quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

USINA PAULO AFONSO I : 60 ANOS DE HISTÓRIA -

João, Luis Fernando e Flávio Mota


     USINA P.A. I: 60 ANOS DE HISTÓRIA.

Hoje, dia 12 de dezembro de 2014, a CHESF comemorou os 60 anos de inauguração da 1ª Usina de Paulo Afonso (P.A.I).
A comemoração dos 60 anos da Usina foi adiantada em um mês, sua verdadeira inauguração ocorreu em janeiro de 1955.
Tive a honra de ser convidado pelo amigo António Galdino que recebeu o convite do engenheiro Flávio Mota para participarmos dessa comemoração que aconteceu com uma homenagem e a participação de vários pioneiros da CHESF.
Dentre os pioneiros que participaram das homenagens tive a grata satisfação de reencontrar o engenheiro e também escritor Luiz Fernando Motta.
Luiz Fernando foi um dos valorosos funcionários da CHESF e chegou a ocupar o cargo de Diretor da Empresa e sobre ela escreveu um excelente livro histórico.
Como pesquisador inquieto que sou, assim que cheguei  em casa sai buscando informações sobre essa data histórica e nessa pesquisa encontrei uma revista que foi lançada pela CHESF e que narra todo o processo de criação, execução e inauguração, além de uma extensa relação das pessoas que estiveram nesse festivo dia.
Sobre esse momento marcante a empresa dos correios lançaram um selo comemorativo e uma folhinha filatélica eternizando esse capitulo histórico. Tratei logo de adquirir esse material que faz essa referência a nossa cidade e consegui comprá-los a um velho colecionador de selos do Brasil.
Transcrevo em partes um pouco da reportagem impressa na revista e a relação de autoridades e convidados que marcaram presença nesse dia tão importante para a história do desenvolvimento do nordeste brasileiro.

COMEÇA A RODAR A USINA DE PAULO AFONSO
(SUA INAUGURAÇÃO)
    O primeiro e mais importante acontecimento do começo de 1955 no Brasil foi a inauguração da Usina de Paulo Afonso e da parte principal do seu sistema de transmissão, formada pelas linhas-tronco Norte, para Recife e, Sul, para salvador.
     Ao mesmo tempo, entraram em funcionamento a Usina de Paulo Afonso, as estações terminais de Recife e Salvador, as estações terminais de Angelim e de Itabaiana e 860 km de linhas de transmissão de 220.000 Volts.
      A inauguração da Usina de Paulo Afonso realizou-se no dia 15 de janeiro de 1955, às 12 horas, e consistiu essencialmente em uma cerimônia no portal da Usina, em que, depois de falarem o Presidente da Companhia, Sr. Alves de Souza e o Sr. Presidente da república, foi descerrada uma placa comemorativa, e na bênção do interior da Usina da Usina por sua Eminência o Cardeal D. Jaime Câmara.
     A placa comemorativa da inauguração que, coberta com a bandeira brasileira, foi descerrada pelo Sr. Presidente da República foi fundida em bronze com uma breve inscrição alusiva a fundação da Companhia e à construção da Usina, e emoldurada em um grande bloco de granito sanfranciscano levantado à entrada desta.
    Essa placa despertou os mais lisonjeiros comentários da assistência, não só pela sobriedade e pela imparcialidade dos seus dizeres como pela feliz escolha dos caracteres dos mesmos, que são romanos clássicos, e pela austera moldura que foi dada.
     O discurso do Presidente da Companhia, Sr. Alves de Souza, que, pelo equilíbrio e espontaneidade dos seus conceitos, mereceu caloroso acolhimento da assistência, foi o seguinte:
    “ A 15 de janeiro de 1948, há, portanto, sete anos, encerrava-se com êxito a subscrição de ações preferenciais da companhia Hidro-Elétrica do São Francisco, lançada em 1º de dezembro de 1947 pelo Sr. Presidente Eurico Dutra.
Foi a primeira demonstração concreta da possibilidade de realização deste grande empreendimento que é o sistema de Paulo Afonso, nos moldes fixados no Decreto-lei nº 8.031, de 1945, promulgado pelo Presidente Getúlio Vargas, sendo Ministro da Agricultura o Sr. Apolônio Sales.
     A criação deste grande empreendimento técnico, econômico e social de enorme repercussão benéfica, de limites ainda difíceis de prever, para o  Nordeste e para o Brasil, caíra em ponto morto desde 1945, tendo sido retomada com decisão, em fins de 1947, pelo Presidente Eurico Dutra e pelo Ministro Daniel de Carvalho.
    A 15 de março de 1948, realizou-se a Assembleia Geral dos Acionistas da Companhia, que aprovou sua constituição...

     Dentre os vários discursos calorosos e emocionados pela concepção da obra inaugurada, começando pelo Presidente da República, passando por Alves de Souza, Daniel de Carvalho, Apolônio Sales, Mário Pinotti, Antonio Galloti e G. J. Dyktor houve um almoço oferecido as autoridades:
    À noite, após o jantar íntimo na Casa da Diretoria, foi oferecido ao Sr. Presidente da Republica um baile no Clube Paulo Afonso, que correu animadíssimo até de madrugada. Durante esse baile, exibiram-se a Srta. Nize Brito, dançando o “frevo” regional, e o poeta sanfranciscano, Francisco Cândido Lopes, (Chico Onça), dizendo versos humorísticos alusivos à obra.
A dançarina trouxe a assistência em suspenso pela perfeição e pelo ritmo de seus passos e o poeta provocou momentos de intensa hilaridade.
    Assim terminou, entre galas, alegrias e flores, um dia memoráveis para a laboriosa comunidade de Paulo Afonso e para todo o Brasil. Em comemoração desse dia a Companhia Hidroelétrica do São Francisco distribuiu aos seus grandes e pequenos colaboradores uma medalha de prata antiga com a sigla e a marca CHESF, o nome da Usina de Paulo Afonso e a data da inauguração. Também distribuiu aos seus convidados um folheto de dez páginas, de capa azul, com a sigla CHESF e a data impressa em ouro, contendo dez páginas de texto e ilustrações, entre as quais o mapa da área de fornecimento de energia com as linhas de transmissão superpostas, perspectivas, planta geral e corte das obras da Usina e diversas fotografias.
    As festividades da inauguração em Paulo Afonso, que ocorreram em tão boa ordem, estiveram a cargo de uma comissão, que, por esse êxito, foi muito cumprimentada, a qual, sob A direção do Sr. José Gomes Barbosa, se compunha dos Srs. Álvaro de Carvalho, Bret Yolas de Cerqueira Lima, Cyril Iwanow, Hélio Gadelha de Abreu e Roberto Azevedo Montenegro.
   A inauguração da Usina de Paulo Afonso constituiu motivo para que o fundador do “O OBSERVADOR ECONÔMICO E FINANCEIRO”, Sr. Valentim Bouças, fosse muito cumprimentado pela confiança que desde logo demonstrou na obra e nos seus realizadores, tornando-se o principal tomador individual de ações da Companhia.
A inauguração contou com a presença não só do Sr. Presidente da republica, Sr. Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro, do sr. Presidente da Câmara dos deputados, Governadores, Ministros de estado, Juiz de direito da comarca, altas autoridades civis e militares, como de personalidades vindas especialmente do estrangeiro para a cerimônia.
    Dentre tais personalidades destacam-se o general R. A. Wheeler, representante do Banco Internacional de reconstrução e desenvolvimento, acompanhado do Sr. Bruno Iuzzatto, de uma delegação da Westinghouse International Engineering Co., chefiada pelo seu Vice-Presidente Executivo, Sr. G. L. Wilcox, composta dos Srs. G. J. Dyktor, J. D. Mickle, R. Douglass e W. W. Parker.
    Sem falar em outras pessoas cujos nomes nos escaparam, notadamente de cidades vizinhas, como Glória, Jeremoabo e Delmiro  Gouveia, notamos na inauguração a presença a presença das seguintes pessoas, procedentes do Rio de Janeiro, de Recife, de Salvador e de outros pontos do país:
     Presidente João Café Filho, Cardeal Dom Jayme de Barros Câmara, Governador Regis Pacheco, Almirante Amorim do Vale, Sr. Nereu Ramos Gal. Juarez Távora, Gal. Henrique D.T. Lott, Tenente-Brigadeiro Eduardo Gomes, Sr. Costa Porto, Governador Etelvino Lins, Sr. Sr. Aramis Athayde, Governador Arnon de Melo, Governador Sílvio Pedrosa, Governador José Américo,  Governador Arnaldo R. Garcez, Srs. Pereira Pinto, Apolônio Sales, Daniel de Carvalho,  Antonio Balbino, Antonio Pereira Lima, Tarcilio Vieira de Mello, Henrique Pagnoncelli, Lima Figueiredo, Juracy Magalhães,  Herbert Levy, Rômulo de Almeida, Eunápio Queiroz, Octávio Mangabeira, Armando Fontes, Artur Santos, Augusto Viana, Manoel Novais, Luiz Kelly, Colombo de Souza, Cel.  Rodrigo Otavio Jordão Ramos, Vicente de Ouro Prêto, Ozeas Martins, Reginaldo Fernandes, Gal. Pio Borges, Gal. Edmundo de Macedo Soares e Silva, Brigadeiro Reynaldo Carvalho Filho, Gal. José Bina Machado, Gal. Aurélio Gomes, Almirante Américo Jacques Mascarenhas, Gal. Eduardo Carvalho Chaves, Almirante Diogo Borges Fortes, Gal. Aristóteles de Souza Dantas, Almirante Whitehead, Gal. Raymond Wheeler, srs. Bruno Luzzato, G.L Wilcox, R.J. Douglass, J.D. Mickle, G.J Dyktor, Sérgio Barbosa Ferraz, Antonio Gallotti, W.L. Simpson, J. Monteiuro da Silva, Roberto Mrinho Lutz, Ruy Simões Pinto, Plínio Travassos, José Pereira lira, Clemente Mariani, Walder Sarmanho, D. José Trindade, Srs. Antonio Carlos Cardoso, Mário Pinotti, Valentim Bouças, J.J. de Sá Freire Alvim, Ari Frederico Torres, Herbert Moses, , Elmano Cardim, João Portela Dantas, Dácio Arruda de Campos,  Edgard Santos, I.V. Lebow, Leo Pena, Elmer Johnsom, H.E. Goodrich, Anthony Arute, Gastão Pereira, Aristóteles de Góes, Antonio Queiroz Muniz, Cleóbulo Gomes, Paulo Germano Magalhães, Comandante Augusto vergueiro, Srs. Oswaldo Lima, Raul de Góes,  Sizenando Carneiro Leão, Adelmar Costa Carvalho, secretário do Arcebispo  de Salvador, Cônego Ivo Calligari, Monenhor José Magalhães, Major Rodopiano Barbalho, cap. Geraldo Queiroz Almeida, Cap.-Tem. José Maria do Amaral Oliveira, Ten-Cel. Auriz Coelho e Silva, Cap. Dilckson Melges Crael, Cap. Stanley Fortes Batista, Cap.  José Laranjeiras,  Cap.  Jorge Wilson de Oliveira, Cap-Tem. Waldir Martinho, Des. Clovis Leoni, Srs. Fernando Gois, Benício Gomes, Carlos Simas, Ranulfo Oliveira, Álvaro Hermano, Delsuc Moscoso, Renato Vaz Sampaio, Orlins Costa, Adelmário Pinheiro, Luiz Torres, Manoel Ribeiro, Pedro Mariani Bittencourt, José Marques Chagas,  Alfredo Maciel Seabra, Rogério Faria, Nogueira Passos, Guilherme Paiva, Rômulo Serrano, Alexandre Maia Filho, Augusto Ramos, Cap. Adolfo Faceiro, Ajudante de Ordens do Brigadeiro Reinaldo, Ajudante de Ordens do Almirante Mascarenhas, Eudes Souza Leão Pinto, Jordão Emerenciano, Artur Coutinho, Eraldo Valença, Hélio Loreto, Aderbal Jurema, Des. Nestor Diógenes, Humberto Fernandes, Cel. Viriato Medeiros, Ignácio Gerab, Alfredo Borges, Armando Ribeiro Gonçalves, Lourival Castro, Alberto Moreira, Gomes Maranhão,, Antonio Baltar, Charles Sidney, Paulo Pessoa de Queiroz, Jayme Ferreira Santos, Domingos Azevedo, João Santos, Manoel Brito, Décio Fonseca, Abdias Moura, Esmaragdo Marroquim, Mauro Mota, Edmo do Vale, Pedro de Assis Rocha, Cel. Artur Levy, Cel. Aristóbulo Codevilla, cel. Elízio carlos, Dale Coutinho, Srs. Francisco Sá Lessa, Alberto Rocha, Waldemar de Carvalho, Irnack Amaral, Jorge Alberto Diniz carneiro, Cândido Castelo Branco, Luiz Vieira, José Braz Ventura, Saturnino de Brito Filho, Mário Werneck de Alencar Lima, João Batista Ricci, César Catanhede, Moacyr Durval Andrade, Luciano Pereira da silva, John R. Cotrin, Mario Bhering, João Maurício de Medeiros,  Custódio Braga, Júlio Miguel de Freitas, Jason Marques Costa, Maurício Guaraná Monjardim, Theodoro Arthou, José Francisco O. Diniz, C.P. Schoeller, Eduardo Agostino, Fernando Bandeira, carlos Castelo Branco, Fábio Macedo soares, Jesus Soares Pereira, José Domingos da Silva, Colombo de Oliveira, Srta. Dora Martins de Carvalho, Srs. Paulo Brandão, Newton Oliveira Alves de Souza, Tem-Aviador José Adozindo Magalhães de Oliveira, Srs. Paulo Parísio, Raimundo Sales, Silvio Quintela, Francisco Alves de Souza, Luciano Pereira da Silva, Salomão Ibrahim Filho, Pergentino de Matos Franco, Ari Madruga Seabra, jornalistas José Faria de Azevedo, Ítalo Viola, Alberto Honsi, Mário garôfalo, Eurico Carlos Richers, fotógrafos Nelson Apel Quadros, Jorge Audi, Srs. Paulo Correa da silva, Antonio Vial Correa, Manoel Marques de Mesquita e Fernando Itamato (da Agência Nacional), Elias Castelo Branco de Oliveira e Silva (da Rádio Nacional), Srs. José Efrem Barreto Pereira, Costa Pinto e João Gonçalves de Sá.


Com a inauguração da Usina Paulo Afonso I a cidade escreveu mais um capítulo para a história do progresso e do crescimento do Nordeste e do Brasil. Seus PIONEIROS merecem todas as homenagens.
Desde os capacitados homens que formularam estudos, desenhos, cálculos e comandaram as primeiras ocupações, até chegar aos homens rudes que empunharam rústicas ferramentas e escavaram o solo pedregoso das margens da antes pujante Cachoeira, todos eles, merecem nossa mais eterna gratidão, nosso respeito, nossa admiração e nosso reconhecimento.


Paulo Afonso, 12 de dezembro de 2014

João de Sousa Lima
Historiador e escritor
Membro da ALPA – Academia de Letras de Paulo Afonso – Cadeira nº 06.
Membro do IGH – Instituto Geográfico e Histórico de Paulo Afonso.

Matéria vinculada ao Jornal Folha Sertaneja
www.joaodesousalima.com






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