ENTRE IRMÃS: O CANGAÇO MAIS UMA VEZ EM EVIDÊNCIA NA REDE GLOBO.
“Mais Uma Produção Onde as
Histórias do Cangaço São Distorcidas”
Ontem assisti ao segundo capitulo do
seriado-filme “ENTRE IRMÃS”. A realização do filme vem das mãos de um dos mais
talentosos diretores da atualidade, o Breno Silveira, que dirigiu dois grandes
sucessos do cinema brasileiro: Gonzaga, de Pai pra Filho e Dois Filhos de
Francisco.
Comecei assistir por ter
vários materiais meu servindo para compor o cenário, como no caso de punhais,
móveis, cadeiras, bancos, escrivaninha, sanfona, potes e outros objetos, assim
como também quatro figurantes de nossa cidade.
Confesso que pelo nome do
diretor esperei um filme de maior grandeza e mesmo entendendo perfeitamente o
direito da livre expressão e a ficção que essas películas trazem, percebo que
como obra fictícia o diretor tem lá suas viagens, só que mais uma vez a verdadeira história sofre um grande
abuso e minha preocupação primordial é que as pessoas que assistem tentando
aprender mais um pouco sobre o tema cangaço são envolvidas por cenas totalmente
inexistentes e que conhecemos como as mentiras do cangaço.
Algumas observações que fiz
durante o segundo capitulo foi o excessivo uso da cor caqui nas roupas dos cangaceiros,
sabendo que o mescla azul “Azulão” era a cor predominante entre os cangaceiros,
um baile onde homens dançavam despidos e enfiando dedos nos ânus e nas bocas,
mulher usando calça comprida e chapéu de homem (o chapéu usado pela mulher era
diferenciado e em apenas uma pesquisa fotográfica simples fica fácil observar
isso), cartucheiras com cartuchos de espingardas (arma não usada no cangaço),
uma das cenas foi extraída do filme de Rosemberg Cariry sobre Corisco e Dadá onde
Chico dias ensina Dira Paes a atirar, em uma das cenas onde o cangaceiro coloca
umas correntes na cangaceira aparece uma corrente moderna de aço cirúrgico.
Há uma grande desinformação
vinculada nesse seriado que já roda o Brasil também como filme, o diretor que
realizou em tempo recente dois dos maiores filmes do Brasil, se perde agora nas
desinformações vinculadas em um tema que eu exijo mais respeito, pois já não
basta que entre os próprios escritores, uns oportunistas de meia pataca escrevendo
absurdos sobre as histórias.
Mais uma vez a Globo é
responsável por criar esse tipo de programação desvinculando totalmente e irresponsavelmente a
verdadeira história, sendo que um dos mais famosos seriados, Lampião e Maria
Bonita, com Nelson Xavier e Tânia Alves, em 1982, colocou Dona Déa, mãe de Maria
Bonita, uma senhora casada, dando banho em Lampião.
E vamos sofrendo esses
abusos....
João de Sousa Lima
Membro da ALPA – Academia de
Letras de Paulo Afonso
Membro da SBEC – Sociedade Brasileira
de Estudos do Cangaço
Conselheiro do Cariri
Cangaço
Paulo Afonso, Bahia, 04 de
janeiro de 2018
Preciosas observações, nobre confrade e historiador João de Sousa Lima. Parabéns, por descreve-las.
ResponderExcluirSim, não sou nenhuma grande historiadora, Mas vc é um grande historiador, principalmente sobre o cangaço ao qual quero me aprofundar mais,Mas não é porquê são pessoas cineastas importantes que têm que mudar todo rumo verdadeiro da história, Desculpa, É minha opinião, estou vendo a trama desde o início, mas não sabia que tinha dedo seu na trama! Desde já te parabenizo pelo ótimo trabalho!! João parabéns!!!
ResponderExcluirEu mesmo parei de assistir quando me dei conta que era uma serie completamente manipulada, no caso um lixo!, pois não se mistura realidade com ficção, mas tudo bem, essa é a rede globo!! manipuladora de tudo!
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