Sou João de Sousa Lima,
descendente pelo lado paterno, da família Piancó, fundadores da cidade de
Itapetim, Pernambuco e pelo lado materno sou descendente da família Batista, os
mesmos Batistas que originou o cangaceiro Antônio Silvino.
A linhagem pernambucana
começou com a migração dos quatro irmãos: Antônio José de Lima, Serafim José de
Lima (meu avô), Joaquim José de Lima e Maria
José de Lima (Lilia), filhos de José do Rego Lima e Alexandrina aria da
Conceição, que vieram da cidade Piancó, vale da Paraiba e fixaram residência
nas terras da Maniçoba, Recanto e Mulungú, município de São Jose do Egito, isso
em meados de 1877, fundando a cidade de Itapetim.
Da família Piancó
originou-se as famílias: Lima, Inácio, Arcanjo, Vicente, Ferreira, Alexandre,
Leite, Sousa, Vital, Santos, Costa, Carneiro, dentre outras.
A maniçoba e todas as terras
adquiridas pelos “Piancós” se tornaram uma região próspera, rica e com plantios
abundantes.
Serafim Piancó tornou-se um
forte produtor de algodão, feijão, milho e rapadura. Seu filho Raimundo José de
Lima é o meu pai. Quando ele conheceu minha mãe Rosália de Sousa Lima estava
junto do primo Odon Piancó e haviam ido a fazenda Bom Sucesso, de
propriedade de Antônio Delfino, que era
avô de Odon. Foram ao sitio realizar uma limpeza em uma caldeira (vapor) que fazia
parte das engrenagens de um engenho de moer cana de açúcar; Nesse dia papai viu
mamãe pela primeira vez e saiu de lá fascinado pela beleza da jovem e durante
todo o percurso da volta, papai repetiu o nome Rosália, pronunciando sem o som
do acento.
Meu avô materno, Pedro Batista, era um vaqueiro
afamado e era primo legitimo do cangaceiro Antônio Silvino e chegou a andar uns
tempos com ele no cangaço. A família de Pedro Batista compreendia a região de
Monteiro, Sumé, Amparo, Santa Terezinha e residiram nas Bananeiras, Riacho do
Cariri e Olho D’água dos caboclos.
Meu avô Pedro Batista casou com Olímpia de
Sousa Lima (filha de Tributino de Sousa Lima e Amara Maria da Conceição) , que
residiam em Sumé (São Thomé). Quando casaram vieram morar no sítio Bananeiras
onde nasceram os filhos Maria das Neves, José Batista de Sousa (Dedé), Rosália
de Sousa Lima (minha mãe), Francisco Batista de Sousa , Manuel Batista de Sousa
(Nezinho), Luiz Batista de Sousa, Sebastiana de Sousa (Sebinha), e Rita Batista
de Sousa.
Recentemente fiquei sabendo através do meu tio
Luiz Batista, que ainda estava viva uma irmã do meu avô Pedro Batista, ela se
chama Antônia Batista, tem 102 anos e reside no Riacho do Cariri.
Dia 04 de janeiro de 2016,
eu e tio Luiz Batista de Sousa nos dirigimos para o Riacho do Cariri e Olho D’água
dos Caboclos, pertencente a Amparo, Paraíba, para conhecermos essa tia-avó Antônia
Batista.
Depois Pedro Batista e
Olímpia saíram das Bananeiras e a convite do cunhado Etelvino de Sousa e foram
residir no Riacho do Cariri.
Maria (Biinha), Rosália e
Francisco nasceram nas Bananeiras e o restante dos filhos nasceu no Riacho do
Cariri.
No Riacho do Cariri Pedro
batista trabalhou como vaqueiro de Amaro Caboclo e na casa de Amaro Caboclo foi
onde aconteceram as festas de casamentos de tia Biinha com um filho adotivo de
Amaro, chamado Inácio Augusto do Nascimento e de Mamãe com Raimundo Piancó.
Antônia era a irmã querida
de Pedro Batista e um jovem chamado Batista carregou Antônia dizendo aos pais
dela que a carregava e não casava; Quando Pedro chegou em casa vindo do
trabalho de campo trajado de vaqueiro, encontrou os pais chorando e quando
perguntou o que tinha acontecido os pais contaram do rapto a moça; Pedro foi em
Sumé e pegou o padre Silva, contou tudo ao padre e o chamou para ir realizar o
casamento.
Pedro e o padre Silva
chegaram a casa de de Batista e o aguardaram chegar. Quando Batista foi
chegando e viu Pedro todo trajado com gibão e perneira de vaqueiro foi logo
perguntando:
- Pedro o que você tá fazendo
aqui? Você veio buscar Antônia?
- Não! Vim pra você casar!
O padre vendo que a situação
poderia se complicar, pois conhecia bem a valentia de Pedro, se dirigiu a
Batista, pegou no braço dele e disse:
- Venha meu filho, venha
casar!
O padre Silva realizou o
casamento e Pedro retornou pra casa onde
contou aos pais a história e a novidade.
Pedro e o cunhado Batista se
tornaram grandes amigos.
Rosália e tia Biinha
trabalhavam na casa de Antônia e Batista. Rosália lavava as roupas e Biinha
tomava conta da cozinha. Antônia além de tia era madrinha de Rosália.
Tempos depois Pedro Batista
foi ser vaqueiro de Serafim Piancó e Raimundo Piancó (meu pai) começou a namorar
com Rosália. A amiga Albertina foi quem falou de papai para mamãe.
Serafim não queria o namoro entre
Raimundo e Rosália porque Rosália vinha de uma família pobre.
Por essa confusão envolvendo
os filhos Serafim acabou demitindo Pedro
batista e o expulsando de suas terras. Nessa época Pedro já se encontrava viúvo,
pois Olímpia fazia pouco tempo que tinha falecido.
Amaro Caboclo acolheu Pedro
e a família na fazenda Riacho Verde.
Mesmo com a distância
Raimundo continuou o namoro com Rosália e era sempre bem atendido por Pedro
Batista quando visitava a namorada na fazenda Riacho Verde. O namoro era
escondido de Serafim e quando ele ele
descobriu expulsou o filho de casa que foi morar com o irmão João e sua esposa
Conceição que residiam em uma casa próximo de Serafim. Serafim também não
falava com Conceição.
Raimundo e Rosália se
casaram na igreja de São Vicente com o padre João Leite e a festa aconteceu no
casarão de Amaro Caboclo e três meses depois Maria (Biinha) também se casou com
Inacinho e a festa foi nessa mesma casa.
Raimundo trouxe Rosália para
morar na casa de Conceição e arrumou
emprego de motorista com Inácio Mariano, em São José do Egito. Depois
foi trabalhar nas empresas de descaroçadoras de algodão de propriedade de
Walfredo Siqueira.
Essa é uma grande história,
a história de minha descendência e de um
grande amor entre meus pais e essa
história se perpetuou e se perpetuará por anos e anos após nossas partidas.
João de Sousa Lima
Escritor e Historiador
Membro da ALPA- Academia de
Letras de Paulo Afonso – cadeira 06.
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