/ 8 de março - dia internacional da mulher / Cangaço
Paulo Afonso celebra centenário de Maria Bonita, a primeira mulher do cangaço
Maria Gomes de Oliveira nasceu em 8 de março de 1911 na cidade baiana.
Evento é o segundo de uma série comemorativa que vai terminar em 2011.
Glauco Araújo Do G1, em São Paulo
Foto de Maria Bonita exposta na casa onde ela viveu, no povoado de Malhada da Caiçara, em Paulo Afonso (Foto: Glauco Araújo/G1)
A cidade de Paulo Afonso (BA) realiza, nesta segunda-feira (8), a segunda série de eventos para comemorar o centenário de nascimento de Maria Gomes de Oliveira, a Maria Bonita, que nasceu em 8 de março de 1911. O evento segue até quarta-feira (10), com uma excursão para a casa da cangaceira, no povoado de Malhada da Caiçara.
A primeira celebração do centenário de Maria Bonita aconteceu em 2009. De acordo com o diretor de Cultura da cidade, João de Sousa Lima, a tríplice comemoração foi a maneira encontrada por pesquisadores e estudiosos do cangaço para falar da importância da participação feminina no movimento e também celebrar o Dia Internacional da Mulher.
Maria Bonita rompeu o preconceito machista e se tornou uma das personalidades femininas mais importantes do país"
A Prefeitura Municipal de Paulo Afonso, a Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e a Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço (SBEC) organizaram o 2º Seminário Internacional sobre o Centenário de Nascimento de Maria Bonita, com o tema: "Diferentes Contextos que Envolveram a Vida da Rainha do Cangaço". A programação terá três dias e o encerramento será na quarta-feira. O terceiro e último seminário sobre Maria Bonita será feito em 2011.
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Teófilo Pires do Nascimento, ex-soldado da volante, e Aristeia Soares de Lima, ex-cangaceira, Neli Conceição, filha do casal de cangaceiros Moreno e Durvinha (morta em 2008), além dos sobrinhos de Maria Bonita, Eribaldo Gomes de Oliveira e Adelmo Gomes de Oliveira, confirmaram presença no evento.
Maria Bonita acompanhou o cangaço ao lado de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião.
Segundo Lima, Maria Bonita foi responsável por introduzir vários costumes femininos no cotidiano masculino do movimento, já que a participação de mulheres no cangaço era proibida até a chegada dela no grupo.
"A cidade de Paulo Afonso foi cenário importante na história do cangaço e por isso também falaremos sobre a vida de Maria Bonita, que rompeu o preconceito machista da época e se tornou uma das personalidades femininas mais importantes do país. Ainda há muita incompreensão sobre a biografia dela e ainda há muito a ser estudado sobre o assunto", disse o diretor de Cultura de Paulo Afonso.
Para Juracy Marques, diretor da UNEB, as três comemorações do centenário de Maria Bonita têm o objetivo de fazer com que a data não passe em branco. "A história dela ainda é cheia de lacunas. Como representante de um ambiente acadêmico, tenho obrigação de fomentar canais de discussão sobre um dos capítulos da história do país e do povo nordestino."
Excursão para casa onde viveu Maria Bonita vai encerrar comemoração pelo centenário da cangaceira (Foto: Glauco Araújo/G1)
Primeira mulher no cangaço
Maria Bonita foi a primeira mulher a aparecer no cenário do Cangaço, em 1929. Ela se casou pela primeira vez, aos 15 anos, com um sapateiro, com quem teve constantes brigas. Em uma de suas separações, três anos depois, conheceu Lampião, quando ele tinha 31 anos. Os dois viveram juntos por nove anos, até serem mortos na Grota de Angicos, em Poço Redondo (SE), em 28 de julho de 1938.
Ela foi responsável por permitir que os outros cangaceiros levassem suas companheiras para o bando. "Maria Bonita foi uma jovem que quebrou os padrões de um sertão ainda resguardado quanto aos reais valores da mulher. Alguns estudiosos consideram que ela foi um atraso para os cangaceiros. Para outros ela foi responsável por aliviar muitos dos sofrimentos causados aos sertanejos", disse Lima.
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