sexta-feira, 26 de abril de 2019

COPA - CLUBE OPERÁRIO DE PAULO AFONSO OS INESQUECÍVEIS BAILES DO PASSADO. - www.joaodesousalima.blogspot.com

carteira de sócio de Claudio Xavier


     COPA - CLUBE OPERÁRIO DE PAULO AFONSO
OS INESQUECÍVEIS BAILES DO PASSADO.
   
     Não houve outro espaço festivo mais marcante em minha juventude que o Clube COPA. Sua inauguração aconteceu no dia 27 de julho de 1950, data exposta até hoje em um marco colocado em frente ao clube, uma grande pedra que trouxeram das escavações da “Primeira Usina”. Nessa pedra várias histórias de amor surgiram, eu mesmo dei o primeiro beijo na mulher que viria a ser a mãe de minhas filhas, encostado nesse monumento.
Apesar de todas as dificuldades para acessar suas dependências em dias de festas, pois era necessário antes de tudo, passar por uma das três guaritas protegidas pelos guardas da CHESF. O Clube só era acessível a quem fosse funcionário da empresa ou filho de chesfiano ou, ainda, sócio, tendo por responsável alguém da empresa.  
O COPA teve vários presidentes, porém o mais conhecido e o que mais tempo permaneceu no cargo foi Zé Freire. Por lá ainda passaram o “Miguelzinho”, Miguel Washington, Nicholson Chaves, Edvaldo Mathias (Vadinho), Drº Claudionor Urias Barros, Gilvan Ferreira, Cleomar da Silva, Djair Cafezeiro Leal, Gutenberg Gomes de Brito, José Timóteo, Jorge Roberto e o mais recente Edemir Rodrigues, que conta com o suporte, dentre outras pessoas de sua equipe, o senhor Nayme Nunes de Menezes.
Um dos diretores que assumia a responsabilidade como presidente era o amigo Antônio Galdino.
Um dos primeiros sócios foi o fotógrafo Cláudio Xavier, admitido em 11 de março de 1960, com o número 329.  Outro sócio muito antigo foi Henrique Gomes dos Santos “Seu Henrique”, carteira número 109 e que trabalhava como ajudante de eletricista na Chesf. Ele foi meu vizinho quando residi na Rua Alto Novo. Até hoje seu Henrique mora na mesma casa e seu filho Carlinhos Cabeça, tem um comércio vizinho.
      Com todos os obstáculos encontrados para acessar as dependências do canteiro de obras da Chesf sempre descobríamos uma forma de driblar os seguranças. Os guardas agiam com autoridade nas guaritas que davam acesso ao acampamento. Existiam três guaritas ao longo do muro: Guarita principal (onde hoje fica a Praça das Mangueiras), guarita do meio (que dá acesso a antiga Rua “D” e a guarita de cima (colada ao muro do Quartel do Exército, 1ª Cia. de Infantaria).
Era difícil transpor os muros de pedras que era acrescido em seu topo por arames farpados e diferentes cactáceas, como coroa de frades e macambiras, cactos pontiagudos e ferinos.
Muitos amigos me acompanharam nessas aventuras: Marcos Valério (Fuscão Preto), Genildo (Geno), Marcos Bufinha, Givonaldo Galinha, Cláudio Martins (Claudinho), Almir de “Seu Bebé da Praça”, Mazinho, Raimundo “Pinguin”.  Porém, o companheiro que mais me seguiu nessa louca parceria foi o amigo-irmão Edson Barreto. Não perdíamos um “Sarau”, acontecidos aos domingos. Muitos “Conjuntos” (bandas) embalaram as noites memoráveis e musicais.
 Quando no dia 07 de setembro, assim que finalizava o desfile, dependendo do horário, corríamos para a “Manhã de Sol” ou a “Tarde Dançante”.
Por diversas vezes, com o dinheiro contado, pulei com dificuldade as grades de ferro do clube. Era tão acostumado a entrar transpondo os muros que em uma das tardes dançantes, escalei com muito esforço as ferragens e ante os olhares atentos das pessoas que estavam no interior, quando desci, alguém sorriu e falou:
- A entrada é franca, a festa é grátis !!!
Apesar de ser o Clube destinado aos operários da Chesf, um dos importantes homens da empresa e que chegou a presidi-la por pouco tempo, o senhor Antônio Amaury, era um dos freguentadores constante do clube.
No Copa funcionou também um dos cinemas famosos. Trabalharam nas máquinas de projeções e exibindo as películas: Violão Eletricista, Nego Tonho, Walter Belém, Mário Santos, Enaldo Rocha e Paulo Litó.
Uma figura popular que trabalhou no copa e ainda hoje é bastante lembrado é “Luis do Picolé”.
Meu irmão Manuel José de Lima “Manuelzinho” trabalhou por um tempo na lanchonete do clube antes de ir ser professor no extinto colégio CIEPA – Centro Integrado de Educação de Paulo Afonso, onde começou a trabalhar ainda na “Baixa Funda”
Vários shows com famosos aconteceram no Copa. Apresentaram-se no clube Luiz Gonzaga, Jair Rodrigues, Jerry Adriane, Wanderley Cardoso, Nelson Gonçalves, Orlando Dias, Vanusa, Antônio Marcos, Marinêz, Trio Nordestino, Beto Barbosa, entre outros.
Nos tempos áureos aconteciam os programas: Festival das Quintas e Copa Show, onde se apresentaram os artistas da terra: Edemir Rodrigues (hoje presidente do clube), Severino Silva “Bica”, Risomar Almeida, Zé Gomes, França, Zé Ivan, Isac, Carlos Daniel, Ana Dulce, Francisco Charles, Lurdinha Silva, Oscar Silva, Aroldo Ferreira, Constantino Dias, Lou de Marcos, Robinson Soares.
O Copa também montou um equipamento com “difusoras” concorrendo com a famosa “Miramar” que ficava na Vila Poty. O Locutor no copa era Paulo Litó.
Assim com o CPA – Clube Paulo Afonso teve seu “Conjunto Musical”, o Copa também teve o seu e era dirigido pelo músico Manoel Avelino Filho e alguns músicos que trabalharam no clube foram: Valdecir Guilherme Torres (Trompetista), Valfredo Guilherme Torres (Saxofonista), Sebastião Alves dos Santos (Cantor), Lizímaco Ibraim de Lira (Trombonista), Nelson Martins da Silva (Baterista), Antonio Reis Braga (Trombonista), Turpin Nóbrega (Saxofonista),  Ednos Moreno da Silva (Saxofonista), Valdomiro Mendonça da Silva (Saxofonista), Sílvio Francisco da Silva (Maraquista).
O COPA montou também um dos famosos e mais competitivos clubes de futebol da cidade, ganhando vários títulos importantes. Muitos atletas da arte do esporte deixaram seus nomes gravados nas páginas históricas     
O COPA - Clube Operário de Paulo Afonso, fundado em 27 de julho de 1950, em funcionamento há 69 anos, é um dos patrimônios históricos da cidade.
Em suas dependências muitas histórias de amor foram embaladas aos ritmos e sons gerados por músicos e artistas. Em seus campos muitos gols e títulos foram comemorados e perpetuados, as películas cinematográficas causaram risos, lágrimas e emoções, os momentos vividos eternizaram tantas histórias nas mentes e nos corações de homens e mulheres que ainda hoje guardam as lembranças de um clube que registrou incontáveis períodos memoráveis em seu longo percurso de funcionamento.

Paulo Afonso, 15 de março de 2019.
João de Sousa Lima
Escritor e Historiador
Membro da ALPA – Academia de Letras de Paulo Afonso, Cadeira 06.

   






   
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