BOTIJAS,
TESOUROS DO NORDESTE.
As
diversas histórias de Botijas transformaram-se em lendas, com seus relatos
sempre acrescentados de uma pitada de aventura e do sobrenatural.
O
Sertão Nordestino contém inúmeros relatos sobre as Botijas, tesouros enterrados
em oitões de fazendas, nos batentes dos casebres, velhas árvores centenárias,
entre pedras e lajedos.
Verdadeiros
tesouros do passado, quando os sertanejos escondiam suas finanças e seus ouros
em cabaças, potes de barro ou caixotes de madeiras e depois os enterravam em
pontos estratégicos, tendo um alvo de referência de fácil acesso para o
proprietário.
Dentre
todos os pontos de relatos envolvendo esses tesouros escondidos, nenhum tem
mais registros do que a imensidão do Raso da Catarina. Desde os relatos dos
fugitivos da guerra de Canudos, passando pelos índios Pankararé, até chegar aos
relatos deixados pelos cangaceiros, que além de ouro e moedas deixaram
enterrados ou escondidos em troncos de árvores, munições e armas. A Cangaceira
Dadá, de Corisco, Passarinho, Azulão, Gato, Inacinha, são alguns cangaceiros
que deixaram materiais enterrados ou escondidos no Raso da Catarina. Muitos
desses sendo encontrados por moradores da localidade. Dentre os fatos mais
conhecidos podemos citar dona Marli Reis (sobrinha do famoso coronel Petronilio
de Alcântara Reis), proprietária de uma pousada/restaurante em Chorrochó,
Bahia. Ela sonhou com o fogo consumindo uma das paredes da igreja construída
pelo Antonio Conselheiro, ao amanhecer se dirigiu pra igreja e quando tocou uma
das paredes, exatamente a parede que ela sonhou em chamas, caiu um pedaço do
reboco e de dentro da parede, junto com os escombros, caíram várias correntes e
anéis de ouro, peças até hoje guardadas por ela como verdadeiro tesouro.
Um
dos índios da tribo Pankararé, residente da reserva Brejo do Burgo, desmatava
um terreno, nas proximidades da Baixa do Chico. Com um afiado machado começou a
cortar uma velha árvore morta, entre os cortantes golpes da afiada lâmina, um
tilintar, um barulho diferente do toque do machado com a madeira, a curiosidade
aumentou, as machadadas ficaram mais rápidas, no oco da madeira uma velha
ferragem de um mosquetão, arma usada pelos cangaceiros. Ferragem recolhida,
árvore cortada, hora de colocar fogo no resto do tronco; Minutos depois do fogo
ateado, tiros ecoaram e eles correram em busca de proteção entre pedras, muitos
disparos, momentos angustiantes, vários minutos de espera até queimar o último
projétil, várias balas deflagradas. Por falta de atenção a munição que estava
também na árvore não foi avistada sendo consumida pelo fogo. Tempos depois a
ferragem do mosquetão me foi presenteada.
João
de Sousa Lima
Membro
da ALPA – Academia de Letras de Paulo Afonso.
Paulo
Afonso, 13 de setembro de 2014
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