carteira de sócio de Claudio Xavier |
COPA - CLUBE OPERÁRIO DE PAULO AFONSO
OS
INESQUECÍVEIS BAILES DO PASSADO.
Não houve outro espaço festivo mais
marcante em minha juventude que o Clube COPA. Sua inauguração aconteceu no dia
27 de julho de 1950, data exposta até hoje em um marco colocado em frente ao
clube, uma grande pedra que trouxeram das escavações da “Primeira Usina”. Nessa pedra várias histórias de amor surgiram, eu
mesmo dei o primeiro beijo na mulher que viria a ser a mãe de minhas filhas,
encostado nesse monumento.
Apesar de todas as
dificuldades para acessar suas dependências em dias de festas, pois era
necessário antes de tudo, passar por uma das três guaritas protegidas pelos
guardas da CHESF. O Clube só era acessível a quem fosse funcionário da empresa
ou filho de chesfiano ou, ainda, sócio, tendo por responsável alguém da
empresa.
O COPA teve vários
presidentes, porém o mais conhecido e o que mais tempo permaneceu no cargo foi
Zé Freire. Por lá ainda passaram o “Miguelzinho”, Miguel Washington, Nicholson
Chaves, Edvaldo Mathias (Vadinho), Drº Claudionor Urias Barros, Gilvan
Ferreira, Cleomar da Silva, Djair Cafezeiro Leal, Gutenberg Gomes de Brito,
José Timóteo, Jorge Roberto e o mais recente Edemir Rodrigues, que conta com o suporte,
dentre outras pessoas de sua equipe, o senhor Nayme Nunes de Menezes.
Um dos diretores que assumia
a responsabilidade como presidente era o amigo Antônio Galdino.
Um dos primeiros sócios foi
o fotógrafo Cláudio Xavier, admitido em 11 de março de 1960, com o número 329. Outro sócio muito antigo foi Henrique Gomes
dos Santos “Seu Henrique”, carteira número 109 e que trabalhava como ajudante
de eletricista na Chesf. Ele foi meu vizinho quando residi na Rua Alto Novo.
Até hoje seu Henrique mora na mesma casa e seu filho Carlinhos Cabeça, tem um
comércio vizinho.
Com todos os obstáculos encontrados para
acessar as dependências do canteiro de obras da Chesf sempre descobríamos uma
forma de driblar os seguranças. Os guardas agiam com autoridade nas guaritas
que davam acesso ao acampamento. Existiam três guaritas ao longo do muro:
Guarita principal (onde hoje fica a Praça das Mangueiras), guarita do meio (que
dá acesso a antiga Rua “D” e a guarita de cima (colada ao muro do Quartel do Exército,
1ª Cia. de Infantaria).
Era difícil transpor os
muros de pedras que era acrescido em seu topo por arames farpados e diferentes
cactáceas, como coroa de frades e macambiras, cactos pontiagudos e ferinos.
Muitos amigos me acompanharam
nessas aventuras: Marcos Valério (Fuscão Preto), Genildo (Geno), Marcos
Bufinha, Givonaldo Galinha, Cláudio Martins (Claudinho), Almir de “Seu Bebé da
Praça”, Mazinho, Raimundo “Pinguin”. Porém, o companheiro que mais me seguiu nessa louca
parceria foi o amigo-irmão Edson Barreto. Não perdíamos um “Sarau”, acontecidos
aos domingos. Muitos “Conjuntos” (bandas) embalaram as noites memoráveis e
musicais.
Quando no dia 07 de setembro, assim que
finalizava o desfile, dependendo do horário, corríamos para a “Manhã de Sol” ou
a “Tarde Dançante”.
Por diversas vezes, com o
dinheiro contado, pulei com dificuldade as grades de ferro do clube. Era tão
acostumado a entrar transpondo os muros que em uma das tardes dançantes,
escalei com muito esforço as ferragens e ante os olhares atentos das pessoas
que estavam no interior, quando desci, alguém sorriu e falou:
- A entrada é franca, a festa é grátis !!!
Apesar de ser o Clube
destinado aos operários da Chesf, um dos importantes homens da empresa e que
chegou a presidi-la por pouco tempo, o senhor Antônio Amaury, era um dos
freguentadores constante do clube.
No Copa funcionou também um
dos cinemas famosos. Trabalharam nas máquinas de projeções e exibindo as
películas: Violão Eletricista, Nego Tonho, Walter Belém, Mário Santos, Enaldo
Rocha e Paulo Litó.
Uma figura popular que
trabalhou no copa e ainda hoje é bastante lembrado é “Luis do Picolé”.
Meu irmão Manuel José de
Lima “Manuelzinho” trabalhou por um tempo na lanchonete do clube antes de ir
ser professor no extinto colégio CIEPA – Centro Integrado de Educação de Paulo
Afonso, onde começou a trabalhar ainda na “Baixa Funda”
Vários shows com famosos
aconteceram no Copa. Apresentaram-se no clube Luiz Gonzaga, Jair Rodrigues, Jerry
Adriane, Wanderley Cardoso, Nelson Gonçalves, Orlando Dias, Vanusa, Antônio
Marcos, Marinêz, Trio Nordestino, Beto Barbosa, entre outros.
Nos tempos áureos aconteciam
os programas: Festival das Quintas e Copa Show, onde se apresentaram os
artistas da terra: Edemir Rodrigues (hoje presidente do clube), Severino Silva
“Bica”, Risomar Almeida, Zé Gomes, França, Zé Ivan, Isac, Carlos Daniel, Ana
Dulce, Francisco Charles, Lurdinha Silva, Oscar Silva, Aroldo Ferreira, Constantino
Dias, Lou de Marcos, Robinson Soares.
O Copa também montou um
equipamento com “difusoras” concorrendo com a famosa “Miramar” que ficava na
Vila Poty. O Locutor no copa era Paulo Litó.
Assim com o CPA – Clube
Paulo Afonso teve seu “Conjunto Musical”, o Copa também teve o seu e era
dirigido pelo músico Manoel Avelino Filho e alguns músicos que trabalharam no
clube foram: Valdecir Guilherme Torres (Trompetista), Valfredo Guilherme Torres
(Saxofonista), Sebastião Alves dos Santos (Cantor), Lizímaco Ibraim de Lira
(Trombonista), Nelson Martins da Silva (Baterista), Antonio Reis Braga
(Trombonista), Turpin Nóbrega (Saxofonista),
Ednos Moreno da Silva (Saxofonista), Valdomiro Mendonça da Silva
(Saxofonista), Sílvio Francisco da Silva (Maraquista).
O COPA montou também um dos
famosos e mais competitivos clubes de futebol da cidade, ganhando vários
títulos importantes. Muitos atletas da arte do esporte deixaram seus nomes
gravados nas páginas históricas
O COPA - Clube Operário de
Paulo Afonso, fundado em 27 de julho de 1950, em funcionamento há 69 anos, é um
dos patrimônios históricos da cidade.
Em suas dependências muitas
histórias de amor foram embaladas aos ritmos e sons gerados por músicos e
artistas. Em seus campos muitos gols e títulos foram comemorados e perpetuados,
as películas cinematográficas causaram risos, lágrimas e emoções, os momentos
vividos eternizaram tantas histórias nas mentes e nos corações de homens e
mulheres que ainda hoje guardam as lembranças de um clube que registrou
incontáveis períodos memoráveis em seu longo percurso de funcionamento.
Paulo Afonso, 15 de março de
2019.
João de Sousa Lima
Escritor e Historiador
Membro da ALPA – Academia de
Letras de Paulo Afonso, Cadeira 06.
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