segunda-feira, 11 de agosto de 2014

PAULO AFONSO E OS VELHOS MOTOCICLISTAS

Manoel Messias e João Lima

      
OS VELHOS MOTOCICLISTAS DE PAULO AFONSO

Centenas de motocicletas cruzam as ruas de Paulo Afonso, tanto pela a atração e sensação de liberdade que exerce sob a juventude, passando pelo modismo e tanto ainda pela alta economia de locomoção motorizada.
Muitos se definem como “Motociclistas” e taxam os menos responsáveis no trânsito como “Motoqueiros”. Com o surgimento dos motos taxistas e as motocicletas de baixas cilindradas a cidade ganhou um verdadeiro exército de motos cruzando suas ruas, os bairros e povoados e os hospitais viram crescer seus pacientes acidentados, tanto sendo guiadores de motos ou como pedestres.

Dos acidentes de motos que tantas vidas ceifaram a mais trágica e que deixou a cidade de luto, causando uma tristeza generalizada, foi a do Padre Lourenço Tori, acontecida no dia 03 de fevereiro de 1973, quando uma caçamba passou por cima dele e sua moto.
A morte de Padre Lourenço tocou a todos, adultos e crianças, como uma notícia trágica da perda de uma pessoa tão querida e amada.

Há tempos a cidade realiza um dos mais importantes eventos de motociclismo no Brasil.
Dentre os vários moto clubes existentes na cidade, oficialmente o Moto Clube Cavalo Doido foi o pioneiro como instituição criada com estatuto, em 17 de junho de 1998. Muitos outros grupos surgiram depois, tais como: Asas da liberdade, Grilo do Asfalto, Rota da Energia, Clandestinos do Asfalto, Pitbull do Asfalto, Águia livre Moto Família, Guerreiros da Ilha, Águia Negra, Dragões Templários, Abutres, Maluco Beleza e Falcões da Ilha. Também tem as motos trilhas: Kalango Louco e Bicho do Mato
O Moto Clube Cavalo Doido começou um evento na cidade como Moto Energia e agora em 2014 a prefeitura realizou um encontro como Moto Paulo Afonso.
      Apesar de todos esses grupos constituídos e dos festivos encontros acontecidos a história do motociclismo em Paulo Afonso começou muito antes com um grupo de carpinteiros da CHESF que trabalhavam na “Nova Brasília”. Foi o auge das velhas “JAWAS”, com seus motociclistas usando Calças “Coringa”, óculos Ray-Ban “Aviador” e Chapéus de Massa.
     Os primeiros motociclistas reunidos na Carpintaria da CHESF eram antes de tudo artistas na arte de criação de peças em ferro, aço e alumínio e muitas peças das motos eram confeccionadas por eles e muitos deles realizavam trabalhos mecânicos.  Podemos citar entre tantos motociclistas pioneiros que eram da Chesf como também profissionais anônimos da cidade, tais como: Irineu “Brabo” (pai de Gilvan da Prefeitura e Juvenal: que foi um dos talentos musicais descoberto no Coliseu Show), Miguelzinho da Oficina, Ulisses, Alceu, Jonas, Ocílio, Raimundo Carpinteiro, Rocha, Seu Luizinho “Frezador”, Manuel Galdino, Manuel Bundinha, Seu Odilon, Branco, Otávio, Seu Nelson, Aluísio, Manuel Messias, João Mariano, Antonio Galego, Ferrugem, Zuza, Zé da Geladeira, Simeão, João Batista (relojoeiro), Sólon Siqueira de Lima (pai da Nael da Retífica), os irmãos dentistas: Dedé e Duda, Joaquim do Couto, Rocha, Zé Pimenta, Jeová, Cirilo, Simeão, Reginaldo da Aviação, Zito, Zé Bico Fino, Erasmo Quixaba, Neco Relojoeiro,  Rocha, Zé Pitó, Manuel Messias do DNER,  Zé Cearense, Milton Relojoeiro,  Dom Ratinho, Juarez Eletricista, Beneval Teixeira, Manoel Teixeira, Vítor Relojoeiro.
Os grandes mecânicos foram: Gama, Branco, Dedé Dentista, Seu Luizinho e Irineu.
Branco além de mecânico confeccionava descargas, manetes, coroa e pinhão.
Um dos motociclistas folclórico é o Zé do Fogão, conhecido como o "Vei do Fogão", que realizou dentre outras coisas a famosa passagem por entre arcos de fogo. O cinegrafista que realizou essas imagens em Super 8 mm foi o Osvaldo Maciel.
As famosas JAWAS “Monark” CZ 125, 150, 175 e 250, fizeram grande sucesso, mais além das motos surgiram às famosas “LAMBRETTAS” LI Stand e LD Luxo e as “VESPAS” M3 e M4 que se transformaram em “modismo” nas décadas de 1950 e 1960.
Os que marcaram época com suas vespas e lambretas foram: Aldetino (o Cabra da Lambreta), Tico da Oficina, Pedrosa, Severino Cangainha, Manuel Barros, Gama, José Mariano de Lima (Caneco Amassado), Paulo da Lanchonete, Mozart, Pedro Neto,  Gogó, Lourinaldo Relojoeiro, Adonias, Maninho, Ananias Eletricista, Manoel José, Aristóteles do Riacho, José Manoel, Chiquinho Enfermeiro, Eronildes, Israel, Vivaldo, Raimundo Enfermeiro, Pedro Santos, Gordinho da Bicicleta, Farrone,  Zé Cabeça Branca, Zezito de Antonio Exalto, , Valter do Tingui, Ratinho do Cinema, Sebastião do Posto, Zé Rildo, Diniz da Rádio, Cláudio Xavier, Agenor, Messias do Caminhão, Brito, Éder Napoleão, Benedito, Osmar, Sandoval, Zé Bucho, Gilberto da Acalanto.
       Uma viagem memorável realizada em duas JAWAS aconteceu com os dois irmãos dentistas Duda e Dedé. 
Dedé se encontrava em São José do Egito, Pernambuco; Duda viajou de Paulo Afonso pra encontrar o irmão e lá tentar comprar uma moto JAWA.  Os dois irmãos se dirigiram pra Patos na Paraíba e lá compraram uma moto Syster. Os irmãos vieram pra Paulo Afonso nas motos e quando chegaram em Monteiro Duda trocou a moto  Syster em uma Royal. Quando chegaram nos “Grossos” a moto Royal partiu ao meio e quase que Duda morria no acidente. Um conhecido chamado Mansula socorreu o ferido e Dedé Santos consertou a moto do irmão. Colocaram a moto em uma caminhonete e chegaram a Paulo Afonso. A viagem acontecia pela famosa “Reta do Mirim” e por ela Dedé Santos retornou sozinho gastando dois dias de viagem retornando a São José do Egito.
Nas décadas de 1970 e 1980 eu, o primo Everaldo Sousa Lima e o amigo Willians Vieira realizamos várias viagens de Paulo Afonso a São José do Egito e Itapetim, cruzando a Reta do Mirim, em motos 125 cc.
Curioso diante de algumas fotografias antigas onde aparecem os velhos motociclistas saí procurando pra ver se encontrava os velhos aventureiros do passado e pude conversar com Antônio Galego, Aldetino e por fim com Manuel Messias. Manuel ainda guarda carinhosamente em sua casa uma moto JAWA 175 cc, ano 1963 que ele adquiriu em 1965. Manuel falou dos velhos tempos, contou histórias, revirou memórias, viajou nas lembranças e com alegria e lágrimas nos olhos reviveu aventuras passadas, compassadas lembranças que teima em guardar, momentos felizes que marcaram sua juventude.
Hoje, olhando tantas motos que cruzam velozmente as ruas e avenidas de nossa cidade, me transporto aos velhos motociclistas do passado e tento entender os grandes momentos que vivenciaram em suas motocicletas, símbolos de uma época de ouro que embalavam as aventuras dos jovens que guardam em suas lembranças passadas a sensação de liberdade causada pelo ronco dos velhos motores que cruzaram as estradas de suas mais doces recordações.

Padre Lourenço

Solon Siqueira

João Mariano

Irineu Brabo

Motociclistas da CHESF

moto JAWA

JAWA de Manoel Messias

Jawa

jawa

jawa

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