quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Paulo Afonso sedia o seminário do centenário de Maria Bonita, segunda edição


Paulo Afonso Realiza Seminário Internacional de Maria Bonita


 



 

UNEB – Universidade do estado da Bahia e Prefeitura Municipal de Paulo Afonso Realizam o Seminário do centenário de Maria Bonita


 


 


 

CENTENÁRIO DE MARIA BONITA: RAINHA DO CANGAÇO


 

II Seminário Internacional


 

Campus VIII da UNEB e Prefeitura Municipal de Paulo Afonso realizarão o II Seminário Internacional sobre o Centenário de Nascimento de Maria Bonita, com o tema: Diferentes Contextos que Envolveram a Vida da Rainha do Cangaço. Este evento, que reserva participação de lideranças políticas, pesquisadores, ex-cangaceiros e os parentes de Maria Bonita, vai mobilizar a comunidade em geral para discutir aspectos da participação dessa Mulher que marcou a história do cangaço e que nasceu em Paulo Afonso, no povoado Malhada da Caiçara.


 

Universidade do Estado da Bahia-DEDC VIII (UNEB) em 2009 realizou o I Seminário Internacional sobre o Centenário de Nascimento de Maria Bonita, parte de um projeto pioneiro, desenvolvido em parceria com a Prefeitura Municipal de Paulo Afonso, a Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço (SBEC) e outros parceiros. A meta dessa proposta pioneira foi a realização de três grandes eventos que culminará com a realização do III Seminário em 2011, ano em que Maria Bonita completaria 100 anos de idade.


 

O evento acontecerá de 8 a 10 de março, no auditório do Departamento de Educação (DEDC) do Campus VIII da UNEB, contando com a participação de lideranças políticas, escritores e pesquisadores de todo Brasil.


 

O Seminário será prestigiado ainda por Teófilo Pires do Nascimento (ex-soldado da volante) e Aristeia Soares de Lima (ex-cangaceira), Neli Conceição e João Souto, filhos do casal de cangaceiros Moreno e Durvinha, além dos parentes de Maria Bonita: Eribaldo Gomes de Oliveira e Adelmo Gomes de Oliveira, que também receberão os participantes na casa onde morou Maria Bonita, local onde ela conheceu Lampião.


 

Os interessados em receber o material e o certificado do evento, podem garantir participação até o dia 8 de março. A inscrição poderá ser feita no NECTAS/UNEB (Núcleo de Estudos em Comunidades e Povos Tradicionais e Ações Socioambientais), no DEDC VIII. Os 200 primeiros inscritos terão direito à todo material do evento do I Seminário Internacional, realizado em 2009.


 

Fonte: joaodesousalima.blogspot.com

João de Sousa Lima e o secretário Jânio Soares recebem o presidente do Cariri Cangaço


Paulo Afonso recebe visita do Cariri Cangaço


 


Danielle, João de Sousa, Severo e Secretário Janio Soares e Silva


Em mais uma visita de trabalho, os Organizadores do Cariri Cangaço estiveram na última semana visitando a cidade baiana de Paulo Afonso; berço da Rainha do Cangaço, Maria Bonita. Na bela cidade-ilha, Manoel Severo, Danielle Esmeraldo e Gabriel Barbosa participaram de reuniões na Secretaria Municipal de Turismo, Cultura e Esporte, quando foram recebidos pelo secretário Janio Jose Ferreira Soares e Silva, acompanhados do pesquisador, poeta e escritor, João de Sousa Lima.


 

Além da confirmação dos amigos de Paulo Afonso na edição 2010 do Cariri Cangaço, também foi reafirmado o sucesso da realização do II Seminário Internacional em comemoração ao centenário de nascimento da musa do cangaço, Maria Bonita, a se realizar na cidade de Paulo Afonso nos próximos dias 8, 9 e 10 de março, uma promoção da Prefeitura Municipal de Paulo Afonso e da UNEB - Universidade do Estado da Bahia - Campus VIII, com o apoio da SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço e coordenado pelo confrade João de Sousa Lima.


 



 


João de Sousa Lima e Manoel Severo, em recente visita a Paulo Afonso


 

Na ocasião da visita ao secretário Janio Soares e Silva, o mesmo enalteceu a "grande iniciativa do cariri cearense em realizar o Cariri Cangaço, envolvendo tantos parceiros e historiadores" e que sem dúvidas, "é uma forte ação na direção do desenvolvimento do turismo na região e do fortalecimento da cultura nordestina"; quando a secretária de cultura de Crato, Danielle Esmeraldo, ressaltou o grande trabalho também realizado em Paulo Afonso, sobretudo pelo grande pesquisador João de Sousa Lima, que com o apoio da Prefeitura do Município através do Secretário Janio e sua equipe e da UNEB, reailiza o Seminário Internacional de Maria Bonita, este ano em sua segunda edição.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

João de Sousa Lima e Juracy Marques apresentam programação do II Seminário de Maria Bonita, em Paulo Afonso, bahia


 


PROGRAMAÇÃO:

DIA 08/03/2010:

08:00 às 17:00h – Início da mostra cultural com visitação guiada dos alunos das escolas públicas e privadas e comunidade.

SOBRE A MOSTRA CULTURAL SOBRE MARIA BONITA:

Mostra de fotografias de Maria Bonita e seu grupo, utensílios e apetrechos usados na época e reportagens sobre o cangaço. Essa mostra será aberta a toda a comunidade, porém destinada principalmente à visitação guiada dos alunos, para que possam interagir, de forma mais crítica, com a nossa real história.

19:00h – Abertura Oficial do II SEMINÁRIO INTERNACIONAL DO CENTENÁRIO DE MARIA BONITA com a presença de autoridades Civis, Militares, Educativas e Científicas.

19:30h - MESA I: DIFERENTES CONTEXTOS QUE ENVOLVEM A VIDA DA RAINHA DO CANGAÇO.

Presença da ex-cangaceira Aristeia Soares, ex-soldado da volante Teófilo Pires, Neli Conceição e João Souto, filhos do casal de cangaceiros Moreno e Durvinha e dos Parentes de Maria Gomes de Oliveira, Maria Bonita: Eribaldo Gomes de Oliveira e Adelmo Gomes de Oliveira


 

21 h – Lançamento do livro do I Seminário Internacional de Maria Bonita

21:30 – Merenda Sertaneja

DIA 09/03/2010:

08h00 – Exibição dos Filmes:

A CASA DE MARIA BONITA (Direção Gilmar Teixeira e João de Sousa Lima).

CANGACEIRO GATO: UM RASTRO DE ÓDIO E SANGUE (Direção de João de Sousa Lima).

70 ANOS DA MORTE DE LAMPIÃO E MARIA BONITA (Direção Antônio Galdino)

Após a exibição dos filmes haverá uma mesa redonda para debates sobre os filmes com a presença dos Diretores.


 

19:00 h – MESA II: A ESTÉTICA DE MARIA BONITA: FOTOGRAFIAS, XILOGRAVURAS, MÚSICA, CORDEL, QUADRINHOS, CÓDIGOS LINGÜÍSTICOS E INTERNET.

21:00h – Debate.

DIA 10/03/2010:

08:00 h – Visitação à Casa de Maria Bonita

10:00 h – Diálogo com os familiares de Maria Bonita

19:00 h – MESA III: MARIA BONITA: CONFLITOS E PROCESSOS

21:00 h – Entrega dos certificados aos participantes e merenda de encerramento.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

UNEB – Universidade do estado da Bahia e Prefeitura Municipal de Paulo Afonso Realizam o Seminário do centenário de Maria Bonita

CENTENÁRIO DE MARIA BONITA: RAINHA DO CANGAÇO

II Seminário Internacional


Campus VIII da UNEB e Prefeitura Municipal de Paulo Afonso realizarão o II Seminário Internacional sobre o Centenário de Nascimento de Maria Bonita, com o tema: Diferentes Contextos que Envolveram a Vida da Rainha do Cangaço. Este evento, que reserva participação de lideranças políticas, pesquisadores, ex-cangaceiros e os parentes de Maria Bonita, vai mobilizar a comunidade em geral para discutir aspectos da participação dessa Mulher que marcou a história do cangaço e que nasceu em Paulo Afonso, no povoado Malhada da Caiçara.

Universidade do Estado da Bahia-DEDC VIII (UNEB) em 2009 realizou o I Seminário Internacional sobre o Centenário de Nascimento de Maria Bonita, parte de um projeto pioneiro, desenvolvido em parceria com a Prefeitura Municipal de Paulo Afonso, a Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço (SBEC) e outros parceiros. A meta dessa proposta pioneira foi a realização de três grandes eventos que culminará com a realização do III Seminário em 2011, ano em que Maria Bonita completaria 100 anos de idade.

O evento acontecerá de 8 a 10 de março, no auditório do Departamento de Educação (DEDC) do Campus VIII da UNEB, contando com a participação de lideranças políticas, escritores e pesquisadores de todo Brasil.

O Seminário será prestigiado ainda por Teófilo Pires
do Nascimento (ex-soldado da volante) e Aristeia Soares
de Lima (ex-cangaceira), Neli Conceição e João Souto, filhos do casal de cangaceiros Moreno e Durvinha, além dos parentes de Maria Bonita: Eribaldo Gomes de Oliveira e Adelmo Gomes de Oliveira, que também receberão os participantes na casa onde morou Maria Bonita, local onde ela conheceu Lampião.

Os interessados em receber o material e o certificado do evento, podem garantir participação até o dia 8 de março. A inscrição poderá ser feita no NECTAS/UNEB (Núcleo de Estudos em Comunidades e Povos Tradicionais e Ações Socioambientais), no DEDC VIII. Os 200 primeiros inscritos terão direito à todo material do evento do I Seminário Internacional, realizado em 2009.

"Maria Bonita ainda é uma figura que merece ser pensada no contexto do Cangaço. Ainda há muita incompreensão sobre sua vida, embora, aos poucos, informações tenham sido levantadas por diversos pesquisadores a respeito da sua biografia, que inclui o seu encontro com a figura mais emblemática do Cangaço: Lampião. Eu, por exemplo, tenho me dedicado a mergulhar nessa história que conto em três livros que escrevi: Lampião em Paulo Afonso, A Trajetória Guerreira de Maria Bonita: A Rainha do Cangaço" e Moreno e Durvinha, Sangue, Amor e Fuga No Cangaço, destaca o escritor João de Sousa Lima um dos coordenadores da iniciativa.

Para Juracy Marques, Diretor do Campus VIII e também coordenador do evento, "o papel da Universidade é de possibilitar que tão importante data não passe despercebida, uma vez que o Cangaço é hoje um tema que tem despertado interesse em diversas partes do mundo e Maria Bonita faz parte dessa história ainda cheia de lacunas. Entretanto, nós da UNEB em Paulo Afonso, resolvemos sediar estes três seminários internacionais sobre o centenário de Maria Bonita, sobretudo porque ela nasceu aqui e por esta região ter sido parte de capítulos bastante conhecidos do Cangaço: além da paixão de Maria Bonita por Lampião, e vice-versa."

A programação do seminário já está disponível, querendo acessar basta clicar aqui.

Primeira mulher no cangaço

Maria Gomes de Oliveira, a Maria Bonita, foi a primeira mulher a aparecer no cenário do Cangaço, revolucionando a sua época (século XX) e introduzindo vários costumes no meio de homens guerreiros que até então não permitiam mulheres entre os seus pares.

Nascida em 8 de março de 1911, na fazenda Malhada da Caiçara, em Paulo Afonso, casou-se aos 15 anos com um sapateiro, com quem vivia brigando.

Durante uma das separações de seu marido, Maria Bonita conheceu Lampião e apaixonou-se. O rei do cangaço, nesta época, tinha 31 anos e Maria 18.

Maria Bonita entrou para o bando ao final de 1929 e tornou-se musa e rainha do cangaço. Depois dela, os outros cangaceiros também trouxeram suas companheiras para fazerem parte do bando.

"Maria Bonita foi na época do Cangaço uma jovem que quebrou os padrões de um sertão ainda resguardado quanto aos reais valores da mulher. Para muitos ela foi um atraso para os cangaceiros que até então era um mundo machista. Para outros ela foi a parte boa daquele tempo, aliviando muitos dos sofrimentos causados aos sertanejos. Hoje ela é simplesmente parte da história do sertão, um capítulo dos acontecimentos que marcaram o nosso nordeste brasileiro", destaca o escritor João de Sousa Lima, um dos maiores pesquisadores sobre a vida de Maria Bonita.

Lampião arregimentou 47 homens e mulheres de várias ramificações familiares apenas em Paulo Afonso. Maria Bonita conviveu durante nove anos com Lampião e como seguidora do bando, foi ferida apenas uma vez.

Foi no dia 28 de julho de 1938, na Grota do Angico, no sertão do estado de Sergipe, durante um ataque feito pela polícia ao bando, que um dos casais mais famosos do país foi brutalmente assassinado, transformando suas vidas em um marco da história nordestina.

Informações: DEDC/Campus VIII - Tel.: (75) 3281-6585/7364.      www.campus8.uneb.br

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

João de Sousa Lima, escritor, coordena o II seminário do Centenário de Nascimento de Maria Bonita, evento criado pela UNEB – Universidade do Estado da Bahia e Prefeitura Municipal de Paulo Afonso


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 

II SEMINÁRIO INTERNACIONAL SOBRE O CENTENÁRIO DE MARIA BONITA:


 

DIFERENTES CONTEXTOS QUE ENVOLVEM A VIDA DA RAINHA DO CANGAÇO


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 

Março, 2010


 


 


 


 


 


 

1. APRESENTAÇÃO:


 


 

Em 2009 foi realizado o I Seminário Internacional sobre o Centenário de Nascimento de Maria Bonita, parte de um projeto pioneiro, desenvolvido pela Universidade do Estado da Bahia – UNEB – Campus VIII, em parceria com a Prefeitura Municipal de Paulo Afonso, a Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço (SBEC) e outros parceiros, para a realização de três grandes eventos que culminará com a realização do III Seminário em 2011, ano em que Maria Bonita completaria 100 anos de idade.


 

Este ano, o projeto discutirá os diferentes contextos que envolvem a vida dessa sertaneja que marcou para sempre a história do povo do Sertão, imortalizada nas cenas do Cangaço.


 

Paulo Afonso, uma das mais importantes cidades do Sertão Baiano, viu surgir ainda na década de 20, a figura dessa pagina da história: o famoso Virgolino Ferreira da Silva, Lampião.


 

Dos inúmeros povoados que formam hoje a cidade de Paulo Afonso vários sertanejos e sertanejas adentraram o mundo enigmático do cangaceirismo. A cidade de Paulo Afonso também é cenário do nascimento de Maria Bonita, A Rainha do Cangaço; uma mulher que revolucionou toda uma época e introduziu vários costumes no meio de homens guerreiros que até então não permitiam mulheres nos grupos e subgrupos.


 

Vale salientar, para a luz da história, que em Paulo Afonso Lampião perdeu seu irmão mais novo, o Ezequiel Ferreira. De mesma intensidade, Lampião arregimentou 47 homens e mulheres de várias ramificações familiares, pessoas essas que empunharam as armas do cangaço. Foi aqui que o Rei do Cangaço encontrou seu amor: Maria Gomes de Oliveira, a Maria Bonita.


 

A realização desse Seminário torna-se obrigatório, ao mesmo tempo em que se insere na contribuição concreta à constituição do Patrimônio Cultural Pauloafonsino, Nordestino e Brasileiro, servindo de base à pesquisa científica, aos processos socioeducativos que, serão pedras para a superação dos equívocos lançados ao vento sobre a memória do Cangaço.


 

Em virtude da importância dessa sertaneja, nascida na Malhada da Caiçara, em Paulo Afonso, Bahia, e, aproximando-se o centenário do seu nascimento, a Universidade do Estado da Bahia – UNE – DEDC VIII, em parceria com a Prefeitura Municipal de Paulo Afonso – Secretaria de Turismo - estão organizando o II Seminário sobre o nascimento de Maria Bonita.


 

A data de nascimento de Maria Bonita é 08 de março de 1911, por coincidência, no dia comemora-se o dia Internacional da Mulher. São marcas que possibilitam a discussão sobre o papel da figura feminina na cultura. Maria Bonita é uma delas!


 


 


 


 

2. OBJETIVOS:


 


 

2.1 Geral:


 

Comemorar o Centenário de Nascimento de Maria Bonita, A Rainha do Cangaço. A partir disso, é possível valorizar nossas raízes culturais levando conhecimento à população sobre o complexo fenômeno do Cangaço. De alguma forma também situar o município de Paulo Afonso como um dos mais respeitáveis cenários dos fatos diretamente relacionados com a história do cangaço, a partir da qual destacamos a importância de uma mulher que rompeu todas as barreiras de uma época para entrar no contexto da história do Brasil.


 


 


 

2.2 Específicos:


 

  • Mobilizar a comunidade em geral para discutir aspectos dos diferentes contextos que envolveram a vida de Maria Bonita, no II Seminário Internacional sobre o Nascimento da Rainha do Cangaço;
  • Publicar o relatório do I Seminário Internacional sobre o Nascimento de Maria Bonita, focado em aspectos mais específicos da biografia de Maria Bonita;

    Lançar vários livros que tratam da memória do Cangaço, particularmente da Vida de Maria Bonita;

  • Exibir vários documentários, alguns inéditos, sobre o Cangaço;
  • Criar as condições para a culminância do III Seminário Internacional do Centenário de Maria Bonita, que acontecerá em 2011.


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 

PROGRAMAÇÃO:


 

Dias 08, 09 e 10 de Março de 2010.


 


 

DIA 08/03/2010:


 

08:00 às 17:00h – Início da mostra cultural com visitação guiada dos alunos das escolas públicas e privadas e comunidade.


 

SOBRE A MOSTRA CULTURAL SOBRE MARIA BONITA:


 

Mostra de fotografias de Maria Bonita e seu grupo, utensílios e apetrechos usados na época e reportagens sobre o cangaço. Essa mostra será aberta a toda a comunidade, porém destinada principalmente à visitação guiada dos alunos, para que possam interagir, de forma mais crítica, com a nossa real história.


 


 

19:00h – Abertura Oficial do II SEMINÁRIO INTERNACIONAL DO CENTENÁRIO DE MARIA BONITA com a presença de autoridades Civis, Militares, Educativas e Científicas.


 

19:30h - MESA I: DIFERENTES CONTEXTOS QUE ENVOLVEM A VIDA DA RAINHA DO CANGAÇO.


 

  • Presença da ex-cangaceira Aristeia Soares, ex-soldado da volante Teófilo Pires, Neli Conceição e João Souto, filhos do casal de cangaceiros Moreno e Durvinha e dos Parentes de Maria Gomes de Oliveira, Maria Bonita: Eribaldo Gomes de Oliveira e Adelmo Gomes de Oliveira


 


 

21 h – Lançamento do livro do I Seminário Internacional de Maria Bonita


 

21:30 – Merenda Sertaneja


 


 

DIA 09/03/2010:


 

08h00 – Exibição dos Filmes:


 

A CASA DE MARIA BONITA (Direção Gilmar Teixeira e João de Sousa Lima).


 

CANGACEIRO GATO: UM RASTRO DE ÓDIO E SANGUE (Direção de João de Sousa Lima).


 


 

70 ANOS DA MORTE DE LAMPIÃO E MARIA BONITA (Direção Antônio Galdino)


 


 

  • Após a exibição dos filmes haverá uma mesa redonda para debates sobre os filmes com a presença dos Diretores.


 


 

19:00 h – MESA II:A ESTÉTICA DE MARIA BONITA: FOTOGRAFIAS, XILOGRAVURAS, MÚSICA, CORDEL, QUADRINHOS, CÓDIGOS LINGÜÍSTICOS E INTERNET.


 

21:00h – Debate.


 


 

DIA 10/03/2010:


 

08:00 h – Visitação à Casa de Maria Bonita


 

10:00 h – Diálogo com os familiares de Maria Bonita


 

19:00 h – MESA III: MARIA BONITA: CONFLITOS E PROCESSOS


 

21:00 h – Entrega dos certificados aos participantes e merenda de encerramento.


 


 


 

Comissão Organizadora:


 


 

Juracy Marques
João de Sousa Lima

Diretor da UNEB – Campus VIII Coordenador Geral do Evento


 


 


 


 

Jânio Ferreira Soares Antônio Galdino da Silva

Secretario municipal de Turismo, Diretor de Turismo.

Cultura e Esportes.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Museu Casa de Maria Bonita


visitem o Museu Casa de Maria Bonita.
contato com Eduardo Cruz, Guia de Turismo de Paulo Afonso: 75-9143-6895
para conhecer um pouco mais da história da Rainha do Cangaço, entre em contato com João de sousa Lima, autor da obra: A Trajetória Guerreira de Maria Bonita, A Rainha do cangaço.
75-8807-4138

Museu Casa de Maria Bonita



o cinegrafista do jornal folha sertaneja e o escritor João de Sousa Lima estiveram com o fotografo João Tavares, visitaram o Museu Casa de Maria Bonita, onde fizeram fotos e filmagens para o acervo da prefeitura municipal de Paulo Afonso.
o Museu vem recebendo um grande número de turistas depois que foi oficializado a Rota do Cangaço, projeto do escritor João de Sousa Lima

Museu Casa de Maria Bonita


o escritor João de Sousa Lima, apresenta a Rota do cangaço, tendo por referência o Museu casa de Maria Bonita.
a casa onde nasceu a Rainha do Cangaço vem aumentando o fluxo de visitantes, tantos locais quanto de outras cidades e estados.

Museu Casa de Maria Bonita


o Museu casa de Maria Bonita, mais uma vez serviu de palco para reportagem de televisão.
dessa vez a TV Atalaia registrou a importância de se manter viva a memória de um povo.
o escritor João de Sousa Lima levou a equipe de televisão até o povoado Malhada da Caiçara, onde foi realizada a reportagem.

Maria Bonita, a Rainha do Cangaço, tem sua obra eternizada por João de Sousa Lima


o escritor João de Sousa Limaalém de ser o biografo de Maria Bonita, divulga agora, em nível mundial, o Museu Casa de Maria Bonita.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

João de Sousa Lima e o tesouro do cangaço

O BAÚ DE DONA BALÓ, A MÃE DA CANGACEIRA LÍDIA


 


 

    O povoado Salgadinho, em Paulo Afonso, Bahia, situado nas margens da exuberante Serra do Padre, rendeu-se aos encantos sublimes da mais deslumbrante flor germinada em seus campos: a belíssima Lídia Pereira de Souza. Uma formosa morena de traços perfeitos e sedutores e curvas delineadamente sensuais.

    Lídia Pereira de Souza viria um dia a se tornar a bela cangaceira Lídia, de Zé Baiano.

    Lídia era filha do modesto casal Luís Pereira de Souza e Maria Rosa Figueiredo, conhecida pela alcunha de Dona Baló, uma exímia rendeira e costureira.

    O Salgadinho por ser um dos lugares percorridos pelo Rei do Cangaço e seus seguidores, na época em que as andanças do capitão Virgolino atingiu seu apogeu em terras baianas, me foi bastante informativo enquanto eu realizava pesquisas para o livro: Lampião em Paulo Afonso. Por dezenas de vezes estive naquela localidade, registrando as histórias contadas pelos velhos remanescentes da luta cangaceira e neste período, uma das coisas que mais despertou minha atenção foi conhecer a casa onde nasceu a bela cangaceira Lídia, de Zé Baiano. Contra todas as possibilidades e intempéries geradas pelo tempo, a casa teimava em continuar erguida, mesmo estando assombrosamente carcomida pelos cupins, resistia imponente e enigmática.

    Muitos estudiosos do tema cangaço estiveram comigo visitando a velha moradia da mais linda das cangaceiras. Em uma das minhas últimas visitas fui lá sozinho e sem pressa pude apreciar cada canto, cada forma e cada fresta do velho casebre. Em um dos quartos, por uma das rachaduras da parede, divisei, entre centenas de casas de marimbondos, um antigo baú e dividindo o frestal com os morcegos, estava uma velha lamparina. Como é que tinha passado despercebido por tantas vezes estes velhos objetos? Enquanto no meu silêncio apreciava aquelas relíquias, senti a presença de alguém que se aproximava e despertei com a voz de uma senhora que me trazia a realidade: era dona Nilda, sobrinha da cangaceira Lídia. Nilda é a guardiã da velha casa. Conversamos por alguns minutos e com o consentimento de dona Nilda, acertamos de resgatar todo o material existente naquele cubículo, onde me caberia algumas peças, tarefa não tão fácil, pela dificuldade de transpor a barreira de centenas de vespas com seus ardentes e venenosos ferrões.

    Em Paulo Afonso me preparei adquirindo equipamentos de proteção para usar e que pudessem me proteger no resgate do tesouro de dona Baló.    No dia 15 de maio de 2005, uma manhã de domingo de nuvens negras e ameaçadoras, embarquei com o velho amigo Ivan Caetano, um aposentado mecânico de aeronaves e que durante muito tempo dedicou sua especializada mão-de-obra ao setor de aviação da CHESF. Seguimos viagem, eu, Ivan e sua esposa Leonídia, na boleia da antiga e inseparável "TRUBANA", uma F -1000, vermelha, que Ivan possui há muito tempo.

    No segundo percurso, de aproximadamente 12 quilômetros, sendo a maior parte em estrada de chão, podemos observar os estragos feitos pela chuva que há dias castigava este pedaço de chão. Aos solavancos e pelas mãos firmes do estimado amigo, chegamos ao povoado Salgadinho. Descemos entre poças de lamas e riachos de águas correntes, bem na frente da casa da cangaceira Lídia e lateral às casas de dona Nilda e Sinhozinho. O verdadeiro nome de Sinhozinho é José Luís Pereira e é o único irmão vivo da cangaceira.

    Por alguns minutos conversamos com dona Nilda e depois seguimos na direção da casa de Sinhozinho, onde pudemos saborear uma docíssima melancia, sob a fresca aragem de um frondoso umbuzeiro. Depois da melancia, nos preparamos para a árdua tarefa. Coloquei o apropriado macacão, botas, luvas e um chapéu com uma rede de nylon.

    Seguimos, eu e o Ivan, até a parte traseira da casa, local que dava um melhor acesso para entrarmos no quarto, onde se encontrava o baú e a lamparina. O Ivan se encarregava de encher dois vasilhames com querosene e eu saía alvejando o mortífero líquido nas casas das ariscas vespas, que aos montes atacavam tentando ferroar-me, sem sucesso.

    Enquanto centenas de maribondos voavam desnorteados, eu vasculhava os recantos semi-escuros daquele pavimento. Na verdade, lá dentro, existiam três baús. Um deles, o mais bonito de todos, mesmo sendo recoberto por couro, desintegrou-se quando eu o toquei, tentando arrastá-lo para fora e, de dentro do baú, saíram centenas de abelhas pretas que em vão tentavam picar-me para protegerem uma já esfarelada colméia. Peguei o baú que se encontrava em perfeito estado e dentro encontrei algumas velhas e carcomidas peças de roupa, carretéis de linhas, velhas notas de dinheiro, valendo um, dois, dez, vinte e cinquenta cruzeiros. Deixei o perfeito baú aos cuidados do amigo Ivan e retornei para vasculhar a velha armação de um desintegrado caixote. No meio das tábuas mofadas e da areia, encontrei coisas mais interessantes, tais como: duas grandes moedas do tempo do Império, datadas de 1831 e que trazem estampadas o numeral 40, dois tinteiros de nanquim, dois punhais, sendo um de 0,35 centímetro e um menor e mais belo, medindo 0,23/2 centímetros trazendo na folha de aço, o nome FAVORITA KOCK e C° KOLM, ST e C, uma mecha de cabelos presa por uma trabalhada peça de ouro, um chicote de couro, um canivete, dois vidros antigos de perfume, duas esporas, uma casca de bala com as iniciais FEAG e datada de 1921, vários botões de tamanhos variados, um dedal, 04 chaves de portas, várias fivelas, um pequeno recipiente de alumínio feito para guardar agulhas, uma peça para perfurar couro, vários carretéis de madeira (escrito em alguns: LINHA BISPO, GLACÊ E ÔLHO), uma almotolia para lubrificar máquina, dois fusos, um vazador de fabricação artesanal, uma moeda de 100 réis, datada de 1928.

    Das paredes de taipa resgatei a velha lamparina e algumas imagens de santos, estas acabaram ficando com Sinhozinho. Esse era o tesouro de dona Baló, mãe de cangaceira Lídia. Dentro de três velhos baús, peças da época do cangaço se misturavam com outras coisas mais recentes e acabaram despertando o meu lado garimpeiro das coisas do passado.

    Saímos do povoado Salgadinho, já com o horário do almoço ultrapassado e sem que antes saboreássemos outra melancia, oferecida desta vez, pelas mãos de dona Nilda.

    No horizonte, negras nuvens caminhavam cercando o antigo povoado. Despedimos-nos e retornamos dando uma parada no povoado Açude, mais precisamente no bar do Bilinho, onde comemos uma deliciosa galinha de capoeira e o tradicional bode assado.

    O verdadeiro tesouro que encontrei naquela nublada manhã de domingo, estava no doce sabor da melancia, nas pisadas nos riachos de águas correntes, nos esporádicos pingos de chuva que nos encharcavam e na alegria do sorriso do meu querido casal de amigos.


 


 


 


 


 

João de Sousa Lima

(Escritor e historiador)

Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Paulo Afonso

Membro da BESC e da Academia de Letras de Paulo Afonso

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010



Em março de 2010 teremos o 2° seminário do centenário de Maria Bonita, uma realização da prefeitura de Paulo Afonso e UNEB - campus VIII, com coordenação geral do escritor João de Sousa Lima

2° seminário do centenário de Maria Bonita


vem ai, em março de 2010 o 2° seminario do centenário de maria bonita, com coordenação geral de João de Sousa Lima

domingo, 3 de janeiro de 2010

No silencio do ocaso, novo livro do escritor João de Sousa lima

SORTEIO #2: "No Silêncio do Ocaso" - João de Sousa

Interessado em adquirir o livro, favor entrar em contato com o autor:
João de Sousa Lima - (75) 8807 4138


O escritor e pesquisador da história do Cangaço, João de Sousa Lima, lançou no início deste mês o seu mais recente trabalho literário, "No Silêncio do Ocaso". O livro traz a reunião de poesias, um resultado de inspirações do cotidiano. Segundo o autor, a obra fala de amor, tristezas e alegrias, sentimentos e momentos de uma pessoa comum.


Interessado em ter esse livro em mãos e ainda com dedicatória exclusiva do autor?? Então PARTICPE! Se inscreva para o sorteio e cruze os dedos para concorrer a um exemplar. É só escrever em COMENTÁRIOS apenas NOME, SOBRENOME e E-MAIL para contato, até às 18h desta SEXTA-FEIRA - 18.12.2009. O sorteio será feito através do site www.random.org, a partir da quantidade e ordem dos comentários - postarei print do sorteio aqui. Lembrando que apenas moradores de Paulo Afonso poderão participar. Boa sorte!

João de Sousa Lima no Esporte Fantastico

Paulo Afonso é destaque no programa Esporte Fantástico da Rede Record

Veja o vídeo da matéria exibida no programa Esporte Fantástico sobre a Maratona de Canoagem da Bahia e a ligação do esporte com o cangaço, contada pelo historiador João de Sousa Lima.

Marcos Pinheiro
marcospinheiro.jr@gmail.com

Crédito: Reprodução

Historiador e escritor João de Sousa Lima

Foi ao ar neste último sábado, dia 05, no programa Esporte Fantástico da Rede Record, a matéria sobre a Maratona de Canoagem da Bahia, que aconteceu dia 03 de outubro e teve sua largada aqui em Paulo Afonso. A prova com um percurso de 55 km pelo Rio São Francisco, passou por Alagoas, Sergipe e Bahia e contou com mais de uma centena de atletas de diversos estados, como o campeão pan-americano Sebastián Cuattrin. 

 
 

E durante esse trajeto muitas histórias para contar. Na matéria conhecemos um pouco mais das histórias da população ribeirinha, através de um típico sobrevivente do Velho Chico, seu Edvan Reginaldo. O senhor de 53 anos, conta que sustentou seus oito filhos com a pesca e como um verdadeiro nordestino, cheio de humor, revela que o segredo de seu vigor está na rapadura com farinha.

 
 

Assim como seu Edvan, milhares de nordestinos que vivem às margens do velho rio, puderam ver de perto a maratona de canoagem. No evento que foi realizado pela Brasil Wild, com o patrocínio do Governo do Estado e da Prefeitura Municipal de Paulo Afonso, através da Secretaria de Turismo, Cultura e Esporte, Sebastián garantiu o primeiro lugar, completando a prova em pouco mais de cinco horas.

 
 

A equipe da Rede Record aproveitou ainda e arrumou um tempo para desbravar as histórias do sertão. Foi com o historiador João de Sousa Lima, que descobriram que a história do cangaço está ligada diretamente ao esporte. Dona Aristéia de 96 anos, uma das últimas cangaceiras ainda viva, dá seu depoimento à reportagem e lembra como era dura sua vida de andarilha. "Uma aula de cultura, história e esporte no sertão nordestino. Uma viagem fantástica", assim é encerrada a matéria, que pode ser vista em vídeo clicando AQUI.

Escritor João de Sousa Lima e o tema cangaço

É da Terra

21/09/09  16h09m - Paulo Afonso - BA

João de Souza Lima - Quase um Lampião

Texto: Marcos Pinheiro | Revisão: Paloma Sousa
marcospinheiro.jr@gmail.com

Crédito: www.ozildoalves.com.br

João de Souza, 44 anos

João de Souza, o pernambucano que chegou a Paulo Afonso ainda pequeno e formou-se Técnico em Contabilidade, hoje se divide entre o trabalho como Coordenador de Cultura do município e sua ligação de 12 anos com a história do cangaço e do povo sertanejo.


 

Sua dedicação à cultura nordestina partiu de um convite feito pela amiga Glória Lira, para que junto com um grupo, João fizesse um apanhado sobre as histórias do sertão. "Eu achava que os resquícios do cangaço estavam distantes, mas encontrei pessoas que viveram com Lampião e que até mesmo foram cangaceiros. Depois disso, não parei mais", diz João de Souza.


 

O percurso de 12 mil quilômetros feitos em uma moto, colhendo informações, resultou em seu primeiro livro, "Lampião em Paulo Afonso" - este já esgotado, porém breve em segunda edição. Além desse exaustivo primeiro trabalho, João é co-autor de outros três livros de autoria do professor Juracy Marques e ainda autor de "Trajetória Guerreira de Maria Bonita, a Rainha do Cangaço" e uma cartilha fotográfica sobre a reforma da casa de Maria Bonita. Em "Moreno e Durvinha – Sangue, Amor e Fuga no Cangaço", João teve o privilégio de divulgar, junto com o casal de cangaceiros, o livro pelo Brasil.


 

Responsável pela produção de dois filmes experimentais, João de Souza encarou a tarefa de dirigir um curta-metragem. "Nos Carrascais do Sertão" conta a história de um dos integrantes do bando de Lampião e já tem presença garantida no Cine Ceará do ano que vem, que abordará temas ligados ao nordeste.


 

Este ano João ainda pretende lançar um livro de poesias chamado "No Silêncio do Acaso" e outro sobre a história de Paulo Afonso, desligando-se um pouco do poderio da CHESF. Ano que vem, concluí o livro que será definitivo em toda sua pesquisa sobre o cangaço, dedicando-se a partir de então, à história de nossa cidade, porém sempre à disposição da comunidade para palestras e ao que se diz respeito ao bando de Lampião.

Rota do Cangaço, mais um projeto do escritor João de Sousa lima

Canion e cangaço na Oficina de Roteirização do turismo em Paulo Afonso

Antônio Galdino


Este ano, alguns eventos importantes para a retomada do crescimento da região a partir do turismo, aconteceram em Paulo Afonso e na região.

Em março, em seminário promovido pela Bahiatursa foi revista o zoneamento turístico do estado e criada a Zona Turística Lagos e Canions do São Francisco, sediada em Paulo Afonso, reunindo os municípios de Paulo Afonso, Glória, Abaré, Rodelas e Santa Brígida, que deixaram a ZT Lagos do São Francisco, sediada em Juazeiro.

A nova Zona Turística Lagos e Canions do São Francisco foi aprovada pelo Forum de Turismo da Bahia na reunião de 18 de março de 2009. Entre 1º e 3 de outubro, estiveram na região um diretor e assessores do Ministério do Turismo, da área de investimentos públicos e privados e se reuniram em Jatobá-PE, num primeiro momento, com prefeitos e representantes do turismo da região.

Antonio Galdino Impossível não se extasiar com este espetáculo

Ali estiveram os prefeitos de Paulo Afonso, Glória e Jatobá e representantes de Piranhas e Poço Redondo. Segundo o diretor Hermano, assessorado por José Rocha e Bruno, "esse encontro preliminar terá desdobramentos e o MTur estará bem mais presente na região". No dia 3 de outubro aconteceu a Maratona de Canoagem no cânion do São Francisco, de Paulo Afonso a Xingó.

O evento realizado numa parceira do Secretaria de Turismo da Bahia e a Prefeitura de Paulo Afonso trouxe ao município o Secretário de Turismo da Bahia, Domingos Leonelli e os deputados Lídice da Mata, José Carlos Aleluia e Luiz de Deus que fizeram, junto com o Prefeito Anilton Bastos e outras autoridades da região de grande número de jornalistas o trajeto, no Catamarã Raso da Catarina, até o Rio do Sal.

Dia 4 de outubro, a Prefeitura de Paulo Afonso realizou a 1ª procissão fluvial no rio São Francisco, no Lago Moxotó até a Prainha do Lago PA-IV, evento que entra para o calendário do município.

Antonio Galdino

Entre 16 e 19 de outubro aconteceu a Expedição D. Pedro II, a Rota do Imperador, um projeto de iniciativa privada que contou com o apoio e participação de prefeituras alagoanas(7), sergipanas(1), baianas(1) e pernambucana(1). O projeto refaz a viagem do Imperador D. Pedro II, feita em outubro de 1859, até a Cachoeira de Paulo Afonso. (veja matéria no site http://sistema.padigital.com.br//";">www.folhasertaneja.com.br).

No período de 9 a 12 de novembro foi realizado em Paulo Afonso o Seminário de Roteirização Lagos e Canions do São Francisco, organizado pela Bahiatursa, em parceria com a Prefeitura de Paulo Afonso e participação dos Estados de Alagoas e de Sergipe.

Os debates focaram a grande potencialidade turística da região, como destacou o Professor Antônio Galdino, presidente do COMTUR/Paulo Afonso, na sua palestra, mas voltaram-se especialmente para dois grandes temas, comuns à maioria dos municípios no entorno de Paulo Afonso: o cânion do São Francisco e o cangaço.

Antonio Galdino Museu Casa de Maria Bonita - Malhada da Caiçara/Paulo Afonso

Paulo Afonso possui o maior canion natural navegável do mundo, com paredões de mais de cem metros de altura e o cangaço está presente nos livros de João de Souza Lima, outro palestrante do seminário e Luiz Ruben, nas muitas andanças de Lampião pelo Riacho (Casa de Genorosa), Malhada da Caiçara, onde está o Museu Casa de Maria Bonita, Baixa do Boi, onde, na Lagoa do Mel, morreu Ezequiel o irmão mais novo de Lampião, E no Raso da Catarina, em Água Branca, em Glória, em Canindé do São Francisco e dezenas de lugares na região.

Mesmo sem nunca ter entrado vivo em Piranhas, ali foram expostas as cabeças de Lampião, Maria Bonita e sete cangaceiros, emboscados pela polícia na Grota de Angico, que está em Poço Redondo mas a sua visitação é feita pelo rio e trilha de 700 metros, por Canindé do São Francisco. Seminários como o do Centenário de Maria Bonita, realizado em março deste ano em Paulo Afonso e muitos outros que acontecem na região têm sempre uma grande participação popular para um tema que já rendeu centenas de livros, filmes, seriadas de televisão, teses de mestrado e doutourado no Brasil e no exterior.

 
 

Antonio Galdino Em Paulo Afonso, representantes de três estados nordestinos discutem o turismo regional

Para se ter uma idéia da importância ou da preferência pelo tema, os sites de consulta na internet revelam números fantásticos. A palavra cangaço, Lampião, no Google, por exemplo, leva para centenas de milhares de páginas e o nome Maria Bonita tem quase 4 milhões de páginas nesse site.

Depois de uma abertura, dia 9, no Memorial Chesf, com a presença do Vice-prefeito de Paulo Afonso, Jugurta Nepomuceno, Prefeita de Glória, Ena Vilma, do presidente da Câmara de Paulo Afonso, Antônio Alexandre e diretores de turismo da Bahia, Alagoas e Sergipe, o Seminário de Roteirização teve seqüência nos dias 10 e 11 no auditório do Hotel Belvedere e no dia 12 com passeio à Casa de Maria Bonita e de catamarã no câniom de Paulo Afonso, no Rio do Sal sendo encerrado com almoço no Restaurante Carioca, na Prainha de Paulo Afonso.

joão tavares Catamarã Raso da Catarina nas águas do Canion de Paulo Afonso - Rio do Sal

Representantes dos órgãos governamentais municipais e estaduais, empresários e profissionais da cadeia produtiva do turismo, sociedade civil de diferentes segmentos sociais, como organizações locais, associações comunitárias, instituições de ensino, organizações não governamentais (ONGs), associações comerciais, entre outros, reuniram-se para discutir a elaboração de novos roteiros turísticos integrados nos Cânions, explorando a história do cangaço, abrangendo os estados da Bahia, Alagoas e Sergipe. Assim como, avaliar os roteiros já existentes visando à sua qualificação.

A expectativa de todos os que atuam ou lutam para o desenvolvimento regional a partir da incrementação de projetos na área do turismo e de incentivos e apoios mais marcantes dos governos e investimentos na melhoria da qualidade dos serviços pelo trade é o real desenvolvimento sustentável da região a partir desse importante segmento.


João de Sousa Lima e os 70 anos de morte de Lampião e Maria Bonita

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Folha Sertaneja - Paulo Afonso - BA
09/08/2008 - 00:22

Lampião: 70 anos depois - Os 12 mortos de Angico

João de Souza Lima

Pesquisadores na Grota do Angico, local da morte de Lampião, há 70 anos

O tema Cangaço tem merecido grande atenção de pesquisadores em todo o mundo. Sobre ele existem milhões de páginas na internet e centenas de sites. Mais de quatrocentos livros já foram publicados sobre o assunto e, segundo o pesquisador João de Souza Lima, "apenas cerca de 150 deles merece credibilidade total. Outros fantasiam muitos e outros ainda estão recheados de bobagens e totalmente fora da seriedade deste tema".

O autor dos livros
Lampião em Paulo Afonso, A Trajetória Guerreira de Maria Bonita, Morena & Durvinha – Sangue, amor e fuga no cangaço e de uma cartilha sobre a restauração da Casa de Maria Bonita, João de Souza Lima atendeu ao convite da Folha Sertaneja e refez o trajeto da volante que matou Lampião, Maria Bonita e 9 cangaceiros na Grota de Angico, em Poço Redondo, onde também morreu o soldado Adrião, conhecido como Adriano.

Veja o seu relato e as histórias que contou sobre a morte de Lampião e os desdobramentos do assunto ainda hoje. (AGS)

Dia 27 de julho de 2008, eu, Antonio Galdino e a equipe do Jornal Folha Sertaneja, juntamente com Renato Oliveira Mendonça (sobrinho neto de Maria Bonita), o jornalista Glauco Araújo do G1 – Portal de Notícias da Globo, saímos de Paulo Afonso em direção a Grota do Angico, em Poço Redondo, Sergipe.

Antônio Galdino Jairo, turismólogo e Diretor de Cultura de Piranhas (com microfone) foi o anfitrião do passeio

Com nosso próximo destino sendo Piranhas, Alagoas, uma embarcação nos aguardava já tendo a bordo o Diretor local de Cultura Jairo Rodrigues, o escritor pernambucano Antonio Vilela, o documentarista cearense Aderbal Nogueira e, umas duas dezenas de pessoas interessadas no tema cangaço e em conhecer o local onde 70 anos antes havia sido dizimado Lampião e uma parte do seu grupo.

Todos reunidos, filmadoras e câmeras a postos e o barco foi desatracado do pequeno cais. A rota foi à mesma realizada exatamente 70 anos antes, pelo comandante tenente João Bezerra, o aspirante Chico Ferreira, sargento Aniceto Rodrigues e seus comandados.

Enquanto as corredeiras favoráveis impulsionavam mais rápido o barco, as imagináveis lembranças iam sendo despertadas com a visão da bela paisagem. Uma leve chuva caía, mesma cena vivida pela volante policial 70 anos passados.

Com os afluentes bicos de pedras e lajedos no meio do milenar Rio São Francisco, fica difícil entender como a polícia conseguiu descer aquelas águas em três barcos ajoujados (unidos e amarrados com cordas), durante o anoitecer e sem iluminação. O fato é que o percurso foi realizado com sucesso.

Alguns minutos depois estaríamos diante de um restaurante, já pelo lado sergipano, na entrada da Grota do Angico. Desembarcamos por uma plataforma bamba e uma tábua submersa, molhando os calçados. Reunidos no restaurante nos municiamos com água e seguimos os 800 metros na trilha que nos levaria a Grota.

Antônio Galdino A trilha tem 800 metros

Em fila indiana fomos aos poucos galgando o caminho com paradas esporádicas para entrevistas e fotos. A vereda molhada e escorregadia dificultou ainda mais o trajeto. Algumas pessoas de mais idade, cansadas, tiveram que contar com a ajuda de outros mais jovens nas subidas e descidas cheias de pedregulhos.

Alguns versos da época do cangaço iam sendo recitados. No caminho encontramos três ciclistas que faziam o caminho inverso, oriundos de Canindé do São Francisco, Sergipe.

Com uns respirando acelerado, outros cansados e mais alguns exaustos, sem contabilizarmos alguns tombos sofridos, chegamos ao local onde duas cruzes e uma placa com os nomes dos cangaceiros marca o local que ficou eternizado por ser o ponto da morte de Lampião, o Rei do Cangaço.

Fotos eternizaram a visita e fatos sobre as mortes foram esclarecidos, discutidos e analisados naquele momento.

Antônio Galdino Escritor João Souza Lima, na Grota do Angico, em Poço Redondo-Se

Entre a conversa em torno das cruzes comentamos a falha do tenente João Bezerra que sendo o comandante do grupo que matou os cangaceiros, retornou lá, na década de 70 e em homenagem aos cangaceiros mortos deixou uma cruz grande tendo o detalhe de dez pequenas cruzes, totalizando onze, que foi a quantidade de cangaceiros abatidos, esquecendo o policial de prestar também sua homenagem (e talvez a mais justa) ao soldado Adrião, que foi o único soldado morto no tiroteio.

A velha cruz colocada pelo tenente foi tempo depois retirada por Vera Ferreira (neta de Lampião e Maria Bonita) e ela vem sofrendo vários pedidos de historiadores que assinaram um manifesto para que devolva a peça para seu devido lugar.

No local o escritor Antonio Vilela, que é evangélico, foi convidado para fazer uma oração e como ele deixou claro, não contrariando sua fé, orou apenas pela nossa segurança, saúde e a amizade estabelecida naquele ambiente. Ambiente tão cheio de histórias e controvérsias.

Antonio Galdino e sua equipe (Ricardo e Nícolas) e Glauco Araújo realizaram seus trabalhos jornalísticos, documentando entrevistas com suas câmeras e aí chegou o momento de retornarmos.

Antônio Galdino doces - referências ao cangaço

O grupo pôs novamente os pés no caminho argiloso e escorregadio de pedras tantas e soltas. No trajeto uma pausa para fotografar um preá que morreu espetado nos espinhos de um mandacaru. O caminho de volta foi vencido, chegamos ao restaurante onde degustamos um tucunaré acompanhado de uma gostosa comida caseira, ainda discutindo sobre os onze cangaceiros e o soldado Adrião, os mortos da Grota do Angico.

Em partes restabelecidos do cansaço e em todo da fome nos dirigimos para a embarcação. Tiramos os calçados e enfrentamos dessa vez a plataforma de subida totalmente submersa.

Antônio Galdino Rota de Angico, pelo rio São Francisco

Contra a correnteza começamos o mesmo trajeto também feito pela volante policial. Para trás ficou a Grota do Angico, há 70 anos passados onze cabeças e um corpo subiram as corredeiras do Velho Chico, em barcos rusticamente manobrados por experientes canoeiros, enquanto onze corpos degolados ficavam no silêncio do Riacho do Angico, onde a fumaça e o cheiro da pólvora impregnavam o ambiente antes acolhedor de um sono vacilante, de uma história que teima em não calar, talvez por ser hoje parte da história do nosso Brasil.

Hoje, 28 de julho de 2008, exatos 70 anos das mortes enquanto escrevo estas memórias o pensamento retorna aquela Grota e diante de tantos depoimentos deixados, alguns fantasiosos e outros tantos por quem realmente vivenciou o momento.

Sinto que apesar de 70 anos do ocorrido, ainda é cedo, muito cedo para análises precipitadas e julgamentos tendenciosos e defendo a releitura histórica apenas pelo valor histórico dos fatos acontecidos e não por críticas preconceituosas que possam ferir a nossa imagem de Sertanejo-Nordestino tão avaliada e avariada por "Doutores" que não conhecem a nossa realidade e são formados com suas teses através de conhecimentos de gabinete, sem nunca ter pisado a verdadeira escola do homem do campo.

Antônio Galdino A visão de Piranhas, no retorno

Sabe lá quantos mistérios se escondem naquela manhã úmida e fria de 28 de julho de 1938? Nos resta saber que hoje, 28 de julho de 2008, doze corpos restaram naquele fatídico dia e o silencio ainda impera enigmático e ao mesmo tempo ensurdecedor.

A história continua lá, as cruzes marcam e lembram o momento, o tempo eterniza a história.

Maria Bonita e a pesquisa de João de Sousa Lima

12/03/2009 - 02:40

Folha Sertaneja - ESPECIAL - MARIA BONITA e o cangaço: cem anos de História

Antônio Galdino

Benjamim Abrahão Maria Bonita na caatinga posando para Benjamim Abrahão

UNEB e Prefeitura de Paulo Afonso realizam seminários do Centenário de Maria Bonita

A temática do cangaço e a vida de Lampião têm merecido estudos cada vez mais intensos. Nas universidades, é tema de mestrados e doutorados pelo mundo afora. A literatura, e desde a sua contemporaneidade, os folhetos de cordel, espalham os feitos do Rei do Cangaço e de muitos dos cangaceiros que cruzaram o Nordeste desafiando o Brasil Oficial ou a seu serviço.

O cinema, ao longo de décadas, tem mostrado a figura do cangaceiro, real ou caricata, para consumo de milhões de pessoas, como O Cangaceiro, de Lima Barreto, de 1953, com diálogos de Raquel de Queiroz, o primeiro filme sobre o tema cangaço e ganhador de vários prêmios internacionais, inclusive o Festival de Cannes daquele ano. Na internet, o tema ganha milhões de páginas, milhares de sítios (sites).

Tão intensa é a procura pelo assunto que, ao lado de escritores e estudiosos sérios têm aparecido oportunistas que criam fatos e enredos gerando conflitos entre a verdadeira história e as invencionices mais absurdas que povoam o imaginário popular.

Benjamim Abrahão Posando, no meio da caatinga

E a história ganha contornos contraditórios, o que leva o jornalista e professor de História da UFP, Mário Hélio a afirmar que "há, obviamente, um Lampião real, e um outro, muito mais vivo e forte que este, mítico." E acrescenta, na Apresentação do livro "De Virgulino a Lampião" de Vera Ferreira e Antônio Amaury, que "ainda está aberto a exame o que há de mítico e de real em Lampião e no cangaço, num trabalho de história comparada, interdisciplinar pela sua própria natureza".

Se o tema "cangaço" ou "Lampião" merece milhões de páginas em sites como o Google, bem menor tem sido o espaço dedicado ao estudo da presença da mulher como parte integrante desse universo.

O escritor Antônio Amaury, em seu livro "Lampião: as MULHERES e o Cangaço", DE 1984, mostra, segundo Franklin Maxado ao apresentar este livro, "o lado sexual ou o das mulheres no cangaço, lado pouco explorado desse mundo".

Em 1997, Ilda Ribeiro de Souza, a cangaceira Sila, assina o livro "Angico, eu sobrevivi – confissões de uma guerreira do cangaço". Mais adiante, em 2003, Antônio Amaury destaca a importância da cangaceira Dadá, valente, guerreira, companheira do "Diabo Louro" e sua privilegiada memória que lhe permitiu conseguir informações importantes sobre o cangaço nos muitos meses em que ela foi sua hóspede, em São Paulo e escreve "Gente de Lampião: Dadá e Corisco".

Mais recentemente, em 2005, João de Souza Lima focou suas pesquisas em Maria Bonita, e escreveu "A trajetória guerreira de Maria Bonita, a Rainha do Cangaço" e em 2007 escreveu "Moreno e Durvinha, sangue, amor e fuga no cangaço".

Benjamim Abrahão Maria Bonita, o sorriso da guerreira

E o que dizer de Maria de Déa, Maria Bonita, a Rainha do Cangaço, que ousou deixar um marido com quem se casara ainda adolescente, rompeu os paradigmas de sua época, abandonou os costumes, tradições e feriu a honradez da família ao optar em acompanhar Lampião e viver uma vida de confrontos com a polícia, fugas pela caatinga, sem a paz suficiente para manter vivos em seu ventre os filhos gerados e poder sequer ser a mãe presente na vida de sua menina, Expedita, criada por amigos?

Como compreender essa mulher que nasceu em 8 de março de 1911, data em que se comemora, em todo o mundo, o Dia Internacional da Mulher?

A ela, quando mandou de volta o irmão que queria entrar no cançaço é atribuída a frase: "desgraçada por desgraçada aqui, basta eu". O Cangaço, especialmente para as mulheres, era um caminho sem volta?

Foi para buscar mais compreensão sobre a trajetória de Maria Bonita que a Universidade do Estado da Bahia e a Prefeitura de Paulo Afonso uniram suas forças, buscaram parceiros, convidaram estudiosos do tema e promovem o I Seminário Internacional – O Centenário de Maria Bonita.

A grandiosidade do tema levou um grupo de estudiosos de Paulo Afonso, como o Professor/Doutor Juracy Marques, atual diretor da UNEB – Campus VIII, os escritores João de Souza Lima, Luiz Ruben, Antônio Galdino, também diretor do jornal Folha Sertaneja, Roberto Ricardo, presidente do IGH, Glória Lira, atual diretora de Cultura da Prefeitura, Professor Edson Barreto, a trabalhar a idéia de se fazer o Seminário Internacional – O centenário de Maria Bonita, nesses três anos, até 2011.

A idéia, que se arrasta desde 2007, tomou mais impulso pela receptividade que encontrou na atual gestão municipal, na Secretaria de Turismo e seus departamentos de Cultura, Turismo e Eventos.

Organiza-se então o I Seminário, em 2009, no período de 3 a 8 de março, reunindo pesquisadores e estudiosos da região. Haverá debates com escritores regionais, exibição de documentários, exposição de livros, revistas e jornais sobre o tema, além de apresentação de musicais e encenação teatral.

E há interesse de participação, nos próximos seminários, de pesquisadores franceses e alemães e cineastras e grandes empresas de comunicação, tendo em vista a grandiosidade do tema. O evento, organizado pela UNEB – Campus VIII e Prefeitura Municipal de Paulo Afonso, conta com o apoio da Chesf, Sesc Ler, 1ª Cia de Infantaria, IGH, SEBRAE, SBEC e jornal Folha Sertaneja

Nos anos seguintes o II Seminário, em 2010 e o III Seminário em 2011, terão uma dimensão muito maior, realmente internacional.

Lampião andou por sete estados nordestinos Paulo Afonso – território privilegiado, habitat natural de cangaceiros

A região de Paulo Afonso possui um cenário privilegiado onde se podem encontrar centenas de pessoas que ainda falam, por conhecimento próprio ou por conhecerem de familiares contemporâneos de Lampião e Maria Bonita, sobre os movimentos dos cangaceiros e das volantes por estas terras.

Nos vários povoados do município de Paulo Afonso e ainda em Glória e outras cidades vizinhas, o escritor João de Souza Lima, autor de "Lampião em Paulo Afonso", "A trajetória guerreira de Maria Bonita, a Rainha do Cangaço" e Moreno e Durvinha – Sangue, amor e fuga no cangaço", encontrou-se com dezenas de cangaceiros, coiteiros, seus parentes e descendentes e guarda com carinho muitas horas de entrevistas em áudio e vídeo com depoimentos que ajudam a conhecer um pouco mais da vida dos que faziam parte dos vários bandos de cangaceiros e dos que militavam nas tropas das volantes que andavam no seu encalço.

O escritor possui também farto material pertencente aos cangaceiros e volantes que estarão sendo no acervo do Museu Regional do Sertão que será construído pela Prefeitura Municipal de Paulo Afonso. Pessoas como a cangaceira Aristéia Soares de Lima que nasceu em 23 de junho de 1916 em Capiá da Igrejinha, no município de Canapi, Estado de Alagoas e que, embora nunca tenha conhecido Lampião, percorreu a caatinga alagoana no Bando de Moreno e Durvinha e conta histórias dos tiroteios e das fugas no sertão tem acompanhado João Lima em suas palestras pelo Brasil.

Hoje, beirando os 93 anos, lúcida, alegre, mora no Jardim Cordeiro, ao lado da Ponte D. Pedro II onde recebeu, em 18 de fevereiro de 2009, a reportagem da Folha Sertaneja, levada pelo escritor João de Sousa Lima, e nos concedeu longa entrevista.

Na preparação desta matéria especial, sempre acompanhado do escritor João de Sousa Lima, fomos a Carqueja, município de Floresta. Ali mora o Ten. João Gomes de Lira um dos mais ferrenhos perseguidores do bando de Lampião. Homenageado pelos seus feitos, com diplomas e comendas, o Ten. João Gomes ainda guarda com todo zelo e cuidado a arma e a farda que usou nas muitas léguas percorridas no sertão à busca do cangaceiro e seu bando.

O que viu está registrado em dois volumes do livro Memórias de um Soldado da Volante, publicados em 2007 pela Prefeitura Municipal de Floresta. Chegando aos 96 anos, o Ten. João Gomes Lira também nos recebeu em sua casa e sua memória privilegiada nos contou passagens dessa luta na dureza da caatinga.

Quem foi Maria Bonita?

Benjamim Abrahão Maria penteia os cabelos de Lampião

Em 8 de março de 2011 faz 100 anos que uma mulher, sertaneja, guerreira, nasceu na Malhada da Caiçara, hoje no Município de Paulo Afonso. Maria Gomes de Oliveira, filha de José Gomes de Oliveira, conhecido como José de Felipe e de dona Maria Joaquina Conceição Oliveira, conhecida como Dona Déa. A criança ficou conhecida como Maria de Déa e como é ainda hoje muito comum nas terras sertanejas, casou muito cedo, com apenas 15 anos, com um primo, José Miguel da Silva, conhecido como Zé de Neném.

O casamento atribulado, de muitas brigas e separações, pode ter favorecido a virada na vida da sertaneja da Malhada da Caiçara. Decidida e com o apoio da mãe, mesmo contra a vontade do pai, aceita o convite e acompanha Lampião em suas peripécias pelo sertão. Deixou de se chamar Maria Gomes ou Maria de Déa.

Passou a ser chamada de Maria de Lampião ou Maria do Capitão e se consagrou na literatura, nas canções da época, nos filmes e documentários, nas teses de mestrado e doutorado pelo mundo como Maria Bonita, a Rainha do Cangaço.

Destemida nas lutas diárias, companheira inseparável de Lampião, sabia impor respeito e a sua presença no bando trouxe mais leveza, mais feminilidade à aridez do sertão e dos homens do grupo. Há relatos que a sua intervenção, o seu instinto maternal ajudou a salvar vidas de homens que estavam na mira do mosquetão ou na ponta do punhal.

Coincidentemente Maria Bonita nasceu no Dia Internacional da Mulher e a amplitude do tema, o que representou a sua presença forte dentro do cangaço, numa época em que a mulher não possuía nenhum direito, a sua coragem de deixar um casamento desestruturado, uma família que regia seus atos debaixo de rigorosos conceitos de honra, continua merecendo estudos, livros, debates, seminários.

Lampião, Maria Bonita, o Cangaço: Um mito, uma lenda, uma grande história

Benjamim Abrahão Maria Bonita e Lampião

Passados 110 anos do nascimento de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião e 70 anos de sua morte cresce a cada momento o interesse de estudiosos e pesquisadores do mundo inteiro em conhecer mais sobre esse sertanejo, menino nascido na aridez da caatinga nas terras de Vila Bela, hoje Serra Talhada, em junho de 1898.

Certamente teria sido mais um sertanejo anônimo, tocador de roças, sofredor das secas, sonhador com a fartura das invernadas, não tivesse ele vivido, "num ambiente de violência gerada pela disputa de terras entre famílias inimigas daqueles lugares", como diz sua neta Vera Ferreira. Muito já se escreveu sobre ele e são inúmeras as formas como é analisado pelos que se aprofundam no tema. Temido por muitos, amado por outros tantos, sua figura virou um mito e um mito nunca morre.

A sua coragem, a determinação e os apoios que sempre recebeu de importantes coronéis da época, de poderosos do governo e do Pe. Cícero Romão Batista, o fez sobreviver às agruras do sertão. Andou por quase todos os Estados Nordestinos, -Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Sergipe, Alagoas e Bahia, com seu bando que variava de tamanho e se dividia em outros muitos de acordo com esta sua necessidade de sobrevivência.

Exímio estrategista ganhou respeito dos que formavam o seu bando. Autores sérios falam de técnicas por eles utilizadas nos combates e nas fugas que deixavam malucos os soldados que se embrenhavam pela caatinga, à sua procura. Por isso que os que pesquisam com seriedade sobre Lampião refutam a informação publicada por outros escritores de que a Furna dos Morcegos, existente na margem alagoana do cânion do rio São Francisco, ao lado da Cachoeira de Paulo Afonso, teria sido um dos seus coitos. Argumentam esses historiadores, entre eles João de Sousa Lima, que a Furna dos Morcegos tem apenas uma entrada e saída de difícil acesso e que, ao seu lado funcionava, até 1961, a Usina Angiquinho, com trabalhadores se movimentando a todo momento o que faria do coito um alvo fácil para a polícia.

Em entrevista publicada no site mantido pela neta de Lampião, Vera Ferreira e no seu livro "De Virgulino a Lampião" ele, que foi almocreve e tinha inegável habilidade no trabalho com o couro, diz "Estou me dando bem no cangaço e não pretendo abandona-lo. Não sei se vou passar a vida toda nele. Preciso trabalhar ainda uns três anos... Depois, talvez me torne comerciante".

As muitas histórias sobre Lampião chamado pelo poeta Ivanildo Vilanova de "herói, bandido e louco", levou sua neta Vera Ferreira a escrever, com o escritor Antonio Amaury o livro "De Virgulino a Lampião", "parte da história desse nosso personagem passada a limpo", como escreveu na dedicatória ao exemplar que me ofereceu.

Outro escritor sobre Lampião, Oleone Coelho Fontes, em "Lampião na Bahia" diz que "Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, foi quem introduziu o cangaço na Bahia. Sabe-se até a data em que o fenômeno aconteceu, fato singularíssimo na história: 21 de agosto de 1928, depois do meio-dia".

E acrescenta Oleone: "Verdade é que se Lampião nunca tivesse invadido a geografia baiana jamais teríamos tido aqui o fenômeno cangaceirismo que assolou de modo endêmico o outro lado do rio."

E foi do outro lado do rio São Francisco, nas terras baianas onde Lampião reinou absoluto por mais 10 anos. Foi do lado baiano do rio São Francisco que Lampião encontrou um coito seguro no Sítio do Tará, apoiado por "um dos maiores criadores da região, o Sr. Odilon Martins de Sá, conhecido por Odilon Café", como narra João de Sousa Lima em seu livro "A trajetória guerreira de Maria Bonita, a Rainha do Cangaço".

Nesse livro, que será lançado no I Seminário do Centenário de Maria Bonita, João diz ainda que o "Sítio do Tará passou a servir de base quando os cangaceiros empreendiam suas viagens aos estados de Alagoas e Sergipe" e que ali também morava "um dos principais coiteiros de Lampião, Antônio Felipe de Oliveira, tio da cangaceira Maria Bonita".

Diz ainda João Sousa Lima que nessas andanças para Alagoas e Sergipe, "Lampião passava pela Malhada da Caiçara, onde morava Maria de Déa, que tinha casado com apenas 15 anos e estava separada do marido, Zé de Nenen." "Numa dessas viagens, diz João, Lampião, que seguia um pouco à frente do seu bando, acompanhado de Odilon Café, pisou o batente da casa de Zé Felipe e Dona Déa.

Odilon apresentou a Lampião Maria de Déa". Segundo esse autor, aconteceu ali, nesse primeiro encontro, o seguinte diálogo:

 - Você sabe bordar?

- Sei.

- Vou deixar uns lenços pra você bordar e volto daqui a duas semanas pra buscar!"

"Dias depois, de surpresa, os cangaceiros reaparecem na Malhada da Caiçara. Lampião recebeu os lenços bordados por Maria de Déa e suas irmãs, pagou o trabalho e tiveram uma longa conversa". João acrescenta que "quando Maria decidiu seguir Lampião ela estava no povoado Rio do Sal, cuidando da saúde de sua avó materna, Ana Maria".

Todas estas localidades – Sítio do Tará, Malhada da Caiçara, Rio do Sal e dezenas de outras citadas nos livros de João e de outros autores, estavam no lado baiano do Rio São Francisco e pertenciam ao município de Santo Antônio da Glória. Depois da emancipação política de Paulo Afonso em 28 de julho de 1958 passaram a fazer parte do território deste município.

A casa onde nasceu Maria de Déa, depois internacionalmente conhecida por Maria Bonita, na Malhada da Caiçara, a 38 quilômetros da cidade de Paulo Afonso, foi restaurada na gestão do Prefeito Raimundo Caíres, sob a supervisão de Luiz Rubem, outro escritor/pesquisador dos feitos dos cangaceiros na região e aberta à visitação em Setembro de 2006.

Aristéia Soares de Lima - ex-cangaceira

Antonio Galdino ex-cangaceira Aristéia Soares, 93 anos

A ex-cangaceira Aristéia Soares de Lima, que nasceu em 23 de junho de 1916, recebeu a reportagem do jornal Folha Sertaneja, levada pelo escritor João de Souza Lima, na casa do seu filho, no Jardim Cordeiro, no lado alagoano do Rio São Francisco, logo após a Ponte D. Pedro II.

Sempre alegre, sorridente, contas histórias dos tempos em que viveu no Bando de Moreno e da sua grande amizade com Durvalina, a cangaceira Durvinha, sua mulher.

Folha Sertaneja: Onde a senhora nasceu, D. Aristéia?

Aristéia - Nasci em Lajeiro do Boi, em Capiá da Igrejinha, em Canapi – Alagoas.

Folha Sertaneja – Porque virou cangaceira?

Aristéia - Entrei nessa vida porque ou a gente corria ou o cacete comia. A vida da polícia era matar o povo, esbagaçar com tudo. Nós sofremos muito por causa da polícia, meu pai apanhou tanto. Até morrer, meu irmão viveu com uma orelha faltando um pedaço de uma coronhada de mosquetão dado por um soldado. A polícia perseguia a gente que só o diabo. Eu vivia correndo com medo da polícia, me escondendo na caatinga, fui pra casa de uma tia lá dentro da caatinga. Óia, nós sofremos muito.

Folha Sertaneja – Aí, resolveu entrar pro cangaço...

Aristéia – Foi. Pro bando de Moreno.

Folha Sertaneja/João – No tempo em que estava nesse bando, tinha outras mulheres?

Aristéia – Só era eu, Durvinha e outra mulher, Quitéria, filha de Zé Demézio lá do Barro Branco.

Folha Sertaneja – E esse bando tinha quantas pessoas?

Aristéia – Seis ou sete depois ficamos sós nós quatro. Mreno, eu, Durvinha e Cruzeiro.

 Folha Sertaneja – Como era a amizade do povo no bando. Sua amizade com Durvalina?

Aristéia – Durvinha, eita! (suspiro) A Durvalina era boa com a gente! Seja ela pra Jesus Cristo!

Folha Sertaneja/João – As fotos que Benjamin Abrahão fez de Lampião foram perto da roça do seu pai. A senhora conheceu Benjamin?

Aristéia – Ele andava lá na casa de uma velha, mãe de Otacília e a bicha tinha uma vontade tão grande que ele se casasse com ela. Mas oh bicho feio. Andava com uma bolsinha, uma atiracolo, assim de lado. Eu me lembro da bolsinha dele. Quando ele ia dormir lá não era pra ir nem lá na casa nem pra casa do meu tio. Não era pra andar de jeito nenhum. Ela tinha um ciúme danado, pra fia casar com ele. Mas logo, logo, mataram o Benjamin em Pau Ferro.

Folha Sertaneja – A senhora conheceu Lampião ou tinha vontade de conhecer?

Aristéia – Não conheci, nem nunca tive vontade de ver ele. Nenhum pingo de vontade.

Folha Sertaneja – A senhora também não conheceu Maria Bonita?

Aristéia – Não senhor, eu vi ela ali no retrato mas não achei essa boniteza demais não. A Durvinha era em primeiro lugar mais bonita das que eu todinhas. E vi Neném, mulher de Português, a de Pancada, que era doida, Dada, de Corisco, Nacinha de Gato...

Folha Sertaneja/João – A senhora estava na hora do tiroteio em que Cícero Garrincha foi baleado?

Aristéia – 'Tava, tava eu e um rebanho e nós corremos. Moreno foi quem ficou danado atirando. Nós corremos pra bem longe e ele caminhou muito. Quando já tava escuro ele caiu e ficou gemendo e pedindo água mas onde é que a gente ia buscar água pelo amor de Deus? Aí Durvinha tinha um frasco de água de cheiro e botava um pouco na boca dele mas ele logo morreu.

Folha Sertaneja – A senhora chegou a ser presa?

Aristéia – Não senhor. Eu fiquei debaixo de ordem, no mês de Maio. Em Julho, mataram Lampião.

Folha Sertaneja/João – E como foi que a senhora saiu do cangaço?

Aristéia – Porque mataram os do grupo que tava comigo aí Moreno disse: Quer ir embora? Eu disse: Quero. Aí ele disse – Vá embora com Deus e Nossa Senhora pra onde tá sua família. A minha família era em Santana, Campo Grande. Aí, eu fui embora. 'Tô morando há 4 anos aqui, com meu filho, netos, já tenho uma tataraneta mas sinto muita saudade da minha casinha lá no Capiá e de vez em quando eu vou lá.

(LEIA: "Moreno e Durvinha – Sangue, amor e fuga no cangaço" – João de Souza Lima – Editora Fonte Viva – Paulo Afonso-BA – 2007)

Tenente João Gomes de Lira

Antonio Galdino Ten. João Gomes de Lira, 95 anos

Saímos de Paulo Afonso, para Carqueja, antiga Nazaré, onde houve a maior repressão a Lampião na época do cangaço. As volantes que saíam dali eram conhecidos como "os nazarenos".

Acompanhado do escritor João de Souza Lima fomos conhecer e gravar um entrevista com o Ten. João Gomes de Lira, um dos últimos remanescentes daqueles tempos.

Nascido em 3 de julho de 1913 na Fazenda Genipapo, distrito de Nazaré do Pico – Carqueja – Município de Floresta/PE nos recebeu com a peculiar simpatia do sertanejo, com direito a lanche e boas conversas. A sua casa, muito procurada por pesquisadores até do exterior, é quase um museu.

Ali está a farda dos seus tempos de combatente e, guardada a sete chaves, a sua Winchester 44, cuidada pelo caseiro e pelo filho. Fotos do tempo de militar da ativa, diplomas e homenagens estão espalhados pelos móveis e paredes da casa. O velho tenente nos recebeu na frente da casa, debaixo de uma frondosa árvore e nos contou, sem nenhum rodeio a sua versão dos acontecimentos, que estão publicados em dois volumes, com mais de 700 páginas com o título: "Lampião – Memórias de um Soldado de Volante".

Primeiro falou de seu estado de saúde: "Minha saúde não anda boa, embaraçada. Diabetes, nervos, coração" mas logo começou a relator o que viu nesses anos de luta.

 Deixamos que ele falasse e um dos fatos que narrou com detalhes foi a chegada de Lampião, Antônio e Livino, distribuídos estratégicamente no lugarejo.

Ten. João Gomes de Lira – Aí, eles chegaram. Os três irmãos, todos armados. Lampião acolá, Antônio aqui e Livino ali do outro lado. Lampião ficava jogando o rifle pra cima e aparando e gritava: - Aqui hoje não me chora ninguém! Aí, Antônio respondia: - Se chorar eu acalento! E Livino respondia: - Bem baixinho! E ficavam repetindo.

Aí pai, (Antônio Gomes Jurubeba, que era Delegado) chamou eles e disse: - Não façam isso não. Hoje é dia de feira, vocês armados assim, o povo tá todo apavorado. Guardem as armas, vocês têm os inimigos lá, na Serra Vermelha. Aqui vocês não têm inimigos. Eles não vêm aqui e vocês podem ficar à vontade. E Lampião disse: - Pode dizer ao delegado que as armas estão guardadas nas nossas mãos e nos ombros. Pode vir tomar. E pai disse: - Isso não é modo de se falar com Delegado. E Lampião disse: É isso mesmo!

Então pai falou: Se daqui a oito dias vocês voltarem com as armas podem se preparar pra gente trocar tiro aqui no meio do povo. Aí Lampião disse: - Junte seus cachorros e jogue em cima dos Ferreira pra você o peso dos Ferreira como é. Foi aí o começo da questão aqui, em 1917.

E continua, seguro, o Ten. João Lira: - Passados uns dias, eles foram pra Triunfo e dias depois resolveram vir pra cá. Os três irmãos Ferreira e mais outro cabra, também armado.

 O pai de Lampião foi encontrar-se com eles e pediu pra não vir que aqui tinha soldados. Depois de muita insistência Lampião insistindo até que foi convencido de não entrar e saiu aqui por trás. Ali deram um tiro e a polícia foi ao encontro deles.

Meu pai juntou mais alguns parentes que tinham armas e foram ajudar a polícia. Eram os Flor, Euclides, Odilon, Arcôncio, Cícero Leite e trocaram tiros. Foi quando Livino Ferreira foi ferido. Os outros correram e Livino foi preso e levado para Floresta. Foi aí que o pai deles resolveu se apressar em vender as coisas pra ir embora.

O Ten. João Lira fala sobre o casamento de Licor, com quem Lampião tinha namorado mas veio para o seu casamento e teria carregado a sanfona e com isso acabado a festa. Falou da morte da mãe de Lampião, Maria Lopes "de aperreio" e do assassinato do pai José Ferreira dos Santos.

E a prosa continuou por quase uma hora, com episódios de enfrentamentos da força policial contra os cangaceiros, inclusive um de 1º de agosto de 1923. O ten. tinha então 10 anos. Em 16 de julho de 1931, com 18 anos entrou na carreira militar e já seguiu para a Bahia para atender um pedido de apoio do governo baiano. Seu comandante era o parente e compadre Manoel de Souza Neto sob as ordens de quem participou de muitos combates com o grupo de Lampião.

(LEIA: - "Lampião – Memórias de um Soldado de Volante" – Vol. I e II – João Gomes de