra-se internada.
bastante debilitada, ela vem se recuperando bem, depois que foi medicada.

Aristeia Soares de Lima, ex-cangaceira, encontra-se internada, em Paulo Afonso.


Aristeia Soares de Lima, ex-cangaceira, encontra-se internada, porém não corre risco de morte.

cangaceira Aristeia Soares de Lima, encontra-se internada.


a cabgaceira Aristeia Soares de Lima encontra-se internada.
depois de sentir fortes dores nas costas a cangaceir Aristeia foi levada a um dos hospitais de Paulo Afonso, sendo logo medicada e onde encontra-se tomando soro e remédios. segundo o laudo médico divulgado na quarta feira, ela se recuperará rápido.
estamos torcendo por essa rápida recuperação.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

II seminário de centenário de Maria Bonita, a rainha do cangaço

3/2/2010 - Clique na imagem para ver o álbum.


Rainha do Cangaço


Campus VIII da UNEB realiza II Seminário Internacional sobre o Centenário de Maria Bonita: Diferentes contextos que envolvem a vida da Rainha do Cangaço - Evento, que reserva participação de lideranças políticas, pesquisadores e ex-cangaceiros, vai mobilizar a comunidade em geral para discutir aspectos dos diferentes contextos que envolveram a vida de Maria Bonita - De 8 a 10/março, em Paulo Afonso

A Universidade do Estado da Bahia (UNEB) em 2009 realizou o I Seminário Internacional sobre o Centenário de Nascimento de Maria Bonita, parte de um projeto pioneiro, desenvolvido pela Universidade do Estado da Bahia – UNEB – Campus VIII, em parceria com a Prefeitura Municipal de Paulo Afonso, a Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço (SBEC) e outros parceiros, para a realização de três grandes eventos que culminará com a realização do III Seminário em 2011, ano em que Maria Bonita completaria 100 anos de idade.

Este ano será realizado o II Seminário Internacional sobre o Centenário de Maria Bonita, que discutirá os diferentes contextos que envolvem a vida dessa sertaneja que marcou para sempre a história do povo do Sertão, imortalizada nas cenas do Cangaço.

O evento acontecerá de 8 a 10 de março, no auditório do Departamento de Educação (DEDC) do Campus VIII da UNEB, contando com a participação lideranças políticas, escritores e pesquisadores baianos e de outros estados.

O Seminário será prestigiado ainda por Teófilo Pires (ex-soldado da volante) e Aristeia Soares (ex-cangaceira). Neli Conceição e João Souto, filhos do casal de cangaceiros Moreno e Durvinha, também confirmaram presença.

"O seminário integra a comemoração do centenário de Maria Bonita e para tanto, queremos estudar o papel da mulher no cangaço, a partir do que foi a sua vida de liderança e companheirismo, ao lado do cangaceiro Lampião", destaca Juracy Marques, coordenador da iniciativa.

Para Juracy, não por acaso Maria Bonita nasceu no Dia Internacional da Mulher, festejado em 8 de março. "Vamos encerrar o evento comemorando o dia em que o povo sertajeno, em especial, comemora os 100 anos dela", complementa.   

A programação do seminário já está disponível, querendo acessa - lá basta clicar aqui.

Primeira no cangaço

Maria Gomes de Oliveira, a Maria Bonita, foi a primeira mulher a aparecer no cenário do Cangaço, revolucionando a sua época (século XX) e introduzindo vários costumes no meio de homens guerreiros que até então não permitiam mulheres entre os seus pares.

Nascida em 8 de março de 1911, em uma fazenda na Malhada da Caiçara, na Bahia, casou-se aos 15 anos com um sapateiro, com quem vivia brigando.

Durante uma das separações de seu marido, Maria Bonita conheceu Lampião e apaixonou-se. O rei do cangaço, nesta época, tinha quase 33 anos e Maria, pouco mais de 20.

Maria Bonita entrou para o bando ao final de 1929 e tornou-se musa e rainha do cangaço, ocupando-se, entre outras coisas, de costurar a indumentária dos cangaceiros. Depois dela, os outros cangaceiros também trouxeram suas companheiras para fazerem parte do bando.

"Maria Bonita foi na época do Cangaço uma jovem que quebrou os padrões de um sertão ainda resguardado quanto aos reais valores da mulher. Para muitos ela foi um atraso para os cangaceiros que até então era um mundo machista. Para outros ela foi ela foi a parte boa daquele tempo, aliviando muitos dos sofrimentos causados aos sertanejos. Hoje ela é simplesmente parte da história do sertão, um cápítulos dos acontecimentos que marcaram o nosso nordeste brasileiro", destaca João Lima, um dos maiores pesquisadores sobre a vida de Maria Bonita.

Lampião arregimentou 47 homens e mulheres de várias ramificações familiares apenas em Paulo Afonso. Maria Bonita conviveu durante nove anos com Lampião e teve uma filha, Expedita. Como seguidora do bando, Maria foi ferida apenas uma vez.

E foi no dia 28 de julho de 1938, na fazenda Angicos, no sertão do estado de Sergipe, durante um ataque feito pela polícia ao bando, que um dos casais mais famosos do país foi brutalmente assassinado, transformando suas vidas em um marco da história nordestina.

Informações: DEDC/Campus VIII - Tel.: (75) 3281-6585/7364.      www.campus8.uneb.br


 

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Seminário do Centenário de Maria Bonita

PROGRAMAÇÃO:

DIA 08/03/2010:

08h00min às 17h00min – Início da mostra cultural com visitação guiada dos alunos das

escolas públicas e privadas e comunidade.

SOBRE A MOSTRA CULTURAL SOBRE MARIA BONITA:

Programação.png

Mostra de fotografias de Maria Bonita e seu grupo, utensílios e apetrechos usados na época e

reportagens sobre o cangaço. Essa mostra será aberta a toda a comunidade, porém destinada

principalmente à visitação guiada dos alunos, para que possam interagir, de forma mais crítica,

com a nossa real história.

19h00min – Abertura Oficial do II SEMINÁRIO INTERNACIONAL DO CENTENÁRIO DE

MARIA BONITA com a presença de autoridades Civis, Militares, Educativas e Científicas.

Presença da ex-cangaceira Aristeia Soares, ex-soldado da volante Teófilo Pires,

Neli Conceição e João Souto, filhos do casal de cangaceiros Moreno e Durvinha e

dos Parentes de Maria Gomes de Oliveira, Maria Bonita: Eribaldo Gomes de

Oliveira e Adelmo Gomes de Oliveira

21h00min – Lançamento do livro do I SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE MARIA BONITA

Lançamento do livro: LAMPIÕES ACESOS: O CANGAÇO NA MEMÓRIA COLETIVA

Autor: Marcos Edilson de Araújo Clemente

21h30min – Merenda Sertaneja

22h00min – Apresentação Cultural

DIA 09/03/2010:

08h00min – Exibição dos Filmes:

A CASA DE MARIA BONITA (Direção Gilmar Teixeira e João de Sousa Lima).

CANGACEIRO GATO: UM RASTRO DE ÓDIO E SANGUE (Direção de João de Sousa Lima).

70 ANOS DA MORTE DE LAMPIÃO E MARIA BONITA (Direção Antônio Galdino)

Após a exibição dos filmes haverá uma mesa redonda para debates sobre os

filmes com a presença dos Diretores.

09h00min – MESA I: A ESTÉTICA DE MARIA BONITA: FOTOGRAFIAS, XILOGRAVURAS,

MÚSICA, CORDEL, QUADRINHOS, CÓDIGOS LINGÜÍSTICOS E INTERNET.

21h00min – Debate.

DIIA 10/03/2010:

08h00min – Visitação à Casa de Maria Bonita

10h00min – Diálogo com os familiares de Maria Bonita

19h00min – MESA II: DIFERENTES CONTEXTOS QUE ENVOLVEM A VIDA DA RAINHA

DO CANGAÇO.

21h00min – Entrega dos certificados aos participantes e merenda de encerramento.

Gente da História

Rosas do cangaço

João de Sousa Lima lança livro sobre Maria Bonita e critica o descaso com a preservação da memória deste episódio histórico.

Rosas do cangaço

João de Sousa Lima lança livro sobre Maria Bonita e critica o descaso com a preservação da memória deste episódio histórico.

Adriano Belisário

 

Andarilho do sertão, João de Sousa Lima já colheu inúmeras histórias sobre o cangaço em seus 15 anos de pesquisa sobre o tema. Focando nos depoimentos orais, o historiador entrevistou moradores da região que conviveram de perto com personagens míticos do banditismo nordestino, como Lampião e Maria Bonita, tema de seu último livro.

Recém-lançada, a obra 'Maria Bonita - Diferentes contextos que envolvem a vida da Rainha do Cangaço' reúne textos de João de Sousa e outros autores, que trazem fatos inéditos e análises sociológicas e linguísticas sobre o cangaço. Um dos objetivos é desfazer alguns dos equívocos que cercam a imagem de Virgulino Ferreira e sua esposa, como a história sobre um campo de futebol que teria sido construído por Lampião no Raso da Catarina (BA). "Foi um historiador que encontrou um campo de pouso feito pelo Petrobras nos anos 60 para exploração de petróleo e disse que Lampião jogava bola lá sem nenhum fundamento", explica.

Apesar de Maria Bonita atrair os holofotes, João de Sousa também pesquisa sobre outras rosas do cangaço. Não foram poucas as mulheres que se entregaram à vida nômade no sertão e mostraram que nem só de bala, sangue e poeira foi feita esta história. É o caso de Durvinha, esposa de Virgínio, um dos mais belos cangaceiros.

"Depois que ele faleceu, ninguém sabia mais o que ela tinha feito. Saí em busca e a encontrei vivendo com Moreno em Minas Gerais. Ele era um companheiro leal de Virgínio e assumiu o bando de cangaceiros e a esposa do chefe após sua morte. Durvinha morreu apaixonada por Virgínio e Moreno não achava ruim, pois também o admirava", relata João de Sousa.

Se Virgínio destacava-se por sua beleza entre os homens, o posto de Miss Cangaço poderia ir para Lídia Pereira de Souza, descrita como a mais bonita dentre as mulheres do sertão naquela época. Ao conhecer um irmão de Lídia, ainda vivo, João de Sousa chegou perto de revelar ao mundo o rosto da mais bela cangaceira. "Ele me deu um baú que poderia ter fotos dela, mas estava tudo carcomido por cupins. Chegamos tardes demais", lamenta o historiador, que irá transferir todo acervo de sua pesquisa sobre o assunto para o Museu Regional do Sertão, a ser inaugurado por volta de 2012 na cidade de Paulo Afonso (BA).

Enquanto o Museu não sai, o historiador filma um curta-metragem acerca do assunto e organiza este ano o II Seminário Internacional sobre Maria Bonita, uma espécie de preparativo para a terceira edição, que ocorre em 2011, centenário do nascimento de Maria Bonita. Porém, sem um grande reconhecimento público da importância de preservar a história do cangaço, esta conservação é feita através de iniciativas isoladas e limitadas, como se vê no caso da fotografia de Lídia Pereira. "Se tivessem mais pessoas envolvidas nisto, a história do Brasil ganharia muito mais", aposta João de Sousa.


 

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Escritor João de Sousa Lima e o centenário de Maria Bonita são destaques na revista de História da Biblioteca nacional

Gente da História

Rosas do cangaço

João de Sousa Lima lança livro sobre Maria Bonita e critica o descaso com a preservação da memória deste episódio histórico.

Rosas do cangaço 

João de Sousa Lima lança livro sobre Maria Bonita e critica o descaso com a preservação da memória deste episódio histórico. 

Adriano Belisário

 

Andarilho do sertão, João de Sousa Lima já colheu inúmeras histórias sobre o cangaço em seus 15 anos de pesquisa sobre o tema. Focando nos depoimentos orais, o historiador entrevistou moradores da região que conviveram de perto com personagens míticos do banditismo nordestino, como Lampião e Maria Bonita, tema de seu último livro.

Recém-lançada, a obra 'Maria Bonita - Diferentes contextos que envolvem a vida da Rainha do Cangaço' reúne textos de João de Sousa e outros autores, que trazem fatos inéditos e análises sociológicas e linguísticas sobre o cangaço. Um dos objetivos é desfazer alguns dos equívocos que cercam a imagem de Virgulino Ferreira e sua esposa, como a história sobre um campo de futebol que teria sido construído por Lampião no Raso da Catarina (BA). "Foi um historiador que encontrou um campo de pouso feito pelo Petrobras nos anos 60 para exploração de petróleo e disse que Lampião jogava bola lá sem nenhum fundamento", explica.

Apesar de Maria Bonita atrair os holofotes, João de Sousa também pesquisa sobre outras rosas do cangaço. Não foram poucas as mulheres que se entregaram à vida nômade no sertão e mostraram que nem só de bala, sangue e poeira foi feita esta história. É o caso de Durvinha, esposa de Virgínio, um dos mais belos cangaceiros.

"Depois que ele faleceu, ninguém sabia mais o que ela tinha feito. Saí em busca e a encontrei vivendo com Moreno em Minas Gerais. Ele era um companheiro leal de Virgínio e assumiu o bando de cangaceiros e a esposa do chefe após sua morte. Durvinha morreu apaixonada por Virgínio e Moreno não achava ruim, pois também o admirava", relata João de Sousa.

Se Virgínio destacava-se por sua beleza entre os homens, o posto de Miss Cangaço poderia ir para Lídia Pereira de Souza, descrita como a mais bonita dentre as mulheres do sertão naquela época. Ao conhecer um irmão de Lídia, ainda vivo, João de Sousa chegou perto de revelar ao mundo o rosto da mais bela cangaceira. "Ele me deu um baú que poderia ter fotos dela, mas estava tudo carcomido por cupins. Chegamos tardes demais", lamenta o historiador, que irá transferir todo acervo de sua pesquisa sobre o assunto para o Museu Regional do Sertão, a ser inaugurado por volta de 2012 na cidade de Paulo Afonso (BA).

Enquanto o Museu não sai, o historiador filma um curta-metragem acerca do assunto e organiza este ano o II Seminário Internacional sobre Maria Bonita, uma espécie de preparativo para a terceira edição, que ocorre em 2011, centenário do nascimento de Maria Bonita. Porém, sem um grande reconhecimento público da importância de preservar a história do cangaço, esta conservação é feita através de iniciativas isoladas e limitadas, como se vê no caso da fotografia de Lídia Pereira. "Se tivessem mais pessoas envolvidas nisto, a história do Brasil ganharia muito mais", aposta João de Sousa.


 

Revista de História da Biblioteca Nacional lança entrevista com o escritor João de Sousa Lima e o evento do centenário de Maria Bonita

Gente da História

Rosas do cangaço

João de Sousa Lima lança livro sobre Maria Bonita e critica o descaso com a preservação da memória deste episódio histórico.

Rosas do cangaço 

João de Sousa Lima lança livro sobre Maria Bonita e critica o descaso com a preservação da memória deste episódio histórico. 

Adriano Belisário

 

Andarilho do sertão, João de Sousa Lima já colheu inúmeras histórias sobre o cangaço em seus 15 anos de pesquisa sobre o tema. Focando nos depoimentos orais, o historiador entrevistou moradores da região que conviveram de perto com personagens míticos do banditismo nordestino, como Lampião e Maria Bonita, tema de seu último livro.

Recém-lançada, a obra 'Maria Bonita - Diferentes contextos que envolvem a vida da Rainha do Cangaço' reúne textos de João de Sousa e outros autores, que trazem fatos inéditos e análises sociológicas e linguísticas sobre o cangaço. Um dos objetivos é desfazer alguns dos equívocos que cercam a imagem de Virgulino Ferreira e sua esposa, como a história sobre um campo de futebol que teria sido construído por Lampião no Raso da Catarina (BA). "Foi um historiador que encontrou um campo de pouso feito pelo Petrobras nos anos 60 para exploração de petróleo e disse que Lampião jogava bola lá sem nenhum fundamento", explica.

Apesar de Maria Bonita atrair os holofotes, João de Sousa também pesquisa sobre outras rosas do cangaço. Não foram poucas as mulheres que se entregaram à vida nômade no sertão e mostraram que nem só de bala, sangue e poeira foi feita esta história. É o caso de Durvinha, esposa de Virgínio, um dos mais belos cangaceiros.

"Depois que ele faleceu, ninguém sabia mais o que ela tinha feito. Saí em busca e a encontrei vivendo com Moreno em Minas Gerais. Ele era um companheiro leal de Virgínio e assumiu o bando de cangaceiros e a esposa do chefe após sua morte. Durvinha morreu apaixonada por Virgínio e Moreno não achava ruim, pois também o admirava", relata João de Sousa.

Se Virgínio destacava-se por sua beleza entre os homens, o posto de Miss Cangaço poderia ir para Lídia Pereira de Souza, descrita como a mais bonita dentre as mulheres do sertão naquela época. Ao conhecer um irmão de Lídia, ainda vivo, João de Sousa chegou perto de revelar ao mundo o rosto da mais bela cangaceira. "Ele me deu um baú que poderia ter fotos dela, mas estava tudo carcomido por cupins. Chegamos tardes demais", lamenta o historiador, que irá transferir todo acervo de sua pesquisa sobre o assunto para o Museu Regional do Sertão, a ser inaugurado por volta de 2012 na cidade de Paulo Afonso (BA).

Enquanto o Museu não sai, o historiador filma um curta-metragem acerca do assunto e organiza este ano o II Seminário Internacional sobre Maria Bonita, uma espécie de preparativo para a terceira edição, que ocorre em 2011, centenário do nascimento de Maria Bonita. Porém, sem um grande reconhecimento público da importância de preservar a história do cangaço, esta conservação é feita através de iniciativas isoladas e limitadas, como se vê no caso da fotografia de Lídia Pereira. "Se tivessem mais pessoas envolvidas nisto, a história do Brasil ganharia muito mais", aposta João de Sousa.


 

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Em março de 2010 será realizado o 2 seminário do centenário de Maria Bonita


 

Folha Sertaneja - Paulo Afonso - BA
12/03/2009 - 02:40

Folha Sertaneja - ESPECIAL - MARIA BONITA e o cangaço: cem anos de História

Antônio Galdino

Benjamim Abrahão Maria Bonita na caatinga posando para Benjamim Abrahão

UNEB e Prefeitura de Paulo Afonso realizam seminários do Centenário de Maria Bonita

A temática do cangaço e a vida de Lampião têm merecido estudos cada vez mais intensos. Nas universidades, é tema de mestrados e doutorados pelo mundo afora. A literatura, e desde a sua contemporaneidade, os folhetos de cordel, espalham os feitos do Rei do Cangaço e de muitos dos cangaceiros que cruzaram o Nordeste desafiando o Brasil Oficial ou a seu serviço.

O cinema, ao longo de décadas, tem mostrado a figura do cangaceiro, real ou caricata, para consumo de milhões de pessoas, como O Cangaceiro, de Lima Barreto, de 1953, com diálogos de Raquel de Queiroz, o primeiro filme sobre o tema cangaço e ganhador de vários prêmios internacionais, inclusive o Festival de Cannes daquele ano. Na internet, o tema ganha milhões de páginas, milhares de sítios (sites).

Tão intensa é a procura pelo assunto que, ao lado de escritores e estudiosos sérios têm aparecido oportunistas que criam fatos e enredos gerando conflitos entre a verdadeira história e as invencionices mais absurdas que povoam o imaginário popular.

E a história ganha contornos contraditórios, o que leva o jornalista e professor de História da UFP, Mário Hélio a afirmar que "há, obviamente, um Lampião real, e um outro, muito mais vivo e forte que este, mítico." E acrescenta, na Apresentação do livro "De Virgulino a Lampião" de Vera Ferreira e Antônio Amaury, que "ainda está aberto a exame o que há de mítico e de real em Lampião e no cangaço, num trabalho de história comparada, interdisciplinar pela sua própria natureza".

Se o tema "cangaço" ou "Lampião" merece milhões de páginas em sites como o Google, bem menor tem sido o espaço dedicado ao estudo da presença da mulher como parte integrante desse universo.

O escritor Antônio Amaury, em seu livro "Lampião: as MULHERES e o Cangaço", DE 1984, mostra, segundo Franklin Maxado ao apresentar este livro, "o lado sexual ou o das mulheres no cangaço, lado pouco explorado desse mundo".

Em 1997, Ilda Ribeiro de Souza, a cangaceira Sila, assina o livro "Angico, eu sobrevivi – confissões de uma guerreira do cangaço". Mais adiante, em 2003, Antônio Amaury destaca a importância da cangaceira Dadá, valente, guerreira, companheira do "Diabo Louro" e sua privilegiada memória que lhe permitiu conseguir informações importantes sobre o cangaço nos muitos meses em que ela foi sua hóspede, em São Paulo e escreve "Gente de Lampião: Dadá e Corisco".

Mais recentemente, em 2005, João de Sousa Lima focou suas pesquisas em Maria Bonita, e escreveu "A trajetória guerreira de Maria Bonita, a Rainha do Cangaço" e em 2007 escreveu "Moreno e Durvinha, sangue, amor e fuga no cangaço".

Benjamim Abrahão Maria Bonita, o sorriso da guerreira

E o que dizer de Maria de Déa, Maria Bonita, a Rainha do Cangaço, que ousou deixar um marido com quem se casara ainda adolescente, rompeu os paradigmas de sua época, abandonou os costumes, tradições e feriu a honradez da família ao optar em acompanhar Lampião e viver uma vida de confrontos com a polícia, fugas pela caatinga, sem a paz suficiente para manter vivos em seu ventre os filhos gerados e poder sequer ser a mãe presente na vida de sua menina, Expedita, criada por amigos?

Como compreender essa mulher que nasceu em 8 de março de 1911, data em que se comemora, em todo o mundo, o Dia Internacional da Mulher?

A ela, quando mandou de volta o irmão que queria entrar no cangaço é atribuída a frase: "desgraçada por desgraçada aqui, basta eu". O Cangaço, especialmente para as mulheres, era um caminho sem volta?

Foi para buscar mais compreensão sobre a trajetória de Maria Bonita que a Universidade do Estado da Bahia e a Prefeitura de Paulo Afonso uniram suas forças, buscaram parceiros, convidaram estudiosos do tema e promovem o I Seminário Internacional – O Centenário de Maria Bonita.

A grandiosidade do tema levou um grupo de estudiosos de Paulo Afonso, como o Professor/Doutor Juracy Marques, atual diretor da UNEB – Campus VIII, os escritores João de Sousa Lima, Antônio Galdino, também diretor do jornal Folha Sertaneja, Roberto Ricardo, presidente do IGH, Professor Edson Barreto, a trabalhar a idéia de se fazer o Seminário Internacional – O centenário de Maria Bonita, nesses três anos, até 2011.

organiza-se então o I Seminário, em 2009, no período de 3 a 8 de março, reunindo pesquisadores e estudiosos da região. Haverá debates com escritores regionais, exibição de documentários, exposição de livros, revistas e jornais sobre o tema, além de apresentação de musicais e encenação teatral.

E há interesse de participação, nos próximos seminários, de pesquisadores franceses e alemães e cineastas e grandes empresas de comunicação, tendo em vista a grandiosidade do tema. O evento, organizado pela UNEB – Campus VIII e Prefeitura Municipal de Paulo Afonso, conta com o apoio da Chesf, Sesc Ler, 1ª Cia de Infantaria, IGH, SEBRAE, SBEC e jornal Folha Sertaneja

Nos anos seguintes o II Seminário, em 2010 e o III Seminário em 2011, terão uma dimensão muito maior, realmente internacional.

Lampião andou por sete estados nordestinos Paulo Afonso – território privilegiado, habitat natural de cangaceiros

A região de Paulo Afonso possui um cenário privilegiado onde se podem encontrar centenas de pessoas que ainda falam, por conhecimento próprio ou por conhecerem de familiares contemporâneos de Lampião e Maria Bonita, sobre os movimentos dos cangaceiros e das volantes por estas terras.

Nos vários povoados do município de Paulo Afonso e ainda em Glória e outras cidades vizinhas, o escritor João de Sousa Lima, autor de "Lampião em Paulo Afonso", "A trajetória guerreira de Maria Bonita, a Rainha do Cangaço" e Moreno e Durvinha – Sangue, amor e fuga no cangaço", encontrou-se com dezenas de cangaceiros, coiteiros, seus parentes e descendentes e guarda com carinho muitas horas de entrevistas em áudio e vídeo com depoimentos que ajudam a conhecer um pouco mais da vida dos que faziam parte dos vários bandos de cangaceiros e dos que militavam nas tropas das volantes que andavam no seu encalço.

O escritor possui também farto material pertencente aos cangaceiros e volantes que estarão sendo no acervo do Museu Regional do Sertão que será construído pela Prefeitura Municipal de Paulo Afonso. Pessoas como a cangaceira Aristéia Soares de Lima que nasceu em 23 de junho de 1916 em Capiá da Igrejinha, no município de Canapi, Estado de Alagoas e que, embora nunca tenha conhecido Lampião, percorreu a caatinga alagoana no Bando de Moreno e Durvinha e conta histórias dos tiroteios e das fugas no sertão tem acompanhado João Lima em suas palestras pelo Brasil.

Hoje, beirando os 93 anos, lúcida, alegre, mora no Jardim Cordeiro, ao lado da Ponte D. Pedro II onde recebeu, em 18 de fevereiro de 2009, a reportagem da Folha Sertaneja, levada pelo escritor João de Sousa Lima, e nos concedeu longa entrevista.

Na preparação desta matéria especial, sempre acompanhado do escritor João de Sousa Lima, fomos a Carqueja, município de Floresta. Ali mora o Ten. João Gomes de Lira um dos mais ferrenhos perseguidores do bando de Lampião. Homenageado pelos seus feitos, com diplomas e comendas, o Ten. João Gomes ainda guarda com todo zelo e cuidado a arma e a farda que usou nas muitas léguas percorridas no sertão à busca do cangaceiro e seu bando.

O que viu está registrado em dois volumes do livro Memórias de um Soldado da Volante, publicados em 2007 pela Prefeitura Municipal de Floresta. Chegando aos 96 anos, o Ten. João Gomes Lira também nos recebeu em sua casa e sua memória privilegiada nos contou passagens dessa luta na dureza da caatinga.

Quem foi Maria Bonita?

Benjamim Abrahão Maria penteia os cabelos de Lampião

Em 08 de março de 2011 faz 100 anos que uma mulher, sertaneja, guerreira, nasceu na Malhada da Caiçara, hoje no Município de Paulo Afonso. Maria Gomes de Oliveira, filha de José Gomes de Oliveira, conhecido como José de Felipe e de dona Maria Joaquina Conceição Oliveira, conhecida como Dona Déa. A criança ficou conhecida como Maria de Déa e como é ainda hoje muito comum nas terras sertanejas, casou muito cedo, com apenas 15 anos, com um primo, José Miguel da Silva, conhecido como Zé de Neném.

O casamento atribulado, de muitas brigas e separações, pode ter favorecido a virada na vida da sertaneja da Malhada da Caiçara. Decidida e com o apoio da mãe, mesmo contra a vontade do pai, aceita o convite e acompanha Lampião em suas peripécias pelo sertão. Deixou de se chamar Maria Gomes ou Maria de Déa.

Passou a ser chamada de Maria de Lampião ou Maria do Capitão e se consagrou na literatura, nas canções da época, nos filmes e documentários, nas teses de mestrado e doutorado pelo mundo como Maria Bonita, a Rainha do Cangaço.

Destemida nas lutas diárias, companheira inseparável de Lampião, sabia impor respeito e a sua presença no bando trouxe mais leveza, mais feminilidade à aridez do sertão e dos homens do grupo. Há relatos que a sua intervenção, o seu instinto maternal ajudou a salvar vidas de homens que estavam na mira do mosquetão ou na ponta do punhal.

Coincidentemente Maria Bonita nasceu no Dia Internacional da Mulher e a amplitude do tema, o que representou a sua presença forte dentro do cangaço, numa época em que a mulher não possuía nenhum direito, a sua coragem de deixar um casamento desestruturado, uma família que regia seus atos debaixo de rigorosos conceitos de honra, continua merecendo estudos, livros, debates, seminários.

Lampião, Maria Bonita, o Cangaço: Um mito, uma lenda, uma grande história

Benjamim Abrahão Maria Bonita e Lampião

Passados 110 anos do nascimento de Virgolino Ferreira da Silva, o Lampião e 70 anos de sua morte cresce a cada momento o interesse de estudiosos e pesquisadores do mundo inteiro em conhecer mais sobre esse sertanejo, menino nascido na aridez da caatinga nas terras de Vila Bela, hoje Serra Talhada, em junho de 1898.

Certamente teria sido mais um sertanejo anônimo, tocador de roças, sofredor das secas, sonhador com a fartura das invernadas, não tivesse ele vivido, "num ambiente de violência gerada pela disputa de terras entre famílias inimigas daqueles lugares", como diz sua neta Vera Ferreira. Muito já se escreveu sobre ele e são inúmeras as formas como é analisado pelos que se aprofundam no tema. Temido por muitos, amado por outros tantos, sua figura virou um mito e um mito nunca morre.

A sua coragem, a determinação e os apoios que sempre recebeu de importantes coronéis da época, de poderosos do governo e do Pe. Cícero Romão Batista, o fez sobreviver às agruras do sertão. Andou por quase todos os Estados Nordestinos, - Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Sergipe, Alagoas e Bahia, com seu bando que variava de tamanho e se dividia em outros muitos de acordo com esta sua necessidade de sobrevivência.

Exímio estrategista ganhou respeito dos que formavam o seu bando. Autores sérios falam de técnicas por eles utilizadas nos combates e nas fugas que deixavam malucos os soldados que se embrenhavam pela caatinga, à sua procura. Por isso que os que pesquisam com seriedade sobre Lampião refutam a informação publicada por outros escritores de que a Furna dos Morcegos, existente na margem alagoana do cânion do rio São Francisco, ao lado da Cachoeira de Paulo Afonso, teria sido um dos seus coitos. Argumentam esses historiadores, entre eles João de Sousa Lima, que a Furna dos Morcegos tem apenas uma entrada e saída de difícil acesso e que, ao seu lado funcionava, até 1961, a Usina Angiquinho, com trabalhadores se movimentando a todo momento o que faria do coito um alvo fácil para a polícia.

Em entrevista publicada no site mantido pela neta de Lampião, Vera Ferreira e no seu livro "De Virgolino a Lampião" ele, que foi almocreve e tinha inegável habilidade no trabalho com o couro, diz "Estou me dando bem no cangaço e não pretendo abandoná-lo. Não sei se vou passar a vida toda nele. Preciso trabalhar ainda uns três anos... Depois, talvez me torne comerciante".

As muitas histórias sobre Lampião chamado pelo poeta Ivanildo Vilanova de "herói, bandido e louco", levou sua neta Vera Ferreira a escrever, com o escritor Antonio Amaury o livro "De Virgolino a Lampião", "parte da história desse nosso personagem passada a limpo", como escreveu na dedicatória ao exemplar que me ofereceu.

Outro escritor sobre Lampião, Oleone Coelho Fontes, em "Lampião na Bahia" diz que "Virgolino Ferreira da Silva, o Lampião, foi quem introduziu o cangaço na Bahia. Sabe-se até a data em que o fenômeno aconteceu, fato singularíssimo na história: 21 de agosto de 1928, depois do meio-dia".

E acrescenta Oleone: "Verdade é que se Lampião nunca tivesse invadido a geografia baiana jamais teríamos tido aqui o fenômeno cangaceirismo que assolou de modo endêmico o outro lado do rio."

E foi do outro lado do rio São Francisco, nas terras baianas onde Lampião reinou absoluto por mais 10 anos. Foi do lado baiano do rio São Francisco que Lampião encontrou um coito seguro no Sítio do Tará, apoiado por "um dos maiores criadores da região, o Sr. Odilon Martins de Sá, conhecido por Odilon Café", como narra João de Sousa Lima em seu livro "A trajetória guerreira de Maria Bonita, a Rainha do Cangaço".

Nesse livro, que será lançado no I Seminário do Centenário de Maria Bonita, João diz ainda que o "Sítio do Tará passou a servir de base quando os cangaceiros empreendiam suas viagens aos estados de Alagoas e Sergipe" e que ali também morava "um dos principais coiteiros de Lampião, Antônio Felipe de Oliveira, tio da cangaceira Maria Bonita".

Diz ainda João Sousa Lima que nessas andanças para Alagoas e Sergipe, "Lampião passava pela Malhada da Caiçara, onde morava Maria de Déa, que tinha casado com apenas 15 anos e estava separada do marido, Zé de Nenen." "Numa dessas viagens, diz João, Lampião, que seguia um pouco à frente do seu bando, acompanhado de Odilon Café, pisou o batente da casa de Zé Felipe e Dona Déa.

Odilon apresentou a Lampião Maria de Déa". Segundo esse autor, aconteceu ali, nesse primeiro encontro, o seguinte diálogo:

 - Você sabe bordar?

- Sei.

- Vou deixar uns lenços pra você bordar e volto daqui a duas semanas pra buscar!"

"Dias depois, de surpresa, os cangaceiros reaparecem na Malhada da Caiçara. Lampião recebeu os lenços bordados por Maria de Déa e suas irmãs, pagou o trabalho e tiveram uma longa conversa". João acrescenta que "quando Maria decidiu seguir Lampião ela estava no povoado Rio do Sal, cuidando da saúde de sua avó materna, Ana Maria".

Todas estas localidades – Sítio do Tará, Malhada da Caiçara, Rio do Sal e dezenas de outras citadas nos livros de João e de outros autores, estavam no lado baiano do Rio São Francisco e pertenciam ao município de Santo Antônio da Glória. Depois da emancipação política de Paulo Afonso em 28 de julho de 1958 passaram a fazer parte do território deste município.

A casa onde nasceu Maria de Déa, depois internacionalmente conhecida por Maria Bonita, na Malhada da Caiçara, a 38 quilômetros da cidade de Paulo Afonso, foi restaurada na gestão do Prefeito Raimundo Caíres, sob a supervisão de Luiz Rubem, outro escritor/pesquisador dos feitos dos cangaceiros na região e aberta à visitação em Setembro de 2006.

Aristéia Soares de Lima - ex-cangaceira

Antonio Galdino ex-cangaceira Aristéia Soares, 93 anos

A ex-cangaceira Aristéia Soares de Lima, que nasceu em 23 de junho de 1916, recebeu a reportagem do jornal Folha Sertaneja, levada pelo escritor João de Souza Lima, na casa do seu filho, no Jardim Cordeiro, no lado alagoano do Rio São Francisco, logo após a Ponte D. Pedro II.

Sempre alegre, sorridente, contas histórias dos tempos em que viveu no Bando de Moreno e da sua grande amizade com Durvalina, a cangaceira Durvinha, sua mulher.

Folha Sertaneja: Onde a senhora nasceu, D. Aristéia?

Aristéia - Nasci em Lajeiro do Boi, em Capiá da Igrejinha, em Canapi – Alagoas.

Folha Sertaneja – Porque virou cangaceira?

Aristéia - Entrei nessa vida porque ou a gente corria ou o cacete comia. A vida da polícia era matar o povo, esbagaçar com tudo. Nós sofremos muito por causa da polícia, meu pai apanhou tanto. Até morrer, meu irmão viveu com uma orelha faltando um pedaço de uma coronhada de mosquetão dado por um soldado. A polícia perseguia a gente que só o diabo. Eu vivia correndo com medo da polícia, me escondendo na caatinga, fui pra casa de uma tia lá dentro da caatinga. Óia, nós sofremos muito.

Folha Sertaneja – Aí, resolveu entrar pro cangaço...

Aristéia – Foi. Pro bando de Moreno.

Folha Sertaneja/João – No tempo em que estava nesse bando, tinha outras mulheres?

Aristéia – Só era eu, Durvinha e outra mulher, Quitéria, filha de Zé Demézio lá do Barro Branco.

Folha Sertaneja – E esse bando tinha quantas pessoas?

Aristéia – Seis ou sete depois ficamos sós nós quatro. Moreno, eu, Durvinha e Cruzeiro.

 Folha Sertaneja – Como era a amizade do povo no bando. Sua amizade com Durvalina?

Aristéia – Durvinha, eita! (suspiro) A Durvalina era boa com a gente! Seja ela pra Jesus Cristo!

Folha Sertaneja/João – As fotos que Benjamin Abrahão fez de Lampião foram perto da roça do seu pai. A senhora conheceu Benjamin?

Aristéia – Ele andava lá na casa de uma velha, mãe de Otacília e a bicha tinha uma vontade tão grande que ele se casasse com ela. Mas oh bicho feio. Andava com uma bolsinha, uma atiracolo, assim de lado. Eu me lembro da bolsinha dele. Quando ele ia dormir lá não era pra ir nem lá na casa nem pra casa do meu tio. Não era pra andar de jeito nenhum. Ela tinha um ciúme danado, pra fia casar com ele. Mas logo, logo, mataram o Benjamin em Pau Ferro.

Folha Sertaneja – A senhora conheceu Lampião ou tinha vontade de conhecer?

Aristéia – Não conheci, nem nunca tive vontade de ver ele. Nenhum pingo de vontade.

Folha Sertaneja – A senhora também não conheceu Maria Bonita?

Aristéia – Não senhor, eu vi ela ali no retrato mas não achei essa boniteza demais não. A Durvinha era em primeiro lugar mais bonita das que eu todinhas. E vi Neném, mulher de Português, a de Pancada, que era doida, Dada, de Corisco, Nacinha de Gato...

Folha Sertaneja/João – A senhora estava na hora do tiroteio em que Cícero Garrincha foi baleado?

Aristéia – 'Tava, tava eu e um rebanho e nós corremos. Moreno foi quem ficou danado atirando. Nós corremos pra bem longe e ele caminhou muito. Quando já tava escuro ele caiu e ficou gemendo e pedindo água mas onde é que a gente ia buscar água pelo amor de Deus? Aí Durvinha tinha um frasco de água de cheiro e botava um pouco na boca dele mas ele logo morreu.

Folha Sertaneja – A senhora chegou a ser presa?

Aristéia – Não senhor. Eu fiquei debaixo de ordem, no mês de Maio. Em Julho, mataram Lampião.

Folha Sertaneja/João – E como foi que a senhora saiu do cangaço?

Aristéia – Porque mataram os do grupo que tava comigo aí Moreno disse: Quer ir embora? Eu disse: Quero. Aí ele disse – Vá embora com Deus e Nossa Senhora pra onde tá sua família. A minha família era em Santana, Campo Grande. Aí, eu fui embora. 'Tô morando há 4 anos aqui, com meu filho, netos, já tenho uma tataraneta mas sinto muita saudade da minha casinha lá no Capiá e de vez em quando eu vou lá.

(LEIA: "Moreno e Durvinha – Sangue, amor e fuga no cangaço" – João de Souza Lima – Editora Fonte Viva – Paulo Afonso-BA – 2007)

Tenente João Gomes de Lira

Antonio Galdino Ten. João Gomes de Lira, 95 anos

Saímos de Paulo Afonso, para Carqueja, antiga Nazaré, onde houve a maior repressão a Lampião na época do cangaço. As volantes que saíam dali eram conhecidos como "os nazarenos".

Acompanhado do escritor João de Sousa Lima fomos conhecer e gravar uma entrevista com o Ten. João Gomes de Lira, um dos últimos remanescentes daqueles tempos.

Nascido em 03 de julho de 1913 na Fazenda Jenipapo, distrito de Nazaré do Pico – Carqueja – Município de Floresta/PE nos recebeu com a peculiar simpatia do sertanejo, com direito a lanche e boas conversas. A sua casa, muito procurada por pesquisadores até do exterior, é quase um museu.

Ali está a farda dos seus tempos de combatente e, guardada a sete chaves, a seu Winchester 44, cuidada pelo caseiro e pelo filho. Fotos do tempo de militar da ativa, diplomas e homenagens estão espalhados pelos móveis e paredes da casa. O velho tenente nos recebeu na frente da casa, debaixo de uma frondosa árvore e nos contou, sem nenhum rodeio a sua versão dos acontecimentos, que estão publicados em dois volumes, com mais de 700 páginas com o título: "Lampião – Memórias de um Soldado de Volante".

Primeiro falou de seu estado de saúde: "Minha saúde não anda boa, embaraçada. Diabetes, nervos, coração" mas logo começou a relator o que viu nesses anos de luta.

 Deixamos que ele falasse e um dos fatos que narrou com detalhes foi a chegada de Lampião, Antônio e Livino, distribuídos estrategicamente no lugarejo.

Ten. João Gomes de Lira – Aí, eles chegaram. Os três irmãos, todos armados. Lampião acolá, Antônio aqui e Livino ali do outro lado. Lampião ficava jogando o rifle pra cima e aparando e gritava: - Aqui hoje não me chora ninguém! Aí, Antônio respondia: - Se chorar eu acalento! E Livino respondia: - Bem baixinho! E ficavam repetindo.

Aí pai, (Antônio Gomes Jurubeba, que era Delegado) chamou eles e disse: - Não façam isso não. Hoje é dia de feira, vocês armados assim, o povo tá todo apavorado. Guardem as armas, vocês têm os inimigos lá, na Serra Vermelha. Aqui vocês não têm inimigos. Eles não vêm aqui e vocês podem ficar à vontade. E Lampião disse: - Pode dizer ao delegado que as armas estão guardadas em nossas mãos e nos ombros. Pode vir tomar. E pai disse: - Isso não é modo de se falar com Delegado. E Lampião disse: É isso mesmo!

Então pai falou: Se daqui a oito dias vocês voltarem com as armas podem se preparar pra gente trocar tiro aqui no meio do povo. Aí Lampião disse: - Junte seus cachorros e jogue em cima dos Ferreira pra você o peso dos Ferreira como é. Foi aí o começo da questão aqui, em 1917.

E continua, seguro, o Ten. João Lira: - Passados uns dias, eles foram pra Triunfo e dias depois resolveram vir pra cá. Os três irmãos Ferreira e mais outro cabra, também armado.

 O pai de Lampião foi encontrar-se com eles e pediu pra não vir que aqui tinha soldados. Depois de muita insistência Lampião insistindo até que foi convencido de não entrar e saiu aqui por trás. Ali deram um tiro e a polícia foi ao encontro deles.

Meu pai juntou mais alguns parentes que tinham armas e foram ajudar a polícia. Eram os Flor, Euclides, Odilon, Arcôncio, Cícero Leite e trocaram tiros. Foi quando Livino Ferreira foi ferido. Os outros correram e Livino foi preso e levado para Floresta. Foi aí que o pai deles resolveu se apressar em vender as coisas pra ir embora.

O Ten. João Lira fala sobre o casamento de Licor, com quem Lampião tinha namorado mas veio para o seu casamento e teria carregado a sanfona e com isso acabado a festa. Falou da morte da mãe de Lampião, Maria Lopes "de aperreio" e do assassinato do pai José Ferreira dos Santos.

E a prosa continuou por quase uma hora, com episódios de enfrentamentos da força policial contra os cangaceiros, inclusive um de 1º de agosto de 1923. O ten. tinha então 10 anos. Em 16 de julho de 1931, com 18 anos entrou na carreira militar e já seguiu para a Bahia para atender um pedido de apoio do governo baiano. Seu comandante era o parente e compadre Manoel de Souza Neto sob as ordens de quem participou de muitos combates com o grupo de Lampião.

(LEIA: - "Lampião – Memórias de um Soldado de Volante" – Vol. I e II – João Gomes de Lira – editado pela Prefeitura Municipal de Floresta-PE - 2007)

Começa em Paulo Afonso o 2 seminário Internacional do Nascimento de Nascimento de Maria Bonita


 

Folha Sertaneja - Paulo Afonso - BA
12/03/2009 - 02:40

Folha Sertaneja - ESPECIAL - MARIA BONITA e o cangaço: cem anos de História

Antônio Galdino

Benjamim Abrahão Maria Bonita na caatinga posando para Benjamim Abrahão

UNEB e Prefeitura de Paulo Afonso realizam seminários do Centenário de Maria Bonita

A temática do cangaço e a vida de Lampião têm merecido estudos cada vez mais intensos. Nas universidades, é tema de mestrados e doutorados pelo mundo afora. A literatura, e desde a sua contemporaneidade, os folhetos de cordel, espalham os feitos do Rei do Cangaço e de muitos dos cangaceiros que cruzaram o Nordeste desafiando o Brasil Oficial ou a seu serviço.

O cinema, ao longo de décadas, tem mostrado a figura do cangaceiro, real ou caricata, para consumo de milhões de pessoas, como O Cangaceiro, de Lima Barreto, de 1953, com diálogos de Raquel de Queiroz, o primeiro filme sobre o tema cangaço e ganhador de vários prêmios internacionais, inclusive o Festival de Cannes daquele ano. Na internet, o tema ganha milhões de páginas, milhares de sítios (sites).

Tão intensa é a procura pelo assunto que, ao lado de escritores e estudiosos sérios têm aparecido oportunistas que criam fatos e enredos gerando conflitos entre a verdadeira história e as invencionices mais absurdas que povoam o imaginário popular. Benjamim Abrahão Posando, no meio da caatinga

E a história ganha contornos contraditórios, o que leva o jornalista e professor de História da UFP, Mário Hélio a afirmar que "há, obviamente, um Lampião real, e um outro, muito mais vivo e forte que este, mítico." E acrescenta, na Apresentação do livro "De Virgulino a Lampião" de Vera Ferreira e Antônio Amaury, que "ainda está aberto a exame o que há de mítico e de real em Lampião e no cangaço, num trabalho de história comparada, interdisciplinar pela sua própria natureza".

Se o tema "cangaço" ou "Lampião" merece milhões de páginas em sites como o Google, bem menor tem sido o espaço dedicado ao estudo da presença da mulher como parte integrante desse universo.

O escritor Antônio Amaury, em seu livro "Lampião: as MULHERES e o Cangaço", DE 1984, mostra, segundo Franklin Maxado ao apresentar este livro, "o lado sexual ou o das mulheres no cangaço, lado pouco explorado desse mundo".

Em 1997, Ilda Ribeiro de Souza, a cangaceira Sila, assina o livro "Angico, eu sobrevivi – confissões de uma guerreira do cangaço". Mais adiante, em 2003, Antônio Amaury destaca a importância da cangaceira Dadá, valente, guerreira, companheira do "Diabo Louro" e sua privilegiada memória que lhe permitiu conseguir informações importantes sobre o cangaço nos muitos meses em que ela foi sua hóspede, em São Paulo e escreve "Gente de Lampião: Dadá e Corisco".

Mais recentemente, em 2005, João de Sousa Lima focou suas pesquisas em Maria Bonita, e escreveu "A trajetória guerreira de Maria Bonita, a Rainha do Cangaço" e em 2007 escreveu "Moreno e Durvinha, sangue, amor e fuga no cangaço".

Benjamim Abrahão Maria Bonita, o sorriso da guerreira

E o que dizer de Maria de Déa, Maria Bonita, a Rainha do Cangaço, que ousou deixar um marido com quem se casara ainda adolescente, rompeu os paradigmas de sua época, abandonou os costumes, tradições e feriu a honradez da família ao optar em acompanhar Lampião e viver uma vida de confrontos com a polícia, fugas pela caatinga, sem a paz suficiente para manter vivos em seu ventre os filhos gerados e poder sequer ser a mãe presente na vida de sua menina, Expedita, criada por amigos?

Como compreender essa mulher que nasceu em 8 de março de 1911, data em que se comemora, em todo o mundo, o Dia Internacional da Mulher?

A ela, quando mandou de volta o irmão que queria entrar no cangaço é atribuída a frase: "desgraçada por desgraçada aqui, basta eu". O Cangaço, especialmente para as mulheres, era um caminho sem volta?

Foi para buscar mais compreensão sobre a trajetória de Maria Bonita que a Universidade do Estado da Bahia e a Prefeitura de Paulo Afonso uniram suas forças, buscaram parceiros, convidaram estudiosos do tema e promovem o I Seminário Internacional – O Centenário de Maria Bonita.

A grandiosidade do tema levou um grupo de estudiosos de Paulo Afonso, como o Professor/Doutor Juracy Marques, atual diretor da UNEB – Campus VIII, os escritores João de Sousa Lima, Antônio Galdino, também diretor do jornal Folha Sertaneja, Roberto Ricardo, presidente do IGH, Professor Edson Barreto, a trabalhar a idéia de se fazer o Seminário Internacional – O centenário de Maria Bonita, nesses três anos, até 2011.

organiza-se então o I Seminário, em 2009, no período de 3 a 8 de março, reunindo pesquisadores e estudiosos da região. Haverá debates com escritores regionais, exibição de documentários, exposição de livros, revistas e jornais sobre o tema, além de apresentação de musicais e encenação teatral.

E há interesse de participação, nos próximos seminários, de pesquisadores franceses e alemães e cineastas e grandes empresas de comunicação, tendo em vista a grandiosidade do tema. O evento, organizado pela UNEB – Campus VIII e Prefeitura Municipal de Paulo Afonso, conta com o apoio da Chesf, Sesc Ler, 1ª Cia de Infantaria, IGH, SEBRAE, SBEC e jornal Folha Sertaneja

Nos anos seguintes o II Seminário, em 2010 e o III Seminário em 2011, terão uma dimensão muito maior, realmente internacional.

Lampião andou por sete estados nordestinos Paulo Afonso – território privilegiado, habitat natural de cangaceiros

A região de Paulo Afonso possui um cenário privilegiado onde se podem encontrar centenas de pessoas que ainda falam, por conhecimento próprio ou por conhecerem de familiares contemporâneos de Lampião e Maria Bonita, sobre os movimentos dos cangaceiros e das volantes por estas terras.

Nos vários povoados do município de Paulo Afonso e ainda em Glória e outras cidades vizinhas, o escritor João de Sousa Lima, autor de "Lampião em Paulo Afonso", "A trajetória guerreira de Maria Bonita, a Rainha do Cangaço" e Moreno e Durvinha – Sangue, amor e fuga no cangaço", encontrou-se com dezenas de cangaceiros, coiteiros, seus parentes e descendentes e guarda com carinho muitas horas de entrevistas em áudio e vídeo com depoimentos que ajudam a conhecer um pouco mais da vida dos que faziam parte dos vários bandos de cangaceiros e dos que militavam nas tropas das volantes que andavam no seu encalço.

O escritor possui também farto material pertencente aos cangaceiros e volantes que estarão sendo no acervo do Museu Regional do Sertão que será construído pela Prefeitura Municipal de Paulo Afonso. Pessoas como a cangaceira Aristéia Soares de Lima que nasceu em 23 de junho de 1916 em Capiá da Igrejinha, no município de Canapi, Estado de Alagoas e que, embora nunca tenha conhecido Lampião, percorreu a caatinga alagoana no Bando de Moreno e Durvinha e conta histórias dos tiroteios e das fugas no sertão tem acompanhado João Lima em suas palestras pelo Brasil.

Hoje, beirando os 93 anos, lúcida, alegre, mora no Jardim Cordeiro, ao lado da Ponte D. Pedro II onde recebeu, em 18 de fevereiro de 2009, a reportagem da Folha Sertaneja, levada pelo escritor João de Sousa Lima, e nos concedeu longa entrevista.

Na preparação desta matéria especial, sempre acompanhado do escritor João de Sousa Lima, fomos a Carqueja, município de Floresta. Ali mora o Ten. João Gomes de Lira um dos mais ferrenhos perseguidores do bando de Lampião. Homenageado pelos seus feitos, com diplomas e comendas, o Ten. João Gomes ainda guarda com todo zelo e cuidado a arma e a farda que usou nas muitas léguas percorridas no sertão à busca do cangaceiro e seu bando.

O que viu está registrado em dois volumes do livro Memórias de um Soldado da Volante, publicados em 2007 pela Prefeitura Municipal de Floresta. Chegando aos 96 anos, o Ten. João Gomes Lira também nos recebeu em sua casa e sua memória privilegiada nos contou passagens dessa luta na dureza da caatinga.

Quem foi Maria Bonita?

Benjamim Abrahão Maria penteia os cabelos de Lampião

Em 08 de março de 2011 faz 100 anos que uma mulher, sertaneja, guerreira, nasceu na Malhada da Caiçara, hoje no Município de Paulo Afonso. Maria Gomes de Oliveira, filha de José Gomes de Oliveira, conhecido como José de Felipe e de dona Maria Joaquina Conceição Oliveira, conhecida como Dona Déa. A criança ficou conhecida como Maria de Déa e como é ainda hoje muito comum nas terras sertanejas, casou muito cedo, com apenas 15 anos, com um primo, José Miguel da Silva, conhecido como Zé de Neném.

O casamento atribulado, de muitas brigas e separações, pode ter favorecido a virada na vida da sertaneja da Malhada da Caiçara. Decidida e com o apoio da mãe, mesmo contra a vontade do pai, aceita o convite e acompanha Lampião em suas peripécias pelo sertão. Deixou de se chamar Maria Gomes ou Maria de Déa.

Passou a ser chamada de Maria de Lampião ou Maria do Capitão e se consagrou na literatura, nas canções da época, nos filmes e documentários, nas teses de mestrado e doutorado pelo mundo como Maria Bonita, a Rainha do Cangaço.

Destemida nas lutas diárias, companheira inseparável de Lampião, sabia impor respeito e a sua presença no bando trouxe mais leveza, mais feminilidade à aridez do sertão e dos homens do grupo. Há relatos que a sua intervenção, o seu instinto maternal ajudou a salvar vidas de homens que estavam na mira do mosquetão ou na ponta do punhal.

Coincidentemente Maria Bonita nasceu no Dia Internacional da Mulher e a amplitude do tema, o que representou a sua presença forte dentro do cangaço, numa época em que a mulher não possuía nenhum direito, a sua coragem de deixar um casamento desestruturado, uma família que regia seus atos debaixo de rigorosos conceitos de honra, continua merecendo estudos, livros, debates, seminários.

Lampião, Maria Bonita, o Cangaço: Um mito, uma lenda, uma grande história

Benjamim Abrahão Maria Bonita e Lampião

Passados 110 anos do nascimento de Virgolino Ferreira da Silva, o Lampião e 70 anos de sua morte cresce a cada momento o interesse de estudiosos e pesquisadores do mundo inteiro em conhecer mais sobre esse sertanejo, menino nascido na aridez da caatinga nas terras de Vila Bela, hoje Serra Talhada, em junho de 1898.

Certamente teria sido mais um sertanejo anônimo, tocador de roças, sofredor das secas, sonhador com a fartura das invernadas, não tivesse ele vivido, "num ambiente de violência gerada pela disputa de terras entre famílias inimigas daqueles lugares", como diz sua neta Vera Ferreira. Muito já se escreveu sobre ele e são inúmeras as formas como é analisado pelos que se aprofundam no tema. Temido por muitos, amado por outros tantos, sua figura virou um mito e um mito nunca morre.

A sua coragem, a determinação e os apoios que sempre recebeu de importantes coronéis da época, de poderosos do governo e do Pe. Cícero Romão Batista, o fez sobreviver às agruras do sertão. Andou por quase todos os Estados Nordestinos, - Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Sergipe, Alagoas e Bahia, com seu bando que variava de tamanho e se dividia em outros muitos de acordo com esta sua necessidade de sobrevivência.

Exímio estrategista ganhou respeito dos que formavam o seu bando. Autores sérios falam de técnicas por eles utilizadas nos combates e nas fugas que deixavam malucos os soldados que se embrenhavam pela caatinga, à sua procura. Por isso que os que pesquisam com seriedade sobre Lampião refutam a informação publicada por outros escritores de que a Furna dos Morcegos, existente na margem alagoana do cânion do rio São Francisco, ao lado da Cachoeira de Paulo Afonso, teria sido um dos seus coitos. Argumentam esses historiadores, entre eles João de Sousa Lima, que a Furna dos Morcegos tem apenas uma entrada e saída de difícil acesso e que, ao seu lado funcionava, até 1961, a Usina Angiquinho, com trabalhadores se movimentando a todo momento o que faria do coito um alvo fácil para a polícia.

Em entrevista publicada no site mantido pela neta de Lampião, Vera Ferreira e no seu livro "De Virgolino a Lampião" ele, que foi almocreve e tinha inegável habilidade no trabalho com o couro, diz "Estou me dando bem no cangaço e não pretendo abandoná-lo. Não sei se vou passar a vida toda nele. Preciso trabalhar ainda uns três anos... Depois, talvez me torne comerciante".

As muitas histórias sobre Lampião chamado pelo poeta Ivanildo Vilanova de "herói, bandido e louco", levou sua neta Vera Ferreira a escrever, com o escritor Antonio Amaury o livro "De Virgolino a Lampião", "parte da história desse nosso personagem passada a limpo", como escreveu na dedicatória ao exemplar que me ofereceu.

Outro escritor sobre Lampião, Oleone Coelho Fontes, em "Lampião na Bahia" diz que "Virgolino Ferreira da Silva, o Lampião, foi quem introduziu o cangaço na Bahia. Sabe-se até a data em que o fenômeno aconteceu, fato singularíssimo na história: 21 de agosto de 1928, depois do meio-dia".

E acrescenta Oleone: "Verdade é que se Lampião nunca tivesse invadido a geografia baiana jamais teríamos tido aqui o fenômeno cangaceirismo que assolou de modo endêmico o outro lado do rio."

E foi do outro lado do rio São Francisco, nas terras baianas onde Lampião reinou absoluto por mais 10 anos. Foi do lado baiano do rio São Francisco que Lampião encontrou um coito seguro no Sítio do Tará, apoiado por "um dos maiores criadores da região, o Sr. Odilon Martins de Sá, conhecido por Odilon Café", como narra João de Sousa Lima em seu livro "A trajetória guerreira de Maria Bonita, a Rainha do Cangaço".

Nesse livro, que será lançado no I Seminário do Centenário de Maria Bonita, João diz ainda que o "Sítio do Tará passou a servir de base quando os cangaceiros empreendiam suas viagens aos estados de Alagoas e Sergipe" e que ali também morava "um dos principais coiteiros de Lampião, Antônio Felipe de Oliveira, tio da cangaceira Maria Bonita".

Diz ainda João Sousa Lima que nessas andanças para Alagoas e Sergipe, "Lampião passava pela Malhada da Caiçara, onde morava Maria de Déa, que tinha casado com apenas 15 anos e estava separada do marido, Zé de Nenen." "Numa dessas viagens, diz João, Lampião, que seguia um pouco à frente do seu bando, acompanhado de Odilon Café, pisou o batente da casa de Zé Felipe e Dona Déa.

Odilon apresentou a Lampião Maria de Déa". Segundo esse autor, aconteceu ali, nesse primeiro encontro, o seguinte diálogo:

 - Você sabe bordar?

- Sei.

- Vou deixar uns lenços pra você bordar e volto daqui a duas semanas pra buscar!"

"Dias depois, de surpresa, os cangaceiros reaparecem na Malhada da Caiçara. Lampião recebeu os lenços bordados por Maria de Déa e suas irmãs, pagou o trabalho e tiveram uma longa conversa". João acrescenta que "quando Maria decidiu seguir Lampião ela estava no povoado Rio do Sal, cuidando da saúde de sua avó materna, Ana Maria".

Todas estas localidades – Sítio do Tará, Malhada da Caiçara, Rio do Sal e dezenas de outras citadas nos livros de João e de outros autores, estavam no lado baiano do Rio São Francisco e pertenciam ao município de Santo Antônio da Glória. Depois da emancipação política de Paulo Afonso em 28 de julho de 1958 passaram a fazer parte do território deste município.

A casa onde nasceu Maria de Déa, depois internacionalmente conhecida por Maria Bonita, na Malhada da Caiçara, a 38 quilômetros da cidade de Paulo Afonso, foi restaurada na gestão do Prefeito Raimundo Caíres, sob a supervisão de Luiz Rubem, outro escritor/pesquisador dos feitos dos cangaceiros na região e aberta à visitação em Setembro de 2006.

Aristéia Soares de Lima - ex-cangaceira

Antonio Galdino ex-cangaceira Aristéia Soares, 93 anos

A ex-cangaceira Aristéia Soares de Lima, que nasceu em 23 de junho de 1916, recebeu a reportagem do jornal Folha Sertaneja, levada pelo escritor João de Souza Lima, na casa do seu filho, no Jardim Cordeiro, no lado alagoano do Rio São Francisco, logo após a Ponte D. Pedro II.

Sempre alegre, sorridente, contas histórias dos tempos em que viveu no Bando de Moreno e da sua grande amizade com Durvalina, a cangaceira Durvinha, sua mulher.

Folha Sertaneja: Onde a senhora nasceu, D. Aristéia?

Aristéia - Nasci em Lajeiro do Boi, em Capiá da Igrejinha, em Canapi – Alagoas.

Folha Sertaneja – Porque virou cangaceira?

Aristéia - Entrei nessa vida porque ou a gente corria ou o cacete comia. A vida da polícia era matar o povo, esbagaçar com tudo. Nós sofremos muito por causa da polícia, meu pai apanhou tanto. Até morrer, meu irmão viveu com uma orelha faltando um pedaço de uma coronhada de mosquetão dado por um soldado. A polícia perseguia a gente que só o diabo. Eu vivia correndo com medo da polícia, me escondendo na caatinga, fui pra casa de uma tia lá dentro da caatinga. Óia, nós sofremos muito.

Folha Sertaneja – Aí, resolveu entrar pro cangaço...

Aristéia – Foi. Pro bando de Moreno.

Folha Sertaneja/João – No tempo em que estava nesse bando, tinha outras mulheres?

Aristéia – Só era eu, Durvinha e outra mulher, Quitéria, filha de Zé Demézio lá do Barro Branco.

Folha Sertaneja – E esse bando tinha quantas pessoas?

Aristéia – Seis ou sete depois ficamos sós nós quatro. Moreno, eu, Durvinha e Cruzeiro.

 Folha Sertaneja – Como era a amizade do povo no bando. Sua amizade com Durvalina?

Aristéia – Durvinha, eita! (suspiro) A Durvalina era boa com a gente! Seja ela pra Jesus Cristo!

Folha Sertaneja/João – As fotos que Benjamin Abrahão fez de Lampião foram perto da roça do seu pai. A senhora conheceu Benjamin?

Aristéia – Ele andava lá na casa de uma velha, mãe de Otacília e a bicha tinha uma vontade tão grande que ele se casasse com ela. Mas oh bicho feio. Andava com uma bolsinha, uma atiracolo, assim de lado. Eu me lembro da bolsinha dele. Quando ele ia dormir lá não era pra ir nem lá na casa nem pra casa do meu tio. Não era pra andar de jeito nenhum. Ela tinha um ciúme danado, pra fia casar com ele. Mas logo, logo, mataram o Benjamin em Pau Ferro.

Folha Sertaneja – A senhora conheceu Lampião ou tinha vontade de conhecer?

Aristéia – Não conheci, nem nunca tive vontade de ver ele. Nenhum pingo de vontade.

Folha Sertaneja – A senhora também não conheceu Maria Bonita?

Aristéia – Não senhor, eu vi ela ali no retrato mas não achei essa boniteza demais não. A Durvinha era em primeiro lugar mais bonita das que eu todinhas. E vi Neném, mulher de Português, a de Pancada, que era doida, Dada, de Corisco, Nacinha de Gato...

Folha Sertaneja/João – A senhora estava na hora do tiroteio em que Cícero Garrincha foi baleado?

Aristéia – 'Tava, tava eu e um rebanho e nós corremos. Moreno foi quem ficou danado atirando. Nós corremos pra bem longe e ele caminhou muito. Quando já tava escuro ele caiu e ficou gemendo e pedindo água mas onde é que a gente ia buscar água pelo amor de Deus? Aí Durvinha tinha um frasco de água de cheiro e botava um pouco na boca dele mas ele logo morreu.

Folha Sertaneja – A senhora chegou a ser presa?

Aristéia – Não senhor. Eu fiquei debaixo de ordem, no mês de Maio. Em Julho, mataram Lampião.

Folha Sertaneja/João – E como foi que a senhora saiu do cangaço?

Aristéia – Porque mataram os do grupo que tava comigo aí Moreno disse: Quer ir embora? Eu disse: Quero. Aí ele disse – Vá embora com Deus e Nossa Senhora pra onde tá sua família. A minha família era em Santana, Campo Grande. Aí, eu fui embora. 'Tô morando há 4 anos aqui, com meu filho, netos, já tenho uma tataraneta mas sinto muita saudade da minha casinha lá no Capiá e de vez em quando eu vou lá.

(LEIA: "Moreno e Durvinha – Sangue, amor e fuga no cangaço" – João de Souza Lima – Editora Fonte Viva – Paulo Afonso-BA – 2007)

Tenente João Gomes de Lira

Antonio Galdino Ten. João Gomes de Lira, 95 anos

Saímos de Paulo Afonso, para Carqueja, antiga Nazaré, onde houve a maior repressão a Lampião na época do cangaço. As volantes que saíam dali eram conhecidos como "os nazarenos".

Acompanhado do escritor João de Sousa Lima fomos conhecer e gravar uma entrevista com o Ten. João Gomes de Lira, um dos últimos remanescentes daqueles tempos.

Nascido em 03 de julho de 1913 na Fazenda Jenipapo, distrito de Nazaré do Pico – Carqueja – Município de Floresta/PE nos recebeu com a peculiar simpatia do sertanejo, com direito a lanche e boas conversas. A sua casa, muito procurada por pesquisadores até do exterior, é quase um museu.

Ali está a farda dos seus tempos de combatente e, guardada a sete chaves, a seu Winchester 44, cuidada pelo caseiro e pelo filho. Fotos do tempo de militar da ativa, diplomas e homenagens estão espalhados pelos móveis e paredes da casa. O velho tenente nos recebeu na frente da casa, debaixo de uma frondosa árvore e nos contou, sem nenhum rodeio a sua versão dos acontecimentos, que estão publicados em dois volumes, com mais de 700 páginas com o título: "Lampião – Memórias de um Soldado de Volante".

Primeiro falou de seu estado de saúde: "Minha saúde não anda boa, embaraçada. Diabetes, nervos, coração" mas logo começou a relator o que viu nesses anos de luta.

 Deixamos que ele falasse e um dos fatos que narrou com detalhes foi a chegada de Lampião, Antônio e Livino, distribuídos estrategicamente no lugarejo.

Ten. João Gomes de Lira – Aí, eles chegaram. Os três irmãos, todos armados. Lampião acolá, Antônio aqui e Livino ali do outro lado. Lampião ficava jogando o rifle pra cima e aparando e gritava: - Aqui hoje não me chora ninguém! Aí, Antônio respondia: - Se chorar eu acalento! E Livino respondia: - Bem baixinho! E ficavam repetindo.

Aí pai, (Antônio Gomes Jurubeba, que era Delegado) chamou eles e disse: - Não façam isso não. Hoje é dia de feira, vocês armados assim, o povo tá todo apavorado. Guardem as armas, vocês têm os inimigos lá, na Serra Vermelha. Aqui vocês não têm inimigos. Eles não vêm aqui e vocês podem ficar à vontade. E Lampião disse: - Pode dizer ao delegado que as armas estão guardadas em nossas mãos e nos ombros. Pode vir tomar. E pai disse: - Isso não é modo de se falar com Delegado. E Lampião disse: É isso mesmo!

Então pai falou: Se daqui a oito dias vocês voltarem com as armas podem se preparar pra gente trocar tiro aqui no meio do povo. Aí Lampião disse: - Junte seus cachorros e jogue em cima dos Ferreira pra você o peso dos Ferreira como é. Foi aí o começo da questão aqui, em 1917.

E continua, seguro, o Ten. João Lira: - Passados uns dias, eles foram pra Triunfo e dias depois resolveram vir pra cá. Os três irmãos Ferreira e mais outro cabra, também armado.

 O pai de Lampião foi encontrar-se com eles e pediu pra não vir que aqui tinha soldados. Depois de muita insistência Lampião insistindo até que foi convencido de não entrar e saiu aqui por trás. Ali deram um tiro e a polícia foi ao encontro deles.

Meu pai juntou mais alguns parentes que tinham armas e foram ajudar a polícia. Eram os Flor, Euclides, Odilon, Arcôncio, Cícero Leite e trocaram tiros. Foi quando Livino Ferreira foi ferido. Os outros correram e Livino foi preso e levado para Floresta. Foi aí que o pai deles resolveu se apressar em vender as coisas pra ir embora.

O Ten. João Lira fala sobre o casamento de Licor, com quem Lampião tinha namorado mas veio para o seu casamento e teria carregado a sanfona e com isso acabado a festa. Falou da morte da mãe de Lampião, Maria Lopes "de aperreio" e do assassinato do pai José Ferreira dos Santos.

E a prosa continuou por quase uma hora, com episódios de enfrentamentos da força policial contra os cangaceiros, inclusive um de 1º de agosto de 1923. O ten. tinha então 10 anos. Em 16 de julho de 1931, com 18 anos entrou na carreira militar e já seguiu para a Bahia para atender um pedido de apoio do governo baiano. Seu comandante era o parente e compadre Manoel de Souza Neto sob as ordens de quem participou de muitos combates com o grupo de Lampião.

(LEIA: - "Lampião – Memórias de um Soldado de Volante" – Vol. I e II – João Gomes de Lira – editado pela Prefeitura Municipal de Floresta-PE - 2007)