quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Turistas encantados com as belezas de Paulo Afonso

Turistas encantados com as belezas de Paulo Afonso

Antônio Galdino
folhasertaneja.com.br


Ilha de Paulo Afonso - Oásis sertanejo

As belezas naturais de Paulo Afonso e o seu complexo de usinas hidrelétricas têm sido motivo para a visita e encantamento de grande número de turistas. Nos finais de semana e com maior incidência naqueles que são feriadão, mas também durante a semana, é grande o número de visitantes que chegam à cidade fazendo a alegria dos empresários de hotéis, restaurantes e dos guias credenciados.

No mês de outubro, a floração das craibeiras que deixam a cidade vestida de amarelo, são outro motivo para se conhecer os atrativos turísticos de Paulo Afonso.

A parte central da cidade foi transformada em Ilha de Paulo Afonso, com a construção do Canal que alimenta a Usina Paulo Afonso IV, há cerca de 40 anos. E é aí que se concentra a maioria da rede hoteleira, restaurantes, praças, áreas verdes, comércio e o complexo hidrelétrico da Chesf, com suas usinas, subestações, e os mirantes para o cânion do São Francisco e para a Cachoeira de Paulo Afonso.

Antônio Galdino Prainha de Paulo Afonso, no Lago da Usina PA-IV

 
 

Ao chegar a Paulo Afonso o visitante é recebido por canteiros de flores e pelas águas do Lago PA-IV onde fica a Prainha, sempre muito procurada nos fins de semana. Ali, além do agradável banho, num clima bem tropical, de céu sempre azul, há boas opções de restaurantes. Sede da zona turística da Bahia, Lagos e Canions do São Francisco, que compreende também os municípios de Abaré, Glória, Rodelas e Santa Brígida, Paulo Afonso é um oásis sertanejo.

Chamada de Oásis Sertanejo, Paulo Afonso, de fato, surpreende aos visitantes que percorrem centenas de quilômetros acompanhando a vegetação da caatinga, verde apenas no inverso e, de repente, se depara com a imensidão dos lagos que envolvem a cidade.

O Lago da Usina PA-IV que o recebe logo na chegada, num caminho de flores ao longo da estrada de acesso à Ilha de Paulo Afonso. Mas, há ainda o Lago Moxotó, com 1(um) bilhão de metros cúbicos de água e o lago da Barragem Delmiro Gouveia e ainda o próprio rio São Francisco que desce espremido entre os paredões de granito até a Barragem de Xingo, 65 quilômetros adiante.

 
 

Complexo Hidrelétrico de Paulo Afonso - Usinas I, II e III

 
 

O complexo hidrelétrico de Paulo Afonso reúne, num raio de apenas 4 quilômetros, cinco grande usinas hidrelétricas que, junto com a Usina de Xingo e a de Itaparica, produzem mais de 80% de toda a energia hidroelétrica gerada pela Chesf, que soma mais de 10 milhões de quilowatts.

A visita técnica às usinas, programada diretamente com a Chesf ou a visita turística, pela galeria da III Usina, estão nos roteiros das grandes operadoras de turismo do Brasil. No caminho, uma parada de encher os olhos nos Drenos de Areia, quedas d`água permanentes no início do cânion do São Francisco.

Na Ilha do Urubu, um mirante conta a história da Chesf em placas que marcam a sua caminhada, uma outra que marca a visita do Imperador D. Pedro II à Cachoeira de Paulo Afonso, em 1859, monumento e versos de Castro Alves, sobre a cachoeira e uma visão das edificações da Usina Angiquinho,construída por Delmiro Gouveia, em 1913 ao lado da Cachoeira de Paulo Afonso que só retorna à sua pujança nas grandes cheias do rio São Francisco.

Antônio Galdino Catamarã no Canion do São Francisco em Paulo Afonso

 
 

Outra atração que vem trazendo número cada vez maior de turistas é o passeio de catamarã feito no trecho mas natural e mais bonito do cânion do rio São Francisco, em território pauloafonsino. A saída é do Povoado Rio do Sal, a 15 quilômetros do centro de Paulo Afonso e tem a duração de três horas, com aproximadamente uma hora de banho no rio São Francisco. No trecho desse passeio, no meio do cânion, os paredões de granito chegam a mais de 100 metros de altura.

No entorno da cidade há ainda as dezenas de sítios arqueológicos que formam o Museu a Céu Aberto, ainda em fase de organização. E há o artesanato de linhas, fabricando em teares rústicos redes, mantas e outras peças da melhor qualidade, já exportadas para a Europa.

Antônio Galdino Museu Casa de Maria Bonita - Malhada da Caiçara-Paulo Afonso-BA

 
 

A presença do cangaceiro Lampião por estas terras baianas com muita freqüência e a de Maria Bonita, nascida na Malhada da Caiçara, no município de Paulo Afonso, onde está o Museu Casa de Maria Bonita, fez nascer o Roteiro do Cangaço que tem atraído grande número de pesquisadores e curiosos e estudiosos desse tema. O escritor João de Souza Lima, morador de Paulo Afonso há muitos anos, tem pesquisado o tema e já produziu 6 livros sobre o cangaço, Lampião, Maria Bonita e outros cangaceiros.

A riqueza do potencial turístico de Paulo Afonso levou a Bahiatursa a promover a realização de um seminário regional na cidade, com a participação de órgãos estaduais de turismo dos estados de Alagoas e Sergipe. Desse seminário nasceu o Roteiro Integrado do Cânion e Cangaço, lançado em Maio/2010 no Salão de Turismo, em São Paulo e em Outubro/2010, na ABAV, no Rio de Janeiro.

Eduardo Cruz Escola Boa Idéia - Natal-RN

 
 

Muitos colégios e escolas do Nordeste têm colocado em seus planejamentos viagens de seus alunos a Paulo Afonso, como aconteceu com Escola Boa Idéia, de Natal, cuja diretora Maria Lúcia Pereira de Santana, que já trabalhou em Paulo Afonso declarou. "Ah! A visita anual a Paulo Afonso já está no nosso planejamento. E os alunos e professores saem daqui encantados com tanta beleza. Para o ano estamos aqui de novo!"

Essa euforia também tomou conta dos alunos de Salvador que foram trazidos pelo Grupo Energia. Diante das quedas dos Drenos de Areia eles alternavam a contemplação com a inquietude da pose para fotos e mais fotos para registrar aquela paisagem única.

Antônio Galdino Estudantes de Salvador - Agência Grupo Energia

 
 

De suas bocas uma palavra resumia o seu sentimento: "É lindo! Muito Lindo". E, certamente, nunca devem ter lido uma declaração do geógrafo Theodoro Sampaio que, em 1906, visitando a Cachoeira de Paulo Afonso, grandiosa, questionado sobre a sua opinião pelo que via, disse apenas: "Paulo Afonso, vê-se, sente-se. Não se descreve".

 
 

Destaques da programação de 31 de outubro a 6 de novembro

Destaques da programação de 31 de outubro a 6 de novembro

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Assunto:

Destaques da programação de 31 de outubro a 6 de novembro

Data:

28/10/2010 22:10


Programação 31 de outubro a 6 de
novembro de 2010


Campeonato Brasileiro - Série C


Sábado, 17h
Salgueiro x ABC


Domingo, 10h
Ituiutaba x Criciúma

Mais Destaques


DOCTV CPLP

Tchiloli - Identidade de Um Povo

Sex, às 22h00


 


Caminhos da Reportagem

A mudança na vida da população do Estado de Amazonas com a maior seca dos últimos 40 anos

Qui, às 22h00


 


Revista do Cinema Brasileiro

Muito samba na trilha sonora e uma entrevista com o escritor Sérgio Cabral

Sáb, às 20h30


 


Musicograma

O encontro musical de Jair Rodrigues e seus filhos, Jair de Oliveira e Luciana Mello

Sáb, às 21h30


 


Expedições

Um dos tesouros mais bem guardados do nosso planeta: o ecossistema das Cataratas e suas florestas

Ter, às 19h30

Domingo, 31 de outubro

ABZ do Ziraldo: apresentador conversa com Gabriel, o Pensador

Dango Balango: programação da semana

TV Piá: um campeão mirim de motocross e o que as crianças pensam sobre ‘liderança’

A'Uwe: 'Ava-canoeiro, a Teia do Povo Invisível'

Ver TV: especialistas discutem a participação do nordeste na televisão brasileira

Cine Ibermedia: 'A cara que mereces'

Segunda-feira, 1 de novembro

Turma do Pererê: programação da semana

Rede Jovem Cidadania: a cultura visual do sticker

Karkú: episódios da semana

Tudo que é Sólido Pode Derreter: série celebra a anarquia de Macunaíma

Brasilianas.org: inclusão digital

Terça-feira, 2 de novembro

Snobs: ciganos acampam em Eden Beach

Cara e Coroa: o que pensam jovens e idosos sobre as novas organizações familiares

Quarta-feira, 3 de novembro

Alto-Falante: histórias e lendas sobre o Beatle Paul McCartney

Aborrecentes: 'Entendendo Tudo Errado' e 'Férias de Primavera'

Comentário Geral: morte

Nova África: República Democrática do Congo

Planeta Azul: o fundo do oceano

A TV que se Faz no Mundo: tradições e cultura na TV de Basco

A Grande Música: RICE Copacabana 2010

Quinta-feira, 4 de novembro

Uma Aventura na África: 'Partida'

Cultura Ponto a Ponto: do Nordeste ao Sul do Brasil, pontos fomentam o teatro

DOCTV América Latina: 'Retratos da ausência'

Sexta-feira, 5 de novembro

Programa de Cinema: 'Os Doces Bárbaros'

Sábado, 6 de novembro

Mobilização: Coorimbatá

Cozinha Brasil: as delícias de Campina Grande, o maior produtor de abacaxi do Brasil

Sustentáculos: paisagens urbanas

Almanaque Brasil: Ariano Suassuna é o entrevistado do Papo Cabeça

Paratodos: Teatrokê

Arte com Sergio Britto: a tradição do Teatro de Vaudeville

Programa de Cinema: 'Por Trás do Pano'

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Caraibeiras: Dourando a vida


Mês de outubro em Paulo Afonso a cidade ganha tapetes amarelos, as caraibeiras se revestem de amarelo e embelezam a cidade, dando um visual de beleza impressionante.
"Viva a Natureza"

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Lambe Lambe, uma bela câmera na coleção do escritor João de Sousa Lima


o acervo do escritor João de Sousa Lima ganha mais uma relíquia. Foi adquirido recentemente uma belíssima mãquina fotográfica Lambe lambe.
em breve essa peça estará fazendo parte do Museu do Homem do Sertão.

Maria Bonita, A Rainha do Cangaço.


Em março de 2011 você está convidado para participar do centenário de Nascimento de Maria Bonita, a Rainha do Cangaço.
o evento acontecerá em Paulo Afonso, Bahia.
qualquer dúvida ligue: 75-8807-4138 ou joaoarquivo44@bol.com.br

Centenário de Maria Bonita, A Rainha do Cangaço


Em março de 2011, a cidade de paulo Afonso se tornará palco de comemoração do Centenário de Maria Bonita, A Rainha do Cangaço.
o evento contará com o apoio das cidades de Canindé do São Francisco, Sergipe e Piranhas, Alagoas.
A realização terá a participação dos Blogs Lampião Aceso, Cariri Cangaço e Conversas do Sertão, além da participação direta da SBEC- Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço, UNEB _ Campus VIII e Prefeitura de Paulo Afonso.

Pelé, eterno Rei do Futebol


Parabéns pelos 70 anos de vida de Edson Arantes do Nascimento, o famoso Pelé, o Rei do Futebol.

Pelé: Não Haverá Outro Como Ele.


Edson Arantes do Nascimento, o famoso Pelé, acaba de completar 70 anos de idade.
Ele é simplesmente o maior jogador de futebol de todos os tempos.
ao Rei do Futebol nossos parabéns e que sua vida seja cada dia mais abençoada e cheia de vitórias.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

o senador Marco Maciel lendo as histórias de Maria Bonita


Durante visita do senador Marco Maciel ao Stand da BODEGA, em Petrolina, Pernambuco, o senador aroveitou para conhecer um pouco mais da história do cangaço.

sábado, 23 de outubro de 2010

Kiko Monteiro e o blog Lampião Aceso entrevista Antonio Vilela

sábado, 23 de outubro de 2010

Prazer em conhecer: Lampião Aceso entrevistou o pesquisador e escritor Antonio Vilela.


Vilela é de fato O cangaceiro evangélico. Codinome batizado pelo amigo Kydelmir Dantas. Um pesquisador que tomou uma vertente diferente, mais pessoal, optando explorar um capitulo pouco conhecido da saga de Lampião quando esse atuou no agreste pernambucano.

Seu mais novo trabalho apresenta cangaceiros e volantes que até ontem não sabíamos que existiam.

Vilela resume seu abraço no cangaço.

"A SBEC, esta maravilhosa confraria que reúne os melhores pesquisadores do país me acolheu em 2006, porem meu interesse e minhas andanças começaram em 1975 quando iniciava namoro com uma cidadã da terra da resistência, uma potiguar de Mossoró. E durante minhas visitas à Mossoró conheci a cadeia onde foi aprisionado o Jararaca. E aquela história me prendeu também. Começo a buscar a bibliografia e em 1997 inicio de fato minha pesquisa de campo no sentido de investigar e conhecer lugares e personagens. 

Meu maior incentivador a botar no papel o resultado destas andanças e leituras foi meu filho Lincoln. Eu costumo chamar meu primeiro livro de "um acidente de percurso", mas graças a Deus, um acidente que me trouxe e tem trazido muitas alegrias. 

Olha nós aqui desfrutando desse evento magnífico?"

  
Então apresente suas crias! 
Então, temos aí "O incrível mundo do cangaço vol. 1" lançado em 2006 que já está em sua 4ª edição saindo mais uma fornada este mês. E o lançamento que estou divulgando aqui no Cariri "O incrível mundo do cangaço vol. 2". É diferenciado, pois estou apresentando volantes e cangaceiros desconhecidos. Por exemplo, um que foi citado pelo seu conterrâneo Optato Gueiros em sua obra "Lampeão, memórias de um oficial de volantes" "o Paizinho Baio". Optato o considerou o Lampião do agreste e eu precisava saber quem foi este homem. Paizinho Baio era natural de Brejão de Santa Cruz, distrito de Garanhuns hoje emancipado como Brejão.



 



Visitando estas cidades por sorte ou ironia do destino eu consegui localizar parentes do Paizinho Baio. Como sabemos não é tarefa fácil são poucas pessoas com capacidade de aceitar e admitir que o parente foi um criminoso... Quer mais coincidência? Descobri que o meu vizinho era neto do Paizinho, me refiro a seu "Nezinho Baio" que me prestou grandes informações sobre ele e sua família. Então graças a este amigo ampliei meu trabalho. Hoje quando colegas de pesquisa ouvem falar sobre este cangaceiro ou sobre os militares Caçula e José Jardim lembram-se de Vilela.

Livro Preferido de outro autor?
Parafraseando Chacrinha eu quero dizer que também vim pra confundir enquanto muitos criticam achincalham o padre Frederico Bezerra Maciel eu o exalto seus livros com admiração. Porque digo isto, se nós analisarmos os seis volumes de seu trabalho "Lampião, seu tempo e seu reinado" vemos a fantástica cronologia, e em especial os detalhes da localização geográfica de cada lugar em mapas o que ninguém havia feito antes. As trajetórias, os combates, até o alimento consumido pelos cabras estão detalhados em sua obra.



Qual é o primeiro título recomendado para um calouro? 
Guerreiros do sol de Frederico Pernambucano de Mello.

Com quantos personagens desta história você teve contato? 
Posso até nomear: Candeeiro, Vinte e Cinco, Aristéia, Durvinha, Moreno e Sila.
Do time dos volantes eu estive pessoalmente com o tenente João Gomes de Lira; Teófilo Pires; Neco de Pautila; sargento Elias Marques; cabo "Grilo" o soldado que enterrou Lampião. Pelo menos os eu me recordo no momento. Coronéis eu não conheci nenhum, já Coiteiros eu estive com vários, mas por questões de ética eu não citarei os nomes. É bom dizer que mantive e mantenho certa amizade com todos.

Qual destes contatos foi, ou foram, os mais difíceis? 
Parece mentira, mas foi com dona Expedita Ferreira Nunes, filha de Lampião que mora na sua capital, encontrei empecilhos, mas acabei conseguindo e afirmo que é uma pessoa atenciosa fina e carinhosa.

Qual o contato que não foi possível e lhe deixou de certo modo frustrado?
Duas decepções. Uma foi com o Pedro de Tercila na ocasião em que fui a Olho D'água do Casado cidade em que ela morava em Alagoas e chegando lá recebo a noticia de que ele tinha falecido há três dias. E a maior delas: Não ter conversado com João Bezerra que viveu os últimos anos de sua vida e faleceu em Garanhuns, minha terra. Isso precisamente no ano de 1970. Eu um rapazola trafegava pelo comercio de minha cidade de vez em quando ouvia as pessoas exclamarem como quem aponta um artista - olha lá, o homem que matou Lampião! - eu olhava pra ele, mas aquilo não me interessava de jeito nenhum hoje penso com remorso poderia ter tirado pelo menos uma foto com o homem.

Com quem gostaria de ter conversado?
Com "a sussuarana" e ex cangaceira Dadá. Tive tal oportunidade sabendo que ela morava em Salvador, mas não criei a situação. Confesso que até pagaria com prazer pra obter uma entrevista com a mesma. Considero que o surgimento de Dadá foi um divisor de águas no cangaço.

Qual é o seu capitulo preferido?
Ah! com certeza e aconselho que nos aprofundemos mais e mais no cangaço no agreste pernambucano. Mais uma palhinha: No agreste vocês vão explorar a fazenda Riacho Fundo na cidade de Águas Belas, um dos coitos mais seguros de Lampião. Poucos foram os pesquisadores que estiveram lá. Inclusive em janeiro passado eu levei o Severo e a sua esposa Danielle pra conhecer as belezas daquele local.

Um cangaceiro (a)? 
Durvinha.

Um volante?


 Este que se destaca, Alfredo Cavalcante Albuquerque de Miranda, o tenente Caçula.


Um coadjuvante? 
Tenente José Jardim.

Uma personagem secundária? Parecia ter bom papel mas não passou de figurante.
Apesar de ser meu amigo o Sr Manoel Dantas Loiola ex cangaceiro Candeeiro é um cabra introspectivo, bastante retraído, não satisfez muitas das minhas principais curiosidades, aliás, minhas e de outros que o procuram. Ele esconde algo que talvez leve pro túmulo e no mais porque não fica clara a sua importância e seu relacionamento com o rei do cangaço.

Geralmente todo pesquisador é colecionador qual é o foco de sua coleção?
Igual ao compadre João de Sousa Lima... dou o que não tenho pra conseguir fotografias. Seja da volante, cangaceiros, coronéis e de quaisquer personagens. E possuo arquivos raros já impressos em meu novo trabalho. A começar pela capa de meu livro que quebra um protocolo de se aplicar sempre a estampa de um cangaceiro. Eu optei em ilustrá-la com três fotos de policiais inéditas o Caçula e o Jardim (José Jardim) além da volante do Manoel Neto. Ao lado de Manoel Neto aparece uma figura nuca antes comentada, lutei e consegui identificá-lo, trata-se do "Canfifim" que foi cangaceiro de Lampião depois se alista na volante e passa a ser um dos rastejadores do bravo nazareno. Então minha coleção de fotografias modéstia a parte é vasta e rica.

Parte do seu museu iconográfico.

Entre as peças tem alguma relíquia?
Uma foto de Manoel Heráclito volante à serviço de Manoel Neto. Esta foto me foi cedida pela senhora a qual a foto foi dedicada, Adélia Correia, por acaso sua ex namorada, na ocasião em que eu fui entrevista-la na cidade de Inajá/PE. Dona Adélia foi tesoureira da prefeitura na gestão de Manoel Neto. Ela está inclusa no nosso primeiro livro. Não coleciono acessórios nem tampouco armas. Este tipo de objeto eu aceito e deixo nas boas mãos do confrade João de Sousa Lima que em breve estará com seu museu em Paulo Afonso.



Nós que gostaríamos de ver um filme que retratasse um cangaço autêntico, fiel aos fatos, sem licença poética, erro primário enfim sem exagero da ficção lamentamos a eterna necessidade de se ter finalmente uma produção digna da saga, de preferência um épico ou uma trilogia, enquanto isto não foi possível qual a película mais lhe agradou?
Baile Perfumado. Fiel a biografia de Benjamim Abraão.

Eleja a pérola mais absurda que já leu sobre Lampião?
Lampião: cada um conta uma! Ainda não é exatamente esta, porque já ouvi muita coisa absurda. Mas lembro com certo desdém pelo teor da informação, esta é uma daquelas que você pode ouvir na sua cidade, foi o seguinte: Certa vez eu estava escrevendo o rascunho de meu primeiro trabalho e sai na porta de casa pra respirar e aproxima-se uma senhora que me diz - olha Vilela, Lampião esteve pessoalmente na fazenda do meu avô!!! Eu, naturalmente me interessei pelo fato e perguntei a esta senhora qual a localização desta propriedade e ela diz que era em Quipapá mata sul de Pernambuco, Ora, pelas minhas pesquisas Lampião só vai até uma localidade chamada Mimosinho a 6 km de Garanhuns.

O pior vem agora, a mentira que eu escutei recentemente, mês passado, durante uma exposição fotográfica no festival de inverno de Garanhuns. Um cidadão afirmou categoricamente que Lampião foi até Maceió, pegou um avião e foi assistir a um jogo de futebol no Maracanã.

Maceió ele até foi... Depois de morto, avião acho que nem de longe ele contemplou, e assistir futebol? Maracanã? Um estádio que foi inaugurado em 1950? 
Se algum pesquisador sem critérios ouviu esta mesma conversa já deve ter publicado em algum folheto.

Diante de tantas polêmicas surgidas posteriormente a tragédia em Angico alguma chegou a fazer sentido, levando-o a dar atenção especial ex.: "Ezequiel não morreu e reaparece anos mais tarde", "João Peitudo, filho de Lampião", "O Lampião de Buritis" e "a paternidade de Ananias"?
O enigma do Angico não é nenhum destes. É a morte do soldado Adrião Pedro de Souza. Uma trama ainda a ser desvendada por um de nós pesquisadores. Só darei uma dimensão para analisarmos desde já e todos hão de convir com a inversão de valores, vejamos: 11 bandidos mortos e depois homenageados como heróis com uma grande cruz de ferro por "João Bezerra", entre aspas claro, pela razão de ser ele o responsável pela tropa. E adrião é simplesmente ignorado! O que teria feito Adrião para cair na vala dos esquecidos?.

E Lampião: morreu baleado ou envenenado? 
Veneno!!!

Não precisa detalhar, mas em que assunto ou personagem está trabalhando ou qual gostaria de estudar para a publicação desta pesquisa. Enfim qual a próxima novidade que teremos em nossas estantes?
Estou iniciando mais uma nova e apurada pesquisa sobre Lampião em Pernambuco. Trarei à tona fatos igualmente desconhecidos sobre o Rei do cangaço no meu Estado.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Kiko Monteiro e o blog Lampião Aceso, divulgam documentário da TV Mandacaru.

João em: O caderno e o soldado!

Confesso imensa curiosidade que tinha para ver a imagem do encontro que aconteceu - pela metade - entre João de Sousa Lima e Maria de Juriti. Olha ai o primo em dois momentos que complementam a ilustração da sua entrevista.

 

Uma revelação feita por João que acompanha a postagem em seu blog.

Maria de Juriti foi uma das cangaceiras que escaparam do combate na Grota do Angico, porém decidiu levar sua vida sem falar nada com ninguém, morreu sem dar entrevistas.

Poucos meses antes de sua morte estive em sua residência, acompanhado pelo cineasta Wolney Oliveira e por maior que fosse nossa insistência para colher alguma informação, mais o silêncio dominava o ambiente e por último ela reclamou dizendo que poderia ter uma "parada do coração" e aí tivemos que nos contentar com apenas algumas fotografias...

Recentemente recebi em minha casa a visita de um dos filhos da ex cangaceira, trazendo um caderno com riquíssimos depoimentos da mãe, colhidos por ele mesmo. O material me foi presenteado e o conteúdo deste vai virar um capítulo interessante, em um futuro bem próximo.

Um velho amigo

O soldado Teófilo Pires do Nascimento, o homem que matou o cangaceiro Calais, teve uma pequena parte de sua vida apresentada no documentário "Um combatente da época do cangaço" com direção de João e Antonio Galdino, tem meia hora de duração. Este vídeo apresenta inclusive uma parente de uma famosa cangaceira que faz uma revelação sobre "a origem" desta. 

Participação do irreverente músico e pesquisador Jadilson "Bin Laden" Ferraz.
 

O vídeo foi lançado pela TV Mandacaru de Paulo Afonso/BA e já se encontra disponível para quem acessar o site, que é vinculado ao Jornal Folha Sertaneja. Chega de tchi tchi tchi   
Clique aqui
 
 


Postado por Kiko Monteiro às 11:47
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Marcadores: A vida após o cangaço, Fotos, João de Sousa Lima, Volantes, Vídeos

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Maria de Juriti, uma cangaceira na Grota do Angico


Maria de Juriti foi uma das cangaceiras que escaparam do combate na Grota do Angico, porém decidiu levar sua vida sem falar nada com ninguém, morreu sem dar entrevistas.
poucos meses antes de sua morte estive em sua residência, acompanhado pelo cineasta Wolney Oliveira e por mais que maior que fosse nossa insistencia para colher alguma informação, mais o silêncio dominava o ambiente e por último ela reclamou dizendo que poderia ter uma "parada do coração" e aí tivemos que nos contentar com apenas algumas fotografias.
recentemente recebi em minha casa a visita de um dos filhos da cangaceira, trazendo um caderno com riquissimos depoimentos da mãe, colhidosmpor ele. o caderno me foi presenteado e sobre a vida dela será lançado um capítulo interessante, em um futuro bem próximo.

Teófilo Pires do Nascimento, o soldado que matou o cangaceiro Calais.


o soldado Teófilo Pires do Nascimento, o homem que matou o cangaceiro Calais, teve uma pequena parte de sua vida lançada em vídeo.
o filme foi lançado pela TV Mandacaru e já se encontra disponível para quem acessar o site, que é vinculado ao Jornal Folha Sertaneja.
João de Sousa Lima e Antonio Galdino foram os diretores do vídeo-documentário.

Wladimir Carvalho, um dos grande cineastas brasileiro


Wladimir Carvalho é uma figura conhecidíssima no meio cinematográfico brasileiro. Ele é um dos maiores documentaristas do Brasil, seus filmes marcaram toda uma época e geração.
Recentemente foi homenageado pelo presidente da república, Luis Inácio da Silva, tendo ainda Gilberto Gil como ministro.
Wladimir leciona em Brasília.
É uma pessoa extremamente educada e de uma gentileza só reservada às pessoas feliz com a vida.
Parabéns mestre Wladimir, que suas obras e sua bondade sejam eternas.

BOTIJAS, TESOUROS DO NORDESTE.

BOTIJAS, TESOUROS DO NORDESTE.


 


 


 

As diversas histórias de Botijas transformaram-se em lendas, com seus relatos sempre acrescentados de uma pitada de aventura e do sobrenatural.

O Sertão Nordestino contém inúmeros relatos sobre as Botijas, tesouros enterrados em oitões de fazendas, nos batentes dos casebres, velhas árvores centenárias, entre pedras e lajedos.

Verdadeiros tesouros do passado, quando os sertanejos escondiam suas finanças e seus ouros em cabaças, potes de barro ou caixotes de madeiras e depois os enterravam em pontos estratégicos, tendo um alvo de referência de fácil acesso para o proprietário.

Dentre todos os pontos de relatos envolvendo esses tesouros escondidos, nenhum tem mais registros do que a imensidão do Raso da Catarina. Desde os relatos dos fugitivos da guerra de Canudos, passando pelos índios Pankararé, até chegar aos relatos deixados pelos cangaceiros, que além de ouro e moedas deixaram enterrados ou escondidos em troncos de árvores, munições e armas. A Cangaceira Dadá, de Corisco, Passarinho, Azulão, Gato, Inacinha, são alguns cangaceiros que deixaram materiais enterrados ou escondidos no Raso da Catarina. Muitos desses sendo encontrados por moradores da localidade. Dentre os fatos mais conhecidos podemos citar dona Marli Reis (sobrinha do famoso coronel Petronilio de Alcântara Reis), proprietária de uma pousada/restaurante em Chorrochó, Bahia. Ela sonhou com o fogo consumindo uma das paredes da igreja construída pelo Antonio Conselheiro, ao amanhecer se dirigiu pra igreja e quando tocou uma das paredes, exatamente a parede que ela sonhou em chamas, caiu um pedaço do reboco e de dentro da parede, junto com os escombros, caíram várias correntes e anéis de ouro, peças até hoje guardadas por ela como verdadeiro tesouro.

Um dos índios da tribo Pankararé, residente da reserva Brejo do Burgo, desmatava um terreno, nas proximidades da Baixa do Chico. Com um afiado machado começou a cortar uma velha árvore morta, entre os cortantes golpes da afiada lâmina, um tilintar, um barulho diferente do toque do machado com a madeira, a curiosidade aumentou, as machadadas ficaram mais rápidas, no oco da madeira uma velha ferragem de um mosquetão, arma usada pelos cangaceiros. Ferragem recolhida, árvore cortada, hora de colocar fogo no resto do tronco; Minutos depois do fogo ateado, tiros ecoaram, carreira em busca de proteção entre pedras, vários disparos, momentos angustiantes, vários minutos de espera até queimar o último projétil, várias balas deflagradas. Por falta de atenção a munição que estava também na árvore não foi avistada sendo consumida pelo fogo. Tempos depois a ferragem do mosquetão foi presenteada ao escritor João de Sousa Lima.

Em Paulo Afonso, a estrada que dava acesso a Salvador, saindo de Santo Antonio da Glória, cruzava a nossa famosa Rua da Frente, nas proximidades da estrada, tempos depois, surgiu a cidade, entre o emaranhado de ruas, uma das vias de destaque: Rua do Coqueiro. Nessa rua, em outubro de 2010, o pedreiro Sabino começou um trabalho de reforma e ampliação de uma residência, traços marcados, linhas esticadas, ajudantes à postos, começam a escavação. Sabino maneja agilmente a ferramenta, buracos cruzam uma parte do quintal, entre golpes da picareta, um som diferente, Sabino observa uma velha cabaça partida por suas pancadas. A cabaça é cuidadosamente recolhida, dentro dela várias moedas de prata e cobre. Valores deixados no passado, relíquias colhidas no presente. Mais um tesouro desenterrado. Aproximadamente seis quilos e meio de moedas, tesouros da história, segredos encravados na terra, descobertas recentes, memórias de um passado ainda latente, registros de um tempo, datas marcadas: 1880, 1890, 1900, 1910, 1920, 1930, esfinges e gravuras de rostos famosos, Botijas, tesouros que atravessaram o tempo, nas escondidas fendas da terra, fatos registrados no presente, tesouros enigmáticos colhidos e que serão eternizados, parte da nossa história passada, reflexo de um tempo, memória de uma época, traços de uma geração, perpetuação de fatos, histórias e memórias de um povo e de uma cultura. O tempo em sua passagem crava atos, ações, fatos e emoções.


 


 


 


 


 

Paulo Afonso, 16 de outubro de 2010.


 


 


 

João de Sousa Lima

Pesquisador e escritor


 


 


 

Obs. Todo esse material encontrado será exposto no Museu do Homem do Sertão, futuro Museu que será lançado em Paulo Afonso.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

João de Sousa Lima em noite de autógrafos, durante os 10 anos da AFAI


Professora Júlia Salomão, presidente da AFAI, organiza o 17º Encontro de Filhos e Amigos de Itajuipe que contou com uma palestra do escritor João de Sousa Lima e uma noite de autógrafos.

As Mulheres no Cangaço


As mulheres no cangaço foi o tema da palestra realizada pelo escritor João de Sousa Lima, dia 10 de outubro, para um grupo de Itajuipe, que escolheram a cidade de Paulo Afonso para comemorar os 10 anos da AFAI (Associação de Filhos e Amigos de itajuipe).
além da palestra e da mostra de objetos pertencentes ao cangaço ainda teve uma noite de autógrafos, com os livros do escritor.

sábado, 9 de outubro de 2010

Usina Angiquinho, uma grandiosa obra do comerciante Delmiro Gouveia.


Usina Angiquinho em foto de 1930.
A Usina marca a história de geração de energia no Brasil, sendo a segunda e ser construída.
foi inaugurada em 1913 e funcionou até 1969.
magnífica obra do comerciante Delmiro da Cruz Gouveia.
sobre a história de Delmiro Gouveia será lançado até novembro de 2010, o livro "Quem Matou Delmiro Gouveia?", do confrade Gilmar teixeira. O livro é uma análise sobre os reais envolvidos na misteriosa morte de Delmiro Gouveia.

Capitão Virgulino Ferreira da Silva em cartão de visita


Raro cartão de visita confeccionado pela Aba-Film, em 1936, para Lampião.
o cartão com foto e nome, na época, era uma novidade para poucos.
mesma proporção para o papel timbrado usado por Padre Cícero Romão, em 1931, que trazia a fotografia de seu rosto. Um desses exemplares faz parte do meu acervo e será exposto em breve, no Museu do Homem do Sertão.

Chalé de Delmiro Gouveia


chalé onde morou Delmiro Gouveia.
Rara foto doada por F. Magalhães Martins ao Museu da Estação de Delmiro.

Delmiro Gouveia, uma cidade com um passado memorável.


Delmiro Gouveia, uma memorável cidade do passado, em uma belíssima fotografia do começo do século, retratando a Vila da Pedra, fabulosa construção realizada pelo comerciante Delmiro da Cruz Gouveia.
Essa Vila sofreu uma transformação quase que total desfigurando um belo cartão postal do passado.
feliz o homem que preserva seu passado.

Paulo Afonso e a Feira do Troca, uma grande atração, pela variedade de mercadorias comercializadas.


Paulo Afonso tem uma das mais concorridas "Feiras de Trocas" do Brasil.
a variedade, entre bicicletas, relógios, ferramentas, som, telefones e algumas antiguidades, atrai uma enorme quantidade de pessoas que vão realizar trocas, compras ou apenas rever amigos e conversar.
Uma das atrações da feira é seu Antonio, negociante de relógios movidos à corda, automáticos e a pilha.

Paulo Afonso e o início da cidade, em uma raríssima fotografia.


Paulo Afonso e uma raríssima fotografia da famosa "Rua da Frente", onde podemos ver o primeiro cinema da cidade: o Cine Paulo Afonso.
ao fundo na foto vemos a majestosa Serra do Umbuzeiro.

D. Pedro II e sua visita à cachoeira de Paulo Afonso


em 1859 D. Pedro II visitou a cachoeira de Paulo Afonso.
150 anos depois, em 2009, seu trineto Dom Joãozinho fez o mesmo percurso. O evento marcou a data pela estrutura montada e a participação de mais de 200 pessoas, que subiram o Rio São Francisco, em diversas embarcações.

bicicletas antigas, modelo raro da monark


um raro modelo da bicicleta monark, adquirida por João de Sousa Lima recentemente.
mais um exemplar para a coleção do colecionador.

Bicicletas antigas, Mercswiss


bicicleta mercswiss 1954, mais uma reliquia restaurada por João de Sousa Lima e mais uma raridade na coleção do colecionador.
mais fotos detalhadas podem ser solicitadas no email:

Bicicletas antigas, caloi 70.


Caloi 1970, mais uma relíquia restaurada pelo colecionador João de Sousa Lima.

bicicletas antigas, garicke.


Restaurar bicicletas antigas é mais um robby do escritor joão de sousa lima. Entre as relíquias recentementes restauradas, uma chama atenção pela beleza: Uma GARICKE 1958.
Na foto com a bicicleta vemos Letícia Lima e Stéfany Lima, filhas do colecionador.
mais fotos, com mais detalhes, podem ser solicitadas através do email: joao.sousalima@bol.com.br

Kiko Monteiro, do blog Lampião Aceso, entrevista o Dr. Leandro Cardoso.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Prazer em conhecer: Lampião Aceso entrevistou o pesquisador e escritor Leandro Cardoso Fernandes.


Sua "entrada" no cangaço deu-se quando tinha 12 anos.

Na época recebeu de presente do avô o livro "Lampião, Cangaço e Nordeste", da Aglae Lima de Oliveira. O livro, que é ricamente ilustrado e o impressionou sobremaneira. A partir daí vestiu a camisa e entrou em campo. Começou a comprar livros e lê-los com voracidade.

Em 1991, foi estudar Medicina em Recife. Aproveitou o tempo em Pernambuco para investigar o que havia à disposição sobre o cangaço. Visitou museus, inclusive o Museu da Polícia Militar, que mostrava roupas das volantes e armas usadas na guerra contra o cangaço. Este local infelizmente encontra desativado e as peças têm paradeiro ignorado como relatou o escritor Geraldo Ferraz em sua entrevista.

Teve seus primeiros contatos com ex-cangaceiros, ex-volantes e com gente que conheceu protagonistas. Conheceu Drª. Laís Vieira, médica e, na época, tenente da Polícia Militar, que conviveu com o lendário Manoel Neto (inclusive foi para o seu enterro). Ela lhe deu informações interessantes sobre como vivia o ex-caçador de cangaceiros, como por exemplo, que o coronel Mané Neto só andava armado e desconfiava de todo mundo.

Ainda em Recife, precisamente em 1996, teve a oportunidade de conhecer na Fundação Joaquim Nabuco o pesquisador Frederico Pernambucano de Mello, já havia ficado impressionado com as suas obras "Guerreiros do Sol" e "Quem Foi Lampião".

Em 1998 foi parar na Selva de Pedra. Em São Paulo, de cara, seu volume de livros aumentou, pois não saía dos sebos do bairro da Liberdade e o da Maristela Kalil, próximo à Praça da República, sempre em busca de cangaço.

Dos livros de Amaury, ele destaca particularmente "Lampião: As Mulheres e o Cangaço", que segundo sua opinião ainda é a melhor obra já publicada sobre o universo feminino no cangaço; e o "Assim Morreu Lampião", uma reportagem emocionante sobre o dia fatídico do Angico,

Leandro lembra que "Assim Morreu Lampião" inclusive foi o embrião para o primeiro Globo Repórter (O Último Dia de Lampião, de Maurice Capovilla). Estes dois livros do Amaury lhe causaram grande impacto e começou a nutrir a vontade de conhecer o autor pessoalmente, uma vez que já o admirava a partir da honestidade com que escrevia.

Um belo dia recebe o telefonema de Dr. Napoleão, seu sogro, lhe avisando que dois "cangaceirólogos" iriam procurá-lo: Adivinhe Quem? Dr. Antonio Amaury e Dr. Melquíades Pinto Paiva.
Amaury telefonou; marcaram um encontro em sua casa, e pronto: todos os finais de semana (e muitas vezes as suas tardes de folga) eram na casa dele, falando de... Cangaço.

Dr. Leandro nos faz lembrar tal sensação de um músico que é fã de determinado artista e que de repente alem de conhecê-lo cria uma amizade cumplicidade que proporciona uma parceria em um novo trabalho, o que veremos em outro parágrafo. 


Os cavalheiros conviveram semanalmente por nove anos. Quando Dr. Melquíades - que reside no Rio - estava em São Paulo, os três almoçavam juntos falando de... Cangaço.

Dr. Melquíades, diga-se de passagem, é detentor da maior biblioteca sobre cangaço do mundo!

Em 2002, Leandro Cardoso, Carlos Eduardo Gomes (confrade carioca), Dr. Benedito Denardi, Dr. William White, Dr. Mozart Pinho e Dr. Antonio Amaury empreenderam uma grande jornada pelos cenários "lampiônicos": Piranhas, Poço Redondo (ocasião em que conheceu Durval e Alcino Costa), a localidade Mucambo, local onde o cadáver de Nenê de Luis Pedro ficou exposto aos curiosos; a fazenda Jacoca, onde Corisco foi apelidado de Diabo Loiro; visitaram Água branca (AL); Canindé do São Francisco (SE); Pinhão (SE) palco da batalha entre soldados e os sobreviventes de Angicos e também do combate de Lampião com o tenente Menezes em 1929.

Visitaram a Fazenda Patos e seu famoso curral de pedra, onde Corisco degolou os membros da família Ventura, em 1938. Tiveram também a oportunidade de conversar com o único irmão vivo da cangaceira Lídia, nos escombros da casa onde ela nasceu. E ainda deram uma esticada até o cenário do combate da Maranduba, um dos mais intensos da história do cangaço.


 William White, Dr. Amaury, eu e Dr. Benedito Denardi na casa da Baronesa de Água Branca.


 Com Dr. Amaury no local do combate da Maranduba. As cruzes mostram onde os soldados foram enterrados.

Em Angico.


 

Fazenda Patos


 Dr. Benedito, Jairo Luiz, Dr. Amaury, William White, eu e Carlos Eduardo Gomes, no famoso curral de pedra onde Corisco degolou os membros da família Ventura, na fazenda Patos.


 Jairo, eu, Dr. Amaury, o irmão de Lídia e o Dr. Benedito Denardi, na casa velha da fazenda
Pedra D'água à poucos metros de onde teve o combate da Lagoa de Domingos João.


Em Aracaju, Leandro foi recebido por Expedita Ferreira e Vera Ferreira (filha e neta do rei do cangaço). Na ocasião, Vera estava de posse das cabeças de Lampião e Maria Bonita, que haviam sido recolhidas de Salvador (por problemas no cemitério que sofreu danos pelo inverno abundante). Como estava escrevendo um livro especifico sobre medicina e cangaço, aproveitou para examinar estas peças, que estavam bastante avariadas.

Relatando esta oportunidade que poucos tiveram, lembra nosso entrevistado de que um dos contatos mais prazerosos que teve durante estes anos foi com o médico baiano Lamartine Lima, que foi assistente do Prof. Estácio de Lima.

Prof. Lamartine relatou-lhe aspectos médico-legais das cabeças, trechos de entrevistas que colheu, como por exemplo, o soldado que matou o cangaceiro Azulão, que, após acertá-lo na coluna deixando-o tetraplégico, degolou-o vivo (vide foto no livro do Estácio), dentre muitas outras passagens curiosas.

Então apresente suas crias!
Junto com o Dr. Antonio Amaury, "Lampião a medicina e o cangaço, aspectos médicos do cangaceirismo". Publicamos o livro em 2005 e viemos lançá-lo no Salão do Livro do Piauí.

O livro foi feito com intenção de preencher algumas lacunas da historiografia do cangaço, como por exemplo, a questão do olho direito do Rei do Cangaço. Até então não havia estudo sobre a mais provável causa da cegueira direita de Lampião: ficava-se a especulação sobre glaucoma congênito, catarata congênita, espinho, sem que o assunto fosse submetido realmente a uma análise mais criteriosa.

Nesta ocasião também lancei o cordel "Sinhô Pereira, o Homem que Chefiou Lampião", prefaciado por Dr. Antonio Amaury. Muito pouco se escreve sobre Sinhô Pereira, seja em prosa ou em verso.

Escrevi um capítulo no livro "Caatinga", de Almeida Cortez e colaboradores, intitulado "Caatinga, Cangaço e o Raso da Catarina", e recentemente colaborei com o cienasta Wolney Oliveira, com relação ao apoio histórico, no filme "Os Últimos Cangaceiros", que aborda a vida de Moreno e Durvinha, a ser lançado brevemente.



 


  
 



 

Livro Preferido?
Colocarei dois: "Assim Morreu Lampião", do Antonio Amaury, e "Lampião e o Estado Maior do Cangaço", do Magérbio de Lucena e Hilário Lucetti. Ao terminar de ler estas duas obras, a minha sensação era de que acabara de fazer um curso, tal era quantidade de novas informações adquirida.

Qual é o primeiro título recomendado para um calouro?
"Lampião, entre a Espada e a Lei", de Sérgio Augusto de Souza Dantas. Uma biografia impecável de Lampião, inclusive com análise jurídica dos crimes.

Com quantos personagens desta história você teve contato?
Através de Dr. Amaury, travei contato com diversos ex-cangaceiros, ex-coiteiros e seus descendentes: Vou enumerar aleatoriamente os que me venham na lembrança: Leônidas Fernandes
... quase um xará... Filho de dona Delfina, a única mulher a ter sido presa por ser coiteira de Lampião, era proprietária da fazenda pedra D'água em Canindé/SE. Leônidas foi quem cuidou dos braços varados de bala do cangaceiro Novo Tempo, após o combate da Lagoa de Domingos João em 1937, e foi o pivô da morte do cangaceiro Juriti, pelo Sargento Deluz.

Dona Delfina.


 

O filho Leônidas.

Através de Leônidas conheci também Zé Cícero, (cujo pai trabalhava com couro no sertão alagoano e baiano e certa vez foi ameaçado pelo Tenente Douradinho que intimou-lhe a fazer um chapéu para um de seus comandados. Ele o fez, mas o soldado não foi buscar e Zé Cícero me presenteou com o mesmo). Joãozinho de Donana ex-coiteiro de Corisco e Zé Baiano, que inclusive criou uma das filhas de Corisco e Dadá, e foi testemunha ocular do combate entre Lampião e o Tenente "Meneis" (Manoel Campos de Menezes) nas ruas de Pinhão (SE) em 1929.  


 Eu, Joãozinho de Donana, Dr. Mozart Pinho e, atrás, Dr. Benedito Denardi.


Sila de Zé Sereno, (que ainda acompanhei como médico no Hospital São Paulo, onde ela ia submeter-se a uma cirurgia). Dona Mocinha irmã de Lampião ainda viva e seu filho Expedito (que conheceu, também, pessoalmente Lampião), e me disse que ao chegar ao coito, por sinal muito próximo à rua de Pedra de Delmiro (onde estava morando com os pais), observou muito bem Lampião e me disse que o chapéu que ele estava usando não era de couro, mas sim de feltro.  

Com dona Mocinha, em sua residencia na capital paulista.

Moreno e Durvinha; mestre Pedro Batista, que foi o último remanescente dos batalhões patrióticos de Juazeiro (faleceu há uns dois anos em Barbalha-CE), inclusive andou com o tenente Chagas que foi levar o convite a Lampião para que este se apresentasse em Juazeiro. Esse encontro aconteceu na fazenda em São José do Belmonte/PE, divisa com o Ceará (fazenda Malhada Grande). Ele por ser um soldado raso naturalmente não sabia o teor da conversa, mas lembra de ter conhecido Manuel Pereira Lins o famoso "Né da Carnaúba". Mestre Pedro trabalhava com manutenção de engenhos de rapadura de cana.

Saliente hein Dr? Reparem ao fundo quem os espreitava!


 

O Mestre Pedro

Também estive com Dulce companheira do cangaceiro Criança, em São Paulo, mas não foi uma entrevista formal... (Necessário ressaltar que ainda está ainda viva,). Por intermédio de Dr. Amaury, ainda conversei com Antonio Jacó "o Mané Veio" que matou o cangaceiro Luis Pedro entre outros, mas ele estava com a audição muito ruim, o que muito prejudicou as perguntas e respostas. Ex cangaceiro Candeeiro, ainda vivo, que reside em Buique, onde o conheci, quando eu ainda estava na faculdade em Recife, em 1996; nesta mesma ocasião conheci o ex-volante de Nazaré tenente João Gomes de Lira, na pequenina Carqueja (PE). Apertei a mão de David Gomes Jurubeba, levado por um colega de turma que era da família Pereira, mas infelizmente não pude entrevistá-lo, pois na ocasião estava doente. Durval Rodrigues Rosa, como já citei acima que conheci por volta de 1998, quando da minha primeira ida a Poço Redondo; a cangaceira Maria de Juriti eu apenas vi, pois os familiares não permitiram nossa aproximação para entrevistá-la. E saindo das hostes de Lampião conheci um descendente de um dos moradores da Fazenda Pedreira, no sertão paraibano, palco de combate de Antonio Silvino em 1901, o meu amigo Jota Nóbrega, que me relatou pormenores desse fatídico dia, que ouvira de seu avô, então adolescente naquela ocasião. Ele arrumou para transporte os soldados mortos e encontrou como despojos do combate, um punhal e uma Winchester que provavelmente pertencia aos cangaceiros de Silvino.

Qual destes foi o mais difícil?
Não diria difícil, mas incompleto foi justamente a visita a Maria de Juriti que se resumiu em um cumprimento, de longe, pois a família era avessa ao assunto cangaço.

Pois é, não foi somente meu primo que perdeu a viagem! 

Essa mesma informação é passada por João de Sousa em sua entrevista que realizamos anteriormente. Povinho egoísta ! Brincadeiras a parte vamos pensar quantas famílias não tiveram a mesma atitude e outros ex cangaceiros foram esquecidos para sempre. Quem sabe a história precisou destes depoimentos que foram enterrados com seus antigos Vulgos. 


Com quem gostaria de ter conversado?
Gostaria de ter conversado com Manoel Neto, com o cangaceiro Luis Pedro e com Juriti. Esses três, como personagens de proa da saga do cangaço, teriam informações muito interessantes sobre os diversos aspectos, principalmente a rotina do grupo.

Qual o contato que não foi possível e lhe deixou de certo modo frustrado?
Antonia de Gato e Manoel Tubiba. Meu amigo, assim que eu soube que Antonia de Gato havia sido descoberta pelo João de Sousa Lima eu fiquei assanhado para conhecê-la lá na região de Paulo Afonso, mas infelizmente tive que adiar e quando pensei que poderia concretizar soube que ela já havia falecido. E o Manoel Tubiba, cangaceiro velho, que andou com Lampião nos primórdios e que estava nas barbas dos pesquisadores, sem que ninguém soubesse. É uma pena que não se tenha colhido seu depoimento, pois quando descoberto ele já havia falecido. A sua descoberta também cabe ao nosso maior caçador de cangaceiros nos dias atuais: João de Sousa Lima.

Qual é o seu capitulo preferido?
Um episódio de acho interessante é o da morte de
João de Clemente no sertão baiano, ocorrido aí no início dos anos 30, perto de Riacho Seco, imediações de Glória, por ali. Porque, neste episódio, pode-se vislumbrar, em meio à moral distorcida de Lampião, algum lampejo de "humanidade". O Rei do Cangaço demonstrou muito remorso em ter assassinado o João de Clemente, dizendo textualmente a várias testemunhas (entre elas Dadá), que o rapaz nada tinha lhe feito e que se arrependia de tê-lo matado.

Eu visitei o local em que ele foi enterrado e tirei algumas fotos em companhia de Dr. Amaury.

Eis um resumo do episódio: Os cangaceiros entraram na fazenda do Seu Clemente justamente no momento em que o João (de Clemente) estava encourado (com os apetrechos de vaqueiro) para ir buscar o gado na malhada. E, na hora que avista a cabroeira, se assusta, monta no cavalo e sai apressadamente. Lampião à frente do grupo grita para o João parar e apear, exigindo que ele retorne. Diante da recusa o que acontece... Lampião atira de ponto e mata o jovem João. Os cabras vão se aproximando do terreiro da casa da fazenda, ao tempo que Seu Clemente, pai de João, vem saindo para acercar-se do que fora aquele disparo. Ao perceber o filho morto, seu João, desesperado, puxa o facão da cintura e parte para cima do Rei do Cangaço, e os cangaceiros (incluindo aí Ângelo Roque) apontam os fuzis para o velho, para matá-lo. Lampião imediatamente intervém: - Pára! Pára!Ninguém atira! Tira o facão do velho, que ele está no direito de pai. Ou seja: ele matou alguém nada lhe tinha feito, e poupou a vida do velho que veio para matá-lo de facão em punho. São as contradições do cangaço, na cabeça de referenciais éticos distorcidos de Lampião. O arrependimento pela morte de João de Clemente, ele confessou para vários de seus companheiros como Dadá e também Zé Sereno, dizendo que aquela foi uma morte que ele se arrependia de ter feito.

Um cangaceiro (a)?
Luis Pedro.

Um volante?
Manoel Neto e Arlindo Rocha.

Um coadjuvante?
Eronides de Carvalho. Foi um grande colaborador e fez algo inusitado para a época, que muita gente desconhece. Uma vez que Lampião era dado a algumas sofisticações, na visita a fazenda Jaramataia um dos cabras estava sofrendo de dor de dente, e o Dr. Eronides, como médico, oferece uma aspirina para ele. O cabra, desconfiado, aguarda a aprovação do capitão... Que de pronto autoriza, então o cangaceiro toma o medicamento, e melhora da dor de dente. Destaco Eronides também pelas belíssimas fotos que ele que ele fez de Lampião e seu bando. Excelentes registros de Mariano, Zé Baiano, Calais, Arvoredo e outros. Este homem, que abrigou Lampião em sua fazenda e o presenteou, inclusive com perneiras do Exército. Filho de Antonio "Caixeiro" de Carvalho, grande protetor de Lampião em terras sergipanas em 1937, é nomeado Interventor de Sergipe, no Estado Novo de Vargas. A partir daí ele aparece na imprensa condenando o cangaço e os seus colaboradores, e até cobrando um fim para esse flagelo. Me lembrou muito os nossos políticos de hoje, que, mesmo flagrados na ilegalidade, na primeira oportunidade pregam a moral e os bons costumes.

Eronides está sentado. É o 2º da direita para esquerda.

Uma personagem secundária? Queria ter bom papel, mas não passou de figurante
Durval Rosa. Durval era um rapazinho e sua importância no episódio da morte de Lampião é hipertrofiada. A sua real importância na história do cangaço deve ao fato de ter estado com Lampião naqueles dias, e ter reconhecido o mesmo após sua morte, sendo mais uma testemunha ocular em Angico, ou seja: vacina contra novas teorias mirabolantes. Acredito que naquelas horas que antecederam o combate de Angico, Pedro de Cândido tinha ido buscá-lo até por que sozinho não conseguiria guiar as três volantes envolvidas e também por que provavelmente queria ganhar tempo, até que Lampião percebesse a aproximação dos soldados, ou então que os soldados deixassem o cerco para a manhã seguinte quando – isso ele sabia muito bem - Lampião já teria deixado o Angico.

Geralmente todo pesquisador é colecionador qual é o foco de sua coleção?
Alem de livros, punhais que consegui por doação, sendo que alguns são originais, e outros são réplicas. Um dos punhais que mais gosto é um que foi feito por Paulo Pereira, filho de José Pereira, o homem que fazia punhais para Lampião no Crato, sob encomenda de Júlio Pereira, genro do Coronel Santana. Tenho algumas peças feitas pelo cangaceiro Balão (um chapéu, bornais, alpercatas, cartucheiras para bala de revólver e fuzil), o chapéu que foi encomendado a um volante, que nunca foi usado, e um anel presente de Durvinha, que, apesar de ser posterior ao cangaço, foi um presente muito especial.

Entre as peças tem alguma relíquia? 
Consegui, no Cariri cearense, algumas preciosidades, como uma das armas trazidas aos batalhões patrióticos e que foi presenteada por Antonio da Piçarra a um coronel da região (não revelarei o nome); e que me foi presenteada por seus descendentes. Também consegui uma arma de um dos cangaceiros de Lampião, que, após ter recebido um mosquetão em Juazeiro, para combate à Coluna Prestes, presenteou sua antiga arma para uma pessoa que residia em Barbalha, a qual seu neto me presenteou.

Nós que gostaríamos de ver um filme que retratasse um cangaço autêntico, fiel aos fatos, sem licença poética, erro primário enfim sem exagero da ficção lamentamos a eterna necessidade de se ter finalmente uma produção digna da saga, de preferência um épico ou uma trilogia, enquanto isto não foi possível qual a película mais lhe agradou?
Como representação histórica eu cito "Corisco, o diabo loiro". Apesar da caracterização do ator de Corisco (Maurício do Valle) não ser das melhores, mas as indumentárias e a historia como um todo ficou bem representada neste filme. Também pudera: o roteiro tinha a colaboração do Amaury e a indumentária foi toda feita por Dadá. Já como filme emblemático eu elejo "O Cangaceiro" de Lima Barreto. Eu conheci em São Paulo, em companhia do Dr. Antonio Amaury e do Wolney Oliveira, o Galileu Garcia que, além de assistente de direção do Lima Barreto, também atuou no papel de assistente do chefe da volante. Segundo Galileu nos contou este o filme rendeu proporcionalmente mais que o americano Titanic. Mas a Vera Cruz não viu a cor do dinheiro e faliu anos depois.

Eleja a pérola mais absurda que já leu sobre Lampião?
Tem várias. Mas vou ficar com a estória da indumentária, que alguns autores e jornalistas escreveram no passado, afirmando que era feita para
camuflar o cangaceiro na caatinga. Ora, meus amigos, o traje do cangaceiro mais parece uma fantasia de carnaval: estrelas no chapéu, lenço colorido, perfumes exagerados misturados com suor, moedas na testeira do chapéu e na bandoleira do rifle... ou seja: quando o sol batia em cima do bandido, de longe se via o brilho e o reflexo. Na minha opinião, o traje era uma maneira de o cangaceiro se impor perante seus interlocutores. Era um traje adptado ao seu meio de vida. Nada ali é superfluo, mas dizer que era pra camuflar o cangaceiro, é demais!

Diante de tantas polêmicas surgidas posteriormente a tragédia em Angico alguma chegou a fazer sentido, levando-o a dar atenção especial ex.: "Ezequiel não morreu e reaparece anos mais tarde", "João Peitudo, filho de Lampião", "O Lampião de Buritis" e "a paternidade de Ananias"?
Em São Paulo, também tive a oportunidade de conhecer e até conviver com o Ananias (Pretão) e o Arlindo, ambos pretensos irmãos de Maria Bonita. Visitei o Arlindo em Osasco (SP) e o Ananias na zona leste da capital. Quando digo pretensos irmãos de Maria Bonita é por que não vi o resultado do exame de DNA realizado. Na minha opinião, qualquer um deles pode, circunstancialmente, ser filho de Lampião e Maria.

Eu, apesar de não entender muito de genética, mas como profissional tenho alguns rudimentos, e conheço algumas condições que são necessárias para se obter um resultado confiável. Como já disse, não vi o resultado do que foi feito.

Quando se mexe com ciência, tenta-se mostrar onde provavelmente está a verdade. E pra isso existe um grau de certeza. Se o resultado é positivo ou negativo temos ver o grau de certeza disso, ou seja, o intervalo de confiança onde está provavelmente a verdade (é verdadeiro positivo? Falso positivo? Verdadeiro negativo? Ou falso negativo?). O que dificulta o resultado deste exame especificamente é que nós não temos descendentes de Lampião que sejam do sexo masculino, pra comparar o cromossomo Y. Não há mais irmãos homens, nem filhos homens de Lampião. Então, fica a cargo dos geneticistas fazerem com que o exame tenha um padrão seguro de certeza para se poder afiançar a verdade.

Quanto ao Ezequiel eu, particularmente, acho que ele morreu de bala, na Lagoa do Mel.

Dr. Leandro já nos responde esta pergunta em seu sublime texto "As verdades de Angico", mas vamos carimbar a resposta novamente: Lampião morreu baleado ou envenenado?
Lampião morreu baleado. Tiros no tórax e no baixo ventre. E, depois de caído (talvez até morto), deram-lhe um tiro na cabeça. Esta história de veneno é ficção científica.

Não precisa detalhar, mas em que assunto ou personagem está trabalhando ou qual gostaria de estudar para a publicação desta pesquisa. Enfim qual a próxima novidade que teremos em nossas estantes?
Depois de passar uma chuva em São Paulo (nove anos e meio) e agora, como costumo dizer, "venci a lei da gravidade", voltei pra minha terra, Teresina, no Piauí. E tenho a intenção de resgatar alguns fatos ligados ao cangaço no território piauiense. Apesar de Lampião não ter agido no Piauí, há muita coisa interessante a ser pesquisada. Um exemplo é a epopeia de Sinhô Pereira em 1919, quando ele foi rechaçado pela volante do tenente
Zeca Rubens, na região de Caracol (PI). Nesta ocasião morreu o célebre cangaceiro Cacheado.

Existem relatos sobre um cangaceiro chamado Vicente Bezerra da Costa que tinha um pequeno bando e agia nos limite da Serra da Ibiapaba, hostilizando principalmente fazendeiros portugueses na época da independência do Brasil, inclusive com vários casos de sequestros e assassinatos.

Tem um episódio muito interessante que culminou com verdadeira guerra entre os coronéis Ângelo Gomes Lima o "Ângelo da Jia", de Tacaratu (PE), famoso coiteiro de Lampião, e o Coronel Aureliano Augusto Dias, de Caracol (PI). Brigaram por conta da exploração de maniçobais no interior do Piauí. Foi guerra sangrenta com grande aporte de jagunços e cangaceiros da Bahia e Pernambuco, principalmente capitaneados pelo famoso Coronel baiano Franklin Albuquerque. Os subsídios para este futuro trabalho em parte já foram colhidos na época do lançamento de meu livro em parceria com Antonio Amaury "Lampião: A medicina e o cangaço". Naquela ocasião nós conversamos com o Dr. William Palha Dias, neto do Coronel Aureliano. Inclusive tem um detalhe interessante: o avô dele recebeu Sinhô Pereira quando de sua passagem para Goiás em 1922. Desta visita ele nos relatou alguns pormenores, como, por exemplo, a companhia feminina do ex-chefe de Virgulino, que se chamava Alina e que rumou com ele para Goiás...

...Vamos ver o que vai dar.