Rodelas recebe Bienal da Bahia. É tudo Nordeste?
Caio
Matos e a Expedição Instrumentos Para Dobrar Rios
Antônio
Galdino
O
município de Rodelas recebeu no último final de semana o artista visual Gaio
Matos e equipe que realiza um trabalho que tem por objetivo levantar
informações culturais sobre os municípios ribeirinhos do rio São Francisco para
discussão sobre as transformações na cidade e na população decorrentes do
processo de alagamento e desaparecimento de povoações com o surgimento das
grandes barragens.
A equipe de Gaio Matos já esteve em vários municípios, a partir dos inundados pela barragem de Sobradinho e chegou a Rodelas, inundada pela barragem de Itaparica, ambas construídas pela Chesf, no sábado, dia 16.
A equipe de Gaio Matos já esteve em vários municípios, a partir dos inundados pela barragem de Sobradinho e chegou a Rodelas, inundada pela barragem de Itaparica, ambas construídas pela Chesf, no sábado, dia 16.
No domingo, 17, sob a coordenação de Valdomiro
Bernardo do Nascimento, Assessor de Comunicação da Prefeitura Municipal de
Rodelas, foi realizada um encontro cultural no Auditório Municipal e dele
participaram, o artista visual Gaio Matos, o cacique Anselmo Tuxá, o chefe do
Gabinete do Prefeito Emanuel Rodrigues, Clemilton Cunha (Dadinho) e a
Secretária de Administração e Finanças da Prefeitura de Rodelas, Célia Almeida
que é também professora de História e historiadora do município.
A convite de Valdomiro, também participaram do evento os escritores e historiadores Antônio Galdino da Silva e João de Sousa Lima, de Paulo Afonso.
A convite de Valdomiro, também participaram do evento os escritores e historiadores Antônio Galdino da Silva e João de Sousa Lima, de Paulo Afonso.
Entre
os presentes estavam José dos Reis, conhecido como Zé da Ema, que é o Presidente
do Trabalhadores Rurais de Rodelas, o Padre Batista, Ademar Ferreira, Sec. De
Infraestrutura e Elizabeth Novais, Secretária de Educação, que recebeu
exemplares dos livros 100 Anos de Angiquinho e De Forquilha a Paulo Afonso –
histórias e memórias de pioneiros, doados pelos escritores Antônio Galdino e
João de Sousa Lima para a Biblioteca Municipal.
Gaio abriu os trabalhos dizendo que “o motivo desta expedição é ouvir as pessoas, recolher essas informações sobre as mudanças em suas vidas, na sociedade, nos costumes, a vivência hoje entre o que ficou debaixo d`água e a vida na nova cidade”.
Gaio abriu os trabalhos dizendo que “o motivo desta expedição é ouvir as pessoas, recolher essas informações sobre as mudanças em suas vidas, na sociedade, nos costumes, a vivência hoje entre o que ficou debaixo d`água e a vida na nova cidade”.
O cacique Anselmo Tuxá falou da luta do seu povo e
de outros povos indígenas da região, das perdas territoriais, da vida nos dias
atuais. No município de Rodelas moram índios das etnias Tuxa, Araticum, Cambiuá
e Pankakaré.
Clemilton
também disse do empenho de parte da comunidade na busca do resgate da história
do município e o falou do grande desenvolvimento de Rodelas que se afirma como
um dos maiores produtores de côco do Estado da Bahia.
A
historiadora Célia Almeida falou sobre Cultura e Memória, ressaltando os
valores culturais de Rodelas e a importância de sua preservação.
O
escritor João de Sousa Lima falou de sua experiência de intensa pesquisa para o
resgate da história do cangaço na região, que já resultaram em 8 livros e da
necessidade das pessoas e autoridades entenderem que “a história é construída a
partir do povo e não o contrário. É nos lugares mais humildes, entre as pessoas
que viveram as mudanças, desde as gerações mais antigas, que está a essência da
memória de um povo.
O professor Antônio Galdino disse que o encontro se revestia da maior importância para Rodelas e para a região e que, “através desta iniciativa poderá haver o despertamento dos governos, de instituições, até a criação de novos organismos que desejem trabalhar para o restada da história e da memória deste município, das etnias indígenas que habitam esse lugar. O resgate da história e da memória de uma região, do seu povo, como disse o escritor e historiador João de Sousa Lima, precisa começar ouvindo o homem, o cidadão humilde A história vem do povo, de baixo pra cima. Ali é a fonte.”
O professor Antônio Galdino disse que o encontro se revestia da maior importância para Rodelas e para a região e que, “através desta iniciativa poderá haver o despertamento dos governos, de instituições, até a criação de novos organismos que desejem trabalhar para o restada da história e da memória deste município, das etnias indígenas que habitam esse lugar. O resgate da história e da memória de uma região, do seu povo, como disse o escritor e historiador João de Sousa Lima, precisa começar ouvindo o homem, o cidadão humilde A história vem do povo, de baixo pra cima. Ali é a fonte.”
Algumas
participações merecem especial destaque. Uma delas, do Sr. Zé da Ema, que falou
sobre o trabalho no campo, especialmente a cultura do côco, que tem alavancado
a economia do município.
Outra intervenção importante foi a do Padre Batista que, antes de fazer uma oração com os participantes alertou para “a necessidade de estarmos todos em permanente vigília para algumas ações, principalmente no que se refere à implantação de uma usina nuclear nesta região, o que não podemos permitir porque sabemos do grande perigo e dos danos que ela pode nos trazer”.
Dentre os interessados na temática, chamou a atenção a presença de duas jovens, Natália e Jaqueline, ambas de 15 anos, estudantes do 2º ano do Ensino Médio no Colégio N.S. do Rosário. Quando foi aberta a oportunidade de participação do auditório, Natália falou que “não podemos aceitar que os nordestinos é gente pobre, são uns coitadinhos. Rodelas não é uma cidade de coitadinhos, de nordestinos sofridos.”
Depois Natália leu um poema de sua autoria reafirmando o seu amor pela sua terra e o desejo que todos se sintam participantes do seu desenvolvimento.
No que chama de Bienal da Bahia - Tudo é Nordeste?, o projeto de Gaio Matos está de ouvidos e olhos bem abertos e atentos para o que dizem os homens e mulheres sertanejos, em suas atitudes, em seus gestos, em sua fala, nas paredes de suas casas, das mais simples àquelas de muros altos e edificação luxuosa do momento presente mas lança um olhar para trás, para as origens, as raízes centenárias, a cultura, o riso e o jeito do povo que ali viveu antes que as águas da barragem de Itaparica fizessem o sertão virar mar, cumprindo a profecia do Padre Cícero do Juazeiro do Norte a quem muitos, especialmente os mais antigos, preservam o respeito e a devoção."
Que lições o ontem deixou para o presente e para o amanhã?
Outra intervenção importante foi a do Padre Batista que, antes de fazer uma oração com os participantes alertou para “a necessidade de estarmos todos em permanente vigília para algumas ações, principalmente no que se refere à implantação de uma usina nuclear nesta região, o que não podemos permitir porque sabemos do grande perigo e dos danos que ela pode nos trazer”.
Dentre os interessados na temática, chamou a atenção a presença de duas jovens, Natália e Jaqueline, ambas de 15 anos, estudantes do 2º ano do Ensino Médio no Colégio N.S. do Rosário. Quando foi aberta a oportunidade de participação do auditório, Natália falou que “não podemos aceitar que os nordestinos é gente pobre, são uns coitadinhos. Rodelas não é uma cidade de coitadinhos, de nordestinos sofridos.”
Depois Natália leu um poema de sua autoria reafirmando o seu amor pela sua terra e o desejo que todos se sintam participantes do seu desenvolvimento.
No que chama de Bienal da Bahia - Tudo é Nordeste?, o projeto de Gaio Matos está de ouvidos e olhos bem abertos e atentos para o que dizem os homens e mulheres sertanejos, em suas atitudes, em seus gestos, em sua fala, nas paredes de suas casas, das mais simples àquelas de muros altos e edificação luxuosa do momento presente mas lança um olhar para trás, para as origens, as raízes centenárias, a cultura, o riso e o jeito do povo que ali viveu antes que as águas da barragem de Itaparica fizessem o sertão virar mar, cumprindo a profecia do Padre Cícero do Juazeiro do Norte a quem muitos, especialmente os mais antigos, preservam o respeito e a devoção."
Que lições o ontem deixou para o presente e para o amanhã?
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