quinta-feira, 2 de setembro de 2010

O cangaço em Paulo Afonso, fatos narrados pelo escritor João de Sousa Lima

Onde Lampião se apaixonou

 Por Vitor Rocha



 

Fotos: Walter Carvalho | Ag. A TARDE

Era primavera de 1929 quando o ousado coronel do sertão, Virgulino Ferreira da Silva, chegou num casebre de taipa, com três cômodos, de onde se veem os belos Picos do Tará. Acompanhado do fazendeiro e parceiro Odilon Café, ele se apresentava para um dedo de prosa com Zé de Felipe no distante povoado de Malhada de Caiçara, em Paulo Afonso. O intuito era reforçar seu rol de amigos no trajeto dos cangaceiros entre Bahia, Alagoas e Sergipe.

Virgulino já era Lampião e conquistava, na lábia ou na faca, os moradores dos locais por onde passava. Tudo contra a delação. Era o reinado no cangaço, bando exclusivo para homens. Até então.

Naquela tarde e naquela casa de taipa, o destino do cangaço haveria de mudar. Odilon Café apresentou Lampião à sua sobrinha Maria Gomes de Oliveira, segunda filha de dona Déa e Zé de Felipe.

A filha do casal era conhecida como Maria de Déa. Tinha então 18 anos, era casada, mas havia brigado com o marido. Sua beleza amoleceu o temido Lampião e o fez levá-la a tiracolo para amenizar as durezas da batalha na caatinga. O coração fez o chefe romper as regras, e, a partir dali, as mulheres começaram a integrar o bando sob a batuta de Maria Bonita.

A partir daquele ano, eles seguiram errantes pelo Nordeste por uma década, até suas cabeças serem expostas nas escadarias da Prefeitura de Piranhas, Alagoas, em 28 de julho de 1938 – data que, depois de amanhã, completa 71 anos.



Parte dessa história seria muito menos palpável se a casa onde Lampião e sua amada se conheceram – e onde a Rainha do Cangaço nascera – não tivesse sido totalmente recuperada. Deve-se o feito ao esforço do escritor João de Sousa Lima.



Morador de Paulo Afonso e fanático pelo tema, João encontrou o casebre totalmente destruído. Restavam as estacas erguidas. Conseguiu apoio do poder público local e fez a reconstituição com ajuda de pessoas que conheciam o imóvel.




A casa de Maria Bonita está localizada no povoado de Malhada de Caiçara, distante 40 km do centro da cidade de Paulo Afonso. A estradinha é de terra e é preciso pagar R$ 2 pela entrada.


Açude: REVISTA MUITO http://revistamuito.atarde.com.br/?p=2411

Postado por Kiko Monteiro às 05:30
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sábado, 8 de maio de 2010

Cangaço em revista

O 2º Seminário Centenário de Maria Bonita, acontecido em Paulo Afonso Bahia em Março passado, foi Matéria na revista: Mais Destaque.



Pesque no Açude do primo João:
http://joaodesousalima.blogspot.com/ 

Postado por Kiko Monteiro às 16:40
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segunda-feira, 19 de abril de 2010

João de Sousa e a Promessa da Lagoa do Mel


Parte 2: A saga continua

Caríssimo amigo Severo,

Em débito com o nobre amigo me ví na incubência de registrar e tentar apagar uma falha cometida pelo confrade Rubervânio Lima,
(à esquerda na foto) quando o citado amigo se comprometeu em levá-lo à Lagoa do Mel, local onde ocorreu o famoso combate entre Lampião e a volante do tenente Arsênio, resultando nas mortes de 19 soldados e do irmão mais jovem do rei do cangaço, o Ezequiel.

  
 

A Lagoa do Mel situa-se no povoado Baixa do Boi, distante do centro de Paulo Afonso uns 15 km. O combate aconteceu em 1931, Lampião foi avisado por um coiteiro da presença dos policiais e ao amanhecer do dia partiu da fazenda de Pedro Gomes (pai da cangaceira Durvinha) portando uns chocalhos, cercou o tanque, utilizando como estratégia , o tilindar dos chocalhos, confundindo os soldados que pensaram que eram bodes e cabras que se aproximavam para beber água; o tiroteio foi intenso e dizimador, morrendo na hora 16 soldados e o irmão de Lampião.


O tenente Arsênio conseguiu desferir uma rajada de metralhadaora, sendo o bastante para rendilhar o estômago do jovem cangaceiro. o tenente conseguiu fugir deixando a metralhadora, porém tirando uma peça que deixou a arma inutilizável.


 A Lagoa do Mel com seus traços preservados


Lampião enterrou o irmão próximo ao tanque, contando com o serviço de Antonio Chiquinho (falecido em fevereiro de 2010, com 106 anos de idade). Lampião recolheu armas, munições, dinheiro e jóias que estavam em posses dos soldados, seguiu para o Raso da Catarina, onde chorou suas mágoas por conta da perda do irmão amado e depois arquitetou sua vingança contra o tenente Arsênio e aí a história é longa e carece de mais tempo para ser contada em seus mínimos detalhes.

Abraço do amigo,
João de Sousa Lima

Obs. as pedras nas fotografias marcam exatamente onde ficava o tangue e serviam de barreira natural em um dos lados do reservatório de água.


 

Kiko "ainda indignado" responde:
Mandar foto é fácil seu cabra de São José do Egito! esse débito só será pago quando eu e Severo sentarmos nestas pedras visse confrade? Pelo menos agora "Seu Rubervanio" vai de olhos fechados.


 

Abraçando! 


Açude:
http://cariricangaco.blogspot.com/2010/04/joao-de-sousa-e-promessa-da-lagoa-do.html 

Postado por Kiko Monteiro às 06:37
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domingo, 21 de março de 2010

Seminário Maria Bonita na mídia

Notícias do sertão, reportagem feita durante o 2º SEMINÁRIO CENTENÁRIO DE MARIA BONITA. em Paulo Afonso/BA. Entrevistas com Ângelo Osmiro Barreto presidente das SBEC - Sociedade brasileira de estudos do cangaço; Manoel Severo curador e presidente do Cariri Cangaço e João de Sousa Lima escritor e curador do evento. 

 
 


 

Postado por Kiko Monteiro às 07:28
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domingo, 14 de março de 2010

Maria já é quase centenária

Com certo atraso devido a problemas técnicos postamos aqui nossas impressões sobre o 2º seminário do centenário de Maria Bonita ocorrido nos ultimos dias 8, 9 e 10 de março na UNEB - Universidade Estadual da Bahia (Campus de Paulo Afonso). O evento organizado pelos confrades João de Sousa Lima, Professor Juraci Marques, Antônio Galdino, Rubinho Lima, Edson Barreto e Marcos Edilson contou com o apoio da SBEC Sociedade Brasiliera de estudos do cangaço principal entidade sobre a pesquisa do tema além da consolidada Cariri Cangaço nas pessoas de Manoel Severo e sua esposa Danielle Esmeraldo.

  

 João de Sousa, nosso anfitrião, palestra para crianças do ensino básico.


 

 
 Juracy Marques dá as boas vindas. 

Não faltou a indispensável latada de livros, com lançamentos para a bibliografia cangaceira além de farta munição em Literatura de cordel, revistas, souvenirs de Paulo Afonso e região. 


 Pórtico na UNEB


Os colecionadores e estudiosos adquiriram dois novos livros, sendo estes "Maria Bonita, diferentes contextos que envolvem a vida da rainha do cangaço", uma coletânea de artigos resultado da primeira edição do evento, acontecido em Março de 2009, dosos autores; João de Sousa Lima, Edson Barreto, Antonio Galdino, Juraci Marques e Rubinho Lima. 

E o livro "Lampiões Acesos, o Cangaço na Memória Coletiva" do escritor Marcos Edilson de Araujo Clemente trabalho do qual iremos em breve trazer uma resenha junto com contatos para aquisição direta com o autor.
 

Mesa redonda para construção do III Seminário

Os promotores do II Seminário Internacional de Nascimento de Maria Bonita; UNEB - Universidade Estadual da Bahia, Prefeitura Municipal de Paulo Afonso e a SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço, promoveram agora a pouco, grande reunião de trabalho com representantes das entidades envolvidas, já se preparando para a realização em 2011 da grande festa de realização das comemorações ao Centenário de nascimento de Maria Bonita; que nasceu no dia 08 de Março de 1911.


 Prof. Juracy Marques presidiu a mesa que definirá a programação de 2011.


Sob a coordenação do Diretor da UNEB, Professor Juraci Marques, os participantes foram convidados a contribuir com idéias e sugestões para a construção do grande III Seminário a se realizar em 2011. Foi criada uma Comissão que ficará responsável pela organização e gestão da referida iniciativa, com a coordenação da UNEB e colaboração da SBEC e apoio da Prefeitura de Paulo Afonso. Os encontros estarão determinados a partir de uma periodicidade e todos os membros da Comissão terão tarefas específicas na construção do III Seminário no ano de 2011, na cidade de Paulo Afonso.

Fonte: Cariri cangaço

 
Palestras
  
 

Na terça feira, segunda e mais importante noite do evento a platéia foi formada em sua maioria por alunos da UNEB. O temas tinham direcionamento para A presença feminina no cangaço
e aspectos que envolveram a vida de Maria Bonita ao lado de Lampião.


Manoel Severo Curador do Cariri Cangaço, abriu com o tema: O Cangaço no Imaginário Feminino Sertanejo;

O escritor Rubinho Lima reforça com A presença das mulheres e sua especialidade que é o Cordel e Xilogravura;

Pesquisador e escritor Antônio Vilela aborda o episódio "Rainha Baleada", ocasião em que Maria Bonita foi ferida na cidade de Serrinha do Catimbau atual Paranatama –PE;

A quarta palestra na verdade uma intervenção foi por
nossa conta e risco Kiko Monteiro Blogueiro. Cangaço e as Novas Mídias, sugerindo e promovendo a importancia de blogs, sites e comunidades do orkut ligados à pesquisa cangaceira;

Pesquisador César Mengale com o episódio da morte de Maria em Angico;

O polemico e irreverente escritor sergipano Alcino Costa, assumiu e arrancou sorrisos com o tema: As Mulheres Mudaram o Cangaço;

Pesquisador Paulo Gastão conformado com 10 minutos estipulados desfilou o tema: Os Aspectos Sociais e Econômicos do Cangaço; 

E por fim o Presidente da SBEC Ângelo Osmiro, aproveitou a oportunidade para explanar sobre O
significado e importancia do trabalho da entidade.


 

 Kiko Monteiro, Manoel Severo e Alcino Alves


 

 

 João de Sousa Lima e Daniele Esmeraldo secretária de Cultura de Crato-CE


Rota do cangaço em Paulo Afonso

 
 
Rubinho Lima e Nós 

 
 Casa de Dona Generosa

Na quarta-feira dentro da programação matinal foi proporcionada uma visitação técnica até o museu casa de Maria Bonita, erguido no local original da casa da rainha do cangaço (povoado Malhada da Caiçara) e às ruinas da casa de Dona Generosa (povoado Riacho) onde eram realizados bailes para Lampião e seus meninos quando estes estavam na região, além de contemplar a Serra do Umbuzeiro. Mencionado em outro artigo tentamos localizar a Lagoa do Mel local da morte de Ezequiel Ferreira.  

Mas seu João!!! prepare a "cangaia" pra levar todo mundo ano que vem aos pontos que faltaram, pois são muitos não é cumpadi Severo?. 

Por motivo de compromissos inadiáveis tive que retornar ao Sergipe após o almoço sem poder acompanhar as atividades da noite que encerrariam o evento.

Fotos: Kiko Monteiro, Manoel Severo e Danielle Esmeraldo. 

Postado por Kiko Monteiro às 12:32
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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Grupo "Os Cangaceiros" se prepara para mais um carnaval


A Associação Folclórica e Comunitária "Os Cangaceiros", um dos mais antigos grupos de Paulo Afonso, fundado há 54 anos, se prepara para mais um carnaval.


Os Cangaceiros e a Volante, chefiados por Lampião, grupos vestidos a caráter enfrentam a Volante, a polícia que combatia os cangaceiros.

Pelas ruas de Paulo Afonso, eles animam crianças e adultos.

O momento mais esperado das apresentações do grupo durante a festa momesca acontece na terça-feira, a partir das 19 horas, no Espaço Cultural Raso da Catarina, palco do combate final entre o cangaço e a volante, culminando com a morte de "Lampião e Maria Bonita".

Programação:

Sábado – 13/02

18h – Instalação das barracas dos Cangaceiros e da Volante

Barraca dos Cangaceiros – Espaço Cultural Raso da Catarina

Barraca da Volante – Rua General Dutra nº 528 – Sede da Associação


Domingo – 14/0209h – Quebra da barraca dos Cangaceiros

Local – Espaço Raso da Catarina

10h – Desfile pelas ruas da cidade

Segunda – 15/02

09h – Desfile no Centro de Paulo Afonso e nos Bairros Oliveira Lopes e Centenário

Terça – 16/02

09h – Saída da Sede da Associação com desfile pelas ruas da cidade

19h – Combate – Morte dos Cangaceiros

Local - Espaço Raso da Catarina

Açude:
http://www.ozildoalves.com.br/internas/read/?id=3940

Postado por Kiko Monteiro às 07:27
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domingo, 27 de dezembro de 2009

UMA CICATRIZ POR VINGANÇA


Por João de Sousa Lima  

A Rainha do Cangaço, Maria Bonita, acabara de perder seu primeiro filho. A natureza lhe negara naquele instante o direito de perpetuação da espécie humana. As lágrimas da triste mãe encharcaram a cova rasa e solitária do filho que não viu o mundo, enquanto o leite materno, fonte divina da vida, secava na dor da trágica perda. No seu sofrido silêncio desaparecera a ansiedade antes vivida. A sua angústia se apagara durante o resto do dia frustrante e da noite mal dormida.



O consolo virá na serenidade da alvorada. Com o novo amanhecer, renascerão novas esperanças e só as esperanças curam os traumas doloridos do dia a dia.

Durante as próximas noites, sob as tendas dos esconderijos e a luz das inúmeras fogueiras, velhos companheiros e seguidores de lutas alegrarão os corações tristes dos Reis do Cangaço.

O velho e fiel coiteiro, Venceslau, cobriu a criança em um lençol e a enterrou a poucos metros da sua residência, nos fundos da sua propriedade, no povoado Campos Novos. A parteira Aninha regressou ao povoado Nambebé. Lampião e Maria Bonita agradeceram ao fiel coiteiro Lau pelo apoio recebido e com o restante do bando partiram caminhando lentamente, em silêncio, na direção da casa do casal Aristéia e Quinca, no povoado Várzea.

Nas proximidades do Nambebé os cangaceiros ouvem o barulho de um animal de montaria e buscam rapidamente os arbustos e pedras existentes no local e se entrincheiram. Todos apontam suas armas para o lado onde vinha o som do tropel. Entrincheirados e prontos para o combate Lampião reconhece o cavaleiro que se aproxima. Era mais um dos seus incontáveis coiteiros. O burro pára bruscamente. O homem desce rápido do animal, pois tem pressa em revelar o segredo de sua urgente viagem, mais uma notícia de traição:

- Capitão, por pouco vocês não foram atacados. Assim que vocês sairam dos Campos Novos, lá chegou uma fôrça do governo, com mais de trinta homens.


- Alguém me traiu! Você sabe quem foi que denunciou nosso coito?

- Sei sim; foi Pimba, do Nambebé.

- Ta bom, pode ir.


Virgolino pagou a informação e por alguns minutos se perdeu nos seus pensamentos, formulando sua defesa contra a volante e sua vingança contra o delator.

O traidor era velho conhecido dos cangaceiros, o verdadeiro nome de Pimba era Francisco Teixeira Lima e era irmão do fiel coiteiro Lixandrão, pai dos cangaceiros Bananeira e Tutu.

Poucos minutos depois, Lampião chega ao Nambebé e cerca a casa de Pimba, os cangaceiros invadem a residência e vasculham todos os cômodos, não encontrando o traidor.

A velha casa de taipas é revirada. A esposa do homem sentenciado a morrer protege os filhos com o escudo do próprio corpo. Dona Maria e os filhos João Preto, Zé de Pimba, Anacota, Jeoventina, Júlia,Elvira e Rita se abraçam enquanto os cangaceiros quebram alguns móveis e pratos.

Naquela ocasião eram duas Marias, frente a frente, ligadas por sentimentos diferentes, lutando por um objetivo comum: a sobrevivência.

A Maria mãe, aflita, pede ajuda a outra Maria, a Rainha do Cangaço. Já se conheciam de outras vezes, em circunstâncias menos violentas. A mãe desesperada implora e pede clemência para aquela que ainda não havia amamentado mais que havia sentido a dor do parto e a infelicidade da perda do filho pela morte traiçoeira.

- Maria, peça a Lampião pra não matar a gente!

- Quem mata vocês é a língua!

Nesse momento chega o irmão de Pimba, o fiel coiteiro Lixandrão. O velho conhecido cumprimenta Lampião com um aperto de mão e fala:

- O senhor me conhece e sabe que eu sou um homem inteirado e comigo não tem falsidade. O que meu irmão fez não está certo e eu prometo que não acontecerá outra vez. Por isso estou aqui pra lhe pedir que não mate ele e nem a sua família.

- Muito bem, Lixandre, diga aquele safado que erre o meu caminho e tenha cuidado com o que fala.

Lampião sai da casa e se reúne com seus comandados no terreiro.Quando se preparavam para seguir viagem, chega outra Maria, a esposa de Lixandrão e diz a Lampião que um dos cangaceiros invadiu sua residência e tomou seu xale. Lampião não procurou saber quem tinha sido, apenas colocou a mão no bornal, puxou algumas notas e pagou o prejuízo à mulher.

Lixandrão agradeceu por Lampião ter atendido ao seu pedido de não matar o irmão Pimba e desejou boa sorte aos cangaceiros. Lampião ainda movido pela ira, mal respondeu e começou a seguir seu itinerário.

Quando os últimos telhados das casas do Nambebé desapareceram no emaranhado dos galhos secos, eis que surge na frente dos cangaceiros a presa tão procurada: Pimba. O angustiado sertanejo é envolvido em um cordão humano. Lampião fala:

- Cabra safado, anda dando definição de cangaceiro pras volantes!

O homem esmorece, sente a indesejável morte aproximando-se e ajoelha-se chorando, pedindo por tudo quanto é santo para que não o matassem.

- A sua sorte, cabra sem vergonha, é que homem de minha qualidade tem palavra e eu prometi não lhe matar, mas vou deixar uma lembrança minha, pra que você nunca me esqueça. Da próxima vez que você me denunciar não tem desculpa, você me paga com sua vida.

Enquanto o aflito sentenciado era seguro por Luís Pedro, Lampião puxa um canivete de um dos bolsos e se aproxima, do trêmulo catingueiro. Pimba chora e clama por todos os santos. O Rei do Cangaço, impiedosamente, abre uma ferida em forma de cruz na testa do moribundo sertanejo, deixando uma eterna cicatriz como pagamento pelo vacilo de sua denúncia e traição. O grito de Pimba é abafado por mãos fortes e firmes. O sangue escorre por sobre o nariz e a boca, ensopando a gola da camisa. Os cangaceiros soltam a vítima quase desfalecida, muito mais pelo medo que pela dor. O grupo pega uma das veredas que dava acesso a mataria fechada e some rapidamente. Pimba, ainda de joelhos, puxa um lenço do bolso, cobre o ferimento, levanta-se e, apressadamente, segue para sua casa.

O preço cobrado pela traição de Pimba saiu de bom tamanho, em outras circunstâncias, para preservar a vida dos cangaceiros, o traidor não teria sido poupado.

Durante muitos anos Pimba teve que usar chapéu de couro com uma lapela cobrindo a permanente tatuagem. Uma cruz por lembrança, uma eterna marca por castigo.


Beba no açude do primo João:
http://joaodesousalima.blogspot.com/2009/12/joao-de-sousa-lima-e-um-capitulo-sobre.html

Postado por Kiko Monteiro às 10:50
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segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Escritor João de Sousa Lima apresenta: "Rota do Cangaço em Paulo Afonso/BA"


 


1 - APRESENTAÇÃO:


Paulo Afonso, uma das mais importantes cidades do Sertão Baiano, encravada no Nordeste Brasileiro, cidade com uma riquíssima história. Acompanhando hoje uma tendência mundial do crescimento do turismo, em virtude deste cenário atual a cidade necessita urgente de roteiros que contemplem uma nova realidade histórico-cultural.

Através da pesquisa da nossa memória, com o propósito de contribuir com a preservação e levar conhecimento do nosso passado recente aos interessados e acreditando que um povo que não conhece seu passado, não sabe o que é no presente, nem tão pouco desenvolve a capacidade de escolher seu futuro.

O propósito para criação dos roteiros do cangaço é de suma importância levando em consideração que Paulo Afonso é uma das mais importantes cidades que trazem a relação forte com o cangaço, saindo daqui 47 jovens, entre homens e mulheres que adentraram os diversos grupos que seguiam o famoso cangaceiro Lampião.

Os roteiros alem de levarem conhecimento para a região, seu povo e os visitantes, elevam Paulo Afonso a um lugar de destaque no turismo Brasileiro, assim como será inserido em uma nova tendência mundial do turismo científico, histórico e cultural.

2 - OBJETIVO GERAL

O propósito deste roteiro é inserir o município de Paulo Afonso no cenário mundial, criando roteiros científicos, históricos e culturais, divulgando novos roteiros relacionados com a história do cangaço.

2.1 Objetivos Específicos

- Criar roteiros por onde Lampião e seus seguidores passaram;
- Proporcionar aos turistas, visitantes e comunidade a visitação aos lugares onde ocorreram fatos concretos da época do cangaço;
- Promover uma nova opção de turismo local;
- Proporcionar a comunidade com a criação destes novos roteiros, a geração de emprego e renda;
- Estabelecer parceiras com o poder público e privado no sentido de apoiar à criação destes novos roteiros.

3- JUSTIFICATIVA

O passado de um povo torna-se a maior fonte de disseminação de cultura e conhecimento de uma região. É dentro deste contexto que o município de Paulo Afonso apresenta fatos históricos, revelando patrimônios antigos e lugares por onde passaram personagens que tiveram ligação com o cangaço.

Portanto surge a urgente necessidade de criação destes novos roteiros turísticos culturais divulgando e mantendo viva a história e a memória de um povo que vivenciou a época remota do cangaço, levando esses conhecimentos e atraindo novos visitantes, difundindo cada vez mais a cultura local.

ROTA DO CANGAÇO I 


 


 

-CASA DE MARIA BONITA-

Saída – Paulo Afonso – Bahia
Lagoa do Mel
Baixa do Boi
Povoado Riacho
Serra do Umbuzeiro
Malhada da Caiçara
Casa de Maria Bonita


A casa fica situada no povoado Malhada da Caiçara, distante da sede do município 37 km As vias de acesso para a residência são:
Pelo povoado Riacho km 25, que é também chamada BR 110, entrando a esquerda, por estrada de chão, 12 km em direção a Malhada da Caiçara.

No trajeto, na altura do km 18, no povoado Baixa do Boi, encontra-se o ponto conhecido como Lagoa do Mel, local onde morreu Ezequiel Ferreira, irmão mais novo de Lampião e ainda à esquerda da Serra do Umbuzeiro, encontra-se a Casa de
Dona Generosa, sendo ela uma das maiores coiteiras de Lampião e dona de um magnífico patrimônio com 04 casas e uma capela, local onde Lampião realizava os famosos bailes.

Em frente à casa de Generosa pode-se ver ainda a cruz de Zé Pretinho, coiteiro assassinado pela volante policial.




Outro trajeto é pela estrada que liga Paulo Afonso à Sergipe, na altura do povoado Xingozinho, 35 km da sede do município, a direita passando pelo povoado Salobro, fazenda Canoa e Sítio do Tara, percurso de 16 Km.


 


O terceiro acesso a Casa de Maria Bonita é pelo povoado Barriga que fica à 36 km da sede do município de Paulo Afonso, pela BR 110, entrando a esquerda e passando pelos povoados Baixa da Areia, Lagoa Seca, chegando a Malhada da Caiçara, perfazendo um total de mais 14 km nesse trecho, estrada de chão.

Obs. O roteiro está incluso na Associação de Guias de Turismo de Paulo Afonso, denominado Roteiro VI – Serra do Umbuzeiro, ofício 002/2004.
Dica: O almoço pode ser agendado no povoado Riacho onde é servido o tradicional bode assado.


ROTA DO CANGAÇO II

- POVOADO VÁRZEA -

Saída de Paulo Afonso – Bahia
Povoado Campos Novos
Povoado Nambebé
Povoado Macambira
Povoado Serrote
Lagoa do Rancho
Várzea

Saindo de Paulo Afonso passa-se no povoado Campos Novos distante, 15 km da sede e local onde nasceu morto e foi enterrado o primeiro filho de Lampião e Maria bonita.

Mais 06 km chega-se ao povoado Nambebé onde nasceram os cangaceiros Bananeira e Medalha e foi um dos grandes coitos de Lampião, depois de mais 05 km vem o povoado Macambira onde aconteceu a prisão do cangaceiro Passarinho (Foto), seguindo mais 04 km encontra-se o povoado Alagadiço, andando mais 03 km chega-se ao povoado Serrote local onde Lampião matou o jovem João de Clemente, mais 2,5 km chega-se ao povoado Lagoa do Rancho local onde Lampião matou o cangaceiro Sabiá depois que esse estuprou uma moça chamada Rita de 15 anos de idade, por último chega-se na Várzea povoado que é entrada pro Raso da Catarina. A Várzea foi um dos maiores coitos de Lampião e a casa de Aristeia, onde os cangaceiros realizavam os bailes, ainda encontra-se em pé e o coiteiro Arlindo Grande é uma das fontes de informações das histórias daquele tempo.


ROTA DO CANGAÇO III

Saída de Paulo Afonso – Bahia
Povoado Salgadinho
Povoado Juá
Brejo do Burgo

-CASA DA CANGACEIRA LÍDIA-

Saindo da sede, na direção da BR 210 entrando na altura do Motel Paradise, andando 15 km chega-se ao povoado Salgadinho encontrando-se a casa onde nasceu a cangaceira mais bonita do cangaço, a Lídia, de Zé Baiano e ainda a casa do coiteiro João Garrafinha, seguindo mais 06 km chega-se ao povoado Juá, local onde houve o maior contingente de jovens para o cangaço, na região, podendo se ver ainda os escombros da casa de João Lima, morto a pauladas, pela volante policial, como sendo coiteiro de Lampião.

Obs. O roteiro pode ser estendido até o Brejo do Burgo, tribo indígena dos Pankararé, onde ocorreu a maior concentração de cangaceiros para os grupos e subgrupos.

* ainda encontram-se vários remanescentes da época do cangaço, como familiares de Inacinha, Catarina, Mourão, Arvoredo, etc.

 

ROTA DO CANGAÇO IV


 

Saída de Paulo Afonso – Bahia
Povoado Arrasta pé
Povoado Santo Antonio
Povoado São José
Povoado Riacho

-CASA DA CANGACEIRA DURVINHA-

Saindo da sede pela BR 110, andando 04 km até a entrada da Vila Matias, passando depois pelo povoado Tigre, passando pelo povoado Salinas chegando até o povoado Arrasta pé, em um total de 21,5 km, local onde foi um dos maiores coitos de Lampião e seus seguidores e de onde saiu uma das cangaceiras mais famosas, a Durvalina Gomes de Sá, conhecida pela alcunha de Durvinha e que veio a falecer em junho de 2008.

No povoado arrasta-pé podemos ainda encontrar os escombros da casa de Durvinha, assim como vários familiares e remanescentes do cangaço.

Seguindo mais 15 km chega-se ao povoado Santo Antonio, onde se encontra a casa do senhor Argemiro, local onde Lampião almoçou por quatro vezes, existindo ainda, na frente da residência, um frondoso tamarindeiro que serviu de abrigo para os cangaceiros.

Segue mais 05 km até o povoado São José onde foi também um dos grandes coitos de cangaceiros, do São José passa pelos povoados Sítio do Lúcio, Bogó e sai no povoado Barriga já na BR 210, retornando mais 11 km chega-se ao povoado Riacho onde se pode desfrutar da gastronomia típica nordestina, saboreando a famosa carne de bode.
Obs. Esse roteiro pode ser acrescentado da visitação ao Museu Casa de Maria Bonita.


 

CIRCUITO DO CANGAÇO DE PAULO AFONSO - BAHIA.

João de Sousa Lima: Idealizador 
Marlos Guerra de França
: Turismólogo
Departamento Municipal de Turismo-DEMTUR



Beba no açude do primo João:
http://joaodesousalima.blogspot.com/2009/12/escritor-joao-de-sousa-lima-apresenta.html

Postado por Kiko Monteiro às 06:54
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quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Pra quem perdeu - 3


O programa Esporte Fantástico da TV Record exibiu no último sábado 05/12/09 uma reportagem
sobre atletas que encararam o Rio São Francisco à remo a partir da cidade de Paulo Afonso-BA.

Mas a partir dos 2:30m até o final o que dominou a matéria foi a história do cangaço na região.

Para nossa sorte e preservação da verdade o anfitrião contatado para o assunto foi nosso inquieto pesquisador e escritor João de Sousa Lima.

Procurado pela produção do programa para guiá-los até o museu Casa de Maria Bonita, Casa da Ex cangaceira Aristéia e finalizando na Grota de Angico, fornecendo-lhes informações precisas sem aqueles temidos riscos de fantasias da imprensa.

Assista o vídeo no link do programa:
http://esportes.r7.com/esportes-olimpicos/noticias/atletas-encaram-rio-sao-francisco-a-remo-20091205.html

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