quarta-feira, 18 de dezembro de 2019
JORNAL DO IGH, Nº 25 -- O INSTITUTO GEOGRÁFICO E HISTÓRICO DE PAULO AFONSO EM BUSCA DE NOSSAS HISTÓRIAS
O IGH- INSTITUO GEOGRÁFICO E HISTÓRICO DE PAULO AFONSO VEM REALIZANDO UMA IMPORTANTÍSSIMA PESQUISA HISTÓRICA SOBRE PAULO AFONSO E A REGIÃO.
quinta-feira, 28 de novembro de 2019
PROJETO ARTES EM CENA REALIZA A CULMINÂNCIA DOS CURSOS NA CASA DA CULTURA DE PAULO AFONSO
A Casa da Cultura de Paulo afonso apoiou o a culminância das Oficinas de Artes da secretaria de Cultura.
o evento aconteceu hoje, dia 28 de novembro de 2019, com o apoio da equipe da Casa da Cultura e do IGH - Instituto Geográfico e Histórico de Paulo Afonso.
os professores Eduardo Rodrigues (canto), Cássia Maia (pintura em tecido e artesanato), Rafael Di Oliveira (violão), Adilson Paz (dança). a apresentação foi realizada por João Bosco.
A coordenadora do evento foi a Fabiane Guerra, com o apoio de Eduardo Cruz e Alba Riva.
segunda-feira, 11 de novembro de 2019
Escritor e Historiador João de Sousa Lima participará do Cangaço campina, representando a cidade de paulo Afonso, Bahia, e o IGH- Instituto geográfico e Histórico
CULTURA
UEPB garante apoio cultural para
‘Cangaço Campina 2019’, o maior evento sobre a temática no Brasil
Os organizadores do evento “Cangaço
Campina 2019” estiveram reunidos na tarde desta segunda-feira (04), com o
reitor da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), professor Rangel Júnior,
onde na oportunidade levaram ao conhecimento dos gestores da instituição, a
programação do evento Cangaço Campina 2019 – História & Cultura Nordestina.
O evento é uma realização da Vila Sítio São João com o apoio do Portal Celino Neto e do publicitário Kennyo Alex, e acontecerá nos dias 22, 23 e 24 de novembro. O Cangaço Campina trará para a cidade rainha da Borborema, as maiores autoridades do Brasil sobre a temática ‘Cangaço’. A palestra de abertura ficará por conta escritora Vera Ferreira, neta de Lampião, e contará com as presenças de Paulo Brito, filho do Coronel João Bezerra; Expedita Ferreira filha Lampião e Maria Bonita; Eliza Dantas, filha do cangaceiro Candeeiro; Jaqueline Rodrigues, neta de Chiquinho Rodrigues, e Patricia Gastão, filha do historiador e pesquisador Paulo Gastão.
O evento é uma realização da Vila Sítio São João com o apoio do Portal Celino Neto e do publicitário Kennyo Alex, e acontecerá nos dias 22, 23 e 24 de novembro. O Cangaço Campina trará para a cidade rainha da Borborema, as maiores autoridades do Brasil sobre a temática ‘Cangaço’. A palestra de abertura ficará por conta escritora Vera Ferreira, neta de Lampião, e contará com as presenças de Paulo Brito, filho do Coronel João Bezerra; Expedita Ferreira filha Lampião e Maria Bonita; Eliza Dantas, filha do cangaceiro Candeeiro; Jaqueline Rodrigues, neta de Chiquinho Rodrigues, e Patricia Gastão, filha do historiador e pesquisador Paulo Gastão.
Além do reitor Rangel Júnior,
participaram da reunião na sede da UEPB; o vice-reitor e professor Flávio
Romero; o pesquisador do cangaço e vereador João Dantas; o publicitário e comunicador
Celino Neto; o publicitário Kennyo Alex e o jornalista e professor do
departamento de Comunicação Social da UEPB, Hipólito Lucena.
Para João Dantas, pesquisador do
Cangaço e consultor do evento, o apoio da Universidade Estadual da Paraíba é de
extrema importância, tendo em vista que a comunidade acadêmica precisa estar
envolvida em um momento como este onde as maiores referências sobre a era
lampiônica estarão reunidas em Campina Grande. “Os alunos e professores
das ciências sociais e humanas terão uma oportunidade única de desfrutar do
conhecimento das maiores autoridades da temática Cangaço e ainda terão
oportunidade de conhecer filhos e netos dos principais personagens desta saga
sertaneja”. Justificou Dantas.
O reitor Rangel Júnior parabenizou os
organizadores do “Cangaço Campina 2019” pela iniciativa, garantido o apoio da
Universidade na logística do evento, ao tempo em que incentivou a comunidade
acadêmica, sobretudo dos cursos de História, Comunicação Social, Sociologia e
outros cursos das ciências sociais e humanas que possam se interessar pelo
tema. O reitor ressaltou ainda que o evento contará como carga horária
complementar para os alunos que precisam complementar tal requisito obrigatório
para colação de grau.
As inscrições são gratuitas e online
através do link: https://www.sympla.com.br/cangaco-campina-2019—historia–cultura-nordestina__696620
Mais informações estarão disponíveis no instagram do evento @cangacocampina.
Mais informações estarão disponíveis no instagram do evento @cangacocampina.
Confira a programação completa do evento:
19h – Apresentação cultural.
19h30 – Abertura do evento, com as presenças de Paulo Brito, filho do Coronel João Bezerra e de D. Cyra Brito Bezerra; Expedita Ferreira e Vera Ferreira, filha e neta de Lampião e Maria Bonita; Eliza Dantas, filha do cangaceiro Candeeiro; Jaqueline Rodrigues, neta de Chiquinho Rodrigues; e Patricia Gastão, filha do historiador e pesquisador Paulo Gastão.
20h – Palestra com Vera Ferreira.
19h30 – Abertura do evento, com as presenças de Paulo Brito, filho do Coronel João Bezerra e de D. Cyra Brito Bezerra; Expedita Ferreira e Vera Ferreira, filha e neta de Lampião e Maria Bonita; Eliza Dantas, filha do cangaceiro Candeeiro; Jaqueline Rodrigues, neta de Chiquinho Rodrigues; e Patricia Gastão, filha do historiador e pesquisador Paulo Gastão.
20h – Palestra com Vera Ferreira.
Dia 23 – Sábado
8h – Palestra “As mulheres e o Cangaço”, com João de Sousa Lima.
8h30 – Exibição do documentário “Os Últimos dias do Rei do Cangaço”, do jornalista João Marcos Carvalho, seguida de debate com os palestrantes.
14h – Palestra “O Cangaço e o turismo”, com Jairo Luiz.
14h30 – Palestra “Angico – Morte de Lampião. Uma abordagem Crítica”, com Ivanildo Silveira, seguida de debate com os palestrantes.
19h30 – Palestra Vida e Morte do Capitão Corisco, com Sérgio Dantas.
20h – Exibição do documentário “Angicos 80 anos depois”, de Aderbal Nogueira, seguida de debate com os palestrantes.
8h30 – Exibição do documentário “Os Últimos dias do Rei do Cangaço”, do jornalista João Marcos Carvalho, seguida de debate com os palestrantes.
14h – Palestra “O Cangaço e o turismo”, com Jairo Luiz.
14h30 – Palestra “Angico – Morte de Lampião. Uma abordagem Crítica”, com Ivanildo Silveira, seguida de debate com os palestrantes.
19h30 – Palestra Vida e Morte do Capitão Corisco, com Sérgio Dantas.
20h – Exibição do documentário “Angicos 80 anos depois”, de Aderbal Nogueira, seguida de debate com os palestrantes.
Dia 24 – Domingo
8h – Palestra “Maria Bonita – Período Maria Deano”, com Wanessa Campos.
8h30 – Palestra A construção da imagem pública de Lampião na imprensa entre 1922 a 1940, com Wescley Dutra.
9h – Palestra O Cangaço na Paraíba, com Bismarck Martins.
9h30 – Apresentação e entrega da Comenda Paulo Gastão aos convidados especiais e palestrantes.
10h – Encerramento.
8h30 – Palestra A construção da imagem pública de Lampião na imprensa entre 1922 a 1940, com Wescley Dutra.
9h – Palestra O Cangaço na Paraíba, com Bismarck Martins.
9h30 – Apresentação e entrega da Comenda Paulo Gastão aos convidados especiais e palestrantes.
10h – Encerramento.
Filmagens do documentário 'Lampião, o Governador do Sertão' cruza povoados de Paulo Afonso...

Filmagens do
documentário 'Lampião, o Governador do Sertão' desbravam povoados de Paulo Afonso e o Cariri cearense
Por *Antonio
Laudenir, laudenir.oliveira@svm.com.br 00:00 / 10 de Novembro de
2019 ATUALIZADO ÀS 00:41
Novo filme de
Wolney Oliveira investiga a influência do cangaço na cultura brasileira e
internacional. Além da Região Sul do Estado, equipe vai percorrer Paulo Afonso
(BA), Piranhas (AL), Bezerros (PE) e Recife (PE)
Encontro Wolney Oliveira no Aeroporto
Pinto Martins. Voo rápido rumo a Juazeiro do Norte. Guardo
lembranças de ter ido ainda criança. Espiava naqueles monóculos fotos
da família no Horto. Gente feliz. Padim Ciço. Parecia um pequeno filme.
Tecnicamente é a primeira vez no Cariri.
O intuito é acompanhar, com exclusividade, quatro
dias de filmagem do documentário "Lampião, o Governador do
Sertão". A empreitada é ambição antiga do cineasta cearense.
Explica-se. Por volta de 2006, o filme estava engatilhado e já contava com um
bom número de entrevistas gravadas.
A pólvora explodiu no telefonema do amigo e
pesquisador João de Sousa Lima. Direto de Paulo Afonso (BA), o
contato afirmava que dois remanescentes do famoso bando de Lampião (1898-1938)
foram identificados. "Wolney, achei Durvinha e Moreno",
alertou a fonte.
Eram as alcunhas de Antônio Ignácio da Silva e
Durvalina Gomes de Sá. O trabalho ganhou rumos. "Precisava contar a
história de quem estava vivo. Quem estava morto podia esperar um pouco
mais", resgata o diretor. O contato com os ex-cangaceiros durou felizes
quatro anos. Nascia, assim, "Os
últimos Cangaceiros" (2011).
Entre outros projetos, como o recente "Os Soldados da Borracha" (2019), Wolney
percebeu a necessidade de voltar ao encalço de Lampião. Tudo começou com uma
carta. Corria 1926 e a missiva endereçada ao então mandatário de Pernambuco,
Júlio de Melo, evocava assunto dos mais urgentes.
"Eu
que sou capitão Virgulino Ferreira Lampião, Governador do Sertão, fico
governando esta zona de cá por inteiro, até as pontas dos trilhos em Rio
Branco". As linhas de Virgulino continuavam: "E o senhor, do seu
lado, governa do Rio Branco até a pancada do mar no Recife".
Atrevimento ou desejo de paz, de certo, as palavras
do Capitão seguem reverberando 90 anos depois. A missão do documentário é
decifrar as influências do cangaço na produção cultural brasileira e mundial.
No avião, o diretor da Casa Amarela Eusélio Oliveira e do Cine Ceará encara a
janela e suspira. "Cara, imagina. Lampião reinou 20 anos e naquela época,
andava isso tudo, às vezes carregando 40 quilos em arma, joia, o caramba".
Além das raízes familiares e do apreço pelo
caldeirão artístico do Cariri, o território foi palco do primeiro longa de
Wolney, "Milagre em Juazeiro" (1999). Nos anos 1990,
nas muitas idas, um carro deu o "prego" no caminho. "Levamos 24
horas pra chegar", resgata.
Dos cinco filmes guiados por Wolney, três iluminam
a região. "Filmei 11 romarias. Não digo que fiz um filme. Me tornei um
devoto", brinca. Em 2018, o "Português" (alcunha dada por
Durvinha) voltou à trilha investigativa interrompida anos antes. O intervalo
rendeu novos personagens e cenários. Explicar o fenômeno de Virgulino e Maria
Bonita (1911-1938) passa pelo mergulho no artesanato, culinária, moda,
literatura e obviamente o cinema. Nesse último, a obra "O
Cangaceiro" (1953), de Lima Barreto (1906-82), tratou de unir
dois continentes.
Após rodar cenas na Grota de Angicos,
em Sergipe, durante missa pelos 80 anos da morte do Capitão, em 2018, Wolney
foi a Paris colher o depoimento de dois críticos de cinema. Eles assistiram, na
infância, ao clássico de Lima Barreto (1906-1982), vencedor do prêmio de
"Melhor filme de aventura" e "Melhor trilha sonora" no
Festival de Cannes.
Agora, entre o fim de outubro e novembro, o
realizador lidera um grupo comprometido a percorrer estradas que atravessam o
Ceará, Bahia, Alagoas e Pernambuco. As primeiras visitas contemplam Crato,
Juazeiro do Norte e Barbalha. O time é formado por Alex Meira (assistente
de câmera), Assis Ceará (eletricista), Dayane
Oliveira (produtora), Evair Moura (motorista), Léo
Oliveira (som direto), Raimundo Neto (motorista)
e Rogério Rezende (diretor de fotografia).
Inicialmente, a reconstrução do passado exige o
entendimento de vozes do presente. Nas rádios locais, Wolney convoca alunos de
escolas públicas a escreverem textos que abordem o cangaço. Jovens de 12 a 17
anos podem participar do filme e serão agraciados com um cachê simbólico.
Som, câmera...
À tarde de quinta-feira (31) marcou o encontro com
a arte de Lusyennir Lacerda e Demóstenes
Fidélis. No bairro Santo Antônio, em
Juazeiro, o casal desenvolve delicados tabuleiros de xadrez, nos quais são
reproduzidos cenários e expressões populares. As temáticas Canudos, cangaço e
reisado são recriadas em massa feita à base de fécula de mandioca. O colorido
entrega poesia ao cenário de guerra entre volantes e cangaceiros.
Embate sertanejo na delicada criação de Demóstenes e LusyennirRogério Rezende
A arte da dupla agora divide espaço com fios,
lâmpadas, câmeras e toda uma parafernália quase alienígena. Aos poucos, o
convívio no set improvisado vai deixando Demóstenes e Lusyennir à vontade. O
tempo auxilia a abordagem pretendida. O casal confecciona as peças. O apelo da
cena revela a silenciosa cumplicidade envolvida entre os dois artistas.
Chega o novembro
José Bonieck é historiador, artesão e sanfoneiro. A lida
envolve o entalhe da imburana. Desde pequeno as cores do cangaço lhe
despertavam interesse. Padre Cícero e Lampião foram as primeiras produções. Da
manipulação da madeira, cria representações de figuras populares. Cita Mestre
Noza (1897-1983) com profunda reverência e brilho nos olhos.
A assinatura Boni também demanda os esforços da
companheira Débora Raquel. Se o jovem artista é hábil no processo
de moldar peças simpáticas e repletas de cor, a parceira atua na área da
divulgação e venda. Além do coração, dividem o afeto pela leitura e música. A
oficina se mistura com a pequena casa. Ferramentas dividem espaço com
fotografias e outras obras experimentais.
O espaço para os visitantes montarem o equipamento
é ainda mais compacto e exige atenção das lentes comandadas por Rogério Rezende
e Alex Meira. Por sua vez, Wolney é só alegria com a fala embasada e respeitosa
de Boni. É quando o realizador interage com um sinal de positivo nas mãos.
Ouvir é o segredo.
Dali o destino é o lar do pesquisador Margébio
de Lucena. Cuidadoso nas respostas e firme nos dados apontados, o
oftalmologista divide uma verdadeira aula com os presentes. Durante uma tarde
inteira, resgata as muitas conversas feitas com ex-cangaceiros e o contato fiel
com registros históricos.
Bandido ou herói, Lampião e seus asseclas deixaram
marca indelével. A participação do estudioso contribui para as muitas
perspectivas do tema a serem enfrentadas por Wolney. É momento de descansar. O
Dia de Finados, no sábado, exigiria ainda mais da equipe.
A colina do Horto é tomada por romeiros de
diferentes estados nordestinos. O volume de visitantes inspirou a produção a
criar um totem com as imagens de Lampião e Maria Bonita. O traço do cartunista
Klévisson Viana amplia o tom idílico da intervenção.A proposta é simples. Quem
quiser pode chegar e tirar uma foto. A única exigência é fitar a câmera e falar
do cangaço. Naturalmente os participantes se aproximam, e o bom humor invade a
filmagem.
Formação do time no Horto: Em pé (Wolney, Assis e Léo). Agachados Kaika
Silva (produtor cultural do Crato), Evair, Dayane e Alex. O fotógrafo Rogério
Rezende filmava tomadas áreas e não participou do retratoAntonio Laudenir
Ao meio-dia o destino é a Missa do Chapéu,
no Centro. Cinema é uma rotina exaustiva, braçal e somente possível com ação em
equipe. O respeito ao cronograma é fundamental para que o trabalho se
desenvolva. A produtora Dayane Oliveira é total atenção ao entorno do set.
Sempre atenta a qualquer ruído que atrapalhe a captação das imagens. Cuida da
alimentação ao uso do protetor solar.
É perceptível a interação dos envolvidos. Quando
uma boa conversa é registrada, todos desfilam um largo sorriso. Pouco importa
as condições da locação. "Para trabalhar com cinema, deve fazer porque
gosta", observa o motorista Evair.
Nas poucas horas vagas, geralmente no intervalo
entre as cidades e nas paradas de alimentação, os assuntos mais puxados
envolvem o mercado de cinema. O assunto família é outra manifestação
recorrente. Alguns trabalham juntos por mais de 20 anos.
Conhecem muitos palmos de chão cearense e os
bastidores do criar cinema no Estado. A política Federal de censura e os cortes
no setor cinematográfico preocupam. A proposta de redação do Enem, que fala de
democratização do acesso ao cinema no Brasil, movimentou debates.
O domingo trouxe Barbalha e a arte de Wilton
Santos. Areia, arame e papelão alicerçam as esculturas. É capaz de
recriar episódios violentos, a exemplo da cena das cabeças cortadas de Lampião
e seu bando. Em paralelo, é suave na composição de divindades e personagens
folclóricos.
Uma das peças desenvolvidas pelo artesão Wilton SilvaRogério Rezende
A última noite na companhia da equipe faz refletir
a experiência. Impossível não questionar o ano de 2019. Período dado ao
extermínio e descrença da cultura e ciência. Felizmente, no mesmo gomo temos
outros sabores. Bem mais felizes.
Foi ano de "Pacarrete". Allan, Marcélia e Gramado. Rosemberg e "Notícias
do Fim do Mundo". "Greta", de Armando Praça. "Clube dos Canibais" assinado por
Guto Parente. "Bate Coração". "Soldados da Borracha".
"Marie" produzido por Arthur Leite. Cannes. Karim. "A
Vida Invisível". "Bacurau" com Fabíola Liper, Uirá dos Reis e o "Velho
Menino" Rodger Rogério. Lembro de Fernanda Montenegro lendo a carta na abertura do
Cine Ceará.
Quem enxergava aquela terra apenas pela recordação
do monóculo, agora guarda outras leituras. Encarei beleza. Inocência.
Contradições. Bondade. Empatia. Desejo por dias melhores. Testemunhos das
muitas crenças. Injustiças, violência e resignação.
Vi trabalhadores dedicados ao ofício. O fazer
cinema é sinônimo de sobrevivência para inúmeras famílias. Todos ganham quando
um filme é produzido. O grupo seguirá as pegadas do cangaço por Nova
Olinda (CE), Paulo Afonso (BA), Piranhas (AL), Bezerros (PE)
e Recife (PE). Isso, se novas descobertas não mudarem os
destinos da saga.
ENTREVISTA
Garimpeiro de histórias
Verso: Quais as suas motivações pessoais para
contar a história de "Lampião, Governador do Sertão"?
Wolney Oliveira: Lampião
sempre foi um assunto que me apaixonou. Meu pai, Eusélio Oliveira me
influenciou no tema. Era um apaixonado pela história e o primeiro livro que li
sobre cangaço foi presente dele. Escrito por Paulo Gil Soares, sobre cangaço,
provavelmente tinha a ver com o filme "Memória do Cangaço" que é um
clássico do Cinema Novo guiado por Soares. Quando li "Milagre em
Joaseiro", de Ralph Della Cava, um dos livros mais importantes sobre o
Padre Cícero ao lado da obra de Lira Neto. Existem mais de 220 livros sobre
Cícero e mais de 300 sobre Lampião.
O texto de Ralph Della Cava fala da passagem de
Lampião em 1926 por Juazeiro e isso ficou na minha memória. É uma coisa que
está impregnada na cultura do Sertão e do Nordeste. Eu tenho essa mania,
defeito ou vantagem que eu prefiro que sobre do que falte material. Eu filmei
180 horas entre 2006 e praticamente 2011, ano da estreia de "Os Últimos
Cangaceiros". Entrevistei vários cangaceiros que não entraram no filme,
volantes e ex-coiteiros. Por meio do tema, conheci muitos estados do Nordeste.
Vários pontos belíssimos como Piranhas e o Raso da Catarina. Nosso País é muito
grande e não conhecemos parte dele.
V: Como você explica a paixão pelo documentário?
W:Tive
grandes influências. Eusélio Oliveira, meu pai e primeiro professor de cinema,
era apaixonado pelo documentário. A outra grande motivação foi a escola de
cinema de Cuba. Lá conheci grandes realizadores do gênero como Santiago
Álvarez, Fernando Pérez, Gerardo Tirrona. Os dois últimos foram meus
professores. Outra força é o meu querido mestre Eduardo Coutinho, que Deus
ilumine e proteja. Vi praticamente tudo dele.
Em 1981, fui fazer um curso de cinema direto em
Paris, fiquei três meses tendo aulas com discípulos de Jean Rouch. Entre as
técnicas dele, envolve se aproximar do personagem, ficar amigo. Claro, nem
sempre você pode fazer isso. É uma maneira de conseguir tirar o máximo de
informação e sentimento dessas pessoas.
V: Seus trabalhos abordam vivências marginalizadas.
Nesse sentido, qual é o compromisso do documentário?
W: Quem
tem mais a ver com isso é o 'Soldados da Borracha'. Até hoje é um tema
desconhecido por muita gente. Eu mesmo só fui saber quando tinha 40 anos.
Inclusive, o maior acervo dos soldados está no Mauc da UFC. É uma história de
pessoas marginalizadas, esquecidas, soterradas e menosprezadas. São histórias
que o Brasil não quer ver, contar e sentir. Isso é um motivo a mais para fazer
cinema documentário.
No "Milagre em Juazeiro", parto da beata
que foi torturada e perseguida pela Igreja. Imagina um milagre acontecer na
boca de uma negra 'pobre', 'feia', 'analfabeta', segundo os depoimentos de
padres da época; e no interior do Ceará? Juazeiro do Norte? Se fosse em Paris a
Igreja teria acatado. Como foi aqui não aceitou e até hoje não oficializou
ainda. Não beatificou Padre Cícero.
V: O Cine Ceará chega a 30 edições em 2020 e o que
você projeta para o próximo ano?
W: Superar
a 29ª edição é a mesma tarefa de tentar ir além de "Os Últimos
Cangaceiros". É um dos meus filmes prediletos. É o mais maduro. Já estamos
trabalhando no festival. Vamos lançar um livro sobre os 30 anos do Cine Ceará.
Vamos fazer em setembro de 2020. Ninguém sabe como vai estar a situação
política e econômica do País. Posso dizer que das 29 edições das quais produzi
e dirigi, 27 não teve nenhuma fácil. 2019 foi a mais difícil, mas também a de
maior sucesso em relação a todas as outras. A 30ª edição também é um desafio.
V: Já
pensou na aposentadoria ou é algo que não passa por sua cabeça? Quais trabalhos
você imagina se dedicar nos próximos anos?
W: Nunca
pensei em me aposentar. Óbvio, penso em relação à Casa Amarela é à
Universidade. Parar enquanto cineasta, não. Meu espelho e objetivo é Luiz
Carlos Barreto, um dos grandes nomes do cinema brasileiro e nordestino.
Barretão é de Sobral e no auge dos seus 91 aninhos estava numa audiência
pública no Supremo. Enquanto eu tiver forças, vou continuar filmando. A
projeção é que em quatro anos, eu me aposente da UFC e da Casa. Daí vou fazer
meus filmes que é o maior prazer da minha sina cinematográfica.
Além do "Lampião, o Governador do
Sertão", estamos finalizando "Vozão, Coração do meu Povão",
sobre o time do Ceará. Dirijo com o Joe Pimentel e deve sair em 2020. Estou
filmando "Memórias da Chuva", longa documentário sobre Jaguaribara,
que foi coberta pela água do Castanhão, maior açude da América Latina. Tem a
cidade de Guassussê que foi coberta pelas águas do Orós. Outro filme sobre
futebol é "Clássico Rei", que além do Joe inclui o Valdo Siqueira.
Vai contar os 100 anos do confronto entre os rivais.
V: Se
não fosse o cinema, o que existiria para você?
W: Quando
eu tinha por volta de 20 anos, minha avó, por parte de mãe, colocou na minha
cabeça que eu tinha que ser bancário. Até embarquei na onda dela, mas vi que
não tinha nada a ver. Minha paixão era cinema. Nessa época eu era fotógrafo de
still. Comecei fotografando casamento, batizado, aniversário e depois mais na
área do fotojornalismo e vídeo. Não me imagino em nenhuma outra ocupação que
não seja o cinema. Acho que minha vida não seria essa aventura que é fazer
cinema.
*O repórter viajou a convite da produção do filme
"Lampião, o Governador do Sertão"
terça-feira, 22 de outubro de 2019
quinta-feira, 17 de outubro de 2019
MANUEL NOVINHO: AS HISTÓRIAS DO CANGAÇO COMO LEMBRANÇAS MARCANTES EM SUA VIDA
MANUEL “NOVINHO”
AS
HISTÓRIAS DO CANGAÇO COMO LEMBRANÇAS MARCANTES EM SUA VIDA.
Manuel Araújo Lima, “Seu Novinho”, nascido
em 13 de dezembro de 1926, é mais um dos sertanejos nascidos às margens do
Riacho do Navio, em Conceição, hoje pertencente a cidade de Flores,
Pernambuco.
Toda essa ribeira
Pernambucana foi sempre passagem de cangaceiros. O pai de Seu Novinho era o
senhor Luiz Gonçalves de Lima, apelidado por “Luiz Maroca”, que foi em sua
infância e juventude, grande amigo do cidadão Félix, que viria a ser o famoso
cangaceiro Félix da Mata Redonda.
Maroca era casado com Amélia.
Certa vez apareceu Lampião na casa de
Maroca. O cangaceiro vinha com mais de vinte componentes em seu grupo, entre
eles seus irmãos Antônio e Livino. Em frente à casa de Maroca, quando Lampião o
avistou, já trazendo informação quem era o dono daquele roçado, perguntou:
-
É aqui a casa de Manuel Araújo?
- É sim, tá falando com ele!
Nesse momento o cangaceiro Félix da Mata Redonda
olhou e disse:
Que Manuel Araújo que nada,
ai é meu amigo Luiz Maroca, assim eu não ia nunca saber que era você. Os dois
se abraçaram. Luiz indagou a Félix:
- Mais Félix que vida miserável é essa?
-
Essa é que é a vida do homem, respondeu Félix!
Os cangaceiros foram se achegando
e Lampião perguntou:
-
Luiz tem ai um boi pra nós?
-
Tenho sim!
-
Então mate um hoje a noite que amanhã eu trago alguém pra tratar e te pagar!
Os cangaceiros foram
procurar um local para se arranchar e Luiz passou a noite temendo a chegada da
polícia. Alta madrugada, Luiz, sem conseguir dormir, foi matar o boi e ele
mesmo retalhou o animal e cozinhou uma parte. Ao amanhecer Lampião retornou com
seu grupo e já encontrou uma parte do animal pronto para comer.
Lampião pagou o boi e
levaram para servir de alimento durante o trajeto, no caminho que estavam
viajando.
Tempos depois, Lampião, mais uma vez
apareceu na casa de Maroca e nesse dia encontrou a esposa Amélia sozinha, a
mulher não pôde esconder o medo. Lampião a mandou se tranquilizar, dizendo que ninguém
faria nada de mal contra ela e seus filhos. Nesse dia Lampião estava montado em
um cavalo que era de Teodório, tio de Amélia. Pouco tempo depois Maroca chegou
em casa e foi conversar com Lampião. O cangaceiro perguntou:
- Maroca você tem ai uma
coalhada pra dar a esse meu povo?
- Tenho sim!
A coalhada foi servida. Depois
os cangaceiros entraram no roçado de milho e vieram com várias espigas que
assaram e comeram. Passaram a noite farreando e um cangaceiro tocando vialejo
(realejo ou gaita de boca).
Quando o dia amanheceu o
cangaceiro Antônio, irmão de Lampião, perguntou se Maroca teria uma rede pra
emprestar a ele e Maroca foi buscar e quando a entregou ao cangaceiro, Antônio
falou:
-
Arme a rede Maroca!
-
Armo nada, pois se ela cair você vai se queixar de mim!
Antônio riu e foi armar a
rede. Os cangaceiros descansaram e depois seguiram rumo ignorado.
Dias depois Lampião apareceu outra vez na
roça de Maroca e aproveitando a oportunidade, o sertanejo foi conversar com o
cangaceiro. Nessa conversa, Maroca aproveitou da amizade com o afamado chefe de
grupo e pediu:
-
Lampião eu tenho um cunhado chamado Aristides e ele tem uma desavença com seu
tio Zé Paulo e eu gostaria que o senhor não fizesse mal nenhum a ele!
-
Deixa de besteira Maroca que briga de vaqueiro se acaba no mato!
A palavra dada era honra
empenhada. Aristides nunca sofreu nenhum mal por nenhum cangaceiro.
Nas imediações das terras de Maroca
existiam mais dois coiteiros que davam segurança a Lampião, o Galdino Leite e
Dorotheu do Ingá. Em uma das passagens de Lampião, ele mandou Galdino ir às
fazendas de Manuel Rodrigues e Neco Pinto buscar dinheiro e assim ele fez. Dias
depois a polícia passou na casa de Galdino e o espancou durante horas.
O grupo de Lampião mais uma vez pisou o
terreiro de Maroca e dessa vez só estava em casa Leopoldina, que trabalhava na
residência e era meio amalucada. A mulher correu e deixou a casa abandonada. Os
cangaceiros Chá Preto e Zé de Delfina foram vasculhar os baús. Lampião mandou
que os cangaceiros saíssem de dentro do casebre e todos ficaram aguardando o
dono chegar a sua morada pra servir alguma coisa para os cangaceiros matarem a
fome.
Maroca recebeu uma missão de Lampião,
trazida por seu tio Zé Paulo, que era pra ele ir arrecadar com um fazendeiros
locais, uma quantia em dinheiro, pois Lampião estava precisando e esperando.
Maroca arrecadou e mandou o valor estipulado por Lampião, entregando o montante
a Zé Paulo. O tempo passou e um dos cangaceiros que conhecia bem Maroca, passou
em sua casa e disse:
-
Maroca Lampião vai te matar, pois você não mandou o dinheiro que ele pediu!
Maroca passou dias angustiados e se valeu
da amizade com Félix da Mata Redonda e pediu pra que ele o levasse com
segurança até a presença de Lampião. Félix o levou e quando chegaram em uma residência onde eles estavam
arranchados, Félix foi falar com Lampião e voltou e deu a noticia:
-
Ele tá ali dentro escrevendo uma carta e vem já falar com você!
De repente Lampião apareceu
na porta, desceu o batente e foi na direção de Maroca.
-
É segredo o que você quer falar comigo Maroca?
-
É sim!
-
Eu mandei o dinheiro que o senhor pediu e soube que o senhor quer me matar!
- Eu não mandei pedir nenhum dinheiro a você! E como vou te matar?
-
Foi seu tio Zé Paulo que falou!
-
Se preocupe não que vou resolver, pode ficar tranguilo!
-
Eu até trouxe outro dinheiro caso o senhor precise!
-
Guarde ai com você que está bem guardado!
Maroca retornou pra casa, pro calor de
sua morada, para o amor de Amélia. Morreu já velho, cuidado pelo filho Manuel
Novinho.
Quando criança o Manuel Novinho via em
sua casa os cangaceiros, passando em seu terreiro os homens de alpercatas
ferradas que deixaram marcas profundas nas areias das caatingas diversas do
nordeste.
Hoje, 17 de outubro de 2019, eu, Flávio
Motta, Marta Tavares, Edileusa Pires e Fabiane Guerra, equipe do IGH –
Instituto Geográfico e Histórico de Paulo Afonso e Casa da Cultura de Paulo
Afonso fomos conversar com Manuel Novinho.
Com seus 93 anos de vida,
Manuel Novinho relembra fatos, recorda momentos, conta histórias, encanta quem
o ouve. Dele e de seu filho Climério, um amigo de longas datas e um dos mais
produtivos agentes culturais da região, ganhei de presente um pequeno punhal
que os cangaceiros deixaram em suas terras pernambucanas.
Os fatos marcantes que
assinalaram a trajetória de sua família nuca deixaram de povoar suas
recordações, nunca fugiram de suas falas.
História oral de importante valor para a
compreensão de um episódio que tão profundamente marcou a história do nosso
povo Nordestino.
João de Sousa Lima
Membro do IGH – Instituto Geográfico e Histórico de Paulo
Afonso
Membro da SBEC – Sociedade Brasileira de Estudos do
Cangaço.
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