A CACHOEIRA DE PAULO
AFONSO:
“UM DOSSIÊ HISTÓRICO”.
O rio
São Francisco, denominado pelos indígenas como OPARÁ (Rio-Mar), em toda sua
extensão, com mais de 2.700 quilômetros percorridos, desde Minas Gerais até sua
foz, encontra sua beleza maior na cachoeira de Paulo Afonso.
Para
ter uma compreensão maior da representação e importância do rio São Francisco e
das comunidades de ribeirinhos próximas à região da cachoeira de Paulo Afonso
torna-se necessário uma análise mais aprofundada, seguindo o rigor técnico e
cientifico na área da arqueologia que identificou pinturas rupestres em sítios
arqueológicos e materiais líticos datados de 9.000 anos, encontrados nos
arredores da grande cachoeira.
Nos
milenares rochedos o turbilhão de água abriu cânions e formou um dos mais belos
complexos de cachoeiras e cascatas do Brasil e, que por anos impressionou
tantas pessoas, desde autoridades até os mais simples homens que tiveram a
oportunidade de apreciar suas imensas e inúmeras corredeiras. Ao longo do tempo
a cachoeira foi explorada por diversas expedições de aventureiros, curiosos,
fotógrafos, engenheiros, desenhistas, poetas e autoridades. Muitos vieram de
terras distantes só para contemplá-la, outros lhe dedicaram poemas, versos e
canções e outros olhares miraram a cachoeira nas várias dimensões de se
aproveitar a pungente queda d’água.
A cachoeira que já teve os nomes de
"Forquilha" por suas bifurcações formando várias pequenas cachoeiras
em torno da maior, sendo as mais famosas: "Véu da Noiva", Croatá, e
Capuxú. Chamada também de “Cachoeira Grande" por sua imensa quantidade de
água quando percorria seu leito natural e, "Sumidouro" por descer de
uma altura próxima a 80 metros e depois sumir na curva de um majestoso cânion,
encoberta por uma cortina de gotículas que subia uma grande altura, divisada à
distâncias.
Desde
a descoberta documental do Rio em 04 de outubro de 1501 por Américo Vespúcio e
André Gonçalves, passando pela sesmaria de 1545 em nome do fidalgo Garcia
D’Avila, com a passagem dos barbadinhos e capuchinhos enviados pela Sagrada
Congregação de propagação da Fé, só mesmo em 1590 aparece pela primeira vez,
explorada por Cristovão da Rocha, o nome "Sumidouro" do São
Francisco.
Em
carta patente de 17 de março de 1701, aparece pela primeira vez uma referência
à Cachoeira de Paulo Afonso, na confirmação de João Fernandes Galvão, no posto
de Capitão de Cavalos da Ordenança, no Distrito do Rio São Francisco.
Em
outra Carta Patente de 28 de fevereiro de 1703, existe outra referência
expressa ao Distrito da “Cachoeira de Paulo Afonso", na confirmação de
Domingos Maciel de Farias, como Capitão de Infantaria de Ordenança desse Distrito.
Através
de alvará, o nome Cachoeira de Paulo Afonso só aparece documentado em 1725, em
nome de Paulo de Viveiros Afonso. Esse
Sesmeiro realmente ocupou as terras em torno da famosa cachoeira, fundando a
Tapera de Paulo Afonso e depois de mais de um século dessa ocupação, o
engenheiro Alemão Henrique Guilherme Ferdinando Halfeld, realizando um extenso
levantamento do Rio São Francisco, entre os anos 1852 A 1854, a pedido de Dom
Pedro II, trabalho intitulado ATLAS E RELATÓRIOS CONCERNENTE A EXPLORAÇÃO DO
RIO SÃO FRANCISCO, DESDE A CACHOEIRA DE PIRAPORA ATÉ O OCEANO ATLANTICO, ele
assinou em suas páginas:
...Paulo de Viveiros Afonso, não se contentou, porém, com a sesmaria e
as Ilhas pernambucanas: Parece que aproveitou a circunstancia de estarem
devolutas as terras da margem baiana do rio para também ali construir um curral
que mais tarde se transformou na tapera de Paulo Afonso...
Halfeld ainda encontrou no mesmo lugar uma
fazenda com este nome, referida na
descrição da 325ª légua do rio apresentada na carta número 26, de seu minucioso
atlas.
Dentre
os visitantes mais ilustres da Cachoeira, destaca-se a visita do Imperador D.
Pedro II, realizada no dia 20 de outubro de 1859. Sobre essa visita do
Imperador que foi acompanhado por mais de 300 pessoas, ele próprio escreveu um
diário de viagem e transformou esse diário no livro: “Diário da Viagem ao Norte
do Brasil”.
Em um dos trechos da escrita Dom Pedro II
registrou:
20 DE OUTUBRO...
“... partimos do Salgado às 2 da madrugada e chegamos a Paulo Afonso
pouco depois de 5 e meia.
Na distância de menos de légua é que se ouviu o ruído da cachoeira. Logo
que me apeei comecei a Vê-la, e só voltei para podendo torcer a roupa do corpo
molhada por causa do exercício. Depois das 10. É belíssimo o ponto de que se
descobrem 7 cachoeiras que se reúnem na grande que não se pode descobrir daí, e
algumas grandes fervendo a água em caixão de encontro à montanha que parece
querer subir por ela acima; o arco-íris produzido pela poeira de água
completava esta cena majestosa. Dizem que a névoa de água vê-se na distância de
léguas, do lado de Água Branca; mais não o creio, apesar de Jequiá asseverá-lo,
e só perto da cachoeira já sentia o chuvisco.
Tentar descrever a cachoeira em poucas páginas, e cabalmente, seria
impossível, e sinto que o tempo só me permitisse tirar esboços muito
imperfeitos. O terreno é todo pedregoso
e se muito se tem exagerado a respeito desta cachoeira, não sou eu exagerado
dizendo que há verdadeiro perigo em percorrer todos os pontos de vista da
cachoeira, como eu fiz, dando, contudo três quedas nesta última exploração,
felizmente sem me machucar. Uma mulher d local, que se arriscou à empresa, não
foi tão venturosa, pois deslocou ossos do metacarpo, rachou beiço e pisou a
maçã do rosto e o olho; O Dr. Abreu logo lhe aplicou os aparelhos...
A
fotografia foi outra grande forma de divulgação da Cachoeira de Paulo Afonso e
uma forma de comprovação da visita realizada.
Mesmo tendo sido registrado em alguns livros que a primeira fotografia
tirada da cachoeira em 1856, coube ao senhor Arsênio da Silva, fato registrado
no “Diário de Pernambuco” de 19 de abril de 1861, noticiando: “Esse soberbo quadro foi feito quando
ultimamente esteve o Sr. Arsênio em París: é cópia de um daquerreotipo feito
pelo mesmo artista no dia 7 de setembro de 1856, quando a curiosidade e o gosto
pelo estudo da natureza o levaram a cachoeira de Paulo Afonso”.
Na
verdade a primeira fotografia da cachoeira de Paulo Afonso foi obra do renomado
fotógrafo Alemão Augusto Stahl, vindo de Londres para o Recife e aqui chegando
no dia 31 de dezembro de 1853, onde se estabeleceu comercialmente e que foi um
dos mais importantes fotógrafos, documentando Escravos, a Estrada de Ferro
Recife - São Francisco e Paisagens Rurais. Foi dele as fotos clássicas de D.
Pedro II e da família Imperial.
Quando da chegada do Imperador no Cais do Colégio em Recife, em 1859,
Stahl realizou uma reportagem fotográfica de D. Pedro II e D. Teresa Cristina e
passou a ter o monopólio das imagens das Majestades Imperiais em Recife.
Desse
trabalho sobre a família Imperial partiu o pedido do próprio Imperador para que
Stahl fotografasse a cachoeira de Paulo Afonso, fato acontecido em 1860.
No
importantíssimo livro da escritora Bia Corrêa do Lago, sobre a obra de Augusto
Stahl, na página 122, ela declara:
A “Cachoeira de Paulo
Afonso” de Stahl, realizada em 1860, é um divisor de águas na fotografia de
paisagens no Brasil, pois é a primeira imagem que se conhece de composição tão
ambiciosa do começo dos anos 1860, quando a prática da fotografia sobre papel
tinha apenas alguns anos no país. Stahl parece ter concebido esse trabalho como
um desafio pessoal tanto técnico quanto estético, e a imagem resultante, de
grande beleza e impacto, é certamente uma das mais importantes da história da
fotografia brasileira.
De fato Stahl foi o precursor de uma fotografia que se poderia quase
chamar de “Atlética”, pois impunha ao fotógrafo um grande esforço para
transportar pesadíssima aparelhagem até o alto de montanhas por caminhos tortuosos,
em lombo de burro ou mesmo a pé, na busca da melhor perspectiva. Exigia também
que se manejasse com rapidez e perícia os negativos úmidos, antes e depois de
cada tomada. Alem disso, um panorama ambicioso como o da Cachoeira, composto de
duas partes, só podia ser executado “artesanalmente” ou seja, movendo-se a câmera sobre tripé a cada
tomada, de modo que a segunda fotografia fosse a continuação perfeita da
anterior, para que, no final, fosse obtida a mais ampla vista possível da
paisagem retratada. Esse era esforço
hercúleo necessário para a obtenção dos magníficos panoramas de que Stahl foi o
pioneiro, e que, quinze anos depois, se tornariam uma das especialidades de
Marc Ferrez.
A partir das vistas da
cachoeira de Paulo Afonso, Stahl e Wahnschaffe fizeram em seu atelier, versões
“autênticas” coloridas, em óleo sobre tela...
Outra
importantíssima fotografia datada de 1869 do fotógrafo Augusto Riedel, não
passa de uma cópia da foto de Stahl e mesmo tendo Riedel fotografado a
cachoeira de Paulo Afonso, oportunidade que fotografou a placa de bronze em
comemoração a visita de D. Pedro II à cachoeira, ele inseriu um personagem,
retocando a colagem e refotografando a imagem de Stahl.
Um dos quadros famosos pintado em óleo sobre
tela e que vemos em vários livros de histórias e datado de 1850, do pintor E.F.
Schute, foi na verdade pintado pela foto de Stahl de 1860.
A imagem fotográfica de Stahl ainda foi pintada
por seu sócio Germano Wahnschaffe.
Outro
grandioso fotógrafo a fotografar a cachoeira foi Marc Ferrez, em 1875, por
ocasião da expedição Hartt.
Um conjunto de fotografias datadas de 1910 e
comercializadas até 1915 foi do fotógrafo João Ramalho, de Penedo, Alagoas.
Frans Post, pintor, foi mais um grande
artista a retratar a cachoeira e um fato interessante é que a data do quadro
pintado é anterior a todas as outras datas relacionadas com o nome cachoeira de
Paulo Afonso, anterior mesmo aos documentos registrados com esse nome.
A obra Cachoeira de Paulo Afonso é uma pintura a óleo sobre madeira, executada
pelo pintor em 1649. A obra retrata a famosa queda d’água homônima, localizada no curso do rio São Francisco. Realizado após o retorno de Post à Holanda, o painel encontra-se
atualmente conservado no Museu de Arte de São Paulo.
Frans Post foi o
primeiro a representar as características da natureza do Nordeste brasileiro, o azul metálico do céu,
os verdes opacos, a intensidade da luz, transferindo para a tela, com a ciência
da perspectiva própria dos cartógrafos-pintores holandeses, os dados peculiares
da paisagem tropical. A obra em pauta, datada de cinco anos depois de Post ter
voltado à Holanda, foi reelaborada pelo artista, que se baseou em desenhos tomados no lugar. A beleza natural do local, já bastante
conhecido ainda no período colonial, fez com que a cachoeira
se tornasse um ponto de atração de diversos artistas, principalmente pintores e
gravadores estrangeiros de passagem pelo Brasil. A ela, dedicaram obras, além
de Post, E. F. Schute, Johann Moritz Rugendas e Jean-Baptiste Debret. Na literatura brasileira, são igualmente comuns as
referências à mencionada cachoeira.
Desconhece-se a
ubiquação da obra no período anterior ao século XIX. Sabe-se que a mesma integrava, desde o início do século XX, o acervo da Galerie Goldschmidt & Wallerstein, em Berlim. Por volta de 1926, o painel foi emprestado
em regime de comodato ao Städelsches Museum de Frankfurt am Main, onde permaneceu até 1950, passando, em seguida, à
coleção da galeria Durand-Matthiesen, em Genebra. Neste mesmo ano, a obra foi adquirida pelo Museu de Arte de São
Paulo
(MASP), com recursos doados por Américo Breia e pelos irmãos Adriano e Ricardo
Seabra.
Após sua aquisição
pelo MASP, Cachoeira de Paulo Afonso tomou parte na turnê de obras do
museu paulistano por instituições europeias e norte-americanas. Merece destaque
sua participação nas exposições Chefs-d'oeuvre du Musée de São Paulo, no
Palais de Beaux-Arts de Bruxelas , e Dipinti del Museo
d'arte di San Paolo del Brasile, no Palazzo Reale de Milão, ambas realizadas em 1954. A obra também figurou
nas exposições Pintores Holandeses do Príncipe Maurício de Nassau, no Museu de Arte Moderna do
Rio de Janeiro (1968), Da Raffaello a Goya... De Van Gogh a Picasso, novamente
em Milão (1987), Frans Post Paradisiesche Landschaft, no Kunsthalle, em Basileia (1990), e Brasilien Entedeckung und Selbstentdeckung, no
Kunsthalle de Zurique (1992).
O livro
de Edgard de Cerqueira Falcão, de título: Roteiro de Paulo Afonso, datado de
maio de 1939, traça todo um roteiro de uma expedição onde contém
importantíssimas fotografias. O texto do livro é transcrito abaixo com a mesma
grafia da época:
PARA
SABER MAIS LEIA O LIVRO:
PAULO
AFONSO E A VILA POTY: A HISTÓRIA NÃO CONTADA.
ONDE
ENCONTRAR:
1- JOÃO
DE SOUSA LIMA: 75-988074138
2- HOTEL
BELVEDERE
3- SAN
MARINO HOTEL
4- SUPERMERCADO
SUPRAVE
5- RESTAURANTE
RANCHO DA CARIOCA
ARTESANATO (PRÓXIMO A CÂMARA DE
VEREADORES)
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