quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

A Cachoeira de Paulo Afonso: Um Dossiê Histórico - www.joaodesousalima.blogspot.com



    


A CACHOEIRA DE PAULO AFONSO:
“UM DOSSIÊ HISTÓRICO”.

     O rio São Francisco, denominado pelos indígenas como OPARÁ (Rio-Mar), em toda sua extensão, com mais de 2.700 quilômetros percorridos, desde Minas Gerais até sua foz, encontra sua beleza maior na cachoeira de Paulo Afonso.
     Para ter uma compreensão maior da representação e importância do rio São Francisco e das comunidades de ribeirinhos próximas à região da cachoeira de Paulo Afonso torna-se necessário uma análise mais aprofundada, seguindo o rigor técnico e cientifico na área da arqueologia que identificou pinturas rupestres em sítios arqueológicos e materiais líticos datados de 9.000 anos, encontrados nos arredores da grande cachoeira.
     Nos milenares rochedos o turbilhão de água abriu cânions e formou um dos mais belos complexos de cachoeiras e cascatas do Brasil e, que por anos impressionou tantas pessoas, desde autoridades até os mais simples homens que tiveram a oportunidade de apreciar suas imensas e inúmeras corredeiras. Ao longo do tempo a cachoeira foi explorada por diversas expedições de aventureiros, curiosos, fotógrafos, engenheiros, desenhistas, poetas e autoridades. Muitos vieram de terras distantes só para contemplá-la, outros lhe dedicaram poemas, versos e canções e outros olhares miraram a cachoeira nas várias dimensões de se aproveitar a pungente queda d’água.
      A cachoeira que já teve os nomes de "Forquilha" por suas bifurcações formando várias pequenas cachoeiras em torno da maior, sendo as mais famosas: "Véu da Noiva", Croatá, e Capuxú. Chamada também de “Cachoeira Grande" por sua imensa quantidade de água quando percorria seu leito natural e, "Sumidouro" por descer de uma altura próxima a 80 metros e depois sumir na curva de um majestoso cânion, encoberta por uma cortina de gotículas que subia uma grande altura, divisada à distâncias.
     Desde a descoberta documental do Rio em 04 de outubro de 1501 por Américo Vespúcio e André Gonçalves, passando pela sesmaria de 1545 em nome do fidalgo Garcia D’Avila, com a passagem dos barbadinhos e capuchinhos enviados pela Sagrada Congregação de propagação da Fé, só mesmo em 1590 aparece pela primeira vez, explorada por Cristovão da Rocha, o nome "Sumidouro" do São Francisco.
     Em carta patente de 17 de março de 1701, aparece pela primeira vez uma referência à Cachoeira de Paulo Afonso, na confirmação de João Fernandes Galvão, no posto de Capitão de Cavalos da Ordenança, no Distrito do Rio São Francisco.
     Em outra Carta Patente de 28 de fevereiro de 1703, existe outra referência expressa ao Distrito da “Cachoeira de Paulo Afonso", na confirmação de Domingos Maciel de Farias, como Capitão de Infantaria de Ordenança desse Distrito.
     Através de alvará, o nome Cachoeira de Paulo Afonso só aparece documentado em 1725, em nome de Paulo de Viveiros Afonso.  Esse Sesmeiro realmente ocupou as terras em torno da famosa cachoeira, fundando a Tapera de Paulo Afonso e depois de mais de um século dessa ocupação, o engenheiro Alemão Henrique Guilherme Ferdinando Halfeld, realizando um extenso levantamento do Rio São Francisco, entre os anos 1852 A 1854, a pedido de Dom Pedro II, trabalho intitulado ATLAS E RELATÓRIOS CONCERNENTE A EXPLORAÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO, DESDE A CACHOEIRA DE PIRAPORA ATÉ O OCEANO ATLANTICO, ele assinou em suas páginas:

...Paulo de Viveiros Afonso, não se contentou, porém, com a sesmaria e as Ilhas pernambucanas: Parece que aproveitou a circunstancia de estarem devolutas as terras da margem baiana do rio para também ali construir um curral que mais tarde se transformou na tapera de Paulo Afonso...
Halfeld ainda encontrou no mesmo lugar uma fazenda com este nome, referida  na descrição da 325ª légua do rio apresentada na carta número 26, de seu minucioso atlas.
     Dentre os visitantes mais ilustres da Cachoeira, destaca-se a visita do Imperador D. Pedro II, realizada no dia 20 de outubro de 1859. Sobre essa visita do Imperador que foi acompanhado por mais de 300 pessoas, ele próprio escreveu um diário de viagem e transformou esse diário no livro: “Diário da Viagem ao Norte do Brasil”.
Em um dos trechos da escrita Dom Pedro II registrou:
20 DE OUTUBRO...

“... partimos do Salgado às 2 da madrugada e chegamos a Paulo Afonso pouco depois de 5 e meia.
Na distância de menos de légua é que se ouviu o ruído da cachoeira. Logo que me apeei comecei a Vê-la, e só voltei para podendo torcer a roupa do corpo molhada por causa do exercício. Depois das 10. É belíssimo o ponto de que se descobrem 7 cachoeiras que se reúnem na grande que não se pode descobrir daí, e algumas grandes fervendo a água em caixão de encontro à montanha que parece querer subir por ela acima; o arco-íris produzido pela poeira de água completava esta cena majestosa. Dizem que a névoa de água vê-se na distância de léguas, do lado de Água Branca; mais não o creio, apesar de Jequiá asseverá-lo, e só perto da cachoeira já sentia o chuvisco.
Tentar descrever a cachoeira em poucas páginas, e cabalmente, seria impossível, e sinto que o tempo só me permitisse tirar esboços muito imperfeitos.  O terreno é todo pedregoso e se muito se tem exagerado a respeito desta cachoeira, não sou eu exagerado dizendo que há verdadeiro perigo em percorrer todos os pontos de vista da cachoeira, como eu fiz, dando, contudo três quedas nesta última exploração, felizmente sem me machucar. Uma mulher d local, que se arriscou à empresa, não foi tão venturosa, pois deslocou ossos do metacarpo, rachou beiço e pisou a maçã do rosto e o olho; O Dr. Abreu logo lhe aplicou os aparelhos...

     A fotografia foi outra grande forma de divulgação da Cachoeira de Paulo Afonso e uma forma de comprovação da visita realizada.
      Mesmo tendo sido registrado em alguns livros que a primeira fotografia tirada da cachoeira em 1856, coube ao senhor Arsênio da Silva, fato registrado no “Diário de Pernambuco” de 19 de abril de 1861, noticiando: “Esse soberbo quadro foi feito quando ultimamente esteve o Sr. Arsênio em París: é cópia de um daquerreotipo feito pelo mesmo artista no dia 7 de setembro de 1856, quando a curiosidade e o gosto pelo estudo da natureza o levaram a cachoeira de Paulo Afonso”.
     Na verdade a primeira fotografia da cachoeira de Paulo Afonso foi obra do renomado fotógrafo Alemão Augusto Stahl, vindo de Londres para o Recife e aqui chegando no dia 31 de dezembro de 1853, onde se estabeleceu comercialmente e que foi um dos mais importantes fotógrafos, documentando Escravos, a Estrada de Ferro Recife - São Francisco e Paisagens Rurais. Foi dele as fotos clássicas de D. Pedro II e da família Imperial.
     Quando da chegada do Imperador no Cais do Colégio em Recife, em 1859, Stahl realizou uma reportagem fotográfica de D. Pedro II e D. Teresa Cristina e passou a ter o monopólio das imagens das Majestades Imperiais em Recife.
     Desse trabalho sobre a família Imperial partiu o pedido do próprio Imperador para que Stahl fotografasse a cachoeira de Paulo Afonso, fato acontecido em 1860.
     No importantíssimo livro da escritora Bia Corrêa do Lago, sobre a obra de Augusto Stahl, na página 122, ela declara:


      A “Cachoeira de Paulo Afonso” de Stahl, realizada em 1860, é um divisor de águas na fotografia de paisagens no Brasil, pois é a primeira imagem que se conhece de composição tão ambiciosa do começo dos anos 1860, quando a prática da fotografia sobre papel tinha apenas alguns anos no país. Stahl parece ter concebido esse trabalho como um desafio pessoal tanto técnico quanto estético, e a imagem resultante, de grande beleza e impacto, é certamente uma das mais importantes da história da fotografia brasileira.
De fato Stahl foi o precursor de uma fotografia que se poderia quase chamar de “Atlética”, pois impunha ao fotógrafo um grande esforço para transportar pesadíssima aparelhagem até o alto de montanhas por caminhos tortuosos, em lombo de burro ou mesmo a pé, na busca da melhor perspectiva. Exigia também que se manejasse com rapidez e perícia os negativos úmidos, antes e depois de cada tomada. Alem disso, um panorama ambicioso como o da Cachoeira, composto de duas partes, só podia ser executado “artesanalmente” ou seja,  movendo-se a câmera sobre tripé a cada tomada, de modo que a segunda fotografia fosse a continuação perfeita da anterior, para que, no final, fosse obtida a mais ampla vista possível da paisagem retratada. Esse era  esforço hercúleo necessário para a obtenção dos magníficos panoramas de que Stahl foi o pioneiro, e que, quinze anos depois, se tornariam uma das especialidades de Marc Ferrez.
    A partir das vistas da cachoeira de Paulo Afonso, Stahl e Wahnschaffe fizeram em seu atelier, versões “autênticas” coloridas, em óleo sobre tela...
    Outra importantíssima fotografia datada de 1869 do fotógrafo Augusto Riedel, não passa de uma cópia da foto de Stahl e mesmo tendo Riedel fotografado a cachoeira de Paulo Afonso, oportunidade que fotografou a placa de bronze em comemoração a visita de D. Pedro II à cachoeira, ele inseriu um personagem, retocando a colagem e refotografando a imagem de Stahl.
Um dos quadros famosos pintado em óleo sobre tela e que vemos em vários livros de histórias e datado de 1850, do pintor E.F. Schute, foi na verdade pintado pela foto de Stahl de 1860.
A imagem fotográfica de Stahl ainda foi pintada por seu sócio Germano Wahnschaffe.
     Outro grandioso fotógrafo a fotografar a cachoeira foi Marc Ferrez, em 1875, por ocasião da expedição Hartt.
Um conjunto de fotografias datadas de 1910 e comercializadas até 1915 foi do fotógrafo João Ramalho, de Penedo, Alagoas.
     Frans Post, pintor, foi mais um grande artista a retratar a cachoeira e um fato interessante é que a data do quadro pintado é anterior a todas as outras datas relacionadas com o nome cachoeira de Paulo Afonso, anterior mesmo aos documentos registrados com esse nome.
      A obra Cachoeira de Paulo Afonso é uma pintura a óleo sobre madeira, executada pelo pintor em 1649. A obra retrata a famosa queda d’água homônima, localizada no curso do rio São Francisco. Realizado após o retorno de Post à Holanda, o painel encontra-se atualmente conservado no Museu de Arte de São Paulo.
      Frans Post foi o primeiro a representar as características da natureza do Nordeste brasileiro, o azul metálico do céu, os verdes opacos, a intensidade da luz, transferindo para a tela, com a ciência da perspectiva própria dos cartógrafos-pintores holandeses, os dados peculiares da paisagem tropical. A obra em pauta, datada de cinco anos depois de Post ter voltado à Holanda, foi reelaborada pelo artista, que se baseou em desenhos tomados no lugar. A beleza natural do local, já bastante conhecido ainda no período colonial, fez com que a cachoeira se tornasse um ponto de atração de diversos artistas, principalmente pintores e gravadores estrangeiros de passagem pelo Brasil. A ela, dedicaram obras, além de Post, E. F. Schute, Johann Moritz Rugendas e Jean-Baptiste Debret. Na literatura brasileira, são igualmente comuns as referências à mencionada cachoeira.
      Desconhece-se a ubiquação da obra no período anterior ao século XIX. Sabe-se que a mesma integrava, desde o início do século XX, o acervo da Galerie Goldschmidt & Wallerstein, em Berlim. Por volta de 1926, o painel foi emprestado em regime de comodato ao Städelsches Museum de Frankfurt am Main, onde permaneceu até 1950, passando, em seguida, à coleção da galeria Durand-Matthiesen, em Genebra. Neste mesmo ano, a obra foi adquirida pelo Museu de Arte de São Paulo (MASP), com recursos doados por Américo Breia e pelos irmãos Adriano e Ricardo Seabra.
       Após sua aquisição pelo MASP, Cachoeira de Paulo Afonso tomou parte na turnê de obras do museu paulistano por instituições europeias e norte-americanas. Merece destaque sua participação nas exposições Chefs-d'oeuvre du Musée de São Paulo, no Palais de Beaux-Arts de Bruxelas , e Dipinti del Museo d'arte di San Paolo del Brasile, no Palazzo Reale de Milão, ambas realizadas em 1954. A obra também figurou nas exposições Pintores Holandeses do Príncipe Maurício de Nassau, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (1968), Da Raffaello a Goya... De Van Gogh a Picasso, novamente em Milão (1987), Frans Post Paradisiesche Landschaft, no Kunsthalle, em Basileia (1990), e Brasilien Entedeckung und Selbstentdeckung, no Kunsthalle de Zurique (1992).
   O livro de Edgard de Cerqueira Falcão, de título: Roteiro de Paulo Afonso, datado de maio de 1939, traça todo um roteiro de uma expedição onde contém importantíssimas fotografias. O texto do livro é transcrito abaixo com a mesma grafia da época:




PARA SABER MAIS LEIA O LIVRO:

PAULO AFONSO E A VILA POTY: A HISTÓRIA NÃO CONTADA.


ONDE ENCONTRAR:

1-    JOÃO DE SOUSA LIMA: 75-988074138
2-    HOTEL BELVEDERE
3-    SAN MARINO HOTEL
4-    SUPERMERCADO SUPRAVE
5-    RESTAURANTE RANCHO DA CARIOCA
ARTESANATO (PRÓXIMO A CÂMARA DE VEREADORES)















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