segunda-feira, 29 de abril de 2013

A CAATINGA: BIOMA FANTÁSTICO DE DIVERSIDADES.

 A caatinga, palavra originária do tupi-guarani, que significa “mata branca”, é o único sistema ambiental exclusivamente brasileiro. Possui extensão territorial de 734.478 de quilômetros quadrados, correspondendo a cerca de 10% do território nacional, está presente nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Bahia, Piauí e norte de Minas Gerais.

As temperaturas médias anuais são elevadas, oscilam entre 25° C e 29° C. O clima é semiárido; e o solo, raso e pedregoso, é composto por vários tipos diferentes de rochas.

A ação do homem já alterou 80% da cobertura original da caatinga, que atualmente tem menos de 1% de sua área protegida em 36 unidades de conservação, que não permitem a exploração de recursos naturais.

As secas são cíclicas e prolongadas, interferindo de maneira direta na vida de uma população de, aproximadamente, 25 milhões de habitantes.

As chuvas ocorrem no início do ano e o poder de recuperação do bioma é muito rápido, surgem pequenas plantas e as árvores ficam cobertas de folhas. 
A região enfrenta também graves problemas sociais, entre eles os baixos níveis de renda e de escolaridade, a falta de saneamento ambiental e os altos índices de mortalidade infantil.

Desde o período imperial, tenta-se promover o desenvolvimento econômico na caatinga, porém, a dificuldade é imensa em razão da aridez da terra e da instabilidade das precipitações pluviométricas. A principal atividade econômica desenvolvida na caatinga é a agropecuária. A agricultura se destaca na região através da irrigação artificial, possibilitada pela construção de canais e açudes. Alguns projetos de irrigação para a agricultura comercial são desenvolvidos no médio vale do São Francisco, o principal rio da região, juntamente com o Parnaíba.

Vegetação – As plantas da caatinga são xerófilas, ou seja, adaptadas ao clima seco e à pouca quantidade de água. Algumas armazenam água, outras possuem raízes superficiais para captar o máximo de água da chuva. E há as que contam com recursos pra diminuir a transpiração, como espinhos e poucas folhas. A vegetação é formada por três estratos: o arbóreo, com árvores de 8 a 12 metros de altura; o arbustivo, com vegetação de 2 a 5 metros; e o herbáceo, abaixo de 2 metros. Entre as espécies mais comuns estão a amburana, o umbuzeiro e o mandacaru. Algumas dessas plantas podem produzir cera, fibra, óleo vegetal e, principalmente, frutas.

Fauna – A fauna da caatinga é bem diversificada, composta por répteis (principalmente lagartos e cobras), roedores, insetos, aracnídeos, cachorro-do-mato, arara-azul, (ameaçada de extinção), sapo-cururu, asa-branca, cutia, gambá, preá, veado catingueiro, tatupeba, sagui-do-nordeste, entre outros animais. 
Por Wagner de Cerqueira e Francisco
Graduado em Geografia
Equipe Brasil Escola








sábado, 27 de abril de 2013

MOTO CLUBE CAVALO DOIDO - MOTO ENERGIA: Um dos eventos de maior sucesso de Paulo Afonso.

  


UMA BOA IDÉIA...
Era noite, próximo das vinte e três horas, chovia bastante quando Nelsinho e Gago saíram do bar de D. Dulce. Nelsinho falou para o Gago: Aqui está chato, vamos botar os Cavalos na Rua. E, sem procurar explicação, os dois juntos saíram cantando a música CAVALO DE PAU de Alceu Valença. A letra diz o seguinte:
 Cavalo Doido por onde trafegas, depois que vim parar na capital, me derrubastes como quem me negas Cavalo Doido, Cavalo de Pau...
Aí vieram Rubão e Moacir e falaram: Isso é bom, é muito bom!
Em Paulo Afonso, algumas pessoas acharam esquisito. Cavalo Doido? O que é isso?
Nelsinho, Gago, Moacir e Rubão fizeram a primeira viagem em grupo. Destino? Campina Grande – PB, para prestigiar o I Motorcycle, em 1996.

Tempos depois, com a entrada de Antonio Dias Neto no grupo, eles oficializaram o moto clube e agora como instituição e organizadora do encontro anual, tornaram-se referência entre os moto clubes do Brasil.




PROGRAMAÇÃO MUSICAL MOTO ENERGIA 2013
Dias 03 e 04 de Maio de 2013

03/05 - SEXTA-FEIRA

1º - 18:00hs - DUDA RODRIGUES e BANDA (BA)
2º - 20:30hs - D-ROCK (BA)
3º - 23:00hs - QUINTETO OARA (PE)
4º - 01:30hs - CLÁSSIC ROCK (BA)

04/05 – SÁBADO

1º - 18:00hs - RECRUTA ZERO (BA)
2º - 20:30hs - NEWCOVER (BA)
3º - 23:00hs - JOÃOZINHO E BANDA 7 (PE)
4º - 01:30hs - MÁQUINA TOTAL (BA)












terça-feira, 23 de abril de 2013

Paulo Afonso: Sua História e Suas Belezas Naturais como atrativo turístico.

 Paulo Afonso: em raríssimas fotografias que contam a história da cidade e região e divulga nossa cidade como forte atrativo turístico.
as imagens estão ajustadas em slides realizados pelo professor Antonio Galdino e foram usadas para uma série de palestras para alunos da rede municipal. Palestras realizadas por Antonio Galdino e João de Sousa Lima.
Paulo Afonso, Rio São Francisco, Cachoeira de Paulo Afonso e a história da cidade contada em imagens eternas.





sexta-feira, 19 de abril de 2013

Documentário do Cangaço é notícia no Jornal Folha Sertaneja



Paulo Afonso e Angiquinho, cenários de documentário histórico e cultural.
O documentário será apresentado no Cariri Cangaço, no Ceará, em Setembro
Antônio Galdino com informações do Blog João de Sousa Lima
O escritor João Souza Lima, filmado por Zé Carlos e dirigido por Gilmar Teixeira
 Paulo Afonso tem sido cenário de grandes produções brasileiras, novelas, filmes, minisséries e documentários para jornais, revistas e TV, sob o tema cangaço.
Foi nestas terras que nasceu e morou Maria Gomes que veio a ser conhecida em todo o mundo como Maria Bonita, que deixou seu povoado Malhada da Caiçara, no município de Paulo Afonso para seguir como companheira de Lampião, o Rei do Cangaço e com ele e outros cangaceiros foi morta na Grota de Angico, em terras sergipanas.
Agora, Gilmar Teixeira, pesquisador do cangaço e outros temas regionais, sendo o autor do livro Quem Matou Delmiro Gouveia, lançado há pouco mais de um ano e meio, se juntou com José Carlos, de larga experiência como câmera, tendo trabalhado vários anos na TV em Camaçari e atualmente na TV São Francisco e foram buscar João de Sousa Lima que já andou muitos milhares de quilômetros entrevistando gente, descobrindo histórias do cangaço o que lhe fez produzir cerca de 10 livros sobre o tema.









Da esq - Pedro, filho, Aristéia, Antônio Galdino e Joao Sousa Lima na casa de Aristéia no Jardim Cordeiro




 Juntos, Gilmar, Zé Carlos e João, estão produzindo um documentário sobre o tema, destacando a figura da ex-cangaceira Aristéia que morou ao lado de Paulo Afonso, logo depois da Ponte D. Pedro II, no Jardim Cordeiro, povoado do município de Delmiro Gouveia. Aristéia faleceu faz pouco, beirando os cem anos e João andou com ela por Fortaleza e outros lugares onde aconteciam seminários e estudos sobre o cangaço.
O tema, para toda a região é hoje um legado cultural que tem gerado a produção de filmes, vídeos, minisséries para a TV, produtos artesanais e, claro, muitos documentários como este que será apresentado no Cariri Cangaço, um evento de porte que reúne dezenas de pesquisadores como Antônio Amaury na região do Cariri Cearense. Este ano o Cariri Cangaço vai acontecer entre os dias 17 e 22 de Setembro e terá eventos em Crato, Juazeiro do Norte, Barbalha, Missão Velha, Aurora e Barro, sob a coordenação geral do curador do evento, Manoel Severo.(para saber mais sobre o assunto, acesse o blog do Cariri Cangaço).


João, Gilmar, Zé Carlos e Sônia em Angiquinho 







 Paulo Afonso novamente é cenário para documentário sobre a cultura local. A direção do vídeo está sendo realizada por Gilmar Teixeira. A Usina Angiquinho (que completa 100 anos de história agora em 2013) foi palco das primeiras imagens captadas por Gilmar e José Carlos, que entrevistaram o historiador João de Sousa Lima, que contou um pouco da vida da cangaceira Aristeia Soares.
O Raso da Catarina, a Malhada da Caiçara, Casa de Maria Bonita, o cânion do rio São Francisco serão também cenários para esta história.
O filme será apresentado durante o Cariri Cangaço, no Ceará. Gilmar Teixeira também apresentará o vídeo em alguns festivais do Brasil. No Museu da Usina Angiquinho a senhora Sônia Célia Braga, coordenadora da instituição, deu total apoio a equipe.
(Nas fotos: João Lima, Gilmar Teixeira, José Carlos e Sônia Célia)



quarta-feira, 17 de abril de 2013

Paulo Afonso é cenário de documentário histórico e cultural.

Paulo Afonso novamente é cenário para documentário  sobre a cultura local. A direção do vídeo está sendo realizada por Gilmar Teixeira. A Usina Angiquinho (que completa 100 anos de história agora em 2013) foi palco das primeiras imagens captadas por Gilmar e José Carlos, que entrevistaram o historiador João de Sousa Lima, que contou um pouco da vida da cangaceira Aristeia Soares. O filme será apresentado durante o Cariri Cangaço, no Ceará. Gilmar Teixeira também apresentará o vídeo em alguns festivais do Brasil.
No Museu da Usina Angiquinho a senhora Sônia Célia Borges, coordenadora da instituição, deu total apoio a equipe.   (Na Fotografia: João Lima, Gilmar Teixeira, José Carlos e Sônia Célia)




os depoimentos sendo gravados na Usina Angiquinho.


Usina Angiquinho


Gilmar Teixeira entrevistando João Lima



Gilmar e João


Zé Carlos, João e Gilmar rodado o documentário sobre a vida de Aristeia Soares de Lima.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Cangaceira Durvinha. Um pouco de sua história.

 Um ano depois da emboscada policial em Angicos (SE), em 1938, que resultou na morte de Lampião, Maria Bonita e nove cangaceiros, um bebê com 30 dias foi entregue ao padre Frederico Araújo, de Tacaratu, no sertão de Pernambuco, a cerca de 450 quilômetros a oeste de Recife. Um bilhete anônimo, ilustrado com garranchos que imitavam letras, identificava os avós e a mãe, Durvalina Gomes de Sá. Durvalina era Durvinha, cangaceira do bando de Lampião. Com a morte do chefe, caíra na clandestinidade. Fugia da polícia rompendo a caatinga, ora na Bahia, ora em Pernambuco, sempre ao lado do companheiro, Antonio Inácio da Silva, o cangaceiro Moreno.
O menino - primeiro dos seis filhos do casal - foi registrado como Inácio Carvalho Oliveira, sobrenome da família que o adotou quando estava com 6 anos, após a morte do padre. Adulto, Inácio mudou-se para o Rio. Entrou para a Polícia Militar.
Tornou-se segundo tenente. Em 2005, com 66 anos de idade e já reformado, soube enfim que os pais estavam vivos e formavam o último casal sobrevivente do cangaço. Moravam em Belo Horizonte e se chamavam Jovina Maria da Conceição e José Antonio Souto, nomes registrados em carteiras de identidade e com os quais buscaram afastar os fantasmas do passado.
Toda esses fatos foram contados ontem por parte dos protagonistas, no encerramento do 1º Congresso Nacional do Cangaço: Cultura e Memória, realizado no Museu da República, mais um prédio futurista projetado por Oscar Niemeyer na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.
Durvinha, de 92 anos, estava lá, para narrar seus feitos; Moreno, de 96 anos, sofreu uma queda pela manhã e teve de ser levado para o Hospital de Base. "Me sinto tão culpada. Ele caiu porque foi pegar um sapato meu. Nós dois já não enxergamos quase nada." A informação do hospital é de que Moreno está bem e deve ser liberado hoje.
O crachá da cangaceira registrava o nome da identidade, Jovina Maria da Conceição. Inácio, porém, não a chama assim. Para ele, é Durvalina ou Durvinha. Do pai, nem conseguiu se lembrar o nome todo na identidade. "Acho que é José Antonio, e tem um sobrenome aí que não sei. Para mim, ele é o Antonio Inácio da Silva ou o Moreno." Inácio disse ter por hábito visitar Tacaratu quase todo ano.
FUGA
Durvinha nasceu em 1915 no povoado de Arrasta-pé, em Curral dos Bois, hoje Paulo Afonso (BA). Ainda mocinha abandonou a casa dos pais para correr atrás do cangaceiro Virgínio, cunhado de Lampião. Não sabe quantos anos tinha. "Não havia registro. Era tudo na bruta. A gente se juntou. Não chegamos a ir ao padre". Disse que teve dois filhos com Virgínio, dos quais nunca mais teve notícias depois dos tempos do cangaço.
Virgínio foi morto em 1936. "No bando não podia haver viúvas. Pelas leis lá, ou elas se casavam com outro cangaceiro ou eram mortas. Moreno se propôs a ficar comigo", disse Durvinha. Com ele teve outros seis filhos: Inácio, que só conheceu há dois anos, e outros cinco, todos morando em Belo Horizonte. Durante as fugas pela caatinga, o jeito era pegar um pedaço de rapadura aqui, um punhado de farinha ali, driblar a fome e a polícia. "Morria de medo de ser degolada, como Lampião."
No filme Baile perfumado (1996), direção de Paulo Caldas e Lírio Ferreira, aparecem imagens do bando de Lampião feitas entre 1935 e 1936 pelo libanês Benjamin Abrahão. Numa delas, Durvinha dança com Moreno, embora estivesse na companhia de Virgínio. Noutra, avança sobre a câmera com o revólver na mão. Durante os combates, ela levou um tiro na coxa esquerda. "A carne rasgou de fora a fora. Os cangaceiros me salvaram jogando um litro de pimenta." Durvinha disse que só teve uma razão para aderir ao cangaço: a paixão por Virgínio.
Durvinha e João de Sousa Lima, na residencia da cangaceira em Belo Horizonte.
Durvinha lançando com o autor sua biografia.
almoço na casa da cangaceira com os filhos Murilo e Nely
em Brasilia participando do 1° encontro do cangaço do Brasil
Durvinha sendo entrevistada por João e Kidelmir , em Brasileira-DF
mensagem de João de Sousa Lima na morte da amiga Durvinha.
em Fortaleza o recontro do casal Moreno e Durvinha com a amiga Aristeia.
lançamento da biografia em Belo Horizonte

quarta-feira, 3 de abril de 2013

A CANGACEIRA ARISTEIA SOARES.



A CANGACEIRA ARISTÉIA
Extraído do livro: Moreno e Durvinha, sangue, amor e fuga no cangaço.
Autoria João de Sousa Lima

A fazenda Lajeiro do Boi, em Canapí era sempre visitada tanto por cangaceiros quanto por policiais. Os proprietários desta fazenda era o casal José soares e Maria dos Santos Lima. Eles tiveram sete filhos: Eleonora, Benedita, Dasdôres, Valdemira, Luiza, Maria, Aristéia e Antenor. Todos nascidos no Capiá da igrejinha, local onde fica a fazenda Lajeiro do Boi.
A policia passava com freqüência na fazenda Lajeiro do Boi. Em uma dessas passagens, um dos policiais ofendeu verbalmente ao velho patriarca dos “Soares”, enquanto ele descansava no alpendre da casa se aproximou uma volante e um dos soldados falou:
- Oh veio feio da peste!
- Cada qual como Deus fez! Retrucou José Soares!
- É verdade! Atalhou um soldado mais consciente!
Em outra ocasião, outra volante comandada pelo aspirante Porfírio espancou o velho José Soares e o filho Antenor, tendo este último sua orelha cortada, sendo atingido pela coronha de um mosquetão. De tal castigo, com seus 97 anos de idade, Antenor guarda a cicatriz co remorso e revolta pela pena sofrida.
Porfírio, além de ferir os moradores da fazenda do Boi, espancou várias pessoas da fazenda Talhada, seguindo até a fazenda Pedra D’água onde mataram Ramos.
Vizinho fazenda Lajeiro do Boi, ficava a fazenda Poço do Boi e foi nesta fazenda onde Benjamim Abrahão se encontrou com o bando de lampião para realizar as famosas fotografias e as filmagens. Benjamim passava dias instalados na casa de Francelino, onde se dirigia sempre uma velha baraúna com pretexto de fotografar Otacilia, filha de Francelino, usando a velha árvore como desculpa para os encontros amorosos que vinha tendo com a filha do dono da fazenda.
Das filhas do casal José Soares e Maria Santos Lima, duas engrossaram as fileiras do cangaceirismo. Uma indo por prazer, outra sendo forçada. A primeira a entrar no bando foi Eleonora. Ela seguiu o cangaceiro Serra Branca.


Aristéia Soares de Lima nasceu em 23 de junho de 1916 ( dia que se comemora a festa de São João ) e lembra-se bem da passagem dos cangaceiros Corisco, Virgínio e Luiz Pedro em sua casa, sendo que por diversas vezes, outros cruzaram o terreiro da fazenda Lajeiro do Boi.
Tendo seu nome envolvido como coiteira de cangaceiros e temendo a ação vingativa dos policiais,Aristeia fugiu pra fazenda alto vermelho,entre lajinha e campo,próximo a Santana do Ipanema,indo refugiar-se na casa das tias Mariinha, Zifina,Santa e Maria Grande. Por essa época, Eleonora já se cobria com a mescla azul e os bornais enfeitados com os desenhos de flores coloridas.
Cícero garrincha já tinha certa queda por Aristéia e assim que abraçou a nova vida do cangaço começou a rondar a fazenda da família da moça. Em uma dessas passagens, ele foi avisado pela amiga Celina, da localização de Aristéia. Cícero seguiu pra fazenda alto vermelho e depois de conversar com a escolhida, sem usar a força, conseguiu que ela, mesmo contra sua vontade, acompanhasse o cangaceiro.
O novo casal seguiu ao encontro do grupo de moreno que os aguardava no coito conhecido por pilão das “pêia junta”, próximo á casa de Aristéia. No esconderijo, Aristéia foi festivamente recebida. Durvalina manejou a velha máquina de costura e fez um vestido pra nova amiga, completando o figurino com bornais floridos e um chapéu de feltro.
Logo após a entrada de Aristéia, suas primas Sebastiana e Quitéria seguiram os cangaceiros moita brava e pedra roxa.
Descrição: https://blogger.googleusercontent.com/tracker/2391434193314255791-521736666675559190?l=ahistoriadearisteia.blogspot.com

 Capiá da Igrejinha
Zé Soares, primo de Aristéia, jovem de dezesseis anos, na companhia do amigo Pedro Tomáz seguiam para roça quando avistaram alguns cangaceiros que deram com a mão chamando-os. O irmão chamou Zé para correr. Zé falou que se corressem podiam morrer. Os dói foram ao encontro dos cangaceiros. O cangaceiro pedra roxa foi logo identificado pelos irmãos. Pedra indagou aos jovens:
- Quem tinha na casa de Pedro Jaquinta?
- Tinha uma mulher!
- O que ela tava fazendo?
- tava torrando umas pipocas!
- Volte e traga uma cuia cheia de pipoca pra gente!
Os rapazes voltaram e quando deram o recado á mulher, ela caiu assustada.
Zé Soares apressou-se
-Avia (se apresse ) Carolina!
Ainda no chão a mulher respondeu:
- Pegue ai, meu filho!
Zé pegou a cuia e levou até o cangaceiro.
- Oi só tem o torrero!
- Tá bom, ta bom! Volte e traga um machado pra eu tirar uma abelha que eu achei aqui!
Zé voltou, encontrando a mulher ainda no chão, tentando se recuperar do susto.
- Levanta Carolina, me dá um machado que a coisa tá apertando!
- Pegue aí debaixo do banco!


Zé entregou o machado a Pedra roxa e o cangaceiro obrigou Pedro Tomáz a tirar o mel. A empreita entrou pela noite, gastando o rapaz, duas caixas de fósforos para clarear e fazer fumaça, espantando as abelhas.
De repente um barulho foi ouvido e um farol clareou os cangaceiros e os rapazes. Era um caminhão abarrotado de soldados. Os cangaceiros se abaixaram e por muita sorte não foram avistados. Refeitos do susto os cangaceiros foram saborear o mel. Pedra Roxa se aproximou dos dois irmãos e alertou:
- Olhe, vão embora, mais se conversarem que me viram, passam por essa daqui (apontando a boca do mosquetão )!
- Eu por mim me garanto, só não garanto por este daqui!Falou Pedro Tomáz.
Diante do embaraço da resposta do irmão, Zé ficou sem palavras para se defender. O cangaceiro ameaçou o jovem:
- Qué dizê, rapaz, que você é assim? Você agora achou! Você agora vai aprender a viver!
No momento de angústia, Zé Soares se lembrou da padroeira do Capiá a quem ele venerava : “ Valha-me Nossa Senhora Divina Pastora “ Clamou Zé, silenciosamente.
Com pensamento na santa, as palavras vieram e ele disse:
-Mais Pedro como é que você diz uma coisa dessas comigo, eu tenho visto esses homens muitas vezes, estando com você e nunca falei nem pra minha mãe!
Foram as palavras salvadoras. O cangaceiro reconheceu que estava seguro.
Os jovens puderam seguir o caminho de volta. No trajeto Zé reclamou de Pedro.
- Mais Pedro como é que você fala uma coisa dessas comigo?
- Agente com medo não Sab o que diz!
A escuridão da noite era testemunha de uma conversa de amigo cobrava de um amigo a sua lealdade e a justificativa do medo servia para pedir perdão e ser perdoado.
Nota: Relato colhido pelo autor , no dia 25 de janeiro de 2007, em noite festiva, na novena consagrada á Divina Pastora, no Capiá da Igrejinha. Canapí, Alagoas, Presente a ex-cangaceira Aristéia e o próprio Zé Soares.
Descrição: https://blogger.googleusercontent.com/tracker/2391434193314255791-184143708771167372?l=ahistoriadearisteia.blogspot.com

ARISTÉIA CHORA A MORTE DA IRMÃ, A CANGACEIRA ELEONORA
Eleonora vivia com o cangaceiro Serra Branca, que chefiava um grupo de aproximadamente cinco cangaceiros. Grupo esse pouco conhecido por viver sempre escondido nas terras alagoanas. Os cangaceiros desse bando não ganharam destaque em combates, saques e nem crimes, fugindo da realidade do mundo que cercava os caminhos dos cangaceirismo, vida cheia de entrechoques perigosos e violentos.
No dia 20 de fevereiro de 1938, com as rodagens cercadas por policiais, que davam segurança e proteção ao interventor Dr. Osmar Loureiro, de viagem pelos sertões alagoanos, o tenente João Bezerra deixará sua volante nas proximidades do Inhapí, ao cômodo do soldado Juvêncio, totalizando nove homens no grupo, que estavam arranchados perto de uma cacimba.
Os soldados estavam bem á vontade ao redor da cacimba, desarreados dos bornais, chapéus e cartucheiras, estando alguns sem alparcatas.
Com o amanhecer, entre nove dez horas, enquanto Antonio Jacó tirava água do riacho, ele observou um cachorro que se aproximou da cacimba e desconfiou que, pela ornamentada coleira que possuía, só podia ser cachorro de cangaceiro. Os soldados tinham realmente razão, era o grupo de Serra Branca que vinha se aproximando.
O chefe trazia nas costa, uma banda de bode, sendo seguido pela mulher Eleonora e mais dois companheiros, entre eles o Ameaça Antonio Jacó viu quando o soldado Cornélio levantou-se e empunhou o fuzil, se preparando para atirar, enquanto ele ajeitava, na cintura, suas cartucheiras com vinte e cinco cartuchos. O tiro zoou, partindo da arma de Cornélio Jacó correu em perseguição aos cangaceiros, sendo acompanhado pelo soldado Zé Gomes. Na frente de Antonio Jacó corria o cangaceiro Serra Branca e na frente tentava fugir Eleonora. Jacó gritou:
-Se vira cabra, pra brigar. Se vira pra brigar!
(Acompanhem a perseguição sendo relatada pelo próprio Antonio Jacó):- Eu atirando, atirando e correndo. Aqui e acolá ele ( o cangaceiro ) se virava, dava um tiro e corria. Até que ele se apadrinhou numa catingueira, mas ficou assim meio de fora eu tive a oportunidade de atirar bem nele. A bala pegou assim na altura da pá com as costelas e saiu do outro lado, ele se torceu, jogou a banda de bode prum lado e correu. Ai eu vi que tinha ferido ele, porque das costas saia sangue. Quando ele saiu correndo eu sai na carreira atrás dele de novo. Adiante tinha um riacho, ele pulou embaixo, já com pouca força. O riacho tinha assim um metro e meio de fundura, mais tava seco. Na carreira que eu ia nem deu para parar na ribanceira do riacho. Ele tava com o rifle armado e pronto para atirar e como não deu pra mim parar eu pulei encima dele. Ele assombrou-se com o que viu e ocorreu. Quando ele virou as costas, ai eu aproveitei e pá. Ele caiu debruçado. Mais eu i que ele não tinha morrido. Quando ele caiu, a mulher que ia na frente dele viu que ele não podia mais correr, virou-se abriu os braços. Não sei por que ela abriu os braços assim, porque foi tudo rápido, não deu para pensar em nada. Naquele instante, Zé Baixinho vinha atrás de mim e eu não sabia que ele vinha atrás de mim, acompanhando aquela correria toda. Zé Baixinho que vinha correndo mirou o mosquetão e atirou na mulher de braços abertos e acertou bem no meio da testa. Foi um tiro só. A mulher tombou no chão na mesma hora.
O soldado Zé Baixinho aproximou-se de Serra Branca. O cangaceiro apesar do tiro que havia tomado levantou-se e atirou. Zé Baixinho caiu entre os matos. Antonio Jacó atirou no estômago do cangaceiro acabando de matá-lo. Zé Baixinho levantou-se apenas atordoado pelo susto do tiro, sem ser ferido. Antonio Jacó cortou a cabeça do casal, amarrou um crânio no outro pelos cabelos e retomou trazendo os dois troféus, na direção da cacimba, onde estavam arranchados. Na cacimba, Cornélio estava com a cabeça do cangaceiro Ameaça, separada do corpo cortada por facão. O tenente João Bezerra que estava um pouco distante na hora do tiroteio, mas que havia ouvido os tiros, já se encontrava na cacimba quando Antonio Jacó foi avistado seguindo por dentro do riacho, trazendo as cabeças e os pertences dos cangaceiros. Os soldados levantaram as cabeças cortadas mostrando-as aos amigos. Depois de alguns minutos de conversa, diante da observação do tenente João Bezerra, foi que eles foram ver que Antonio Jacó tinha perseguido os cangaceiros, estando descalço, sem camisa e sem chapéu.
Os soldado retornaram pra piranhas, transportando as cabeças. De Piranha foram pra pedra de Delmiro e de lá seguiram pra Santana di Ipanema, onde entregaram as cabeças aos coronéis Zé Lucena e Teodoro de Camargo Nascimento. Os coronéis deram a patente de cabo a Antonio Jacó repassou a patente para o amigo Juvêncio.
Em Santana do Ipanema, os soldados Cornélio, Zé Baixinho, Elias, Octácilio, Zé Gomes e mais alguns companheiros, prestaram contas aos seus superiores hierárquicos, tendo por provas os crânios das vitimas abatidas em combate.
Entre as macambiras espinhentas da caatinga, três corpos alimentavam animais selvagens, enquanto na fazenda Lajeiro do Boi, os pais de Eleonora sofriam a perda de uma filha querida. Aristéia soube através dos coiteiros da morte da irmã e por ela verteu lágrimas sentidas.
O padre Demuriês, que celebrava a missa na região de Mata Grande, Canapí, Inhapí e nas fazendas circunvizinhas, criava em segredo o filho de Eleonora e Serra Branca, um menino chamado Francisco de Sá. Assim que o padre ficou sabendo da morte da amiga cangaceira, convocou alguns fiéis e foi, em segredo, enterrar Eleonora. O padre chegou com facilidade onde estava o corpo, sendo auxiliado por vaqueiros conhecedores da região. No local, o Ministro de Deus encomendou o corpo e o enterrou em côa rasa aberta na urgente necessidade do momento e coberta por facheiros e macambiras, deixando sepultada uma vitima que antes de tudo fazia parte de sua vida, ficando, por recordação da amiga, um filho deixado por ela.
Descrição: https://blogger.googleusercontent.com/tracker/2391434193314255791-20842775836736257?l=ahistoriadearisteia.blogspot.com

A MORTE DOS CANGACEIROS ZÉ VEIO E CÍCERO GARRINCHA
Moreno e seu grupo empreenderam uma viagem em direção á Santana do Ipanema, saindo das proximidades da fazenda Lajeiro do Boi. No percurso, os catingueiros tiveram que passar nos pastos, fazenda com o mesmo nome do local onde morreram Eleonora, Serra Branca e Ameaça. Cícero Garrincha e Aristéia seguiam um pouco na frente do grupo, atravessando as veredas, soltando sorrisos de contentamento, curtindo a festividade da aparente gravidez, de poucos meses, da cangaceira.
Moreno, sempre arisco, seguia concentrado no caminho e preparado para as surpresas que pudesse aparecer (e elas sempre apareciam ).
Apesar de cedo do dia, o sol alardeava seus raios trêmulos sobre a terra, castigando os galhos pontiagudos e as folhas secas da caatinga. Os cangaceiros riscavam com suas “percatas” ferradas, os empoeirados atalhos alagoanos.
Os risos de Aristéia disfarçava a triste dor que perpassava a condição de sofrimento da ida bandoleira do cangaço, feito sentença cumprida na solidão e no abandono dos carrascais poeirentos dos materiais lúgubres, que geravam as ações continua de fuga, onde se igualavam atacantes e atacados.
Um pouco mais na frente, fechando a passagem de vereda por onde seguiam os cangaceiros, soldados armavam uma emboscada. Escondidos e protegidos entre as pedras e as vegetações mais salientes, eles aguardavam o momento de atacar os inimigos.
Os cangaceiros seguiam em direção á armadilha, sem desconfiar da cilada armada. Poucos passos depois, na aparente serenidade da caminhada, tiros ecoaram, calando risos e gerando tumultos. Moreno e João Garrincha agacharam-se e retribuíram os disparos, colocando as mulheres em suas retas-guardas, longe dos possíveis ferimentos. Travou-se acirrado tiroteio.
Um pouco á frente de Moreno, um cangaceiro atingido pelos primeiro disparos, agonizava. Poucos segundos depois, o cangaceiro Zé Velho, apelidado de pontaria, dava seus derradeiros suspiros. Um pouco atrás de Zé Velho, Cícero Garrincha, o Catingueira, também tombava crivado por balas.
Aristéia avistou Cícero Garrincha se arrastando, procurando sair do raio de ação dos disparos realizados pelos policiais.
Aos poucos, o matraquear intermitente das armas foram ficando compassados. Os soldados foram silenciando seus armamentos e fugindo do campo de batalha. Zé Velho tombara morto, crivado pelas minúsculas ogivas de chumbo disparadas. Cícero Garrincha levantou-se depois de muito esforço. Suas roupas estavam completamente encharcadas de sangue. Moreno se aproximou de Cícero Garrincha e, junto com João Garrincha, o transportaram para um local mais seguro. Aristéia lembrou-se do velho ditado sertanejo: “Muito riso é prenúncio de muita dor”.
Os cangaceiros seguiram a trilha de volta, buscando socorrer o amigo que cambaleava apoiando nos ombros dos dois fiéis amigos. Com algumas centenas de metros, já exaustos, os cangaceiros pararam. Cícero Garrincha foi colocado em uma sombra e sua camisa foi aberta dando visão ao estrago causado pelo tiro. A caixa torácica foi parcialmente destruída pelos estilhaços de uma mortal bala. Os companheiros assustaram-se diante da visão do ferimento, onde viam o coração pulsando. A respiração ofegante do baleado, expulsava jatos de sangue, pelo largo orifício da contusão. O cangaceiro pediu água, Moreno argumentou que água naquele momento causaria danos piores, podendo levá-lo rapidamente á morte. Durvalina tirou de dentro de um dos bornais um vidro de “saúde da mulher” um composto usado quando das cólicas menstruais. Um capucho de algodão foi ensopado por Durvalina na solução e passado nos lábios do moribundo cangaceiro, por seguintes vezes o chumaço de algodão foi embebido no remédio e aliviado a secura dos lábios de Cícero Garrincha, enquanto seu coração arquejava descompassado, expulsando sangue borbulhante cada vez que respirava, sendo assistido por olhares assustados com a gravidade da lesão. Moreno sabia que a morte do amigo era questão de tempo. Cícero Garrincha também pressentiu o momento difícil porque estava passando. Ao lado do cangaceiro, Aristéia chorava sua angústia. Moreno olhou nos olhos de catingueira e perguntou:
- O que você quer que eu faça com sua mulher?
- Faça o que Deus quiser!Se pudé deixe ela com a família!
- Eu deixo!
A respiração de catingueira foi ficando insuficiente, o sangue banhava cada vez mais as mãos que segurava o corpo inquieto. O coração pulsava frágil e visível. O cangaceiro apertou com a mão, o braço de Moreno, pendeu a cabeça pro lado e expirou. As lágrimas rolaram nas faces angustiadas dos companheiros. João Garrincha assistiu, contrariado, a morte do irmão. Aristéia chorou amargamente sua perda, ostentando em sua barriga saliente, um órfão prestes a nascer. Moreno cavou, junto com a ajuda dos amigos, uma cova rasa e enterrou o companheiro, cobrindo a sepultura, com macambira e xique-xique cactáceos que enfeitam a paisagem rara do Sertão Nordestino.
Os cangaceiros seguiram outro caminho, inverso ao que vinham seguindo, fugindo de mais uma desagradável surpresa que, por ventura, pudesse acontecer. Ao local do combate, Moreno retornaria quatro dias depois, encontrando só a carcaça do corpo decepado do cangaceiro pontaria. A policia levou a cabeça, deixando o corpo para servir de comida para os bichos famintos das caatingas.
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NOS DIAS SEGUINTE

Durvalina tentou alegrar Aristéia de todas as formas possíveis, porém a dor da amiga era por demais recente inesquecível. Moreno escalou dois cangaceiros para levarem Aristéia onde ela escolhesse, cumprindo o prometido ao amigo Cícero Garrincha.
O cangaceiro cruzeiro passou a perseguir Aristéia, insistindo para ficar com ela. A cangaceira ainda abalada com a perda do marido recusou as propostas de cruzeiro. O dinheiro tirado dos bornais de catingueira, 50 contos de réis, foi costurado por Durvalina, na barra do vestido de Aristéia. A cangaceira pediu pra ir se entregar, pois se voltasse para família poderia ser morta. Moreno aceitou o pedido da companheira e mandou Boa Vista e Cruzeiro levá-la em Santana do Ipanema, local escolhido por ela. Os cangaceiros seguiram dentro do Máximo cuidado, escoltando Aristéia. Na fazenda pedra D’água, os cangaceiros pegaram um rapaz e mandaram que ele levasse a mulher até a cidade, pois não podiam se aproximar mais, pois, corriam o risco de serem presos ou mortos. O rapaz temeroso se recusou a atender ao pedido dos cangaceiros. Boa Vista se aproximou e jurou sangrar o garoto caso ele desobedecesse a sua ordem. O jovem sem opção seguiu escoltando Aristéia. Em Santana do Ipanema, diante dos olhares curiosos, Aristéia se entregou ao capitão Mané Vicente. O militar deixou a cangaceira em sala livre onde ela passou alguns meses. O moço portador, que havia ido apenas deixar a mulher na cidade, acabou sendo preso também. O senhor Ismael, de Alexandre, quando viu o rapaz preso, diante do absurdo da detenção, procurou o delegado e foi pedir para que ele soltasse o garoto, pois o conhecia e ele era guia de uma cega. O delegado ordenou a soltura do inocente e ele retornou pra fazenda, onde realmente servia de guia de uma senhora que vivia na escuridão por falta de visão.
No dia 15 de maio de 1938, Aristéia deu a luz ao filho dela e catingueira. O menino ganhou o mesmo nome do pai de Aristéia, José Soares. O filho ficou aos cuidados das tias de Aristéia. O menino depois que cresceu, ganhou o mesmo apelido que tinha o pai, catingueira.


No mês de julho, cubículo apertado, cercado por grades, Aristéia ouviu fogos de artifício estourados nos arredores da cidade. Diante dos gritos e do barulho formado, Aristéia e mais algumas mulheres que também estavam presas subiram em tamboretes e avistaram, ao longe, soldados que exibiam as cabeças de Lampião, Maria Bonita e mais alguns cangaceiros abatidos na Grota do Angico, em Sergipe. Foi essa a única vez que Aristéia viu Lampião, apesar de terem trilhado o mesmo caminho do cangaço.
Pedra Agra, Pedro Gaia e Pedro Soares, homens de recursos, tios de Aristéia, quando ficaram sabendo da prisão da sobrinha, reuniram-se e foram solta-la. A cangaceira ficou livre das grades, tendo apenas que permanecer na cidade, sem poder se ausentar, ficando sob ordens do coronel Lucena, que a enviou para casa das tias Mariinha, Zafina, Santo e Maria Grande, na fazenda Lajinha.
Os tios de Aristéia, Pedro Gaia e Pedro Soares residiam em Palmeira dos Índios, sendo que o primeiro tornou-se depois prefeito de Santana do Ipanema. Homens de influência política e publica usaram seus conhecimentos para deixarem a sobrinha sem os infortúnios das regras regidas dos detentos vindos dos diversos bandos de cangaceiro.
O coronel Lucena disse que Aristéia podia ir ficar na casa das tias, mas que não fosse procurar mais por cangaceiros. Aristéia respondeu que não havia mais cangaceiros vivos, pois Lampião havia morrido. Salvo desconhecimento da cangaceira, o seu ex chefe, o Moreno, percorria ainda, os mesmos esconderijos.
Na casa das tias, Aristéia ficou durante algum tempo, depois retornou pro Capiá da Igrejinha, seu paraíso de infância, deixando José Soares, seu filho, para ser criado pelas tias, todas elas, moças velhas.
Catingueirinha, quando já rapaz, deixou as tias e veio morar com a mãe biológica. Tornou-se um negociante de frutas, conhecidos por todos da região, levando seus produtos para serem vendidos nas feiras das localidades vizinhas. Em uma dessas viagens, demorou chegar em casa e a sua esposa aflita saiu em busca do marido, indo encontrá-lo na beira da estrada, gemendo e todo ensangüentado, falecendo no outro dia, crime realizado em 1964, por um amigo, que levou irrisória quantia, pela qual, mesmo sendo a pior qualidade de bandido, não e tira a vida da mais simples espécie. O salteador foi transferido para Maceió, depois que um dos primos de catingueirinha tentou invadir a cadeia para vingar do bárbaro assassinato, inconformado com a barbárie da morte de um jovem familiar.
Aristéia ainda vive, lúcida e forte, hoje aos cuidados do filho Pedro Soares, lembrando com facilidade dos fatos ocorridos que deixaram marcas profundas em seu curso de vida, sendo sempre aliviada pelo amor dos familiares e pelas correntes de orações que lhe são dedicadas em dia especial, em uma maravilhosa noite festiva, acontecida no Capiá da Igrejinha, em Canapí Alagoas, terras abençoadas e que ela carrega sempre no pensamento como se fosse parte sagrada do seu próprio corpo.


João e Aristeia no Capiá da Igrejinha, na casa onde ela nasceu.
 Casa do filho de Arsiteia, Pedro Soares.
Aristeia sendo entrevistada para um documentário que será lançado em julho
participação de Aristeia no centenário de Maria Bonita
 Aristeia participando do Cine Ceará, em Fortaleza.
 Aristeia sendo entrevistada para um documentário que serviu de formação para alunos de comunicação.
 entrvista pra TV Bahia.
Aristeia é recepcionada no aeroporto de Aracaju por Érico Israel.
Encontro de cangaceiros em fortaleza
Homenagem na morte de Aristeia por João de Sousa Lima