João, Luis Fernando e Flávio Mota |
USINA P.A. I: 60 ANOS DE HISTÓRIA.
Hoje, dia 12 de dezembro de
2014, a CHESF comemorou os 60 anos de inauguração da 1ª Usina de Paulo Afonso (P.A.I).
A comemoração dos 60 anos da
Usina foi adiantada em um mês, sua verdadeira inauguração ocorreu em janeiro de
1955.
Tive a honra de ser
convidado pelo amigo António Galdino que recebeu o convite do engenheiro Flávio
Mota para participarmos dessa comemoração que aconteceu com uma homenagem e a
participação de vários pioneiros da CHESF.
Dentre os pioneiros que
participaram das homenagens tive a grata satisfação de reencontrar o engenheiro
e também escritor Luiz Fernando Motta.
Luiz Fernando foi um dos
valorosos funcionários da CHESF e chegou a ocupar o cargo de Diretor da Empresa
e sobre ela escreveu um excelente livro histórico.
Como pesquisador inquieto
que sou, assim que cheguei em casa sai
buscando informações sobre essa data histórica e nessa pesquisa encontrei uma revista
que foi lançada pela CHESF e que narra todo o processo de criação, execução e
inauguração, além de uma extensa relação das pessoas que estiveram nesse festivo
dia.
Sobre esse momento marcante a
empresa dos correios lançaram um selo comemorativo e uma folhinha filatélica
eternizando esse capitulo histórico. Tratei logo de adquirir esse material que
faz essa referência a nossa cidade e consegui comprá-los a um velho
colecionador de selos do Brasil.
Transcrevo em partes um
pouco da reportagem impressa na revista e a relação de autoridades e convidados
que marcaram presença nesse dia tão importante para a história do
desenvolvimento do nordeste brasileiro.
COMEÇA
A RODAR A USINA DE PAULO AFONSO
(SUA
INAUGURAÇÃO)
O primeiro e mais importante acontecimento
do começo de 1955 no Brasil foi a inauguração da Usina de Paulo Afonso e da
parte principal do seu sistema de transmissão, formada pelas linhas-tronco
Norte, para Recife e, Sul, para salvador.
Ao mesmo tempo, entraram em funcionamento
a Usina de Paulo Afonso, as estações terminais de Recife e Salvador, as
estações terminais de Angelim e de Itabaiana e 860 km de linhas de transmissão
de 220.000 Volts.
A inauguração da Usina de Paulo Afonso
realizou-se no dia 15 de janeiro de 1955, às 12 horas, e consistiu
essencialmente em uma cerimônia no portal da Usina, em que, depois de falarem o
Presidente da Companhia, Sr. Alves de Souza e o Sr. Presidente da república,
foi descerrada uma placa comemorativa, e na bênção do interior da Usina da
Usina por sua Eminência o Cardeal D. Jaime Câmara.
A placa comemorativa da inauguração que,
coberta com a bandeira brasileira, foi descerrada pelo Sr. Presidente da
República foi fundida em bronze com uma breve inscrição alusiva a fundação da
Companhia e à construção da Usina, e emoldurada em um grande bloco de granito
sanfranciscano levantado à entrada desta.
Essa placa despertou os mais lisonjeiros
comentários da assistência, não só pela sobriedade e pela imparcialidade dos
seus dizeres como pela feliz escolha dos caracteres dos mesmos, que são romanos
clássicos, e pela austera moldura que foi dada.
O discurso do Presidente da Companhia, Sr.
Alves de Souza, que, pelo equilíbrio e espontaneidade dos seus conceitos,
mereceu caloroso acolhimento da assistência, foi o seguinte:
“ A 15 de janeiro de 1948, há, portanto,
sete anos, encerrava-se com êxito a subscrição de ações preferenciais da
companhia Hidro-Elétrica do São Francisco, lançada em 1º de dezembro de 1947
pelo Sr. Presidente Eurico Dutra.
Foi
a primeira demonstração concreta da possibilidade de realização deste grande
empreendimento que é o sistema de Paulo Afonso, nos moldes fixados no
Decreto-lei nº 8.031, de 1945, promulgado pelo Presidente Getúlio Vargas, sendo
Ministro da Agricultura o Sr. Apolônio Sales.
A criação deste grande empreendimento
técnico, econômico e social de enorme repercussão benéfica, de limites ainda
difíceis de prever, para o Nordeste e
para o Brasil, caíra em ponto morto desde 1945, tendo sido retomada com
decisão, em fins de 1947, pelo Presidente Eurico Dutra e pelo Ministro Daniel
de Carvalho.
A 15 de março de 1948, realizou-se a
Assembleia Geral dos Acionistas da Companhia, que aprovou sua constituição...
Dentre os vários discursos calorosos e emocionados pela concepção da
obra inaugurada, começando pelo Presidente da República, passando por Alves de
Souza, Daniel de Carvalho, Apolônio Sales, Mário Pinotti, Antonio Galloti e G.
J. Dyktor houve um almoço oferecido as autoridades:
À noite, após o jantar íntimo na Casa da
Diretoria, foi oferecido ao Sr. Presidente da Republica um baile no Clube Paulo
Afonso, que correu animadíssimo até de madrugada. Durante esse baile,
exibiram-se a Srta. Nize Brito, dançando o “frevo” regional, e o poeta
sanfranciscano, Francisco Cândido Lopes, (Chico Onça), dizendo versos
humorísticos alusivos à obra.
A
dançarina trouxe a assistência em suspenso pela perfeição e pelo ritmo de seus
passos e o poeta provocou momentos de intensa hilaridade.
Assim terminou, entre galas, alegrias e
flores, um dia memoráveis para a laboriosa comunidade de Paulo Afonso e para
todo o Brasil. Em comemoração desse dia a Companhia Hidroelétrica do São
Francisco distribuiu aos seus grandes e pequenos colaboradores uma medalha de
prata antiga com a sigla e a marca CHESF, o nome da Usina de Paulo Afonso e a
data da inauguração. Também distribuiu aos seus convidados um folheto de dez
páginas, de capa azul, com a sigla CHESF e a data impressa em ouro, contendo
dez páginas de texto e ilustrações, entre as quais o mapa da área de
fornecimento de energia com as linhas de transmissão superpostas, perspectivas,
planta geral e corte das obras da Usina e diversas fotografias.
As festividades da inauguração em Paulo
Afonso, que ocorreram em tão boa ordem, estiveram a cargo de uma comissão, que,
por esse êxito, foi muito cumprimentada, a qual, sob A direção do Sr. José
Gomes Barbosa, se compunha dos Srs. Álvaro de Carvalho, Bret Yolas de Cerqueira
Lima, Cyril Iwanow, Hélio Gadelha de Abreu e Roberto Azevedo Montenegro.
A inauguração da Usina de Paulo Afonso
constituiu motivo para que o fundador do “O OBSERVADOR ECONÔMICO E FINANCEIRO”,
Sr. Valentim Bouças, fosse muito cumprimentado pela confiança que desde logo
demonstrou na obra e nos seus realizadores, tornando-se o principal tomador
individual de ações da Companhia.
A
inauguração contou com a presença não só do Sr. Presidente da republica, Sr.
Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro, do sr. Presidente da Câmara dos deputados,
Governadores, Ministros de estado, Juiz de direito da comarca, altas
autoridades civis e militares, como de personalidades vindas especialmente do
estrangeiro para a cerimônia.
Dentre tais personalidades destacam-se o
general R. A. Wheeler, representante do Banco Internacional de reconstrução e
desenvolvimento, acompanhado do Sr. Bruno Iuzzatto, de uma delegação da
Westinghouse International Engineering Co., chefiada pelo seu Vice-Presidente
Executivo, Sr. G. L. Wilcox, composta dos Srs. G. J. Dyktor, J. D. Mickle, R.
Douglass e W. W. Parker.
Sem falar em outras pessoas cujos nomes nos
escaparam, notadamente de cidades vizinhas, como Glória, Jeremoabo e
Delmiro Gouveia, notamos na inauguração
a presença a presença das seguintes pessoas, procedentes do Rio de Janeiro, de
Recife, de Salvador e de outros pontos do país:
Presidente João Café Filho, Cardeal Dom
Jayme de Barros Câmara, Governador Regis Pacheco, Almirante Amorim do Vale, Sr.
Nereu Ramos Gal. Juarez Távora, Gal. Henrique D.T. Lott, Tenente-Brigadeiro
Eduardo Gomes, Sr. Costa Porto, Governador Etelvino Lins, Sr. Sr. Aramis
Athayde, Governador Arnon de Melo, Governador Sílvio Pedrosa, Governador José
Américo, Governador Arnaldo R. Garcez,
Srs. Pereira Pinto, Apolônio Sales, Daniel de Carvalho, Antonio Balbino, Antonio Pereira Lima,
Tarcilio Vieira de Mello, Henrique Pagnoncelli, Lima Figueiredo, Juracy
Magalhães, Herbert Levy, Rômulo de
Almeida, Eunápio Queiroz, Octávio Mangabeira, Armando Fontes, Artur Santos,
Augusto Viana, Manoel Novais, Luiz Kelly, Colombo de Souza, Cel. Rodrigo Otavio Jordão Ramos, Vicente de Ouro
Prêto, Ozeas Martins, Reginaldo Fernandes, Gal. Pio Borges, Gal. Edmundo de
Macedo Soares e Silva, Brigadeiro Reynaldo Carvalho Filho, Gal. José Bina
Machado, Gal. Aurélio Gomes, Almirante Américo Jacques Mascarenhas, Gal.
Eduardo Carvalho Chaves, Almirante Diogo Borges Fortes, Gal. Aristóteles de
Souza Dantas, Almirante Whitehead, Gal. Raymond Wheeler, srs. Bruno Luzzato,
G.L Wilcox, R.J. Douglass, J.D. Mickle, G.J Dyktor, Sérgio Barbosa Ferraz,
Antonio Gallotti, W.L. Simpson, J. Monteiuro da Silva, Roberto Mrinho Lutz, Ruy
Simões Pinto, Plínio Travassos, José Pereira lira, Clemente Mariani, Walder
Sarmanho, D. José Trindade, Srs. Antonio Carlos Cardoso, Mário Pinotti,
Valentim Bouças, J.J. de Sá Freire Alvim, Ari Frederico Torres, Herbert Moses,
, Elmano Cardim, João Portela Dantas, Dácio Arruda de Campos, Edgard Santos, I.V. Lebow, Leo Pena, Elmer
Johnsom, H.E. Goodrich, Anthony Arute, Gastão Pereira, Aristóteles de Góes,
Antonio Queiroz Muniz, Cleóbulo Gomes, Paulo Germano Magalhães, Comandante
Augusto vergueiro, Srs. Oswaldo Lima, Raul de Góes, Sizenando Carneiro Leão, Adelmar Costa
Carvalho, secretário do Arcebispo de
Salvador, Cônego Ivo Calligari, Monenhor José Magalhães, Major Rodopiano
Barbalho, cap. Geraldo Queiroz Almeida, Cap.-Tem. José Maria do Amaral
Oliveira, Ten-Cel. Auriz Coelho e Silva, Cap. Dilckson Melges Crael, Cap.
Stanley Fortes Batista, Cap. José
Laranjeiras, Cap. Jorge Wilson de Oliveira, Cap-Tem. Waldir
Martinho, Des. Clovis Leoni, Srs. Fernando Gois, Benício Gomes, Carlos Simas,
Ranulfo Oliveira, Álvaro Hermano, Delsuc Moscoso, Renato Vaz Sampaio, Orlins
Costa, Adelmário Pinheiro, Luiz Torres, Manoel Ribeiro, Pedro Mariani
Bittencourt, José Marques Chagas,
Alfredo Maciel Seabra, Rogério Faria, Nogueira Passos, Guilherme Paiva,
Rômulo Serrano, Alexandre Maia Filho, Augusto Ramos, Cap. Adolfo Faceiro,
Ajudante de Ordens do Brigadeiro Reinaldo, Ajudante de Ordens do Almirante
Mascarenhas, Eudes Souza Leão Pinto, Jordão Emerenciano, Artur Coutinho, Eraldo
Valença, Hélio Loreto, Aderbal Jurema, Des. Nestor Diógenes, Humberto
Fernandes, Cel. Viriato Medeiros, Ignácio Gerab, Alfredo Borges, Armando
Ribeiro Gonçalves, Lourival Castro, Alberto Moreira, Gomes Maranhão,, Antonio
Baltar, Charles Sidney, Paulo Pessoa de Queiroz, Jayme Ferreira Santos,
Domingos Azevedo, João Santos, Manoel Brito, Décio Fonseca, Abdias Moura,
Esmaragdo Marroquim, Mauro Mota, Edmo do Vale, Pedro de Assis Rocha, Cel. Artur
Levy, Cel. Aristóbulo Codevilla, cel. Elízio carlos, Dale Coutinho, Srs.
Francisco Sá Lessa, Alberto Rocha, Waldemar de Carvalho, Irnack Amaral, Jorge
Alberto Diniz carneiro, Cândido Castelo Branco, Luiz Vieira, José Braz Ventura,
Saturnino de Brito Filho, Mário Werneck de Alencar Lima, João Batista Ricci,
César Catanhede, Moacyr Durval Andrade, Luciano Pereira da silva, John R.
Cotrin, Mario Bhering, João Maurício de Medeiros, Custódio Braga, Júlio Miguel de Freitas,
Jason Marques Costa, Maurício Guaraná Monjardim, Theodoro Arthou, José
Francisco O. Diniz, C.P. Schoeller, Eduardo Agostino, Fernando Bandeira, carlos
Castelo Branco, Fábio Macedo soares, Jesus Soares Pereira, José Domingos da
Silva, Colombo de Oliveira, Srta. Dora Martins de Carvalho, Srs. Paulo Brandão,
Newton Oliveira Alves de Souza, Tem-Aviador José Adozindo Magalhães de
Oliveira, Srs. Paulo Parísio, Raimundo Sales, Silvio Quintela, Francisco Alves
de Souza, Luciano Pereira da Silva, Salomão Ibrahim Filho, Pergentino de Matos
Franco, Ari Madruga Seabra, jornalistas José Faria de Azevedo, Ítalo Viola,
Alberto Honsi, Mário garôfalo, Eurico Carlos Richers, fotógrafos Nelson Apel
Quadros, Jorge Audi, Srs. Paulo Correa da silva, Antonio Vial Correa, Manoel
Marques de Mesquita e Fernando Itamato (da Agência Nacional), Elias Castelo
Branco de Oliveira e Silva (da Rádio Nacional), Srs. José Efrem Barreto
Pereira, Costa Pinto e João Gonçalves de Sá.
Com a inauguração da Usina
Paulo Afonso I a cidade escreveu mais um capítulo para a história do progresso
e do crescimento do Nordeste e do Brasil. Seus PIONEIROS merecem todas as
homenagens.
Desde os capacitados homens
que formularam estudos, desenhos, cálculos e comandaram as primeiras ocupações,
até chegar aos homens rudes que empunharam rústicas ferramentas e escavaram o
solo pedregoso das margens da antes pujante Cachoeira, todos eles, merecem nossa
mais eterna gratidão, nosso respeito, nossa admiração e nosso reconhecimento.
Paulo Afonso, 12 de dezembro
de 2014
João de Sousa Lima
Historiador e escritor
Membro da ALPA – Academia de
Letras de Paulo Afonso – Cadeira nº 06.
Membro do IGH – Instituto
Geográfico e Histórico de Paulo Afonso.
Matéria vinculada ao Jornal Folha Sertaneja
www.joaodesousalima.com
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